Sehun
“-Hyung cadê o papai?
Seu irmão chorava e Sehun também começou a chorar.
-Ei. Não chora. –O mais velho falou passando o braço ao seu redor.
-Você também tá chorando. –Disse formando um bico.
-Não tô não. –Secou o rosto com a manga da camiseta.
-Cadê o papai? –Insistiu.
-Ele já vai chegar. Vem dormir. –Falou sentando no sofá e o acolhendo em seus braços. Deitaram abraçados no pequeno sofá que cheirava a mofo e Sehun ficou observando o rosto do irmão que fechou os olhos com força fingindo dormir, mas ainda tinha lágrimas escorrendo pelo rosto.”
Sehun acordou e olhou o teto branco do seu quarto no hospital.
Que lugar era aquele com que tinha sonhado? Seria sua antiga casa? Ou seria algum lugar em que ficaram depois de serem separados do pai?
Aquilo não era um abrigo para crianças, tinha quase certeza. Será que foram abandonados pela família? Será que tinham sido roubados dos verdadeiros pais?
Tinha certeza que seus pais adotivos jamais fariam esse tipo de coisa, mas talvez aqueles homens que os separaram tivessem inventado que eram órfãos. Ou será que realmente eram órfãos?
Eram tantas perguntas em sua cabeça e não conseguia se lembrar de quase nada. Só lembrou-se de mais um detalhe no rosto de seu irmão. Ele tinha uma pintinha logo abaixo do olho.
Eram poucos detalhes para conseguir achar uma pessoa ainda mais sem saber o nome. Pela diferença de tamanho entre eles pensou que o irmão devia ser pelo menos dois anos mais velho que ele.
Passou horas olhando em suas redes sociais todos os perfis de rapazes com a idade próxima a sua que tinham olhos verdes. Era uma busca inútil, mas lhe dava a sensação que estava agindo de alguma forma. Estar preso ali naquele hospital o deixava ainda mais ansioso. Queria poder ir logo pra casa e começar a agir de verdade. Não que pudesse sair por aí pelas ruas o procurando. Seus pais não o deixavam dar dois passos fora de casa sem estar acompanhado por um deles desde que descobriram sua doença.
Enquanto buscava em suas redes sociais acabou se deparando com uma foto de seu amigo Hyuk no dia de sua formatura. Se não estivesse doente Sehun também teria se formado naquele mês.
“Sehun sentiu uma fraqueza repentina e seus joelhos cederam quase o levando ao chão. Seu amigo Hyuk que estava caminhando ao seu lado o segurou pelo braço para evitar sua queda e tentou ajuda-lo a se firmar, mas não teve forças para se manter de pé. Tudo foi escurecendo ao seu redor e perdeu os sentidos.
Acordou com a cabeça ainda zonza tentando se lembrar do que tinha acontecido.
A enfermeira o olhou por cima da prancheta.
-Seus pais estão vindo lhe buscar. Descanse mais um pouco.
Ele percebeu que estava deitado na enfermaria da faculdade e tinha um soro em seu braço.
Pouco tempo depois seus pais chegaram.
-O que aconteceu? –Sua mãe perguntou aflita e correu para abraça-lo.
-Eu não sei direito, acho que desmaiei.
-Ele perdeu os sentidos e um amigo o trouxe para a enfermaria. –A enfermeira falou. -A pressão estava baixa e coloquei um soro para que ele se hidratasse, mas aconselho que o levem diretamente a um hospital para que possam fazer um exame mais detalhado.”
Após uma série de exames descobriram que Sehun estava com leucemia. Começou imediatamente o tratamento, mas teve uma piora e precisou ficar internado.
Durante um ano teve altos e baixos. Às vezes ficava bem o bastante para frequentar as aulas, outras vezes mal conseguia sair da cama. Foi se afastando dos amigos e passou a ter vergonha de ir à faculdade principalmente quando seus cabelos começaram a cair. No começo tentou usar um boné pra disfarçar, mas parecia que sempre estavam olhando para ele e decidiu trancar a faculdade enquanto estivesse em tratamento. Agora se pegava pensando se um dia conseguiria terminar seus estudos. Se um dia iria se formar como seus colegas.
Escreveu um comentário na foto do amigo o parabenizando pela formatura. Suspirou deixando o celular na mesa de canto.
Seu almoço chegou e comeu mesmo sem o menor apetite. Sabia que em poucos minutos colocaria tudo pra fora novamente, mas evitar comer causaria uma discussão com a enfermeira e já estava cansado demais para discutir.
Estava saindo do banheiro após vomitar seu almoço e escovar os dentes para não ficar com aquele gosto amargo horrível na boca e encontrou seu médico no quarto o aguardando.
-Doutor Kim, me diga que tem alguma boa notícia. –Disse voltando para a maca.
-Eu vou te dar alta hoje à tarde. Seus pais já foram avisados. Mas quero vê-lo aqui semana que vem pra continuarmos o tratamento. E não esqueça dos remédios nos horários certos.
-Impossível esquecer. Minha mãe me lembra dos remédios a cada cinco minutos.
-Eu sei que você está sendo muito bem cuidado em casa por isso não vejo motivos para te manter aqui por mais tempo. Nós vamos manter contato e qualquer piora venha imediatamente. E não se esqueça de voltar na próxima quarta às 8 horas.
-Sim senhor. Obrigado doutor Kim.
O médico saiu lhe dando um sorriso amigável.
Sehun suspirou aliviado, pelo menos em casa poderia ter um pouco mais de liberdade.
Seu celular vibrou e percebeu que Hyuk tinha lhe mandado uma mensagem. Provavelmente tinha visto seu comentário e lembrado da sua existência.
“Oi. Como está indo o tratamento? Faz tempo que você não posta nada nas redes eu fiquei preocupado com seu sumiço.”
Teve vontade de responder que se Hyuk estivesse realmente preocupado teria mandado uma mensagem antes, mas pelo jeito estava ocupado demais.
Pensou melhor e decidiu não descontar sua raiva no amigo. Ele não tinha feito nada de errado, apenas seguiu sua vida sem ele.
“Eu estou bem. Às vezes tenho que voltar ao hospital, mas já estou acostumado com isso. E você? Quais os planos agora que se formou?”
“Ainda não sei muito bem, mas espero conseguir fazer a minha pós-graduação esse ano. Mas eu queria te falar sobre a festa de formatura que vamos dar essa semana. Toda a nossa turma vai estar lá. Essa é uma festa informal entre amigos que vamos fazer em uma balada no centro. Você não gostaria de ir? Vai durar pouco tempo. O pessoal sente sua falta.”
Sehun duvidava que qualquer dos seus colegas sentisse realmente sua falta com exceção talvez de Hyuk.
“Desculpe. Eu não estou tão bem assim a ponto de poder ir numa festa. Eu não posso beber e costumo ficar sempre enjoado. Não vou ser uma boa companhia.”
Na verdade talvez conseguisse suportar algumas horas sem passar mal se não comesse nada, mas não sentia a menor vontade de ir em um lugar onde todos o olhariam com pena. O aluno que não conseguiu se formar por que ficou doente, seria uma humilhação.
“Entendo. Será que podemos marcar de um dia nos encontrarmos? Eu posso ir na sua casa se for melhor pra você, pra podermos conversar um pouco.”
“Claro. Podemos marcar. No momento ainda estou no hospital, mas quando eu voltar pra casa aviso você.”
“Vou ficar esperando hein. Não se afaste de mim. Estou com saudades.”
Sehun sorriu, apesar de decidir internamente que não mandaria nenhuma mensagem avisando quando chegasse em casa. Não queria que ninguém o visse daquele jeito.
Voltou ao banheiro e parou encarando o espelho, coisa que evitava ao máximo normalmente.
Nenhum fio de cabelo restava em sua cabeça e até mesmo os pelos dos cílios e sobrancelhas tinham caído. Seu corpo estava magro e manchas escuras apareciam em algumas regiões em meio a sua pele clara. Parou de torturar a si mesmo com seu reflexo no espelho e voltou para a maca deitando encolhido até dar a hora de ir para casa.
Kai
A viatura parou e todos desceram do carro. Kai tinha mandado discretamente sua localização em tempo real para Chanyeol.
Foram andando seguindo Suho por mais dois quarteirões. Kai ficou um pouco para trás e com um segundo aparelho de celular em seu bolso ligou para Chanyeol que já sabia o que devia fazer. Depois de alguns segundos colocou a chamada em viva voz para que o outro escutasse tudo o que diziam. Sabia que o amigo já tinha mutado a linha do seu lado para não correrem o risco dos policiais perceberem a chamada. Manteve o aparelho no bolso o tempo todo sem nem precisar olhar para a tela para agir.
Viraram na rua a esquerda entrando na segunda casa da rua. Estava tudo escuro, mas um homem abriu o portão para que entrassem.
-Que tipo de lugar é esse? -Kai perguntou para Chen.
-Uma casa que nós usamos para interrogatórios.
-Achei que faziam os interrogatórios na delegacia.
-Normalmente sim, mas lá tem câmeras e com certeza não queremos que o que vamos fazer aqui seja filmado. –Falou com simplicidade e Kai sentiu um frio na espinha.
Entraram na casa que estava escura exceto por um dos quartos na lateral direita.
-Aquele homem na entrada também é policial? –Falou um pouco mais alto para ter certeza que Chanyeol ouviria do outro lado da linha.
-Sim.
-E tem mais gente nossa aqui?
-Não acha que deixaríamos um criminoso sem vigia não é?
-Mas e os vizinhos? Eles não falam nada?
-Não tem ninguém nas casas ao lado. Nós escolhemos esse local para podermos fazer o que precisamos sem nos causar problemas.
Ficou em silêncio um tempo. Precisava estudar o local. Descobrir quantos policiais estavam ali e quais eram as rotas de fuga.
Tinha que contar com a inteligência do amigo que devia ter percebido que precisariam de reforços e que poderiam usar as casas ao lado como auxilio na fuga.
Estava observando cada detalhe da casa da maneira mais discreta possível. Percebeu que nos fundos tinham janelas grandes e sem grades, mas que estavam trancadas por dentro. Poderia soltar os trincos em um momento de distração do grupo, mas antes tinha que ter certeza que não seria pego. Entrou no pequeno quarto iluminado com luz amarela e fraca e viu Yixing ali amarrado em uma cadeira no meio do cômodo.
Trocaram o olhar apenas um segundo e o rapaz também encarou os outros dois recém chegados da mesma maneira.
-Eu já disse que vocês pegaram o cara errado. Não vão conseguir nenhuma informação com alguém que não tem nada a dizer.
Suho riu.
-Por que vocês sempre tentam esse tipo de coisa mesmo sabendo que não tem escapatória? –Se aproximou e o segurou pelo cabelo erguendo seu rosto. –Se o trouxemos aqui é por que averiguamos que você é o cara que precisamos e vamos arrancar algo de você. Se não forem verdades então vamos arrancar outras coisas, como os seus dentes, que tal?
Desferiu um soco em seu rosto.
-Eu juro que não sei de nada. –Disse em um tom mais desesperado antes de receber um segundo soco. –Por favor.
Kai saiu dali cobrindo a boca com as mãos e parou do lado de fora se encostando na parede. Chen também saiu.
-O que foi? –Chen perguntou parando ao seu lado.
-Eu... Eu não pensei que vocês fossem fazer algo do tipo... E se ele for mesmo inocente? –Falou e suas mãos tremiam cerradas em punho ao lado do corpo.
-Você achou que íamos convida-lo para tomar um chá e conversar amigavelmente? Não é assim que as coisas funcionam, bandidos como ele devem ser tratados com desprezo e com a mesma violência com que tratam suas vítimas. Se você não tem estômago pra aguentar acho melhor esperar lá fora.
Kai concordou e ao ver Chen voltar para o cômodo e fechar a porta verificou que o outro policial ainda estava na entrada e foi até os fundos destrancando a janela. Em seguida saiu e parou ao lado do policial da entrada.
-Você tem fogo? -Perguntou ao policial. -Acho que preciso fumar pra espairecer.
-Aqui. –O homem lhe estendeu um isqueiro e Kai acendeu o cigarro pendurado na boca.
-Quer um? –Perguntou ao perceber que ele o encarava.
-Você é mesmo policial? Parece um moleque fracote demais pra estar em uma tarefa como essa.
-Eu ainda sou novo na polícia. É minha primeira vez “em campo”.
-E pelo jeito vai ser a última. Esse tipo de trabalho não é para os fracos.
-Com licença. Vou fumar lá nos fundos se não se importa. –O interrompeu. Não tinha tempo de ficar ouvindo sermão de alguém que não sabia um décimo da sua vida.
Kai não estava nem um pouco chocado com a surra que Yixing estava levando, ele mesmo já tinha levado surras muito piores em sua vida, mas precisava parecer fraco e covarde diante dos outros para não levantar suspeitas.
Foi até os fundos e terminou de abrir com cuidado a janela que tinha destrancado. O barulho dentro da sala era alto o suficiente para que o barulho da janela deslizando passasse despercebido. Viu Chanyeol sobre uma árvore no terreno vizinho e sem virar em sua direção abriu a mão indicando o número de policiais que havia na casa. Ouviu o outro descer da árvore e sabia que estava para começar.
Chanyeol
Aguardou por uns minutos, mas não recebeu nenhuma mensagem nem de Baekhyun, nem de Kai. Decidiu ligar para Ravi e pedir reforços por que sabia que não podiam falhar.
Explicou que o rapaz deveria ficar atento e logo deveria se encaminhar ao local que indicasse com pelo menos mais dois companheiros e deveriam aguardar as ordens.
Recebeu a localização de Kai e poucos depois a chamada em seu outro número. Atendeu e colocou o som do seu lado no mudo, pois sabia que o amigo colocaria no viva voz para que pudesse acompanhar em tempo real tudo o que estava acontecendo no local.
Estava bem próximo ao local. Colocou os fones de ouvido e ouvia cada informação atentamente tentando captar as mensagens que Kai lhe passava disfarçadamente.
Mandou a localização aos companheiros que não demoraram a confirmar estar nas proximidades. Quando ouviu Kai falar a palavra fogo captou a mensagem e pediu aos companheiros para prepararem coquetéis molotov que atirariam na casa para chamar atenção e distrair os policiais.
Estava no terreno do lado direito da casa e subiu em uma árvore avistando Kai nos fundos abrindo uma janela. Viu o moreno indicar o número quatro com os dedos. Não seria tão difícil. Sabia que pelo menos dois policiais deveriam sair com o primeiro ataque então viria o segundo e a esperança é que restasse apenas um na casa para derrubar e estava com seu taser preparado e uma faca afiada caso fosse necessário, mas o ideal era não ferir ninguém. Ou pelo menos não ferir gravemente.
Desceu da árvore e alguns minutos depois viu o clarão da garrafa incendiária atingindo o telhado da casa. Mas duas garrafas foram jogadas e uma delas caiu na lateral e a cerca começou a pegar fogo.
Viu Kai correr para frente da casa e pulou para o quintal. Andou abaixado verificando que não havia ninguém no caminho. Entrou pela janela sorrateiramente e se escondeu atrás de um armário até que ouviu a voz de Kai e de um outro policial.
Espiou sobre o móvel e viu que o policial estava de costas. Era um alvo fácil. Se aproximou sem fazer nenhum som e disparou o Taser. O policial caiu no chão. Prendeu seus braços para trás e viu Kai se preparar para a briga. Teria que nocauteá-lo ou não seria convincente o bastante.
Desviou fácil do soco e quase riu do amigo fingindo ser ruim de briga. Mal podia contar nas mãos as vezes em que perdeu uma briga para o moreno. A chance de dar uma verdadeira surra em Kai era rara e não ia desperdiçar.
O primeiro soco o acertou no queixo. Mal deu tempo para se recuperar e desferiu vários golpes em sequência. Eles não tinham tempo a perder. Viu o moreno cair de cara no chão e correu para o quarto.
Viu Yixing de cabeça baixa e a boca sangrando. Cortou as cordas que o prendiam e o puxou para fora. O chinês era forte e logo estava correndo na sua frente. Pularam a janela e depois foram para o terreno vizinho. De lá pularam para a casa dos fundos e saíram na rua de trás onde o carro de Ravi os esperava. Depois de andarem por quase meia hora Yixing desceu e entrou em outro carro que o levaria para um esconderijo. Ravi seguiu o caminho oposto. Rodaram por um tempo e pararam na casa de Ravi onde esperariam até o amanhecer para que Chanyeol pudesse buscar seu carro.
Não trocaram nenhuma palavra. Chanyeol deitou no sofá e apenas esperou o dia clarear.
Baekhyun
A campainha tocou e Taehyung foi atender a porta.
-Bom dia. Meu nome é Taemin.
-Ahh...
-O que foi?
Taehyung observou o rapaz a sua frente. Ele estava com uma camiseta preta larga de alguma banda que não conhecia, jaqueta jeans, calça rasgada nos joelhos e tênis esportivo.
-Eu pensei que você teria uma aparência diferente.
-Podemos entrar? Acho melhor conversarmos um pouco antes de tirar conclusões.
-Pode entrar.
Taemin parou na entrada da casa e colocou as mãos nos bolsos da calça.
-Er.. Pode se sentar, vou chamar meu irmão. É ele que quer o seu serviço.
Taehyung subiu as escadas e logo estava de volta acompanhado de Baekhyun.
Taemin se levantou e apertou a mão de Baekhyun que se sentou no sofá ao lado.
-Você é mesmo um detetive? –Taehyung perguntou se sentando ao lado do irmão.
-Acha que não pareço um? –Ele negou com a cabeça. –Ótimo, é essa a minha intensão. Se eu andasse por aí de sobretudo, chapéu e óculos escuros não seria óbvio demais? Se eu quero me manter discreto então preciso ter uma aparência normal, acima de suspeitas, não acha? –Falou sorrindo.
-Tem razão.
-Bem, não viemos aqui para falar da minha aparência. Em que posso ser útil senhor...
-Baekhyun.
-Então Baekhyun que tipo de serviço você precisa?
-Eu quero que siga meu namorado pra descobrir se ele está me traindo. Você faz esse tipo de coisa?
-É minha especialidade. Só preciso deixar claro uma coisa. Independentemente do que eu descobrir. Seja algo que você espera ou não, o pagamento não poderá ser negado ou alterado, estamos de acordo?
-Sim.
-Certo eu preciso de algumas informações sobre seu namorado. O endereço da sua casa, do trabalho e todos os horários que sabe sobre a sua rotina. Eu não posso ficar o seguindo o dia todo sem levantar suspeitas, portanto preciso estar ao acaso nos mesmos locais que ele pra poder observar seus hábitos e só depois vou passar a uma próxima etapa. Talvez demore algumas semanas até que eu posso ter algo relevante. Também preciso de fotos atuais para não observar a pessoa errada.
Baekhyun foi passando todas as informações enquanto o rapaz anotava tudo no celular. Pediu que enviasse as fotos por mensagem.
-Isso é o suficiente por enquanto. Se você achar que tem mais alguma informação relevante me mande por mensagem. Eu entrarei em contato em breve.
Se despediram e Baekhyun o acompanhou até a porta o vendo sair em um carro popular na cor prata. Acenou para ele e retribuiu seu sorriso. O rapaz era mesmo simpático.
-Nada parecido com o que você imaginava, não é? –Perguntou se virando para o irmão que parou ao seu lado.
-Eu achei ele tão comum. Será que não está mentindo?
-Como ele mesmo disse essa aparência é proposital. Eu achei que faz sentido. Se ele parecesse com um policial ou qualquer outra coisa seria muito difícil se aproximar de alguém sem parecer suspeito. –Disse entrando e fechando a porta.
Voltaram a se sentar no sofá.
-Humm verdade. Será que eu também poderia ser detetive? Se um cara como ele pode.
-Eu acho que não é simples assim. E nada de começar a ter essas ideias, você ainda nem terminou o colégio e eu morreria de preocupação se você se metesse em um trabalho perigoso como esse.
-Não me parece perigoso.
-As pessoas não gostam de serem seguidas e investigadas. Acha que o Chanyeol ficaria de boa se descobrisse que tem alguém na cola dele? Com certeza bateria primeiro e perguntaria depois, conheço o meu namorado. E deve ter gente por aí que pede coisas muito mais perigosas como investigar um suspeito de crime por conta própria. Ele parecia feliz ao ver que o serviço é apenas um caso de traição.
-Humm talvez. Mas eu gostaria de saber como é investigar alguém. Me parece interessante. Saber segredos que ninguém mais sabe.
-Você é um fofoqueiro de plantão isso sim. Devia tentar se tornar repórter investigativo e sair por aí entrevistando as pessoas. Sua curiosidade é infinita. -Riu
-Será? Acho que jornalismo é uma carreira interessante.
-Você tinha me dito semana passada que ia prestar exame pra contabilidade quando terminasse o colégio.
-Só por que o papai sugeriu e eu estou ficando doido, não consigo me decidir.
-Você ainda tem um ano pra decidir. Pense em coisas que você realmente gosta. Não vale a pena trabalhar em algo que o faça infeliz.
-E você é feliz com a profissão que escolheu hyung?
-Sou. Eu amo crianças e ajuda-las a superar seus medos é a melhor recompensa que eu poderia ter na minha vida.
-Quando você se formou em psicologia eu não pensei que fosse escolher trabalhar com crianças, sabia? Você não parecia gostar de crianças.
-Como assim? Eu sempre gostei de crianças.
-É que... Bem... Deixa pra lá.
-Taehyung nem pense em deixar o assunto pela metade. Agora quero saber o que está pensando.
-É que sempre que você olha pra uma criança pequena você parece ficar triste e depois tenta disfarçar.
Baekhyun se calou encarando o mais novo. Achava que conseguia disfarçar, mas pelo jeito não sabia esconder suas emoções mesmo depois de tantos anos.
Toda vez que via uma criança pequena, principalmente se estivesse chorando ou assustada era inevitável não se lembrar do seu irmãozinho que foi tirado de perto de si sem que pudesse fazer nada.
“-Sehun, não chora. –Falou fazendo um carinho na cabeça do menor.
-Aquele homem mau gritou comigo hyung.
-Eu sei, mas ele não vai machucar você. Eu tô aqui, eu vou te defender, tá bom?
O abraçou com carinho. Ouviu a porta se abrindo e ficou de pé em frente ao irmão que chorava agachado.
-Acho melhor vocês dois começarem a se comportar. Seus novos pais devem chegar amanhã e não quero saber de escândalos ou eles podem mudar de ideia sobre ficar com vocês.
-Nós já temos pai. Ele vai vir nos buscar. –Baekhyun gritou e o homem se aproximou irritado lhe dando um tapa tão forte que o derrubou no chão.
-Cale a boca. O pai de vocês está morto e vocês tem sorte de ter uma nova família que os aceitou então apenas fique quieto e pare de nos irritar. –Gritou fazendo os dois se encolherem de medo. -Eu já sei o que fazer com você pra te fazer obedecer.
Levantou Baekhyun e o puxou para fora do cômodo.
-HYUNG. –Ouviu Sehun gritar e olhou para trás o vendo correr em sua direção antes da porta ser fechada.”
-Hyung? -Baekhyun piscou e focou o rosto de Taehyung a sua frente. –Você está bem? Ficou com o olhar perdido do nada e... Você está chorando?
-Eu estou bem. Só fiquei um pouco perdido nos meus pensamentos. –Sorriu e bagunçou os cabelos do menor que bufou.
-Por que você nunca me fala a verdade? Não precisa se fazer de forte, hyung. Não pra mim.
O abraçou com força e de repente Baekhyun não conseguiu mais segurar as lágrimas e chorou contra o peito do mais novo que apenas o acolheu mantendo-o firme em seus braços.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.