• Estranhamente confuso
— Jongdae... Eu não quero mais fazer isso. – Disse mordendo o lábio inferior de nervosismo.
— Não tem como voltar atrás, já estamos dentro do carro e prontos para segui-lo.
— Então, vamos só sair do carro e entrar dentro de casa, não posso deixar meu pai sozinho.
— Afinal... O que ele teve?
— Ele teve uma convulsão e o médico mandou eu ficar de olho nele, pois se isso acontecer de novo e ninguém estiver por perto, algo de pior pode ocorrer. – Meu celular apitou e eu acabei tomando um susto.
— Quem é? – Fiz um sinal para que ele esperasse e peguei meu celular, logo olhando a tela.
— A mamãe... – Eu franzi o cenho. – O que será ela quer?
— Responda-a. – Abri na mensagem.
Mãe: Filha, onde você está?
Eu: Em casa, por quê?
Mãe: Eu posso te pedir um favor?
Eu: Depende, que tipo de favor?
Mãe: Seu irmão pode ficar um tempo aí com você e seu pai?
Mãe: É só por um tempo, quando eu chegar na Coréia, eu o busco.
Eu: Ah, mãe...
Eu: Eu preciso falar com o papai
Mãe: Fale rápido, daqui a pouco Jeongin chegará no aeroporto
Eu: Tudo bem, mas se ele não deixar o que eu faço
Mãe: Se ele não deixar, leve seu irmão para casa dos avós dele
Eu: E por que ele não vai logo para a casa deles?
Mãe: Ele não gosta deles
Eu: Certo, vou falar com ele
Mãe: E se seu pai deixar, você pode ir buscá-lo no aeroporto?
Eu: Sim, eu posso
Guardei o celular em meu bolso e respirei fundo; ela não podia ter me avisado antes?
— O que houve? – Perguntou curioso.
— Meu irmão virá para Coréia e a mamãe quer que ele fique aqui em casa, mas antes preciso falar com meu pai.
— É melhor irmos falar com ele.
Saímos de dentro do carro e Jongdae o travou, entramos em casa e eu subi para o quarto do meu pai, enquanto Jongdae me esperava na sala. Bati na porta, antes de abri-la e entrar no quarto.
ㅡ Pai, está acordado? – Ele me olhou, enquanto se cobria melhor.
— Estou, sim. Aconteceu algo?
— Eu queria pedir uma coisa para o senhor. – Falei me aproximando de sua cama.
— Que seria...?
— Meu irmão pode ficar um tempo aqui? – O mais velho franziu o cenho. – Ele está vindo para Coréia e a mamãe pediu para que ele ficasse aqui, até ela chegar, pois ele vai vir primeiro.
— Meu bem, eu nem conheço este garoto.
— Por favor, pai. – Formei um biquinho nos lábios.
— Quantos dias ele ficará aqui?
— Acredito que ele ficará poucos dias. Então?
— Tudo bem. – Sorri agradecida.
— Obrigada.
— Você vai buscá-lo no aeroporto?
— Sim, daqui a pouco ele chega.
— E como você vai? – Se sentou na cama.
— Com Jongdae, não se preocupe. – Meu pai me olhou com estranheza.
— Como é? – Brinquei com os dedos. – Ele está aqui?
— Sim, mas não o expulse como da última vez.
— Eu irei com vocês. – Ele se levantou.
— Você não está bem totalmente, precisa ficar de repouso.
— Eu estou ótimo, veja! – Disse, enquanto fazia uma dancinha e eu acabei rindo.
— Tem certeza? – Parei de rir aos poucos.
Eu não acho que ele esteja tendo condições para sair por aí, ele basicamente acabou de voltar do hospital e deve estar fraco, mas eu sei que enquanto mais eu insistir para ele ficar em casa e falar que ele está sem condições, mais ele vai querer ir e saber o do porquê, ele não poder ir.
— Que tal Jongdae ir dirigindo, uh? – Perguntei e ele pareceu pensativo.
— Tudo bem. Espero que ele dirija bem e que não nos mate.
— Pai! – O mais velho riu.
— É brincadeira, vamos. – Assenti.
[...]
Acabamos de chegar no aeroporto e estamos esperando Jeongin; o caminho todo, meu pai foi reclamando e dizendo que Jongdae estava dirigindo muito rápido ou muito devagar, também disse que se ele batesse o carro e nós morressemos, meu pai iria matar ele. O que para mim não fez sentindo nenhum, pois nós estariamos mortos e não teria como ele matar o mesmo!
— Vai demorar muito? Eu preciso voltar pra casa. – Jongdae reclamou, enquanto cruzava os braços.
— Não sei, mas acho que não. – Assim que disse, logo vi Jeongin puxando uma mala e com uma mochila em suas costas. Ele me olhou e sorriu, fui até o mesmo.
— Maninha! – Soltou a mala e me abraçou, eu o retribui com um abraço forte.
— Quanto tempo. Como você está? – Eu disse pegando sua mala de rodinhas.
— Ótimo, mas meu bumbum dói de tanto ficar sentado. – Sorriu fraco.
— A viagem deve ter sido cansativa, não é? – O mais novo assentiu. – Vamos para casa e você poderá descansar.
Todos nós fomos para o carro, Jongdae botou as coisas do meu irmão no porta-malas e deu a volta no carro, logo entrando no mesmo. Jongin é um lindo rapaz, alto, magro, com a pele não muito clara, cabelos castanhos e um sorriso extremamente fofo; quando nos vimos pela primeira vez, ficamos bem tímidos perto um do outro, mas conforme o tempo foi passando e fomos conversando mais, parece que nos conhecemos desde pequenos, quando na verdade faz apenas alguns meses.
Eu estava com sono e meu irmão já se encontrava dormindo, com sua cabeça apoiada em meu ombro, ele realmente deve estar exausto, para um garoto de quinze anos ficar horas sentado e sem fazer nada, em um lugar com várias pessoas e ouvindo choro de criança, pode ser bastante cansativo.
Depois de um tempo, chegamos em casa e tiramos as coisas de Jongin do porta-malas, entramos em casa e meu melhor amigo foi embora, eu ajudei o mais novo a levar suas coisas para o quarto de hóspedes e as deixei em um canto.
— Pode se sentir a vontade e se precisar de alguma coisa, não hesite em me chamar.
— Tudo bem, onde é seu quarto? É só para caso eu precisar de algo, ir chamá-la.
— É o quarto do lado direito do corredor. Como a mamãe está?
— Sinceramente? – Afirmei. – Está estranha e distante de mim... Me sinto abandonado, e o papai está do mesmo jeito que ela. – Ele soltou um suspiro, eu sentei na cama ao seu lado e o abracei de lado.
— Tudo voltará ao normal, não se preocupe tanto. Ela está trabalhando muito ultimamente?
— Não, quando eles chegam do trabalho, vão direto tomar banho e dormir, quando vou falar algo para eles, sempre não dão ouvidos, ou me respondem de maneira seca.
— Não tem idéia do que pode estar acontecendo com eles? – Ele negou.
— Sempre que eles estão falando com alguém no celular e eu chego perto, imediatamente eles desligam a chamada e vão para outro cômodo da casa.
— Tentou conversar com eles?
— Sim, mas infelizmente eles nunca me dão atenção. – Seu semblante era de frustração e eu apenas fiquei calada, o abracei e Jeongin retribuiu. – Faz tempo que não recebo um abraço desses. – Soltei uma risada leve.
— Sempre que precisar conversar, fale comigo e eu prometo que vou te ajudar. – Separamos o abraço e eu sorri para ele.
— Obrigado.
— Não precisa agradecer. Agora, vá tomar um banho e botar seu pijama, você precisa descansar. – Me levantei da cama. – Está com fome?
— Não. Apenas quero dormir. – Soltou uma risada fraca.
— Tudo bem, qualquer coisa estarei no meu quarto. – O mais novo assentiu e eu saí do quarto de hóspedes.
Fui para o meu e me joguei na cama; eu ainda preciso tomar banho e estou morrendo de preguiça. Fiquei preocupada com a situação de Jeongin, eu sei que alguns pais realmente são assim, mas eles deveriam dar mais atenção para os seus filhos e cuidar deles corretamente, para que eles não fiquem depressivos e acabem fazendo alguma besteira.
Levantei da cama e me despi, fui para o banheiro e entrei no box; a água está meio gelada e gostosinha, deixei que todo meu cansaço fosse levado pela água que escorria por todo meu corpo.
Depois de um tempo, terminei de tomar banho e fazer minhas higienes noturnas; saí do banheiro enrrolada na toalha e fui até o meu guarda-roupa, peguei meu pijama e o vesti – depois de vestir minha calcinha –, peguei meu celular e não havia notificações, o deixei em cima da cama e saí do quarto. Caminhei para o quarto do meu pai e ele estava dormindo, descoberto e com as luzes acesas, neguei com a cabeça e ri fraco. Entrei nas pontas dos pés e me aproximei dele, o cobri e deixei um selar em seu rosto.
— Boa noite, durma bem. – Desliguei o abajur e quando iria sair do quarto, senti ser abraçada por trás e uma respiração quente perto da minha nuca.
— Eu te amo. – Ouvir a voz rouca do meu pai, perto do meu ouvindo, fez com que eu me arrepiasse por inteira.
— Que susto, pai. – Ele soltou uma risada.
— Desculpe.
— Eu também amo o senhor.
O mesmo me virou para ele, não conseguia ver seu rosto perfeitamente por conta da iluminação, que estava pouca e vindo do corredor, a porta estava entreaberta e por isso, tinha um pouco de iluminação. Eu sentia sua respiração bater em meu rosto e notei que ele estava perto de mais, principalmente seu rosto.
— Pai... Precisa de alguma coisa?
— Não. – Ele botou uma mecha do meu cabelo, atrás da orelha e segurou minha nuca delicadamente.
— Então, eu posso ir para meu quarto? – Algo me deixava nervosa, mas não sabia exatamente por qual motivo, pois eu e meu pai já passamos por isso muitas vezes.
— Não quer dormir aqui comigo? – Franzi o cenho.
— Por que?
— O médico disse que você precisa ficar de olho em mim, não seria mais fácil ficar aqui e se eu precisar só chamá-la?
— Bem... Você tem razão.
— Se quiser fazer alguma coisa antes, pode ir fazer, vou ficar esperando você aqui. – O mais velho deixou um selar em minha bochecha e voltou a se deitar, eu saí do quarto e me encostei na parede.
"Isso foi estranhamente confuso."
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