Era um dia como qualquer outro para os membros da Black Jackal. O sol mal havia surgido no horizonte, e a equipe já estava reunida para mais uma sessão intensa de treino. Entre os gritos e sons abafados dos tênis contra o chão da quadra, Bokuto Koutarou, sempre tão vibrante e enérgico, se aquecia, mas algo diferente ocupava seus pensamentos naquela manhã.
Enquanto fazia seus alongamentos, Bokuto, o ás da equipe, se pegou refletindo sobre algo que raramente lhe passava pela cabeça. Normalmente, ele estava ocupado demais em ser o centro das atenções, distribuindo sorrisos e energias positivas por onde passava, para se sentir solitário. Mas, desde que Hinata Shoyo, seu companheiro de time e amigo, se casou com Kenma Kozume, o empresário do mundo dos games, Bokuto começou a pensar sobre o que seria ter um amor.
Na verdade, tudo começou de maneira meio cômica e inesperada. Bokuto lembrava-se do choque que sentiu quando Hinata, com aquele sorriso travesso de sempre, lhe contou casualmente que estava namorando Kenma.
— Espera, o Kenma?! — Bokuto quase gritou, incrédulo.
Ele nunca tinha percebido nenhum sinal romântico entre os dois! Para ele, Kenma era apenas o gênio dos videogames, sempre com a cara enfiada em uma tela, enquanto Hinata estava por aí saltando feito um passarinho hiperativo. Onde tinha romance nessa equação?
Mas, para a surpresa de Bokuto, ao expressar sua confusão para os outros colegas de time, ele foi recebido com olhares que variavam de divertidos a exasperados.
— Você realmente não tinha percebido, Bokuto-san? — Atsumu perguntou, quase caindo na gargalhada.
Bokuto franziu o cenho.
— Todos nós já sabíamos há meses — Meian completou, cruzando os braços com um sorriso de canto. Bokuto piscou, atônito.
Todos sabiam? TODOS? E ele, o autoproclamado Mr.Observador, não tinha notado nada?
Enquanto continuava seu treino matinal, Bokuto não conseguia parar de pensar nisso. Como seria, ele se perguntava, ter alguém especial esperando por você após um dia cansativo de treinos? Alguém com quem dividir risadas e talvez, só talvez, algo mais?
— O que você tá fazendo, Bokuto-san? Tá com a cabeça nas nuvens de novo? — Atsumu Miya perguntou, franzindo a testa enquanto estalava os dedos na frente do rosto do amigo, tentando trazê-lo de volta à realidade.
— Shoyo... ele se casou... — Bokuto murmurou, ainda meio atordoado, como se estivesse tentando processar tudo de novo. — Tá, eu sei que isso já faz algumas semanas e a cerimônia foi incrível, mas... eu tenho 24 anos e... nenhuma experiência romântica, nem um beijinho sequer!
Atsumu, que já estava se divertindo com a conversa, arregalou os olhos e deixou surgir um sorriso travesso.
— Tá falando sério? Nenhuma? — O tom era de pura incredulidade, mas seus olhos brilhavam com diversão. — Então você tá me dizendo que o nosso pequeno solzinho se casou primeiro que você? E você tá aqui, se sentindo, sei lá, meio deixado pra trás e está com inveja? Hahaha!
Bokuto bufou, coçando a nuca com uma expressão entre frustrado e confuso.
— Eu não chamaria de inveja, Atsumu. Só que... me sinto estranho com isso, tipo... tem algo esquisito que eu não consigo explicar, sabe?
Atsumu não resistiu e deu um tapinha no ombro do amigo, tentando não rir demais.
— Bokuto, meu velho, acho que tá na hora de você começar a aproveitar a vida de um jeito diferente do que só jogando vôlei e enchendo a cara de besteira. Tem mais no mundo além de quadra e ramen instantâneo, sabia?
— E o que você sugere que eu faça, hein? — Bokuto perguntou, arqueando uma sobrancelha enquanto olhava para Atsumu, claramente curioso e um pouco preocupado com o que o loiro tinha em mente.
Atsumu sorriu com aquele jeito malicioso de sempre, inclinando-se levemente para frente.
— Depois do treino, vamos sair e curtir a noite, meu caro. Nada de pensar em casamento ou romances complicados! Hoje a gente vai fazer você viver um pouco essa tal de "juventude"! — concluiu, piscando e já se imaginando em algum lugar cheio de música e diversão.
Bokuto, por um momento, hesitou, mas logo abriu um sorriso tão brilhante quanto o do próprio Atsumu.
— Vamos nessa! Eu tô dentro! Só... prometer não me meter em roubada, tá?
— Roubada? Eu? — Atsumu riu, balançando a cabeça. — Eu sou um anjo, Bokuto-san, um anjo!
E assim, o dia que começou com uma reflexão inesperada sobre o amor terminou com a promessa de uma noite que, se Atsumu tivesse algo a ver com isso, Bokuto jamais esqueceria.

Enquanto Bokuto se trocava no vestiário, seus pensamentos giravam como uma tempestade elétrica. Ele puxava a camiseta sobre a cabeça, imaginando todas as possibilidades que a noite poderia trazer. Uma parte dele estava ansiosa, enquanto a outra estava absolutamente certa de que, sendo Bokuto Koutarou, amado por todos que cruzavam seu caminho, a noite seria inesquecível.
“Vai saber o que a gente vai encontrar hoje... uma noite cheia de diversão? Ou... quem sabe... algo mais?” Bokuto pensava, seus olhos brilhando com expectativa enquanto calçava os tênis. Claro, ele sabia que existia a possibilidade de apenas sair, dar umas risadas e voltar para casa sem nada extraordinário acontecer. Mas ele era Bokuto, o cara que conseguia transformar até um passeio no supermercado em uma aventura épica. Então, qual era a chance de a noite ser só “normal”?
Enquanto terminava de se trocar, ele foi interrompido por uma batida na porta do armário ao lado.
— Ei, Bokuto-san, tá pronto pra balançar essa cidade ou o quê? — veio a voz inconfundível de Inunaki Shion, o líbero da Black Jackal, já devidamente vestido com uma camiseta estilosa e jaqueta de couro, com uma expressão de pura empolgação.
— O que? Você também vai, Inunaki? — Bokuto perguntou, surpreso, mas seu sorriso logo se alargou.
— Claro que sim! Acha que eu ia perder a chance de ver o grande Bokuto-san em ação? — Inunaki respondeu, piscando o olho. — E além disso, ouvi dizer que o Sakusa também vai. Sabe como ele é, todo sério... acho que alguém precisa dar um jeito de fazer ele se soltar um pouco!
— Sakusa? Sério? — Bokuto quase engasgou, rindo com a ideia. — Eu tenho que ver isso! Mas espera... se o Sakusa vai, isso significa que o Meian também deve ir, né?
— Acertou em cheio! — a voz grave de Meian Shuugo, o capitão, ressoou pelo vestiário quando ele apareceu na porta, cruzando os braços. — E eu vou garantir que ninguém aqui faça nenhuma besteira... — Ele olhou especialmente para Atsumu, que, sem surpresa, já estava mexendo no celular com um sorrisinho suspeito.
— Que foi, capitão? Só tô avisando o Osamu que hoje a noite promete! — Atsumu respondeu, fingindo inocência, mas com um brilho travesso no olhar.
— Melhor assim! — Meian suspirou, mas um sorriso discreto apareceu em seu rosto. — Mas vamos lá, pessoal, nada de perder tempo. A noite tá só começando, e eu quero ver todo mundo se divertindo... de forma responsável.
— Não se preocupe, Meian! Comigo, essa noite vai ser lendária! — Bokuto exclamou, já sentindo a adrenalina subir enquanto os outros riam, contagiados pelo entusiasmo.
Com a equipe da Black Jackal reunida, eles saíram do vestiário prontos para encarar a noite. A cidade brilhava lá fora, cheia de promessas e oportunidades, e Bokuto não podia deixar de sentir que algo especial estava para acontecer. Afinal, com seus amigos ao lado, e sendo ele o Bokuto, como poderia ser diferente?
Enquanto caminhavam para a boate, Atsumu se virou para Bokuto com um sorriso malicioso.
— Só lembra de uma coisa, Bokuto-san. Quando a gente entrar lá, você é o centro das atenções. Então, nada de travar na hora H, hein?
Bokuto riu, mais confiante do que nunca.
— Travar? Eu? Atsumu, hoje eu vou brilhar! E quem sabe... hoje eu não volto sozinho pra casa.
E com isso, a Black Jackal se jogou na noite, prontos para transformar o que era pra ser só uma saída normal em algo épico, exatamente como Bokuto havia imaginado.

A noite estava apenas começando quando a Black Jackal entrou na boate. As luzes piscavam em várias cores, a música pulsava, e o ar estava carregado de energia. Bokuto estava radiante, sentindo-se o rei da noite enquanto ele e os outros avançavam pelo local. Cada passo que ele dava parecia prometer que algo incrível estava prestes a acontecer.
Atsumu já havia mergulhado de cabeça na pista de dança, onde ele se destacava, atraindo olhares e risos com seus movimentos exagerados e carisma irresistível. Inunaki, sempre o mais animado, estava no bar, já em seu segundo drink, fazendo piada com o barman e se misturando facilmente com o ambiente. Até Meian, normalmente o mais responsável, parecia ter se soltado um pouco, rindo de algo que Atsumu havia dito e balançando a cabeça no ritmo da música.
Mas, em meio a todo aquele entusiasmo, havia um cenário completamente diferente. Bokuto, que a princípio estava cheio de expectativas, encontrava-se sentado em um canto mais afastado, ao lado de Sakusa, que tinha uma expressão de desgosto tão evidente que era quase cômica.
— Isso aqui é... insalubre, Bokuto. Totalmente insalubre. — Sakusa comentou, franzindo o nariz enquanto observava o ambiente ao redor com desconfiança. Ele segurava um copo de água com limão, como se fosse um escudo contra os germes que ele imaginava estar por toda parte.
Bokuto, que inicialmente estava animado com a ideia de sair, agora estava desanimado. Ele olhava para a pista de dança onde Atsumu e os outros estavam se divertindo, e não conseguia deixar de se sentir frustrado.
— Eu achei que a gente ia... sei lá, aproveitar a noite juntos, conhecer pessoas novas... Mas, até agora, nada demais aconteceu. E, bom... você não tá ajudando, Sakusa.
Sakusa olhou para ele, levantando uma sobrancelha.
— Você realmente esperava que algo emocionante acontecesse aqui? — Ele deu um gole na água, depois continuou. — Esses lugares são superestimados, Bokuto. Muita gente, pouca ventilação, um ambiente propício para bactérias... Eu só vim porque pensei que vocês iam encher muito o saco se eu não viesse.
Bokuto suspirou, afundando-se um pouco mais na cadeira.
— Eu pensei que... sei lá, que a noite seria... diferente, sabe? Algo especial, talvez.
Sakusa soltou um suspiro exasperado.
— Bokuto, a realidade é que nem sempre as coisas saem como a gente espera. Talvez o mais interessante que vá acontecer hoje é a gente sair daqui sem pegar uma gripe.
Bokuto quase riu com o comentário, mas a frustração ainda estava ali. Ele havia imaginado algo grandioso, uma noite onde talvez até encontrasse alguém especial, mas ali estava ele, ao lado do Sakusa, que claramente não tinha a menor intenção de se divertir.
Enquanto isso, na pista de dança, Atsumu notou a expressão abatida de Bokuto e se aproximou, ainda dançando.
— Ei, Bokuto-san! O que tá pegando? Vai deixar o Sakusa te arrastar pro lado sombrio da força?
— Atsumu... eu só pensei que seria diferente, sabe? — Bokuto respondeu, meio sem graça.
Atsumu riu e deu um leve soco no ombro de Bokuto.
— Relaxa, cara! A noite ainda é jovem! E quem disse que precisa encontrar alguém pra ser especial? Tá aqui com a gente, aproveita! A vida é isso, mano, altos e baixos. E se o Sakusa não quiser dançar, azar o dele!
Bokuto olhou para Atsumu e depois para Sakusa, que ainda mantinha aquela expressão de desgosto. Por um momento, ele se sentiu ridículo por ter criado tantas expectativas. Mas então, Atsumu o puxou para a pista, e Bokuto finalmente se deixou levar pela música, rindo de si mesmo e da situação.
E enquanto Atsumu, Inunaki e Meian continuavam a aproveitar a noite ao máximo, Bokuto percebeu que, às vezes, a diversão estava mais na companhia do que em qualquer expectativa que ele pudesse ter. Mesmo que a noite não fosse épica, era uma noite ao lado de seus amigos. E isso, por si só, já era especial.
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