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História O Vestido, o Baile e a Seleção - O Despertar


Escrita por: K_A_Costa

Capítulo 43 - O Despertar


P.O.V. Viktor

Eu deveria estar dormindo àquela hora.

Já era noite novamente, e o dia passara sem que ninguém resolvesse o que fazer. O rei se trancara no escritório para assistir ao vídeo transmitido pelos rebeldes e não saíra de lá durante o resto do dia, debatendo com seus conselheiros. Eu fora dispensado por Dominic de minhas atividades e ficara relegado ao meu quarto enquanto os outros guardas investigavam os integrantes da mídia que estavam no palácio durante o baile. As ex-selecionadas voltaram a seus antigos quartos, mas eu ainda não sabia o que fora feito de Layla, não tinha conversado com ninguém o dia todo. Em minha escrivaninha, folhas de papel se amontoavam em um mosaico confuso de desenhos aleatórios que eu fizera durante todo o dia. A floresta do palácio, Lillian segurando um buquê de flores selvagens, o jardim da casa dela, os olhos de Dominic sorrindo, a cópia de uma antiga foto de família, meu gato, Lillian quando criança, sorrindo amplamente...

Eu precisava sair daquele quarto. Espairecer.

Saí de meus aposentos caminhei em direção à saída do alojamento dos guardas. Sentei-me na escada, observando o céu nublado. Onde estaria Lillian? Como estaria? Dominic me impedira de assistir ao vídeo, mas dissera que ela estava bem. Eu não sabia se podia acreditar nele, poderia estar apenas querendo me tranquilizar. Novamente, lágrimas me vieram aos olhos. Impotência. Eu queria poder correr até o lugar onde ela estava presa e tirá-la de lá de qualquer jeito.

Minha melhor amiga, minha irmã.

Mergulhei em lembranças de nossa infância e adolescência – todas pareciam tão distantes agora, como se tivessem acontecido há séculos. Lembrei-me de todas as vezes que ela me deu a mão e me protegeu do mundo, dizendo que sempre estaria ao meu lado. Agora era ela que precisava de mim, e eu estava ali, de mãos atadas.

O som de passos me fez despertar, e eu olhei para trás, surpreso, limpando o rosto.

Dominic.

“Alguém também está com insônia?”, ele brincou, sorridente, sentando-se ao meu lado.

“Não consegui dormir”, respondi simplesmente, voltando a olhar para a floresta mais à frente. Mais uma vez, ele me encontrava chorando. Ótimo. Talvez me expulsasse da guarda por instabilidade emocional.

“Preocupado com ela, eu sei. Sinto muito por não poder fazer nada ainda. Estamos esperando uma atitude do rei.”

Assenti em silêncio. Minha cabeça doía.

“O príncipe ainda não despertou, mas já teve uma considerável melhora, segundo o médico. Ele acredita que poderá retirá-lo do coma induzido amanhã pela manhã.”

Novamente, assenti. Então me lembrei de Layla.

“Ela ainda está em seu quarto. O rei não decidiu quanto a isso, também”, ele me respondeu quando perguntei.

Suspirei, descontente, e então contive um bocejo. Aquilo era insano. Layla deveria estar presa àquela altura.

“Você deveria ir dormir. Está tarde, e ficar pensando e se preocupando não vai adiantar de nada. Lillian vai ser trazida de volta em segurança”, Dominic falou suavemente, pondo uma mão em meu ombro.

“Pare de me tratar como uma criança!”, respondi, subitamente tomado pela raiva, afastando sua mão de mim. “Você não tem como me prometer isso! O rei está lá, incapaz de tomar uma decisão de tão preocupado com o filho, e você está aqui me fazendo promessas vazias! A cada segundo que se passa, mais risco ela corre! É claro que eu estou preocupado! Ela está presa, e eu estou aqui, incapaz de fazer qualquer coisa! Não posso salvá-la...”

Coloquei o rosto entre as mãos, minha cabeça explodia. Não queria ter gritado com Dominic. Engoli as lágrimas, e minha cabeça doeu mais ainda. Que inferno.

“Viktor...”, Dominic chamou.

Balancei negativamente a cabeça em reposta. Não queria falar, o nó em minha garganta não permitiria.

“Viktor, olha pra mim”, Dominic puxou minhas mãos, descobrindo gentilmente meu rosto e surpreendendo-me com a proximidade do seu, a poucos centímetros. Fitei seus olhos cálidos, hipnotizado pelo dourado de suas íris, então engoli em seco, repentinamente esquecido do ambiente ao redor, descendo meu olhar para seus lábios entreabertos.

Não sei quem se moveu primeiro. No instante seguinte os lábios de Dominic estavam pressionados contra os meus, minhas mãos se agarravam às suas costas, e seus dedos seguravam minha nuca. Dominic deslizou lentamente sua língua sobre meu lábio inferior, e eu perdi o controle de mim mesmo, deixando um suspiro escapar antes de avidamente retomar seus lábios com os meus, puxando-o mais para perto.

Entre beijos e sorrisos cúmplices, caminhamos desajeitadamente pelo corredor, fechando a porta do quarto dele com um pontapé e deixando o mundo do lado de fora.

_-*-_

Despertei com a porta sendo esmurrada. Dominic se levantou e rapidamente vestiu uma blusa, enquanto eu corria para o banheiro – quem quer que fosse, o melhor era que não me visse ali naquelas condições. Pela voz, reconheci Thomas, e coloquei o rosto para fora o suficiente apenas para ouvir o que era tão urgente. Não queria ter que explicar nada agora, quando nem eu sabia bem o que havia acontecido.

“Quando ela acordou, Layla não estava mais lá!”, Thomas exclamou, finalizando uma frase que eu não ouvira por completo.

O quê?

Saí do banheiro. Ignorei que estava usando apenas calças e que minha cara de sono deixava óbvio que eu dormira ali. Layla havia fugido?

“Espere, Martin, eu não estou entendendo!”, Dominic pediu. “Anne, por favor, explique o que aconteceu.”

“Ela... ela acordou à noite e pediu para que eu pegasse um copo de água para ela.” A voz da criada me fez parar no meio do caminho, Thomas não tinha vindo só. “Quando fui até a jarra, ela veio por trás de mim e colocou um pano cobrindo meu nariz e minha boca, enquanto me segurava. Depois disso, não lembro de mais nada, desmaiei. Acordei agora e a procurei por todo o quarto, mas a encontrei. Então fui falar com o soldado Martin, que disse que ela não havia passado pela porta em momento algum.”

Layla. Tinha. Fugido.

“Eu vou me vestir, me esperem na saída. Ela não pode ter ido longe, havia guardas de prontidão em todas as saídas do castelo. Ainda é muito cedo, só iremos até o rei quando tivermos certeza de que ela escapou.”

Dominic fechou a porta e olhou para mim com determinação. Havia assumido a postura de chefe da guarda.

“Espere alguns minutos depois que eu sair para ir para seu quarto, depois junte-se a nós”, ele falou enquanto se vestia. Então desceu o olhar para meu tórax e deu um sorrisinho que desfez a imagem anterior. “E não esqueça de usar uma blusa quando andar por aí.”

Olhei para mim mesmo e senti meu rosto esquentar. Corri para pegar minha blusa, enquanto Dominic ria baixinho, saindo do quarto.

Suspirei, feliz, e sentei na cama. A noite anterior realmente tinha acontecido? Mordi o lábio com a lembrança, sorrindo. Quando eu contasse para Lillian...

Com uma pontada em meu peito, lembrei-me de que ela ainda estava em algum lugar desconhecido. Refém dos rebeldes. Fora do meu alcance. Novamente, suspirei, agora infeliz. Com Layla desaparecida, nossa melhor chance de descobrir o esconderijo dos rebeldes se fora.

Comecei a arrumar a cama de Dominic, tentando distrair minha mente. Quando terminei, curvei-me para apanhar do chão, quase em baixo da cama, um pequeno envelope laminado que deixáramos cair na noite anterior. Então vi um papel dobrado, e o apanhei também. Para decidir se era lixo ou não, o abri, descobrindo que, na verdade, era uma missiva.

Eu sei que você não confia em mim, mas eu sei que posso confiar em você. É tudo culpa minha, então eu vou desfazer essa bagunça e acabar com isso de uma vez. Espere e verá. Arthur confia em você, Nick, então não conte nada até que eu volte e me entregue. Não tente me impedir.

Não havia assinatura, mas eu conhecia aquela letra. Inspecionávamos toda a correspondência enviada por nossas respectivas selecionadas.

Aquele bilhete era de Layla.

Meu cérebro entrou em parafuso. Dominic sabia que Layla iria fugir?! Por que não tentara impedi-la? Quão íntimos eles eram para que ela o chamasse de Nick? Será que... Não. Afastei a ideia da mente. Deveria haver alguma explicação. Eu precisava falar com ele agora.

Fui para meu quarto e vesti meu uniforme rapidamente, meu peito acelerado. Quando terminei, saí do quarto e fui até o andar do palácio em que ficavam os quartos das selecionadas. Dominic e Thomas conversavam, enquanto Anne segurava nervosamente um saquinho plástico com um lenço dentro. Provavelmente o que Layla havia usado com um sonífero para deixá-la inconsciente.

“Dominic?”, chamei.

O chefe da guarda olhou para mim, dispensando Thomas e Anne, que voltaram para o quarto para continuar a investigação.

“Ela parece ter realmente fugido. Enviei um alerta para todos os guardas, mas até agora nenhum deles disse tê-la visto passar, embora nenhum deles tenha abandonado seu posto durante a noite”, ele me falou.

Assenti. Em minha cabeça, um quebra-cabeças se montava sem minha permissão. Eu não queria acreditar.

“Quando foi a última vez que você falou com ela, Dominic?”, perguntei.

“Não cheguei a falar com ela diretamente. Thomas foi o encarregado de levá-la até seu quarto enquanto eu estava com o rei no escritório.”

“E depois disso ela não tentou entrar em contato com você nenhuma vez?”, insisti.

“Viktor, eu não estou entendendo. Por que está fazendo essas perguntas?”, ele franziu o cenho, inspecionando meu rosto com apreensão.

“Você estava de uniforme ontem à noite quando me encontrou, não era?, mas falou como se não estivesse conseguindo dormir. Me diga, qual era seu posto? Por que o abandonou, Nick?” Em minha voz, a ameaça e a raiva vieram à tona. Que idiota que eu fora.

“O bilhete...”, ele murmurou, pálido, quando reconheceu o apelido. Então começou a gaguejar. “Viktor, não é o que você está pensando! Eu posso explicar, escute!”

Balancei negativamente a cabeça e fui em sua direção sem ouvir mais nada do que ele dizia. Thomas apareceu na porta e nos observou, confuso.

“Antoine Dominic, você está preso por associação com rebeldes e poderá se explicar diretamente para o rei.”

“Viktor! Por favor, me escute!”, ele implorou enquanto eu prendia seus pulsos e tirava a arma de deu uniforme.

“Chega Dominic! Não é a mim que você deve explicações.”

Enquanto caminhava com ele em direção ao escritório do rei, deixando um Thomas perplexo para trás, senti meu coração ser mais uma vez estilhaçado, mas não me permiti demonstrar. Precisava ser frio. Não cometeria o mesmo erro que ele.

_-*-_

“Eu já não sei o que pensar”, o rei Maxon falou para mim, exasperado, após ouvir o relato de Dominic em seu escritório. “Ele disse que foi tudo planejado com Arthur, mas... bem, meu filho ainda não tem como advogar em favor dele. Por enquanto, vou deixá-lo sob custódia em seu quarto, mas vou pedir uma investigação completa nos aposentos dele antes disso por precaução. Obrigada por sua dedicação mais uma vez, soldado Alceu.”

Fiz uma curta mesura. Não me sentia nem um pouco honrado ou feliz.

“Por favor, me acompanhe até a Ala Hospitalar”, ele pediu. “Tem uma coisa que me deixou curioso, soldado. Por que estava no quarto de Dominic?”

Imediatamente, meu rosto assumiu o tom mais vermelho possível, e eu encarei o chão. Ah, caramba... Como eu explicaria?

“Eu... bem, eu...”, limpei a garganta. “Eu estive com ele uma parta da noite, Majestade. Eu saí para espairecer e ele me encontrou quando eu estava sentado na saída do alojamento da guarda. Acabamos indo para o quarto dele, e...” Novamente pigarreei. “Bem, quando ele saiu hoje de manhã, fiquei um pouco a mais em seu quarto, arrumando-o, e foi assim que, por acaso, encontrei a carta embaixo da cama.”

“Compreendo”, o rei disse, simplesmente. Então olhou para mim com uma expressão de compreensão em seu rosto. “Sinto muito por fazê-lo expor sua vida pessoal, eu já não sei em quem confiar, então não posso deixar passar nenhum detalhe.”

Assenti em silêncio, e fui com o rei pelo resto do caminho até a sala de recepção. Lá, a rainha America o aguardava com o olhar ansioso. Lembrei-me de que Arthur seria retirado agora de seu coma induzido.

“O doutor Richards está iniciando os procedimentos agora”, a rainha falou, vindo em direção a nós.

Fiz-lhe uma reverência.

“Oh! Bom dia, soldado Alceu!”

“Bom dia, Majestade.” Sorri. A Rainha America era sempre amável com seus súditos, uma característica que Arthur herdara, mas escondia durante a maior parte do tempo.

“Majestades!”, o médico apareceu.

Ansiosamente, todos voltamos o olhar para ele. “O príncipe Arthur vai acordar a qualquer momento.”

O rei e a rainha foram em direção ao quarto. Então, um segundo antes de entrar no quarto, a rainha America voltou-se para mim e me chamou com a mão.

“Venha também, Viktor!”

Inspirei profundamente, surpreso, e fui em direção a ela. Lá dentro, Arthur estava quieto sobre a cama de hospital. Parte de seu cabelo fora raspado para que pudessem costurar seu ferimento e ele tinha uma faixa ao redor da cabeça. Em silêncio, nos aproximamos da cama, atentos a cada respiração dele.

Como se estivesse apenas esperando a nossa presença, Arthur se mexeu, piscando e abrindo os olhos e fitando o ambiente ao seu redor com uma expressão levemente confusa. Quando viu seus pais, sorriu, franzindo o cenho.

“Pai? Mãe? O que houve?”

“Alteza, eu sou o doutor Daniel Richards, seu médico. Poderia me dizer que dia é hoje e sua última lembrança?”, o médico tomou a frente.

“Eu... Eu não sei... eu...”, Arthur franziu ainda mais o cenho, então seu rosto se iluminou. “Ah! É claro! Hoje é o dia do primeiro Baile de Seleção!”

Olhei para a rainha America, que tinha agora uma expressão de terror em seu rosto, assim como o rei. Quando Arthur olhou para mim, deve ter visto a mesma coisa, pois voltou a franzir o rosto, percebendo que havia algo de errado.

“O quê? O que está acontecendo?”, ele indagou.

Arthur não se lembrava da Seleção.

_-*-_


Notas Finais


OIE
Capítulo maior que o normal, que eu nem precebi que estava tão grande até ir contar as palavras kkkkk
XENTE, essa história tem mais de 200 páginas no Word! BERRO (e olha que é na formatação ABNT, Times New Roman 12 etc.)
EU NÃO SEI LIDAR QUE TA ACABANDO AAAAAA
HELP
Beijoooos *3*
Até semana que vem! <3


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