Obviamente é Amor de: A e B - BokuAka - Capítulo - 02

Quando Bokuto acordou na manhã seguinte,
sua cabeça parecia uma sala de espelhos, refletindo fragmentos de uma noite que ele mal conseguia recordar. Ele piscou várias vezes, tentando ajustar o foco. A primeira coisa que notou foi a luz do sol filtrada pelas cortinas, iluminando um quarto que definitivamente não era o seu.

“Espera aí, onde eu estou?” ele pensou, observando o ambiente. As paredes eram brancas e impecáveis, com uma TV embutida e uma cama de casal grande, coberta com um edredom perfeitamente alinhado. Isso não era o seu quarto. Era um hotel, pelo que parecia. Mas como ele havia acabado ali?

Tentando se lembrar dos eventos da noite anterior, Bokuto tentou se levantar, só para perceber que estava apenas de cueca. Um calor repentino subiu pelo seu rosto ao se dar conta de sua vestimenta minimalista. “Ah não, o que eu fiz?”

Ele fechou os olhos e tentou relembrar, mas o que veio à mente foram flashes dispersos: o barulho da música, o cheiro de perfume misturado com o suor da pista de dança, e uma imagem fugidia de Atsumu rindo e puxando-o para o meio da multidão. E então, a confusão... a sensação de estar guiado por uma corrente de eventos desenfreados.

— Ok, respira, Bokuto. — ele murmurou para si mesmo, tentando manter a calma enquanto se levantava da cama. Com um rápido olhar pela suíte, ele notou uma pequena nota em cima de uma mesa de cabeceira. Era um recado escrito à mão:

“Bokuto, a noite foi uma loucura. Não se preocupe, Akaashi.”

Bokuto franziu a testa. Akaashi? Ah, Akaashi Seijuro, seu velho amigo! Como ele não pensou nisso antes? Akaashi sempre tinha um jeito de aparecer nas situações mais inesperadas. Mas o que ele estava fazendo ali, e por que estava na mesma cama de um hotel?

Tentando montar o quebra-cabeça, Bokuto se lembrou de algo mais: risos, um brinde com Akaashi, uma conversa sobre como os dois estavam “evoluindo” de formas diferentes. Bokuto havia se deixado levar pelo entusiasmo da noite, e parecia que Akaashi havia ajudado a guiá-lo para um final mais tranquilo, talvez como um gesto de amizade.

Ouvindo um som de passos vindos do corredor, Bokuto se virou e viu a porta do quarto se abrir lentamente. Akaashi entrou com um olhar de quem tinha acabado de acordar, com um leve sorriso no rosto.

— Bom dia, dorminhoco. — Akaashi disse, quase rindo. — Como está o seu despertar?

— Akaashi! — Bokuto exclamou, um pouco constrangido. — Não me diga que nós... nós...

Akaashi levantou uma sobrancelha e deu um sorriso divertido.

— Não se preocupe, Bokuto. Não foi nada tão dramático quanto você está pensando. Você estava completamente fora de si quando a festa acabou, então eu trouxe você para um lugar seguro. E aqui estamos.

Bokuto soltou um suspiro de alívio, embora ainda estivesse corado.

— Eu... realmente não me lembro de muita coisa. Só espero que eu não tenha feito nada que possa te envergonhar.

Akaashi riu e deu um leve tapinha no ombro de Bokuto.

— Não se preocupe com isso. A noite foi animada, mas nós dois sabemos como lidar com essas coisas. E além disso, eu já tenho algumas histórias para contar sobre a sua atuação na pista de dança.

Bokuto riu, sentindo-se um pouco mais relaxado.

— Ótimo, eu tenho certeza que vou ouvir tudo sobre isso de Atsumu mais tarde. Mas obrigado por me dar uma mão.

Akaashi deu um sorriso afável e se aproximou da mesa de café da manhã, que parecia ter sido deixada ali para eles.

— Não tem de quê. E, por falar nisso, vamos aproveitar este café da manhã e depois voltar para casa. A noite foi divertida, mas o melhor ainda está por vir.

Bokuto e Akaashi se sentaram à mesa para o café da manhã, a luz suave da manhã entrando pelas janelas e iluminando o ambiente acolhedor do hotel. Akaashi estava já tomando um gole de café, enquanto Bokuto mexia distraidamente em um prato de frutas e pães.

— Então, Akaashi, você ainda está super ocupado com aquele trabalho de editor da revista Shonen Jump? — Bokuto perguntou, tentando iniciar uma conversa e ao mesmo tempo tentando esconder a expressão de quem ainda estava se recuperando da noite anterior.

Akaashi olhou para Bokuto, um sorriso leve nos lábios.

— Sim, as coisas estão bem agitadas. O trabalho nunca para. Tenho reuniões o dia todo, e sempre tem algo novo surgindo. Ontem mesmo, enquanto você estava se divertindo, eu estava tentando resolver uma crise de última hora.

Bokuto franziu a testa, mostrando um misto de preocupação e curiosidade.

— E como você conseguiu encontrar tempo para a nossa noite?

Akaashi sorriu, um pouco mais aberto agora.

— Bem, quando recebi a mensagem do Atsumu dizendo que você estava no meio da festa e que talvez precisasse de ajuda, eu decidi fazer uma pausa. Não era uma situação normal para você, então eu pensei em dar uma mão.

— Atsumu mandou mensagem? — Bokuto parecia surpreso. — Eu não sabia que ele estava tão preocupado. E eu, bem... não me lembro muito bem do que aconteceu.

Akaashi riu levemente.

— Sim, ele mandou uma mensagem um pouco desesperada, dizendo que você estava se divertindo demais e precisava de um cara de confiança para lidar contigo. Então eu resolvi dar uma olhada e garantir que você estivesse em boas mãos.

— Eu sou grato por isso. — Bokuto disse, olhando para Akaashi com um olhar sincero. — Às vezes eu esqueço como é ter amigos como você, que realmente se importam e fazem o possível para ajudar, mesmo quando estão ocupados.

Akaashi balançou a cabeça, pegando um pedaço de pão e passando um pouco de geleia.

— Não se preocupe com isso. Você é importante para mim. Mesmo com o trabalho, eu sempre arrumo um tempo quando é necessário. A vida é muito mais do que apenas trabalho, e amigos são uma parte essencial disso.

Bokuto sorriu, se sentindo mais leve.

— É verdade. Às vezes, a gente fica tão focado nas próprias coisas que esquece de como é ter alguém para compartilhar os momentos, bons e ruins.

Akaashi fez um gesto de concordância.

— Exatamente. E se a gente não parar um pouco e aproveitar os momentos simples, acaba perdendo o melhor da vida. Então, da próxima vez, vamos tentar fazer com que esses momentos sejam um pouco menos confusos, né?

Bokuto riu, concordando.

— Com certeza. E, por falar nisso, como você conseguiu escapar de todas as suas responsabilidades para estar aqui hoje?

— Oh, eu não estou completamente fora do escritório. — Akaashi admitiu, com um sorriso enigmático. — Mas fiz questão de aproveitar um tempo para mim e para os amigos. Acredito que, às vezes, a melhor maneira de recarregar as energias é estar com quem realmente importa.

Enquanto eles continuavam o café da manhã, a conversa fluiu com facilidade. A atmosfera era descontraída e reconfortante, e Bokuto sentiu-se grato por ter um amigo como Akaashi. Apesar da confusão da noite anterior, a manhã estava se revelando como um lembrete perfeito de que, apesar de todos os desafios e responsabilidades, sempre havia espaço para amizade e apoio. E com isso, Bokuto sabia que, com Akaashi ao seu lado, ele poderia enfrentar qualquer coisa que viesse pela frente.

—×—

Enquanto Bokuto e Akaashi desfrutavam o café da manhã, o celular de Bokuto vibrava com uma nova mensagem. Ele pegou o telefone, dando uma olhada rápida no texto. Era de Meian:

Meian
Ei, Bokuto-san, Shoyo e Kenma voltaram da lua de mel. Teremos treino hoje à tarde. Espero ver você lá, não me decepcione!

Bokuto piscou, surpreso.

— Ah, parece que o treino está confirmado. E o Shoyo está de volta!

Akaashi ergueu uma sobrancelha curiosa.

— Então você tem planos para hoje?

— Sim, vou ao treino. — Bokuto respondeu, levantando-se e começando a arrumar suas coisas. — Mas acho que vou precisar de uma carona. Não sei se consigo chegar lá com a minha cabeça ainda meio girando.

Akaashi sorriu, pegando as chaves do carro.

— Sem problemas. Eu posso te levar.

Com o convite aceito, os dois se dirigiram para o carro de Akaashi. Durante o trajeto, eles conversaram sobre vários assuntos, com Akaashi fazendo piadas sobre como Bokuto ainda estava “um pouco zonzo” e Bokuto relembrando os detalhes engraçados da noite anterior. A interação entre eles era cheia de descontração e diversão.

Quando chegaram ao ginásio, Bokuto e Akaashi foram recebidos por Atsumu e Inunaki, que estavam à beira da quadra. Ao verem Bokuto com Akashi, seus olhares se encontraram e seus sorrisos se alargaram de maneira suspeita.

— Olha só quem apareceu! — Atsumu exclamou, com um brilho travesso nos olhos. — E com uma carona de luxo, pelo visto.

Inunaki se aproximou, sorrindo.

— Vocês dois estão se saindo bem, hein? Não sabíamos que o Akaashi era tão generoso com seu tempo.

Bokuto, notando o tom malicioso, corou imediatamente.

— Ei, não é bem assim...

Akaashi riu, dando um tapinha nas costas de Bokuto.

— Acho que eles estão apenas brincando, Bokuto. Não se preocupe com isso.

Atsumu fez uma expressão de "eu sei de algo que você não sabe" e piscou para Inunaki.

— Ah, claro, só brincando. Mas, se precisar de ajuda para... ajeitar as coisas, nós estamos aqui, viu?

Bokuto estava claramente embaraçado, seu rosto ficando vermelho.

— Pessoal, por favor, não...

Enquanto isso, Akaashi se dirigiu para a arquibancada e se sentou ao lado de Kenma, que estava observando o treino com interesse. Kenma levantou um olhar curioso ao ver Akaashi.

— Não esperava te ver aqui, Akaashi.

— Apenas fazendo uma visita para ver como estão meus amigos em ação. — Akaashi respondeu, dando um sorriso amigável.

Hinata, que estava se preparando para o treino, notou Bokuto no lado de fora da quadra e se aproximou dele com um sorriso entusiasmado.

— Bokuto! Finalmente! Como foi a noite? Algo emocionante aconteceu?

Bokuto tentou se lembrar do que havia ocorrido e, de repente, uma imagem vaga de um beijo surgiu em sua mente. Ele corou instantaneamente, seu rosto ficando um tom vermelho intenso.

— Ah... bem, eu... eu...

Hinata percebeu a reação e riu, percebendo que havia algo mais.

— Parece que você tem algo para contar.

Bokuto ficou completamente envergonhado ao lembrar do beijo que teve com Akaashi na saída da balada, quando ele finalmente conseguiu se lembrar da cena. Seu coração disparou e ele olhou desesperadamente para onde Akashi estava sentado. A lembrança do beijo fez seu rosto ficar ainda mais vermelho.

— Ah, não, isso é... — Bokuto balbuciou, claramente em pânico, enquanto tentava se recompor.

Hinata piscou para ele, divertido.

— Parece que você tem uma história interessante para compartilhar depois do treino.

Enquanto o treino começava, Bokuto tentava se concentrar no jogo, mas a imagem do beijo e o olhar curioso dos amigos não saíam de sua mente. Akaashi, do outro lado, estava entretido, sem se dar conta do impacto que seu gesto inesperado teve no amigo. E assim, a tarde seguia com uma mistura de treino, risadas e uma boa dose de constrangimento e diversão.