Pov. Karim
-Olha, eu não vou te machucar! - digo, temendo sua reação.
-O que... Eu... - Ela tenta dizer alguma coisa.
-Não precisa ter medo, eu não vou te machucar ok? Eu só quero conversar.
-Se... Se você quer dinheiro... A gente acabou de abrir... Não tem nada... No caixa. - Ela aponta para um balcão atrás de mim.
Balanço a cabeça negativamente.
-Quantas vezes eu vou ter que dizer, não quero assaltar você. Eu só... Toma. - estico o braço entregando a rosa para ela. Vejo seus olhos se arregalarem.
-Por que isso? - Ela olha a rosa e não pega.
-É para você.
-Eu não quero. Por favor, vai embora. - Ela diz e começa a se afastar.
-Clara, por favor, eu... Eu não vou te machucar, eu só... - Ela me interrompe, lançando um olhar de incredulidade.
-Como você sabe o meu nome? Eu não falei, tenho certeza. - Ela encara o chão como se tentasse lembrar de alguma coisa e me olha com medo. -Eu não disse, como? A rosa! Foi você! - droga.
-Clara, eu vou te explicar tudo, tá? Você vai entender! - caminho em sua direção e vejo-a se distanciar.
-Eu não quero saber, olha, se você tá fazendo isso porquê a polícia apareceu naquele dia e acha que fui eu que denunciei você e sua gangue... Está enganado, eu não fiz isso.
-Eu sei... Eu sei Clara, você nunca faria nada para me prejudicar. - Ela balança a cabeça, ainda com a confusão em seus olhos.
-O que você quer? - finalmente me encara.
Tento me aproximar e dessa vez ela não se mexe. Fico frente a frente com ela. Admiro o quanto ela é linda. Sorrio e tento alisar sua face, mas ela se esquiva.
-Não encosta em mim! - diz ao dar um passo para trás.
Doeu ouvir isso. Mas ela está assustada, é normal.
Entrego a rosa novamente e dessa vez ela pega. Suas mãos tremem. Fica encarando a rosa por um tempo sem dizer nada. Isso me preocupa.
-O que isso significa? - Ela pergunta.
-É um presente. Eu sei, é simples, mas é que foi tudo tão rápido que não deu tempo de pensar em outra coisa.
-Mas... Por que está me dando isso? Foi você que mandou aquele buquê? - pergunta receosa.
-Sim. Você gostou? - questiono com medo de sua resposta. Eu sabia que a Clara gostado por sua reação nas fotos, mas agora, tinha receio que pudesse mudar de opinião.
-Você é louco! - Ela joga a rosa no chão e corre para trás de uma prateleira de livros. -Vai embora daqui, por favor.
Sinto meu coração apertar. Não posso deixar que ela me odeio assim.
-Não Clara, a gente precisa conversar, eu prometo que vou te fazer entender tudo. - tento chegar mais perto.
-Dessa vez eu vou chamar a polícia! Não tô nem aí se você vai me dar um tiro. - Ela diz nervosa.
-Eu nunca te machucaria Clara. - fico em sua frente.
Percebo ela encarar a porta da livraria. Não posso deixá-la sair.
Pov. Clara
Eu não acredito que isso está acontecendo. Esse bandido maluco apareceu, de novo. Me ajuda Deus, por favor, me ajuda. Não sei como me livrar dele. Nem tem para onde ir.
Ele parece nervoso também, se não veio assaltar a livraria, o que veio fazer aqui com uma rosa? Com certeza está armado. Como ele sabe meu nome e onde eu trabalho. Deve ser por isso que eu tinha a sensação de ter alguém me seguindo. Era esse louco.
-Então se não veio para me matar, nem assaltar a livraria, o que... - travo pensando nas mais piores possibilidades do que ele poderia fazer comigo, ali, em uma livraria vazia, só nós dois, com um depósito nos fundos.
Ele fica bem na minha frente me encarando com aquele olhar intenso. Me arrepio dos pés à cabeça. Ele não passa uma sensação boa. Preciso sair daqui o quanto antes.
Se eu correr até o depósito, ele é forte e pode derrubar a porta que é fraca, mas ficando aqui eu posso descobrir o que ele quer comigo, porém eu tenho amor pela vida e ainda tem a minha avó que precisa de mim. Olho para os lados e encontro minha única saída que é a porta.
Mesmo que eu saia e ele venha atrás de mim, vou começar a gritar pedindo ajuda. Tento correr, mas ele chega primeiro na porta.
-Eu não vou deixar você sair. A gente precisa conversar.
-Eu não vou conversar com você. Vai embora, por favor, não posso ser acusada de ser sua cúmplice. - lembro que ele pode querer me usar para algum crime.
-Não é isso, você não vai ser acusada de nada! Eu não tô armado, olha. - Ele abre os braços, mostra a jaqueta preta, e levanta a blusa, mostrando seu abdômen. Realmente parece não estar armado.
Se ele não está armado, isso é bom, mas ainda é assustador, ele pode me machucar com as próprias mãos. Olho ao redor e só vejo livros para me defender.
-Clara... - Ele diz se aproximando.
Pego um livro grande, pesado e jogo nele, pegando outro em seguida.
-Ai, Clara para com isso, me deixa te explicar.
-Não chega perto de mim! - começo a andar para trás rápido e ele vem na minha direção.
Jogo o livro pesado que estou segurando, mas ele se esquiva. O homem começa a acelerar os passos e eu começo a correr, parece um filme de terror ou um pesadelo.
E se ele quiser me estuprar? Meu Deus, faz sentido, se ele não veio roubar... Preciso sair daqui!
Já corri ao redor de todas as prateleiras, e ele continua no meu encalço. Tenho que sair por aquela porta.
-Dá para você explicar logo o motivo de estar aqui e saber meu nome? - começo a andar devagar, me aproximando da porta.
-Eu vou dizer quando você parar de correr, eu já disse que não vou te fazer mal, não tem porquê correr de mim. - O homem respira fundo, como se quisesse se controlar. -De mim, Clara? Eu nunca, nunca te machucaria, quantas vezes vou precisar dizer isso? - Ele diz nervoso me encarando.
Será que esse homem tem algum problema mental? Pode ter acontecido alguma coisa com ele. Não faz sentido nenhum o que ele fala.
-Se você não me machucaria, por que me ameaçou aquele dia? Você tinha uma arma! Eu me lembro muito bem! Fiquei traumatizada depois daquela noite, nunca mais consegui dormir bem, sabia? - desabafo.
-Eu sinto muito, por tudo, Clara. - Ele caminha devagar na minha direção, ficamos frente a frente, de novo. -Eu não tinha a intenção de te assustar... Quer dizer, eu até tinha, mas era para o seu bem! Eu não era o único homem ali, e chegariam mais, se vissem você nem sei o que poderiam ter feito. - me parece sincero.
-Isso não justifica! - rebato.
-Me desculpa, por favor. - Ele se abaixa e pega a rosa que eu tinha jogado no chão. Ainda de joelhos tenta me entregar. -Me perdoa Clara! Deixa eu cuidar de você... Eu prometo que nunca vou deixar ninguém te fazer mal. - me afasto e o homem estranho se levanta.
Ele não pode estar falando sério! É muita cara de pau. Aparecer aqui depois do que aconteceu e ainda dizer essas... Coisas, só pode ser brincadeira.
-Eu não preciso dos seus cuidados, faz o favor de ir embora.
-Você não tem ideia do risco que estou correndo por sua causa.
-O problema é seu! Eu não pedi para você aparecer aqui. Por acaso você tem algum problema psicológico? Toma algum remédio controlado? Vai embora daqui.
-Não! - Ele bufa irritado. -Eu vim até aqui para falar com você, e só vou embora quando a gente conversar. - o homem se aproxima e eu começo a andar para trás.
Seu semblante fica mais sério. Agora ele parece irritado.
O homem anda mais rápido e quando eu tento correr, ele segura meu braço, puxando em sua direção e me prensa na parede.
-ME SOLTA! SOCORRO! - começo a me mexer tentando soltar meus braços, em vão. -ALGUÉM ME AJUDA, SOCORRO!
-Para Clara! Só me escuta... Por favor... - Ele abaixa sua cabeça e eu paro de gritar. -Eu... Eu passei esse tempo todo pensando em você, eu precisava vir até aqui por quê...
-Solta ela, agora! - Escuto a voz de Rafa, eu e o homem olhamos em sua direção, que segura um pedaço de madeira.
-Amor cuidado, ele é maluco! - digo.
O homem me encara com um semblante chocado. Talvez eu tenha exagerado, mas para agir assim, só pode ser louco.
-Eu já liguei para a polícia! Eles devem chegar a qualquer momento! Larga ela, seu desgraçado!
O homem olha para Rafa com raiva e vira em minha direção, olhando nos meus olhos.
-Eu vou resolver tudo, vai ficar tudo bem, eu prometo. - Ele sussurra e solta um dos meus braços, tenta alisar meu rosto de novo, mas Rafa consegue empurrá-lo e consigo me soltar.
Ele empurra Rafa de volta que se escora na estante e eu seguro em seu braço. Os livros começam a cair.
-Rafa... - as lágrimas começam a cair. -Deixa ele ir...
Rafael pega o pedaço de madeira e aponta na direção do homem que fica parado me olhando.
-Eu vou te espancar com isso para você aprender a nunca mais mexer com mulher nenhuma! Covarde! Vem brigar comigo que sou homem, vem!
-Rafa, deixa ele ir, esse homem é perigoso. - digo baixo e Rafael me encara.
-Ele te machucou? - pergunta.
-Não... - digo confusa sem entender o porquê disso tudo e olho para o homem estranho.
-Eu nunca a machucaria. Nunca! Você vai pagar caro por ter se intrometido na nossa conversa, filho da puta! Eu vou acabar com você. - O homem se aproxima de Rafa apontando o dedo para ele que em defesa aponta o pedaço de madeira em sua direção. -A gente ainda vai ter muito tempo para conversar minha linda, eu prometo! - Ele me olha com os olhos vermelhos, mostrando sua raiva evidente, sinto um frio percorrer a espinha.
Vejo-o correr até a porta e sumir pela rua.
Abraço Rafa forte e as lágrimas escorrem.
-Quem é esse cara? Tem certeza que ele não te machucou?
-Tenho... Você não deveria... Ter aparecido... Não... - falo entre soluços.
-É claro que eu deveria, se eu não tivesse aparecido, nem sei o que teria acontecido! Meu amor... - Ele me abraça.
-Esse homem Rafa... É perigoso... - respiro fundo tentando me acalmar.
-Eu não me importo!
-Lembra... - faço uma pausa. -Lembra quando eu falei que um cara tinha... Me ameaçado... Ele estava armado...
-Lembro, você ficou mal por dias.
-É, foi esse homem. - sinto um enjoo.
-Esse... É o mesmo cara? Tem certeza? - balanço a cabeça afirmando. -Não pode ser. Como ele te achou aqui?
-Eu não sei! Foi ele que mandou o buquê! E provavelmente as mensagens e ligações são dele também. - as lágrimas voltam a cair e eu sento no chão.
-Como isso é possível?
-Eu não faço ideia! Mas ele sabe onde me encontrar... E agora, você também está correndo risco. Rafa se alguma coisa acontecer, eu não vou me perdoar nunca! - Ele senta do meu lado e eu apoio minha cabeça em seu peito.
-Não vai acontecer nada, tá? Eu amo você...
-Eu também te amo, mas Rafa... Sinto que algo muito ruim vai acontecer, esse homem é louco e mau.
-Shiu, não fala nada, vai ficar tudo bem. - escuto ele dizer e automaticamente lembro-me do que foi dito por aquele maluco.
"Eu vou resolver tudo, vai ficar tudo bem, eu prometo."
Isso não pode estar acontecendo. Me sinto apavorada.
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