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História Ocean eyes secrets - Count on me


Escrita por: atlantys

Notas do Autor


Olá, meus amores! Voltei bem rapidinho!
Trago um capítulo mais leve desta vez e espero que gostem! Comentem ao final caso tenham algo a dizer, eu adoro ler o que vocês escrevem!
Boa leitura a todos!

Capítulo 11 - Count on me


Fanfic / Fanfiction Ocean eyes secrets - Count on me

      Lentamente, montei em minha bike de uma forma que não acabasse chamando a atenção de Júpiter. E depois de olhar mil vezes para as janelas da casa, para as luzes e para o movimento de pessoas na rua, que eu segui em frente com meus planos.

      Saí de casa quando o relógio de parede marcava dez da noite, e assim que pedalei pela primeira vez, não parei mais. Eu ainda me via revoltado com a situação. Ainda carregava em meu peito um sentimento horrível após saber daquilo tudo. E eu sabia, que isso só se aliviaria quando eu encontrasse Jade.

      Enquanto pedalei e segui cuidadoso até a casa onde eu vi ela entrando, pensei se seria um bom momento para ir até lá. Será que ela morava sozinha? Será que estaria em casa? Já estaria dormindo ou estaria acordada?

      Tive receios sobre minha visita e o que Jade pensaria sobre ela. Porém, isso não foi o suficiente para que eu desistisse. Mesmo com um vento gelado no rosto por estar pedalando rápido, eu segui em frente e depois de alguns minutos, parei novamente naquela calçada.

      Ainda segurando a bicicleta, fiquei parado naquele lugar enquanto encarei a fachada daquela casa. Senti meu coração bater mais forte naquele momento, pois algo me dizia que Jade estava ali. Perdi um tempo fazendo isso, mas logo depois, resolvi me aproximar.

      A casa tinha uma entrada simples. Bastava subir alguns poucos degraus depois de passar por um jardim e eu logo me depararia com a porta de entrada. Deixei minha bike apoiada num lugar onde não haveria problemas e logo comecei a subir aqueles degraus.

      Um, dois, três, quatro... E finalmente, me vi diante da porta de entrada da casa de número vinte e um. Eu deveria já ter batido ali ou já deveria ter chamado Jade. Eu estava ansioso e me via louco de preocupação e de outros sentimentos que me deixaram atordoado. Porém, antes de tudo isso, voltei a ter receios.

      Torci para que nada desse errado. Eu só queria declarar a ela o meu apoio para o que precisasse e queria agradecer por ter confiado em mim para falar sobre tudo. Mas ela tinha pedido que eu me afastasse, e por não ter feito como ela queria, pensei que teríamos problemas.

      Aproximei-me mais ainda da porta e depois de respirar fundo e de criar expectativas, eu fechei a mão e bati ali por umas três vezes seguidas. Fiz isso e esperei, porém não recebi nenhuma resposta ou algum sinal de que havia alguém em casa.

      Tentei esperar mais um pouco, porém minhas expectativas não permitiram. Voltei a bater na porta com a mão fechada e foi neste momento que eu ouvi passos. Fiquei aflito com aquela demora, mas por fim, ouvi o barulho da maçaneta.

      E foi neste momento, que pela pequena brecha da porta que se abriu, eu pude ver Jade. Ela vestia um moletom e um casado lilás, certamente parecia estar prestes a dormir. Seu cabelo estava preso e ela usava meias. Estava totalmente à vontade.

      – Jade... – Falei aliviado ao vê-la bem.

      – O que faz aqui? – Não hesitou em me tratar seriamente.

      – Me desculpe por isso, mas eu precisava...

      – Eu pedi que me deixasse em paz, Jungkook.

      – Eu sei, mas como queria que eu...

      – Vá embora! Pensei que tinha sido clara quando pedi que se afastasse de mim! Por favor, entenda isso! – Exaltou-se.

      – Jade, eu só queria que soubesse que...

      – Eu não quero saber de nada! – Berrou.

      – Precisamos conversar! Por favor, me ouça!

      – Não, não temos nada pra conversar! Saia daqui! Vá embora! Você não deveria nem ter saído de casa a essa hora, Jungkook!

      E neste momento, Jade abriu a porta de vez e veio em minha direção parecendo estar furiosa com minha atitude. Com as duas mãos, ela me empurrou pra longe e assim continuou, fazendo com que eu me afastasse gradativamente.

      Jade parecia tão contrariada, que eu fiquei sem saber o que fazer. Perplexo, eu apenas me afastei como ela queria e até desci alguns degraus que tinha acabado de subir. Fiquei perto de minha bike enquanto ela parou finalmente com seu ataque e me fitou de longe.

      – Quer mesmo que eu vá embora? – A fiei triste.

      – Você sabe por que não podemos estar próximos! Sabe o que eu penso disso e sabe que eu não quero machucá-lo!

      – Eu sei, mas não quero deixar que isso acabe com a amizade que ainda podemos ter, Jade.

      – Chega, Jungkook! Já chega! Você está procurando o seu mal vindo até mim e está ciente disso!

      – Você não é o meu mal, Jade. – Tentei convencê-la.

      – Pare com isso... – Me mostrou suas lágrimas. – Faça o que eu estou pedindo e vá embora! Por favor!

      – Jade... – Voltei a me aproximar da porta calmamente. – Estou aqui para conversar contigo, sei que precisamos disso.

      – Eu te escrevi tudo aquilo, pois jamais suportaria falar sobre isso olhando em seus olhos. E agora você vem até aqui pensando que isso mudou?

      – Se não quiser falar, apenas me ouça. – Implorei.

      – Você não sabe o que deseja, Jungkook... – Lamentou.

      – Sim, eu sei o que estou desejando. E quer saber? Eu estou certo de que isso jamais seria tão ruim quanto você pensa.

      Jade ainda estava nervosa e contrariada, porém eu tentei me acalmar para que ela se sentisse da mesma forma. Fiquei com medo de ser rejeitado de vez, mas procurei não me exaltar e tentei ser pleno no momento.

      Falei com ela num tom baixo de voz. Fui paciente e tentei deixá-la a vontade para pensar no que eu falei. Na verdade eu gostaria de estar mais perto dela, um abraço era o que eu mais desejava até o momento. Mas eu tinha certeza que ela rejeitaria, então a poupei de fazer isso.

      Fiquei olhando enquanto ela conteve suas lágrimas. Isso também era algo que eu mesmo poderia fazer – e faria com uma satisfação grandiosa. Porém, eu não quis ir rápido demais no momento. Jade tinha seu espaço e eu não queria invadi-lo.

      – E então? – A fitei.

      – Tudo bem. – Ela falou, mais calma e tranquila.

      – Podemos conversar?

      – Entre. – Saiu da frente da porta.

      Incrédulo, fiquei feliz por ela ter mudado de ideia. Não me importei por ela ter quase me expulsado antes, o que importava era que ela considerou o que eu sugeri e isso já foi bom demais.

      Aproximei-me mais ainda e passei pela porta de entrada. Passei por ela e entrei, enquanto Jade a fechou e pediu que eu me sentasse. Procurei o sofá mais próximo e me sentei naquela sala pequena, porém Jade passou por mim e seguiu em frente.

      Ouvi seus passos por um corredor e logo ouvi um barulho de fechadura. Imaginei que ela teria ido até a cozinha beber um copo de água gelada ou então, que teria ido ao banheiro lavar o rosto. Fiquei ali sozinho a sua espera, até que finalmente ela voltou.

      Com uma expressão melhor no rosto, porém ainda séria, Jade chegou até a sala. Parecia mais calma, porém longe de estar em paz com toda aquela história. Passou por mim quando eu pensei que ela sentaria ao meu lado, e logo seguiu ao outro sofá que estava de frente pra mim – do outro lado daquela sala.

      – Ainda está usando o colar. – Fitou-me.

      – Eu jamais seria capaz de me desfazer dele.

      – O que fez com a carta?

      – Queimei.

      – Todas as páginas?

      – Até se transformarem em cinzas. – Assenti.

      – Obrigada. – Fez que “sim” com a cabeça.

      Neste momento, um silêncio iniciou-se. Jade tinha deixado eu entrar em sua casa, porém ainda não se sentia a vontade comigo ali. Estava incomodada e perdeu as palavras. Eu também não soube o que falar, mas ao notar o jeito triste que ela se encontrava, pensei em dizer algo.

      – Eu sinto muito, Jade... – A fitei sem jeito.

      – Não sinta, estes são meus problemas e eles não devem afetar você de forma alguma.

      – Mas de qualquer forma eu me vejo triste com a situação.

      – E era isso que eu não queria quando pedi que se afastasse.

      – Eu não posso fazer isso. – Lamentei e um silêncio se iniciou.

      – Você leu tudo?

      – Pensei que não conseguiria, mas acabei chegando ao final.

      – Não me olhe assim como se tivesse pena de mim. – Desviou o olhar um tanto incomodada. – Eu não preciso disso, eu odeio isso na verdade.

      – Não tenho pena de você, Jade. Está confundindo as coisas e está tendo pensamentos errados sobre mim.

      – Não olhe diretamente pra mim.

      – Por quê?

      – Não sabe a vergonha que sinto.

      – Eu não vou julgá-la, Jade.

      – Mas já sabe tudo sobre mim e deve estar a imaginar o que eu narrei naquela carta enquanto me olha.

      – Não, eu não seria capaz disso.

      – Como posso sentir tanto nojo de mim mesma a este ponto, Jungkook? Como consigo sentir tanta amargura? – Lamentou.

      E neste momento, notei que só o que Jade precisava era de uma oportunidade para falar. Sua pose de durona revoltada foi virando poeira enquanto ela assumiu uma posição triste e de lamento. Começo a falar enquanto eu tentava me explicar e foi ao notar que ela precisava de um tempo, foi isso que eu quis dar a ela.

      – Desenvolvi uma mania de limpeza com meu corpo que só piora com o tempo. Chego à média de doze banhos por dia enquanto lavo as mãos e o rosto a cada sete minutos. Posso estar limpa, mas sempre me sinto suja e nojenta. Isso me agonia e tira a minha paz, parece que nunca passa.

      – Penso que isso seja uma questão de controle a qual um médico pode lhe orientar, Jade. Parece ser um transtorno e isso pode ser resolvido ou amenizado com as orientações certas.

      – Se fosse só isso... – Lamentou.

      – O que mais você sente?

      – Desenvolvi síndrome do pânico. – Disse ela. – Minha mente está sempre me torturando, me fazendo imaginar cenas horríveis de coisas que podem acontecer a qualquer momento. São paranóias, pressentimento de algo ruim e coisas do tipo. Isso eu já carrego há um tempo e parece que nunca conseguirei me livrar.

      – Puxa vida, Jade... – Senti meu coração apertado.

      – Melhorei um pouco quando me tornei babá de Wonju. Por ela eu tenho que fazer coisas e estar em muitos lugares o tempo todo. Ela faz atividades, vai pra escola e passeia no tempo livre. Me dedico a ela e me esforço para conseguir viver e trabalhar numa boa, mas nem sempre é assim.

      – Há quanto tempo você carrega estes sentimentos?

      – Desde que fui exposta pelo meu ex-namorado. Desde então, vez ou outra, eu tenho crises. O pânico me invade e eu não sei lidar com isso sozinha. Eu só quero me isolar, me proteger de algo que não sei o que é. E isso, me faz ficar sozinha por mais tempo que eu já fico. – Deu uma pausa e secou os olhos. – Sabe o real motivo de eu não ter ido ao seu aniversário?

      – Qual foi o motivo?

      – Um cara me disse coisas grotescas na rua enquanto eu caminhava até o ponto de ônibus. Meu carro estava na oficina, mas mesmo assim eu decidi ir ao seu jantar de comemoração. A rua estava um tanto vazia e ao ter visto que eu estava desacompanhada, ele passou perto de mim e sussurrou coisas que disse que faria. – Deu uma pausa e chorou. – E o que ele disse que faria, já fizeram comigo.

      – Oh, não... Jade, não chore! Por favor, fique calma! – Fiquei tão aflito, que me levantei e fui até ela. Sentei-me ao seu lado naquele sofá e a observei de perto enquanto quis acolhê-la.

      – Eu voltei pra casa e tomei um banho de mais de vinte e cinco minutos. – Continuou chorando. – Eu me tranquei em meu quarto e chorei sozinha enquanto perguntei aos céus porque aquilo aconteceu.

      – Jade... Não chore mais! Estou aqui contigo e está tudo bem! Você não está sozinha como nos outros dias! Veja só, eu vim por você!

      – Sabe o que também seria comemorado no dia primeiro?

      – O quê?

      – O meu aniversário. – Ela falou. – No dia que você fez dezoito, eu completei vinte e dois.

      – Oh, meu Deus... – Lamentei com o coração apertado.

      – E foi assim que eu fiquei no dia que deveria ter sido o mais importante de minha existência. Fiquei em casa, chorando, me odiando e lamentando por estar viva.

      – Não diga isso! – Peguei sua mão direita e a beijei rapidamente. – Não fale assim, isso tudo vai passar! É passageiro, lembre-se disso!

      – Mais um ano que eu passo me questionando o porquê de eu ainda estar viva enquanto não tenho expectativas.

      – Você ainda está aqui, pois seu propósito neste mundo ainda não foi alcançado. Você está aqui porque tem que estar, e isso é algo que você só entenderá no momento certo.

      – Eu me odeio, Jungkook. – Chorou de vez.

      – Não, não diga isso... Sei que não se sente bem e imagino como seja, mas não diga algo assim tão sério sobre si mesma.

      – Eu sou vazia, sozinha, vago sem rumo. – Lamentou ainda muito triste. – Como alguém pode viver bem assim?

      – Você não está sozinha, eu estou aqui com você! Eu vim para poder te ouvir pessoalmente e quero que saiba disso! Ainda sou seu amigo e você pode confiar em mim!

      – Eu não confio nem em mim mesma, Jungkook. Como eu seria capaz de confiar em outra pessoa?

      – Confiou em mim na hora de escrever e entregar aquela carta, não foi?

      – Eu só queria que você me entendesse.

      – E por que quis que justo eu a entendesse?

      – Pois eu sabia que não me julgaria como os outros. Eu sei que você é uma boa pessoa, é um garoto muito inteligente e compreensivo. Eu jamais conseguiria contar isso a outra pessoa que não fosse como você.

      – Acaba de dizer que sou uma boa pessoa e que sou compreensivo. – Falei e ela assentiu. – Isso não lhe deixa mais segura com a ideia de tentar aceitar uma amizade? Isso não te deixa animada com uma aproximação?

       – Eu não sei o que é animação, Jungkook. – Lamentou me fitando. – Eu não sei o que é qualquer um desses sentimentos, pois eu não sinto mais nada. Eu deixei de sentir quando eu tinha doze anos e desde então, é inútil tentar mudar isso.

      – Você já tentou?

      – É inútil.

      – Então é a minha vez de tentar.

      – Como pode querer estar metido nisso cada vez mais? Já te disse que não sou uma boa pessoa, não deve estar perto. Como que, além de saber disso e de muito mais, você ainda deseja estar aqui?

      – Primeiramente, os que não são boas pessoas você sabe quem são. E nenhum deles, se refere a você.

      – E como ainda quer estar se metendo neste grande problema que eu sou? Hum? Por que se interessa?

      – Se estar com você para tentar ajudá-la significa que terei problemas, saiba que eu os carregarei nas costas, mas não irei deixá-la.

      – Eu não tenho emoções ao ouvir isso.

      – Não precisa ter, precisa apenas acreditar.

      – Eu não tenho expectativas, Jungkook. Eu já te disse que nada disso tem mais jeito e que eu já abri mão de tentar. Eu já sofro com isso há tanto tempo, que simplesmente não consigo ver algo diferente acontecendo. Não tenho esperanças feito uma luz no fim do túnel, pois o túnel em que estou não tem fim.

      – Não sabe o quanto eu lamento ao ouvir você falar dessa forma. Eu imaginava que pensava assim, mas ouvir você dizer coisas desse tipo, é pesado demais.

      – Então se afaste.

      – Esta é a última coisa que eu faria no momento.

      – Eu já disse que você não é o primeiro que tenta me ajudar. Eu posso até progredir, mas no final de tudo, termino na mesma lama de sempre.

      – Não sou o primeiro, mas serei o que...

      – Jungkook... – Lamentou.

      – Me deixe ajudá-la, Jade. Confie em mim a este ponto e permita que eu possa fazer algo por você. Lembra-se de quando você dizia que seu instinto de noona falava mais alto quando estava comigo? Lembra que sempre se preocupava se eu tinha comido algo saudável ou se tinha levado casaco quando ia encontrá-la?

      – Sim, eu lembro.

      – Lembra de quando escreveu na carta que um de seus maiores desejos para a vida era ajudar as pessoas e fazer o bem àqueles que necessitavam?

      – Sim. – Assentiu.

      – Pois é assim que eu me sinto em relação a você agora.

      – Você é só um menino, Jungkook. Pensa que tudo é possível e que pode virar um super herói como nas histórias em quadrinhos para salvar uma cidade. – Deu uma pausa. – Acontece que as coisas não são dessa forma e não funcionam assim.

      – É isso que pensa sobre mim? Eu sou só um menino que fica sonhando com coisas impossíveis como se ainda tivesse menos de dez anos de idade?

      – Eu não quis dizer isso.

      – Talvez você não tenha um super herói, pois não se permite ter um. Talvez ele venha assim, fantasiado apenas como se fosse um menino, mas sua rejeição é tamanha que ele sequer consegue fazer algo por ti.

      – Se o super herói entendesse de verdade a minha história, entenderia porque o rejeito. E quer saber? Ele concordaria com meus motivos para querê-lo longe.

      – É uma pena que pense assim, Jade. – Lamentei sem esperanças.

      – É melhor você ir pra casa. Sei que está longe de lá e que já está tarde, não é seguro estar por aí nessas condições.

      – Eu não vou embora agora.

      – Vamos, eu te levo. – Pegou a chave de seu carro em cima da mesinha de centro.

      – Eu vim de bike. – Falei.

      – Mais perigoso ainda.

      – Mas eu não me importo. – Olhei pra ela.

      – Não brinque de super herói, isso nunca dá certo.

      – Tudo bem, eu... – Fiquei totalmente sem jeito com a falta de fé de Jade. – Eu já vou indo, realmente estou longe de casa e não pretendo ser descoberto.

      – Te acompanho até a porta. – Disse ela.

      Neste momento, eu me levantei daquele sofá depois que Jade já tinha feito o mesmo. Ela seguiu na frente até a porta enquanto eu lamentei e fui andando para a mesma direção. Fui até o lado de fora enquanto ela ficou ali me olhando neste momento, tive dificuldades em me despedir.

      Jade parecia sem esperanças, mas ao me olhar ali naquele momento, parecia querer pedir ajuda. Dizia que não tinha mais chances de ter a vida mudada, mas ao mesmo tempo, pedia socorro e ansiava por um ombro amigo. E isso, me fez ficar com o coração despedaçado.

      – Será que eu posso te dar um abraço antes de ir?

      – Não me peça isso... – Lamentou.

      – Tudo bem, então faça isso você mesma. – Falei e logo abri os braços enquanto aguardei ela se aproximar. – Me abrace caso queira e eu apenas corresponderei. E não se preocupe, pois não tomarei a iniciativa.

      – Jungkook... – Pareceu confusa.

      – Já confiou em mim uma vez, Jade. Quer dizer, mais de uma. O que custa fazer o mesmo mais uma vez por agora?

      E neste momento, ela não conteve-se aos seus anseios. Ela não desejava, isso eu já sabia. Porém ela precisava de um abraço e de um ombro amigo. Sendo assim, resolveu se render. E aos poucos, ela veio até mim.

      Jade abraçou-me um tanto envergonhada, porém logo encostou seu rosto em meu peito. Era mais baixa do que eu, então quando eu a abracei de volta, ela sumiu em meus braços. Observei suas reações e como ela não reclamou, continuei assim.

      Foi a primeira vez que nos abraçamos.

      Acolhi Jade como eu gostaria de ter feito antes. Deixei que ela comandasse o abraço e respeitei seu espaço, até que ela afastou-se ainda envergonhada e deu um fim ao nosso momento de afeto – ao qual eu tanto desejei depois de ter descoberto tudo.

      – Posso ter seu número de telefone agora?

      – Assim será fácil você me encontrar.

      – É o que pretendo. – Falei. – Que tipo de amigo eu seria caso abandonasse você quando você tanto precisa?

      – Eu ainda prefiro que você não se...

      – Dite o número, vou salvá-lo. – Insisti.

      E nesse momento, ela entendeu que se tinha uma coisa que eu era, essa coisa era insistente. Eu quis deixar claro pra ela que eu não queria me afastar, e depois de tanto repetir isso, parece que ela entendeu.

      Ditou pra mim o número de seu telefone e finalmente, eu tive o que eu tanto queria. Agora poderíamos conversar. Agora eu poderia contatá-la numa boa e sem problemas. Jade confiou em mim até pra isso – e isso, era algo muito bom.

      – Agora eu já posso ir embora. – Falei.

      – Tenha cuidado no caminho. – Fitou-me preocupada como sempre. – E... Obrigada pela visita, de qualquer forma.

      – Até logo, Jade! Fique bem! – Curvei-me.

      – Até breve, Jungkook! – Fez o mesmo.

      E só depois disso, eu lhe dei as costas. Desci aqueles degraus, peguei minha bike e fui com ela até a rua. Ali eu montei, arrumei o celular no bolso para que não caísse e logo acenei pra Jade. Ela acenou de volta e só então, eu segui em frente até chegar em casa.

      Fiz de tudo para não demorar a chegar. Pedalei depressa e fui cuidadoso para que nada me acontecesse. Torci para que nada desse errado em minha chegada e quando me vi diante de minha casa, voltei a ser silencioso.

      Deixei minha bike onde ela estava antes e logo fui com as chaves na mão até a porta. Desconfiado e com medo de ser pego, fui bem devagar ao abrir a fechadura, e quando consegui, torci para que Júpiter não me denunciasse com seus latidos.

      Entrei em casa quando notei que faltava pouco para 23:30. Fui cuidadoso ao subir as escadas e de uma vez eu fui até o meu quarto. Me troquei rapidamente depois de afagar Júpiter – que dormia em cima da cama – e só depois disso eu fui dar uma olhada no quarto dos meus pais.

      Abri a porta aos poucos e vi que eles estavam adormecidos. Fiquei ali por um tempo para conferir e depois disso, resolvi ir ao andar de baixo. Fui até a cozinha, tomei um copo de água e depois de ir ao banheiro escovar os dentes, fui me deitar.

      Minha cabeça ainda doía por causa de tudo aquilo. Foram muitas emoções para um só dia e eu ainda não conseguia acreditar. Apertei os olhos ao fechá-los por causa da dor, mas foi ao fazer isso que eu desisti de descansar o quanto antes e pensei em Jade.

      Será que ela me deu o número certo?

      Peguei meu celular ao lado da cama e resolvi tentar uma ligação. Pensei que Jade não tinha cara de que dormia cedo, sendo assim, pensei que não atrapalharia. Procurei seu contato e depois disso, apenas esperei a ligação completar.

      Porém, ninguém atendeu. Continuei insistindo depois de ter desligado e tentado novamente. Mas nada aconteceu. Uma desconfiança começou a me invadir sobre a veracidade do telefone que Jade me deu e eu comecei a pensar que aquele não era de fato o seu número.

      Me odiei por ter pensado nisso, mas foi inevitável. Continuei insistindo para ter uma resposta, até que finalmente, alguém atendeu a chamada quando eu já não tinha mais esperanças.

      – Sim?

      – Jade? – Falei ao ouvir uma voz baixa.

      – Olá, Jungkook.

      – Estava ocupada? Atrapalho?

      – Não.

      – Demorou a atender, pensei que estava a fazer algo.

      – Eu não atendo números estranhos, mas quando lembrei que dei a você o meu contato, acabei mudando de ideia.

      – Entendi.

      – Por que está ligando? Aconteceu algo? – Perguntou ela.

      – Não aconteceu nada, é que...

      – Ligou para confirmar o número, não é?

      – Acontece que eu esqueci de lhe desejar boa noite quando estive aí, então decidi ligar agora para fazer isso.

      – É sério?

      – Queria lhe desejar que tenha bons sonhos também. – Sorri.

      – Obrigada, Jungkook. – Foi sincera.

      – Sem agradecimentos, Jade. – Fiquei corado.

      – Também lhe desejo uma boa noite de sono e que tenha bons sonhos durante a madrugada.

      – Obrigado! – Falei enquanto sorri. – Bom, era só isso que eu pretendia. Agora vou desligar para não tomar mais de seu tempo.

      – Tudo bem. – Ela concordou.

      – Até breve, Jade! Durma bem!

      – Até logo, Jungkook! Se cuida!

      E depois disso, desliguei a ligação. Ainda com o celular na mão e olhando para o contato dela, eu sorri um tanto aliviado. Jade tinha sido verdadeira comigo e isso não tinha preço. Não reclamou e não pediu que eu me afastasse.

      Comecei a pensar que tentar uma aproximação daria mais certo do que eu já imaginava. Antes tinha me rejeitado, mas quando demonstrei meu apoio a ela, ela pareceu ter se sentido acolhida. Jade não era assim tão fria quanto pensava, e isso, eu provaria a ela enquanto tentasse ajudá-la.

Dois dias depois...

     É, eu não tive como esconder tudo isso de meus melhores amigos. É claro que eles notaram que eu parecia diferente. Parecia mais calmo e de bem com a vida, sem me lamentar ou ficar com cara de “enterro” como Taehyung falava.

      E foi com muita insistência que eu acabei contando a eles o que houve. Porém, passei longe de dizer o que estava escrito naquela carta. O segredo de Jade eu seria capaz de carregar para o resto da vida e era isso que eu planejava fazer, ou seja, ninguém saberia de nada por mim.

      Mas, contei a ele que nos encontramos. Criei uma situação fake quando falei que eu a encontrei na beira-mar depois de tanto tempo e falei que conversamos. Falei que realmente houve um imprevisto no dia do jantar, mas que ela já tinha me explicado tudo.

      Falei que estava tudo bem.

      E por verem que eu mudei da água pro vinho, eles voltaram a insinuar coisas sobre Jade e eu. Falavam que ela realmente era minha musa inspiradora, que me deixava na fossa e depois me dava uma boa dose de euforia sem precisar de muita coisa.

      É, realmente... Jade era caracterizada pelos extremos que causava em mim. Mas, felizmente, no momento eu sentia alegria – e era isso o que mais me importava.

      Contei a ela que consegui o telefone dela e que agora certamente iríamos nos ver com frequencia. Respondi perguntas que eles fizeram sobre o colar que eu sequer tirei do pescoço e assim eu sanei aquele assunto depois de inventar umas mentiras, confesso.

      Passei aquele dia inteiro pensando em algo a fazer. Eu já tinha ido com meus amigos à sorveteria e já tinha me animado mais ainda depois de muitos vídeos engraçados que vimos juntos no Youtube. Porém, eu queria pensar em algo para sugerir a Jade.

      Já era noite quando eu pensei em algo. Eu estava usando meu notebook para fazer uma pesquisa para a escola e depois disso, resolvi editar alguns wallpapers para postar na internet. E foi ao fazer isso que eu pensei em algo que poderia ser uma boa ideia.

      Será que Jade gostaria de aprender a fazer vídeos e edições? Será que ela gostaria de aprender alguns truques de fotografia? Será que ela se animaria se eu me disponibilizasse a ajudá-la? Poderia ser um ótimo passatempo, por que não?

      Peguei meu celular neste momento e abri o seu contato. Apertei na tela na opção verde e quando a ligação começou, eu fiquei ansioso esperando que ela atendesse sem demora.

      E de fato, assim foi. Jade não demorou a atender e quando fez isso dizendo meu nome e provando que tinha salvado meu contato, eu fiquei feliz. A cumprimentei desejando boa noite e perguntei se ela não estava ocupada.

      Começamos a conversar brevemente depois disso. Jade ainda parecia fechada e não muito a vontade para falar, mas eu fui insistente. Perguntei como tinha sido seu dia, perguntei se tinha passeado com Wonju e depois perguntei como ela se sentia.

      Foi então que eu decidi fazer a proposta. Pensei que faria bem a ela por estar tendo distrações. Sair de casa para dar uma volta e ter algo diferente para fazer pode ser uma boa pra qualquer um.

      De primeira, ela me lembrou sobre seu emprego. Ela tinha que acompanhar a pequena menina em todas as atividades e só quando sua mãe estivesse em casa e disponível, que ela estava liberada. Caso contrário, estaria ocupada.

      Lembrei-me disso, mas logo contornei a situação. Falei que poderíamos fazer isso nos finais de semana ou quando ela estivesse alguma folga. Falei que ela poderia decidir o horário e o lugar aonde iríamos.

      E foi neste momento, que ela perguntou se eu seria o seu modelo. Dei risadas, é claro. E fiquei tímido também. Mas quando ela gostou da ideia e sugeriu que eu ensinasse ela a fazer o mesmo que eu tinha feito para o show de talentos, esta foi a primeira coisa que pensou.

      Aceitei, é claro. Eu poderia lhe passar as técnicas e deixar que ela treinasse tendo a mim como seu modelo para as fotografias. Eu adoraria fazer isso e se Jade tinha se animado com a ideia, bom... Assim será.

      Falei pra ela que eu estaria disponível pra isso. Falei que havia muito para aprender e que pra mim não haveria problemas. Fiquei empolgado em ensinar a alguém o que eu mais gostava de fazer e foi quando eu falei das distrações e do passatempo nos momentos livre, que ela se viu tentada a aceitar.

      – E a minha ideia de manter você afastado parece mesmo que não vai dar certo, não é?

      – Acha que eu vou aceitar isso numa boa, Jade? Eu sou insistente, vejo que isso pode ajudá-la em algo e quero tentar.

      – Devia aceitar, este foi meu único pedido a você.

      – Não foi. – Relutei. – Você pediu que eu queimasse a carta e eu fiz como queria.

      – Vejo que isso você jamais entenderá.

      – Eu entendo, porém penso que posso ser uma boa companhia pra você e quero ajudá-la. Então, se eu venho para o bem, porque devo me afastar?

      – O mal está comigo e não com você, Jungkook.

      – Você se interessa em aprender o que quero ensinar ou não? Já chega de desculpas, olho de oceano, eu quero uma resposta e espero que ela seja boa. – Me animei.

      – Olho de oceano?

      – É a única pessoa que eu conheço que carrega o oceano inteirinho dentro de um olho apenas. – Sorri.

      – Você fica sorridente por qualquer coisa. – Ficou tímida.

      – Um dia você também ficará. – Falei e assenti. – E então, será que já tenho uma resposta para ouvir?

      – Tudo bem.

      – Tudo bem?

      – Eu aceito que me ensine seus dotes.


Notas Finais


E então? Acham que Jade se sairá bem? Acham que isso tudo dará certo? Acham que Jungkook conseguirá ajudá-la como pretende? Será que tudo será assim tão fácil como ele pensa?
Contem pra mim! Ficarei feliz em saber o que acham!
Um grande beijo! E até breve!


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