História Obsessão - Última tentativa.

 

 

 

 

 

Pov. Karim

 

 

 

 

Minha última tentativa de ser um cara legal. Observo mais um pouco a casa, nesse momento ela já deve ter encontrado meu presente e lido o bilhete. Fico aguardando ansiosamente sua resposta ao convite, mas tudo continua fechado.

 

É melhor eu ir para casa. Passei o dia inteiro fora, deixando minha casa sob os cuidados de outras pessoas e isso pode arruinar tudo.

 

Conheço minha garota, ela costuma ser um pouco medrosa, não que eu tenha dado motivos para isso, mas a Clara deve me responder por mensagem.

 

Empurro minhas mãos dentro dos bolsos do agasalho e sigo em direção ao carro. É uma bela noite fria. Checo o celular e nenhuma resposta até agora. Irei esperar até amanhã de manhã, se ela não responder, irei insistir.

 

-É Clara, não tem para onde fugir. - dou partida no carro seguindo para casa.

 

 

 

•••

 

 

 

Assim que chego na entrada da casa, aperto a buzina algumas vezes e espero alguém abrir os portões. Aproveito para checar de novo as mensagens e até agora nada da Clara.

 

-Boa noite patrão! - escuto.

 

Empurro o celular no bolso e direciono minha atenção aos rapazes armados.

 

-Boa noite. Tudo certo por aqui?

 

-Sim patrão, estamos cuidando de tudo, ninguém estranho passou. - um mais baixo responde. Não faço ideia de como ele se chama e nem me interessa.

 

-Muito bom. Até logo. - aceno e sigo em direção à garagem.

 

Retiro minhas coisas do carro e entro em casa, assim que chego na sala me deparo com Cristiano e Álvaro jogando FIFA.

 

-Chupa! Sou melhor que você otário.

 

-Eu deixei você ganhar Cristiano!

 

-Tá bom, deixou eu ganhar quatro vezes seguidas.

 

-Você tá contando errado.

 

Reviro os olhos. Não tenho paciência para isso. Eles ainda não notaram minha presença. Coço a garganta fazendo barulho e tenho a atenção deles.

 

-Me diz que você passou o dia num puteiro.

 

-Passei, encontrei sua mãe lá e ela te mandou um beijo. - digo ao Cristiano.

 

-Gostei dessa. - Álvaro fala rindo.

 

-Cadê os outros? - sento no sofá de frente para os dois e coloco minha mochila ao meu lado.

 

-Foram roubar outro banco.

 

-Outro? Se a polícia pegar, eles vão apodrecer lá na cadeia porque eu não irei ajudar.

 

-Eles sabem se cuidar, relaxa Karim.

 

-Não dá para relaxar, porra já roubaram um ontem e hoje vão de novo, sem necessidade Cristiano! - falo nervoso.

 

-Você que liberou eles ontem, agora aguente.

 

-Deixa esses filhos da puta se ferrarem, o problema é deles.

 

-Tem razão Álvaro, tenho coisas mais importantes para me preocupar. Eles sabem dos riscos, das regras, não posso fazer nada.

 

-Mudando de assunto, você deu mesmo aquele presente para a Clara? - Cristiano pergunta.

 

Ele que me ajudou a escolher, precisava ouvir uma opinião sem ser a das putas vendedoras. Fomos a uma boa joalheria e escolhemos um conjunto que parece ser do estilo dela.

 

-Dei. E convidei-a para jantar comigo amanhã, estou esperando ela responder.

 

-O que você deu a ela? - Álvaro pergunta me encarando.

 

-Um par de brincos e um colar. - respondo.

 

-De prata com as pedras de diamante! - Cristiano completa.

 

-Que chique. Aposto que quando ela mostrar para a amiguinha dela, a Mari vai querer um também.

 

-Coitada dela. - rimos.

 

-Vocês são horríveis com as mulheres.

 

-E você deve ser muito bom né, vive criticando a gente, mas nunca te vi com nenhuma. - Álvaro provoca.

 

-O Cristiano é o famoso come quieto. - digo.

 

Eu já o vi com várias, mas ele prefere ter um relacionamento com a garota do que ficar por ficar. Isso já me causou problemas. Ele já pensou em desistir, largar tudo para ficar com uma mulher, por ser meu braço direito, eu jamais deixaria isso acontecer, e o Álvaro precisou intervir. Engraçado se comparar com à minha situação atual, estou disposto a largar tudo pela Clara.

 

-Cachorrão! - entre risadas, puxo a caixinha dos cigarros de cima da mesa de centro e acendo um, eles fazem o mesmo.

 

Puxo meu celular do bolso e vejo que ainda não tive resposta dela.

 

Talvez ela não aceite ir jantar comigo... Isso não pode acontecer! Fui muito simpático com a avó dela, deixei um presente caro, tentei ser romântico no convite... Ah Clara, você não pode recusar meu convite. Não pode.

 

-Álvaro falando sério agora, se o que eu fiz não funcionar com a Clara, teremos que seguir o seu plano e até agora você não me disse nada.

 

-Eu já disse que tenho tudo sob controle. Só preciso que você converse com os outros, porque só você, o Cristiano e eu não daremos conta.

 

-Eu dou conta.

 

-Não dá. Eu quero fazer tudo perfeito. Ela e avó vão sumir do mapa e ninguém vai desconfiar de nada.

 

-Sumir do mapa? - Cristiano pergunta sem entender e me lança um olhar que parece dizer Ele está louco.

 

-Elas vão sumir do mapa para as pessoas conhecidas, mas obviamente iremos trazê-las para cá.

 

-Não se esqueça de adicionar a essa lista sua namoradinha e o filho da puta daquele Rafael. - lembro.

 

Dou uma última tragada e coloco o resto do cigarro no cinzeiro.

 

-Eu pensei em dar um jeito neles lá mesmo.

 

-Você sabe que tiros fazem barulho e lá tem uma vizinhança grande.

 

-Achei que você conhecia silenciadores de arma. E ela mora no começo da rua, a maioria daquelas casas são abandonadas.

 

-Não foi o que eu vi hoje. Têm gente sim naquelas casas.

 

-Acho melhor vocês verem esse plano direito porque isso vai dar merda. - Cristiano diz indo para a cozinha.

 

-Concordo com o Cristiano, isso não vai dar certo Álvaro!

 

-Confia em mim porra, nunca errei antes, por que ia errar agora? Só preciso que você fale com os caras e aí eu explico meu plano.

 

-Você é um desgraçado filho da puta! - levanto do sofá com uma vontade enorme de bater nessa cara de deboche dele, porém preciso me controlar, ele é muito útil para virar meu inimigo.

 

Mas se o seja lá qual for esse plano dele, der errado... Eu não vou exitar em matá-lo.

 

Pego minha mochila e vou para o meu quarto. Jogo-a em cima da cama e sigo para o banheiro, o que mais preciso agora é de um banho para me relaxar.

 

Desligo o chuveiro e pego a toalha enrolando na cintura. Escovo os dentes e fico me olhando no espelho. Preciso aparar o cabelo e a barba amanhã. Tenho que estar quase perfeito para o jantar.

 

Chego ao quarto e vou direto para a cama abrir a mochila. Meu presente está lá.

 

Puxo o zíper e enfio minha mão lá dentro, retiro de lá uma camisola, um sutiã e claro, uma calcinha. Consegui pegar as peças quando a avó dela me deixou sozinho em seu quarto.

 

Sorrio enquanto sinto o cheiro de cada peça.

 

-Nada mais justo Clara, com o presente que eu te dei, acho que estamos quites.

 

Imagino ela vestida com cada peça. Meu amigo já começa a dar sinal de vida. Deito na cama e jogo a toalha longe.

 

Deslizo minha mão sobre meu membro e faço movimentos para cima e para baixo, enquanto a outra mão segura sua calcinha em meu rosto.

 

-Tenho certeza que amanhã mesmo ela vai querer ir para cama comigo. Vou fazer ela gritar de prazer.

 

Acelero os movimentos e sinto que já estou quase lá.

 

Meu celular toca. Recebi uma mensagem. Puta que pariu, logo agora. Pode ser ela!

 

Levanto o mais rápido que posso e o pego em cima do criado-mudo. Nem lembrava que tinha deixado ele aí, isso não importa.

 

Desbloqueio a tela e passo meu dedo para exibir a notificação. É ela!

 

"Aceito ir jantar com você. Que horas você vai passar aqui?" C.

 

Deu certo!

 

"A hora que ficar melhor para você." K.

 

"Às 19h." C.

 

É a primeira vez que ela me responde sem ser um pedido para eu me afastar dela.

 

"Estarei aí. Fico muito feliz que você tenha aceitado. Amanhã será uma noite maravilhosa! Gostou do presente?" K.

 

"Amanhã conversamos." C.

 

"Tudo bem, boa noite linda." K.

 

Mando alguns corações, mas ela fica off-line.

 

Releio as mensagens só para ter certeza de que é verdade.

 

Deito na cama novamente e olho para as peças.

 

 

 

 

-Pelo visto voltarão para a dona de vocês rapidinho. - dou risada. -Então preciso aproveitar!