1. Spirit Fanfics >
  2. Ocean eyes secrets >
  3. Its my choice

História Ocean eyes secrets - Its my choice


Escrita por: atlantys

Notas do Autor


Olá, meus amores! Quanto tempo! Como vocês estão?
Trago mais um capítulo novo e digo que agora as atualizações serão normalizadas!
Já preparei novidades e elas estão a caminho! Podem esperar!
Espero que gostem do capítulo novo e que comentem ao final! É muito importante!
Boa leitura!!

Capítulo 17 - Its my choice


Fanfic / Fanfiction Ocean eyes secrets - Its my choice

Dia seguinte

Já na sala de aula na segunda feira – depois daquele final de semana tão agitado – eu ainda tinha Jade em meus pensamentos. Na última noite ela tinha feito desabafos, me contou como se sentia verdadeiramente e isso me deixou triste por não poder estar com ela naquele momento.

Foi aí que eu planejei que iria vê-la o quanto antes. Queria ver se realmente ela tinha melhorado e como estava se sentindo. Fiquei pensando nela em todas as aulas e assim, eu decidi que iria ligar para o seu celular para saber notícias.

Mas, o que eu não contava era com uma pesquisa que a professora iria passar naquele dia. O material se encontrava na biblioteca e como era para o dia seguinte, eu teria que fazer no dia atual para adiantar tudo. Valia uma boa nota e isso atrasou meus planos.

Despedi-me de Jimin e de Taehyung que foram juntos, já que o irmão mais velho de Tae não poderia buscá-lo naquela tarde. Depois disso fui jantar no mesmo lugar de sempre, o mais baratinho e mais simples. Por fim, cheguei à biblioteca e comecei aquela tarefa o quanto antes.

Analisando o conteúdo, vi que era pouca coisa e que eu conseguiria terminar depressa. Comecei anotar tudo de importante e quando foi três e meia da tarde, terminei tudo e pude devolver o livro que lá estava. Deixei a capa para fazer em casa e logo fui saindo da biblioteca.

Fui ao bebedouro antes de sair e foi nesse momento que meu celular vibrou no bolso do jeans. Passei a mão na boca, tomei o telefone nas mãos e logo fui ver o que era. E foi nesse momento que eu abri um sorrisão ao ver que era uma mensagem de Jade enviada pelo Kakao.

Abri a mensagem enquanto fui andando pelo corredor da escola até a saída e ao ver que era uma foto da praia, eu logo tive uma ideia. A hora que a imagem tinha sido tirada estava marcada no seu rodapé e eu vi que isso tinha acontecido dez minutos mais cedo.

Ali eu pude ver o playground de sempre. Pude ver também a mochilinha que Jade sempre levava as coisas de Wonju e logo entendi que elas estavam por ali para passar um tempo. E se eu queria fazer uma surpresa, deveria ser rápido.

Fui ao ponto de ônibus e logo dei sinal ao que ia para a beira-mar. Fiquei feliz pela condução não ter demorado e quando eu já estava lá dentro, resolvi enviar uma mensagem para Jade. Eu queria saber, de alguma forma não óbvia, se ela ainda estava lá.

“Como eu amo essa paisagem... ♥

Há muitas pessoas por aí?”

E nesse momento, eu aguardei sua resposta enquanto conectei os fones de ouvido e voltei a ouvir uma das músicas antigas do Bieber. Fiquei esperançoso enquanto vi tudo passar rapidamente pela janela do ônibus... Até que o celular voltou a vibrar e rapidamente eu fui checar a mensagem.

“No momento, não.

Wonju está com o parquinho só pra ela.”

Me convenci de que elas ainda estavam lá e assim que saí do ônibus, fui rapidamente pela calçada. Com cuidado para não ser visto, fui me aproximando e logo vi Jade sentada no banco de sempre, com a bolsa perto dela e assistindo um vídeo no celular.

Ao ver Jade cada vez mais próxima de mim, sorri, arrumei a mochila nas costas e fui me aproximando mais. Sentei ao seu lado no banco sem ser percebido e assim que possível, tirei um de seus fones do ouvido para cumprimentá-la.

– Oi! – Falei chamando sua atenção.

– Eu sabia que você viria. – Sorriu ao me ver.

– Sabia nada...

– A foto foi uma isca.

– Mas que espertinha... – Lhe fiz cócegas.

– Eu esperava que você fosse chegar mais cedo.

– Tive um trabalho para fazer na biblioteca. Queria ter respondido sua mensagem antes, mas fiquei ocupado.

– Sem problemas. – Assentiu.

– E você? Como está?

– Me sinto um pouco melhor depois do desabafo de ontem.

– Dormiu bem essa noite?

– Melhor do que eu imaginei que seria.

– Fiquei preocupado contigo, vi que estava muito triste.

– Acontece sempre, não precisa se assustar.

– Mas não deveria, não acho que seja normal. Já comentou sobre isso com sua médica?

– Sim, mas não é da noite pro dia que melhora.

– Imagino que não, mas espero que um dia isso acabe.

– Também espero. – Falou.

– Wonju terá aulas essa tarde? – Perguntei ao ver a menina no balanço um pouco sozinha.

– Sim, mas ela não irá. Levei ela esta manhã para tomar uma vacina e ela está um tanto devagar por agora. Chorou, reclamou de dor no bracinho e a mãe dela disse que ela poderia faltar suas atividades hoje.

– Imagino que esteja dolorido.

– Sim. E por ter acordado mais cedo do que costuma, ela ficou um tanto sonolenta. Parecia bem entediada e para que ela não ficasse sem ter o que fazer a tarde inteira, a trouxe para o parquinho.

– Sim, ela parece quietinha hoje. – Falei ao ver a pequena sozinho no balanço e sem toda aquela animação de sempre.

– E eu ainda tenho que ir ao supermercado para comprar umas coisas que a mãe dela pediu. Vai ser difícil, Wonju está bem sonolenta e eu não sei como darei conta disso tudo.

– Quer que eu a ajude?

– Como?

– Posso ir ao supermercado contigo se quiser.

– Não tem que voltar pra casa agora?

– Só mais tarde.

– Ah, então eu aceito sua ajuda. Pode ficar com ela enquanto eu pego as coisas, prometo que não será demorado.

– Tudo bem, sem problemas. – Assenti.

– Vou chamá-la para que possamos ir, okay?

– Okay. – Assenti outra vez.

Ainda com minha mochila nas costas, fiquei ali sentado no banquinho. Observei Jade indo até lá e logo ela voltou trazendo Wonju pelas mãos. A pequena usava uma roupinha rosa, tinha Maria Chiquinha na cabeça e usava um tênis como o meu – só que minúsculo.

– Oi, Wonju! – Acenei pra ela.

– Oi, Kook-oppa.

– Oppa? – Sorri.

– Wonju já aprendeu a como tratar os mais velhos.

– Eu como sempre sou o mais novo em todas as ocasiões e em minha família não tem muitas crianças, nunca sou chamado assim. – Fiquei tímido.

– Quantos anos você tem? – Perguntou a pequena.

– Dezoito.

– Você é velho. – Ela riu.

– Wonju! – Jade riu e a repreendeu.

– Tudo bem, não brigue com ela. – Dei risadas. – E então, vamos?

– Aonde vamos? – Perguntou ela.

– Ao supermercado.

– Queria ir pra casa...

– Sei que você quer dormir, mas antes temos que comprar as coisas que sua mãe me pediu, amor.

– Kook vai com a gente?

– Sim, eu vou. – Falei sorridente.

– Então vamos! – Animou-se brevemente.

E foi nesse momento que fomos até o carro de Jade. Ela segurou Wonju por uma mão enquanto eu segurei pela outra. Fomos juntos com a pequena até o estacionamento na orla e logo Jade a colocou na cadeirinha enquanto eu entrei no carona.

Fiquei sorridente por poder ir com elas. Coloquei minha mochila no banco de trás e logo tomei a liberdade de ligar o rádio do carro. Jade entrou, ligou e logo saímos os três juntos pela beira-mar até o supermercado.

Assim que chegamos lá, fui eu quem tirou Wonju da cadeirinha. Ela ainda tinha o curativo no braço e parecia desanimada, mas mesmo assim eu tentei fazer algo para ela sorrir. Lhe dei a mão, fui andando com ela e enquanto isso, Jade foi pegar um carrinho de compras e pegou a listinha em sua bolsa.

Coloquei Wonju sentada naquela cadeirinha para crianças e fiquei com ela o tempo todo. Seguindo Jade, fui empurrando o carrinho enquanto conversei com a garotinha. E foi aos poucos que eu vi que ela estava quase cochilando.

– Jade-ah... – Chamei em baixo tom.

– Hum? – Ela me fitou enquanto escolhia algumas frutas.

– Wonju está quase dormindo sentada.

– Acorde ela, ainda não é hora de dormir.

– Coitadinha...

– Ela não pode dormir aqui e agora, Jungkook!

– Posso ficar com ela no colo para que possa se deitar. Sentada assim ela vai ter dor nas costas.

– Mas ainda não é hora de dormir, Jungkook...

– Olha só pra ela, Jade... – Falei enquanto vi Wonju lutando contra o sono segurando o pacote de biscoito que ela escolheu.

– Tudo bem, pode pegar ela no colo.

– Okay! – Sorri.

Nesse instante, fui tirando aquele pacote de suas mãos tão pequenas. O coloquei dentro do carrinho junto com os outros itens e assim que possível, eu peguei ela em meus braços. Arrumei sua roupinha amassada e enquanto fiz isso, senti ela me abraçando pelo pescoço e se acomodando.

Fiquei todo bobo, é claro. Ela ficou mais a vontade fora daquele carrinho e era isso que eu pretendia. Jade viu como eu fiquei e deu risadinhas por eu ter gostado de segurar a garotinha. E depois disso, continuei empurrando o carrinho enquanto segurei Wonju num braço só.

Me senti responsável quando Jade a deixou comigo. E mesmo ainda parecendo infantil por estar usando o uniforme todo combinando de minha escola, eu me senti mais confiante naquilo. Continuei seguindo Jade até que ela finalizou as compras.

Continuei com Wonju no colo enquanto Jade foi adiantando as coisas no caixa. Depois disso, ela colocou as sacolas no carrinho e juntos fomos até o estacionamento. Coloquei a pequena em sua cadeirinha, depois disso coloquei todas as bolsas no porta malas quando deixei Jade fora daquele esforço e então, chegou a hora da despedida.

– Eu queria te levar em casa, mas eu preciso adiantar umas coisas para Wonju antes de sua mãe chegar e posso acabar me atrasando se for contigo.

– Não se preocupe, eu posso voltar pra casa sozinho.

– Sem problemas?

– Sim problemas. – Assenti.

– Obrigada pela ajuda, okay? Acho que eu não conseguiria ter feito tudo isso em pouco tempo e sozinha. – Sorriu.

– Fico feliz por poder te auxiliar.

– Bom, então... Até breve! – Abriu os braços em minha direção.

– Até breve, Jade! – A abracei quando ela permitiu.

E mais uma vez, Jade refugiou-se em meus braços. Estávamos sozinhos ali enquanto Wonju dormia, mas mesmo se estivéssemos acompanhados, acho que ela não se importaria. A abracei com vontade depois de um tempo sem fazer isso e por fim, nos afastamos.

Curvei-me diante dela depois de pegar minha mochila enquanto ela sorriu, acenei me despedindo e logo fui saindo do supermercado. Voltei à orla, caminhei até o ponto de ônibus e logo peguei a condução de volta pra casa.

Assim que cheguei em minha casa, fui tomar banho. Eu queria me livrar daquele uniforme o quanto antes, então logo fui pra baixo da ducha. Comecei a dançar e cantar ali como eu sempre fazia e por estar mais animado, até cantei melhor.

Depois disso, fui para o meu quarto só de cueca. Encontrei um short jogado ali na cama e só então eu me vesti direito. Me joguei no colchão enquanto liguei a TV ali na parede e foi nesse instante que ouvi o barulho do celular dentro da mochila.

– Chegou bem?

– Sim. – Respondi.

– Ainda estou lamentando por não ter te levado em casa.

– Não precisa disso, Jade. – Sorri por achá-la fofa falando assim.

– Estávamos bem longe de onde você mora.

– Mas o meu ônibus passava bem ali e eu não demorei a chegar. Pode ficar tranquila, está tudo bem.

– Melhor assim.

– E como está Wonju?

– Troquei o curativo em seu braço depois que lhe deu um banho. Agora eu deixei ela cochilar um pouco enquanto eu preparo uma receita.

– Que bom... A pobrezinha estava caindo de sono. – Sorri.

– Ela teve um dia agitado, mas se sentirá melhor em breve.

– Tomara.

– Bom, eu só liguei pra isso mesmo. Agora preciso voltar ao trabalho antes que a patroa chegue. – Sorriu.

– Tudo bem! Até logo!

– Até logo, Jungkook! – Ela disse e logo desligamos.

E mais uma vez, eu encarei o teto sorridente. Ver a gratidão de Jade por mim por um simples ato que aconteceu naquela tarde, foi ótimo. E ver sua preocupação comigo também. Ela poderia estar ocupada, mas sempre se lembrava de mim.

E foi depois de um dia longo após eu ter feito coisas que nem imaginava, que eu decidi cochilar um pouco. Já era tarde, mas isso não era um impedimento. Fechei as janelas, cobri-me e logo me entreguei ao sono que eu estava sentindo depois de me sentir tão cansado.

Dia seguinte

E mais uma vez, aquele assunto voltou ao nosso trio. Conversando com Jimin e Taehyung, a questão de eu não ser bom com as garotas veio a toma novamente. Não sei como chegamos a isso, mas quando dei por mim, já estava sendo motivo das risadas e isso me deixava triste.

Tínhamos um diálogo totalmente aberto uns com os outros. Taehyung sempre contava suas experiências e Jimin fazia isso em dobro – já que era o único que tinha namorada e poderia experimentar mais coisas.

Eu já sabia de quem Taehyung estava gostando e sobre Jimin, Tae e eu já sabíamos que ele e Seulgi já tinham tido seus momentos de intimidade. Sim, não tínhamos problema em falar nada, então quando aconteceu, ele dividiu isso conosco. Falou o quão maravilhoso foi e ao pensar nisso, pensei que justo isso seria uma das coisas que não aconteceria tão cedo comigo.

E foi ao falar sobre garotas que tudo começou. Eu era o que nunca tinha nada a dizer. Eu era o tímido, o que corava perto das meninas e que tinha vergonha até em cumprimentá-las. Não falava muito sobre isso com eles e assim toda aquela implicância comigo começou.

Mas eles pegavam pesado...

Pra eles era um crime eu ter dezoito e nunca ter dado um beijo em alguém. Pra eles era uma piada eu ser como eu era já na minha idade. Já estava saindo do ensino médio e em pouco tempo poderia pensar em faculdade, e até lá eu ainda estaria “no zero” como eles diziam.

Eu não me importava com isso. Sempre fui na minha e pensei que quando fosse para acontecer, aconteceria. Não quis apressar nada e ser “bv” pra mim não era um problema.

Mas pela forma que meus amigos falavam sobre isso, eu parecia mesmo uma chacota por nunca ter feito tal coisa. Eu parecia um bobão solitário que não sabia ter um papo legal com as meninas. Eu era aquele que nunca chegaria em alguém e isso parecia pior do que eu imaginava.

E por serem assim comigo, eu me chateava por demais. Acredito que eles falavam assim para me motivar. Acredito que falavam assim para que eu perdesse o medo e quisesse mostrar a eles que estavam errados sobre mim. Mas isso não funcionava, já que eu só ficava triste e não animado com a ideia.

O papo foi tão intenso – e as risadas também – que eu quis ir embora da casa de Jimin. Estavamos lá juntos para algumas partidas de videogame e eu planejava ir embora ao anoitecer – ou um pouco mais tarde do que isso. Mas fiquei tão chateado – e calado para não dizer coisas ruins aos meus amigos – que quis ir embora.

Forjei uma ligação e falei aos dois que minha mãe estava pedindo que eu não voltasse tão tarde naquela noite. E como eu já estava com eles desde a hora da aula, pensei em ir embora o quanto antes. Eles não desconfiaram, peguei minhas coisas depois disso e logo depois de dispensar a carona de Jimin, eu parti.

Sem rumo, fui andando pela calçada ainda desmotivado e triste. Eu me sentia um tolo, um bobão que nunca tinha progresso com relacionamentos. Meus amigos faziam isso parecer mais importante do que era em nossa idade e isso me fazia mal pelas coisas que eles diziam a mim.

Peguei o ônibus, me sentei no fundo e fiquei de cara para a janela. Triste, me sentindo sozinho e chateado com meus amigos, fui segundo direto pra casa. Mas foi quando o ônibus chegou à beira-mar e eu pude ver aquelas ondas tão bonitas por ali... Que eu decidi descer.

Saí da condução, atravessei a rua e quando eu menos esperava, já estava com os tênis na areia. Fui andando mais para frente enquanto quis me afastar da calçada e ali eu tive uma ideia. Tirei o casaco amarrado em minha cintura, o forrei na areia e sem demora, sentei-me de frente ao mar.

Fiquei calado, sozinho e enquanto senti a maresia em minha pele, lamentei pela situação. Sim, eu não deveria me importar... Mas eles eram meus hyungs e eu levo a sério que eles dizem. Fiquei triste com as insinuações deles e foi só depois de um tempo, que pensei em algo.

Lembrei-me de Jade.

Peguei meu celular e depois de conferir que já era sete da noite, resolvi lhe enviar uma mensagem. Lembrei de quando ela disse que me enviou a foto, pois sabia que eu viria, então tentei fazer o mesmo com ela para ver se funcionava.

Abri a câmera, posicionei num lugar específico em que ela poderia encontrar facilmente e logo lhe enviei. A hora que eu fiz aquela foto também foi no rodapé e se ela quisesse fazer o mesmo que eu fiz, conseguiria facilmente.

“Vista um casaco, vai acabar se resfriando nesse vento frio”

E foi assim que Jade me respondeu, que eu fiquei um tanto sem esperanças. Ela preocupou-se somente com a maresia gelada da noite e só me disse poucas palavras. Pensei que aquilo não funcionaria, ela poderia estar trabalhando no momento, então resolvi responder normalmente como se eu não tivesse tido expectativas.

“O casaco está na areia e eu estou sentado em cima dele.

Mas não se preocupe, já estou de saída”

Guardei o celular, abracei meus joelhos e ali eu fiquei encarando o mar. Calado, me perguntei por que eu tinha que ser assim. Qual era o problema comigo? Eu não gostava do que eles diziam de verdade, mas às vezes, até eu me incomodava com minha situação.

Sempre quis ter uma namorada. Acho que eu seria o mais apaixonado e dedicado do mundo quando conseguisse uma. Eu iria agradá-la em todos os sentidos, seria tudo que ela precisasse. Iria deixá-la sorridente o tempo todo e adoraria levá-la para passear.

Mas como fazer isso tudo se eu era o maior solteirão de todos? Como eu poderia me dedicar a alguém se eu não era assim tão interessante para cativar alguma garota?

Lamentei e fiquei sem saber o que fazer. Cabisbaixo, desejei que a situação mudasse e logo implorei aos céus que fosse logo. Eu desejava alguém do meu lado, mas ironicamente isso parecia ser a última coisa que me aconteceria nessa vida.

– Está mesmo querendo ficar resfriado, não é? – Ouvi a voz de Jade vindo por trás de mim.

– O lance da foto funciona mesmo. – Sorri ao ver que ela foi me encontrar assim como eu tinha feito com ela no dia anterior.

– Eu estava aqui por perto...

– Suspeitei. – Falei fitando-a. – Você disse que a maresia estava fria e não teria como dizer isso se não estivesse aqui.

– Mas mesmo se não estivesse, eu viria.

– Mesmo?

– Sim. – Aproximou-se. – Será que poderíamos dividir seu casaco?

– É claro. – Fui mais para a ponta e deixei ali um lugar livre para que Jade se sentasse sem se sujar.

– O que faz aqui a essa hora? – Perguntou ela.

– Na verdade eu deveria estar em casa ou ao menos estar a caminho de lá.

– E por que não está?

– Resolvi parar por aqui para pensar um pouco.

– E no que está pensando?

– É que eu estou um pouco triste. – Lamentei.

– Estou vendo...

– E queria ficar um pouco sozinho depois de tudo.

– Queria ficar sozinho e jogou a isca em forma de foto pra mim? Como isso seria possível?

– Na verdade eu só queria me afastar um pouco dos meus amigos. Você pra mim não é um problema, pode ficar aqui.

– Afastar de seus amigos? O que houve?

– É uma longa história.

– Pode começar a falar se quiser, hoje estou de folga e tenho tempo. Falando nisso, fui à psicóloga esta manhã e pude resolver outras coisas com o tempo livre que eu tinha.

– Foi à psicóloga sozinha?

– Não quis falar contigo, pois era de manhã. Você estaria em aula e eu não queria que inventasse de faltar.

– Foi tudo bem por lá?

– Sim, mas não fuja do assunto. Quero saber o que houve entre você e seus amigos aos quais você quer estar longe.

– É que vez ou outra eu viro a piada do grupo por não ser bom com as garotas, e isso me deixa chateado.

– Bom com as garotas? O que quer dizer?

– Eu tenho dezoito e nunca namorei. Nunca me apaixonei e acredito que ninguém nunca se apaixonou por mim. Estou no zero e isso é um tanto...

– Normal. – Ela disse. – Qual é o problema nisso?

– É que meus amigos são mais velhos. Um deles está namorando e o outro já namorou, já tiveram suas experiências as quais você já pode imaginar quais foram e eu... Nada ainda.

– Pra que a pressa?

– Eu não quero ser o solitário do grupo. O sem atitude, o sem jeito com as mulheres, o que nunca consegue um papo legal.

– Isso te incomoda?

– Sim, mas às vezes não.

– Está sendo confuso. – Disse Jade.

– É que meus amigos já tentaram empurrar umas garotas pra mim. Eles dizem que querem me ajudar e assim ficam pensando em garotas para me apresentar. Um deles já disse que pode pedir que uma garota me beije só pra eu saber como é e isso me deixa mal.

– Eu entendo, Jungkook.

– Eu quero poder escolher com quem quero ficar. Quero beijar alguém que eu sinta vontade, alguém que irá me deixar realizado em fazer tal coisa. Eu não quero ser obrigado a ficar com quem não quero, odiaria ser forçado a beijar alguém para provar a todos que eu não sou assim tão encalhado como pensam. Seria horrível e eu odiaria que fosse assim.

– Aproveite o que acaba de dizer, por que...

– Por quê...?

– Não são todos que tem opção de escolha. – Ficou cabisbaixa. – Você pode decidir quando quer fazer e com quem. Resolverá isso com a pessoa que for importante pra você e que também deseja tal coisa contigo. Acontece que muita gente teve esse direito roubado e isso é pior do que se pode imaginar.

E foi nesse momento que, sem perceber, eu toquei na ferida mais profunda que Jade tinha. Lembrei-me de que seu primeiro beijo – e sua primeira vez em muitos sentidos – foram forçados. Lembrei que ela não quis quando aconteceu, não era a hora e foi com a pessoa errada. Mas só percebi isso depois de já ter falado aquilo tudo.

Meu coração se partiu por ver como eu a deixei por ter tocado no assunto. Não era a minha intenção, eu juro! Mas acabei deixando Jade cheia de lembranças ruins que a deixaram abalada com os acontecimentos. As memórias voltaram a tona e isso foi o fim do nosso momento.

– Oh, Jade... Eu sinto muito! – Me dei conta do que falei.

– Às vezes muitas coisas são roubadas de nós e sequer podemos nos defender. Às vezes nossas vontades não são respeitadas e quando vamos ver... Já é tarde demais.

– Eu sinto muito! Me desculpe por ter falado assim! Eu não queria entrar nesse mérito contigo, sei que fica muito triste!

– Eu não pude escolher... – Seus olhos brilharam.

– Não vamos mais falar disso, por favor! Vamos parar por aqui com isso, eu não quero vê-la chorando! – Fiquei nervoso.

– Isso é um grande pesadelo, Jungkook... – Tampou o rosto com as mãos.

E eu vi que mesmo sem intenção, eu acabei fazendo mal a Jade outra vez. Fiz ela ter recordações com o que eu falei e por ela ainda não saber lidar com o acontecido, ficou cega diante de mim e só pensou nas cenas do que tinha vivido.

Jade ficou em lágrimas. De cabeça baixa e as escondendo de mim, ela chorou certamente por ter sido envolvida por memórias péssimas sobre seu passado e isso me fez querer chorar também. Fiquei nervoso, preocupado e me aproximei mais ainda dela.

– Fique calma, por favor! Vamos parar de falar disso!

– Eu preciso... – Secou o rosto. – Preciso de um banho.

– Um banho?

E foi nesse instante que eu me convenci de quais cenas Jade lembrou naquele momento. Ela dizia que se sentia suja quando lembrava de tudo, dizia que se sentia violada, desrespeitada e que se odiava ao ter aquelas recordações.

Imaginei bem o que ela teria se lembrado e senti meu peito se enchendo de ódio por aquilo ter acontecido com ela. Jade ficou inquieta, ameaçou levantar-se ali do meu lado e eu fiquei com receio do que ela pudesse fazer.

– Preciso de um banho... Eu preciso ir embora!

– Jade! – Peguei meu casaco da areia e fui atrás dela quando a mesma saiu andando em direção a orla.

– Eu não aguento mais isso... Meu Deus, por que tudo tem sempre que vir a tona? Por quê? – Foi falando e ainda chorando.

– Jade, por favor! Se acalme! Me escute, olhe pra mim! – Chamei sua atenção quando peguei na sua mão.

– Eu tenho que ir pra casa, Jungkook...

– Eu posso acompanhá-la?

– Me desculpe, mas...

– Você está tremendo... Eu tenho medo que algo lhe aconteça! Por favor, deixe que eu vá contigo!

– Eu preciso de um banho... – Ela não parava de repetir enquanto abriu o carro.

Sem demora, abri a porta do carona e entrei no carro dela o quanto antes. E foi assim que eu fechei a porta, que ela arrancou em alta velocidade. Ainda nervosa e chorando, Jade ficou desnorteada com o que veio a sua mente e assim, foi completamente insana no trânsito.

Fiquei com medo, confesso. Ela foi muito rápido, ultrapassou todos os faróis vermelhos e fez ultrapassagens em pistas de faixa contínua. Continuei pedindo que ela se acalmasse, mas ela foi tão rápido que em dez minutos, chegamos até sua casa.

Jade estacionou o carro na calçada de qualquer jeito. Abriu a porta, saiu e assim que eu fiz o mesmo, ela ligou o alarme daquele grande carro vermelho. Ainda com as mãos trêmulas, ela pegou suas chaves enquanto eu fui atrás e assim que ela abriu a porta, entrou e foi direto até um dos corredores de sua residência.

Ainda preocupado, fiquei sem saber o que fazer. Tranquei a porta que ela tinha deixado aberta, fui até o sofá e ali eu fiquei ouvindo Jade chorar alto. Ouvi a água do chuveiro cair, mas o pranto dela foi mais alto.

E isso, me deixou enlouquecido.

Quase chorando também, fiquei na sala esperando ela voltar. Andando de um lado pro outro, fiquei me sentindo culpado pelas memórias de Jade e por ela estar se sentindo mal agora. Fiquei muito triste e só o que eu queria era que ela voltasse até onde eu estava para que eu pudesse ver se ela estava bem.

Jade demorou muito, acredito que uns vinte minutos. Fiquei muito preocupado, até que finalmente ouvi o chuveiro sendo desligado e um silencio se iniciou. Ainda na sala, me sentei no sofá com o coração partido e apenas esperei por ela.

Ouvi o barulho da porta se abrindo e logo ouvi passos. Ouvi eles ficando mais baixos e logo ouvi outra porta sendo trancada. Pensei que Jade tinha ido ao seu quarto para se vestir, então continuei na sala, aflito e querendo saber como ela estava.

Até que finalmente, ela apareceu. Vestindo uma blusa branca e larga com a logo da Nasa, uma calça de moletom escura e com o cabelo molhado, ela veio para perto. Não me olhou nos olhos, apenas sentou-se ali enquanto eu surtei com seu silêncio.

– Pensei que já tivesse ido. – Disse em baixo tom, sem me olhar e ainda com a voz trêmula enquanto fungou o nariz.

– Eu seria incapaz de fazer isso agora.

– Pois eu preferia que já tivesse em casa. – Lamentou.

– Você quer ficar sozinha?

– Eu só não queria que você tivesse visto isso.

– Está melhor agora? Como se sente?

– Eu não sei te dizer, Jungkook.

– Me perdoe por tudo isso, Jade. Eu jamais teria a intenção de fazê-la chorar ou de trazer suas memórias à tona.

– Eu sou mais problemática do que você imagina. Sua sanidade seria perdida se você visse tudo que eu passo todos os dias com tantas coisas ruins em mente.

– Não, não volte a dizer isso... – Lamentei triste.

– Não perca seu tempo tentando me salvar, Jungkook... Eu já disse que sou como um vaso quebrado que jamais voltará a ser o mesmo.

– Eu não farei o que você quer. Não vou me afastar e não vou abrir mão de você, consegue entender isso?

– Preze o que você tem de melhor, Jungkook. Sua inocência e sua pureza é algo que você deve se orgulhar. Não vá no pensamento dos outros e não seja impulsivo em fazer algo, vai se arrepender no fim das contas.

– Não vamos mais falar disso, Jade! Esqueça!

– Eu só estou visando o seu bem... Eu não quero que se machuque, não quero que decepcione com alguém por aí.

– Já chega desse assunto... – Lamentei triste.

– Prometa que não vai se envolver com qualquer uma só para provar algo a alguém. Prometa que fará isso somente quando quiser e quando se sentir pronto.

– Mas isso me incomoda, Jade. É complicado explicar, eu não gosto quando falam, mas eu mesmo não me sinto bem com isso.

– Não precisa ser precipitado, por favor, não cometa esse erro.

– Mas, eu... – Lamentei e fiquei contrariado. – Concordo com você em alguns pontos, mas ao mesmo tempo eu gostaria sim de me envolver com alguém. Eu sempre quis isso, acontece que não consigo e não sei o que fazer. Eu sempre quis beijar uma menina e isso me deixa...

– Quer saber o que eu acho sobre beijos?

– O que acha?

– Eu odeio.

– Não diga isso, Jade... – Fiquei de coração partido.

– Digo a verdade, eu não gosto... Não gosto de ter alguém assim tão próximo a mim e não gosto quando... Ah, eu não gosto... – Se segurou para não voltar a chorar.

– Está dizendo que é ruim?

– Sim, é ruim...

– Eu preciso ter minha vivência para saber sobre isso, Jade. E é aí que está o problema, eu nunca passei por isso para saber.

– Acredite no que eu digo...

– Não posso fazer isso. – Senti um amargo na garganta.

E foi nesse momento que eu mais ansiei por um beijo em toda a minha vida. Jade dizia que era ruim, que odiava e que eu não deveria querer tal coisa. Já eu, sempre quis e isso só aumentava com o tempo.

Como eu saberia? No que eu deveria acreditar?

E foi nesse momento que eu falei a primeira coisa que me veio em mente. Não medi as palavras, apenas falei o que meu coração quis dizer e não pensei nas consequências de meu ato.

– Me mostre como é. – Pedi.

– O que está dizendo, Jungkook? – Me fitou assustada.

– Me ajude a descobrir...

– Você não pode estar dizendo a verdade...

– Jade, eu nunca fiz isso antes. Tenho medo que a garota de risadas de mim por agir feito um bobo. Tenho medo de que me recusem por eu não ter experiência. Tenho medo de ser mais julgado ainda do que já sou por tudo isso. Mas se...

– Eu não vou dar seu primeiro beijo!!

– Eu pensei que...

– Eu não sou a pessoa certa pra isso, Jungkook! Deve ser especial e deve ser com alguém que combine com o momento! Como pode me pedir isso sabendo o quão errada e problemática eu sou? Sou a última pessoa a qual você deveria pensar sobre isso!

– Não, não, não! Pare com isso agora! Eu não admito que volte a falar coisas ruins sobre si mesma!

– É pra ser especial como eu gostaria que tivesse sido comigo... É um momento único e deve ser com alguém que...

– Deve ser com quem eu escolher, não é o que você disse?

– Não me peça isso, por favor, não fale isso de novo!

– Se você soubesse o quanto significa pra mim...

– Se você soubesse o quanto eu quero te afastar de todo mal que eu tenho junto comigo...

– Eu não tenho medo disso e não quero pensar no que pode acontecer caso você aceite. – Falei e dei uma pausa. – Eu juro que não conto a ninguém, Jade. Eu juro que irei esquecer tudo isso caso você aceite. Sei que não fará piadas sobre mim, sei que será paciente e saberá lidar comigo que sequer saberei o que estarei fazendo. Talvez seja o pior beijo de sua vida, mas... No momento acho que só você poderia fazer isso.

– Falou que não queria um beijo arranjado... – Falou cabisbaixa.

– Me desculpe por isso, Jade. – Falei sem jeito quando me dei por vencido. – Me desculpe por ter sugerido tudo isso e me desculpe por essa ideia maluca. Eu realmente pensei que você poderia me ajudar sem me julgar ou fazer piada comigo, pensei que... Oh, deixa isso pra lá, eu peço desculpas.

– Eu não sou a mais indicada para este momento, Jungkook. Deve fazer isso com uma pessoa boa como você, que goste de você e que queira fazer disso uma coisa especial?

– É, eu confundi tudo...

– Não pense que não quero o seu bem... Eu quero, quero te afastar de tudo que acho que é mau e quero que fique feliz como sempre está. Não quero que se decepcione ou que fique triste.

– Feliz como estou agora?

– Não fale assim comigo... – Lamentou.

– Não se preocupe, eu não falarei mais nada.

– Não fique triste, eu juro que...

– Peço desculpas, eu jamais deveria ter pedido isso a você. Tem razão, eu não queria um beijo arranjado e... Eu só pensei que você poderia manter em segredo, que saberia como fazer e poderia me proporcionar esse momento. Mas foi esse mais um de meus erros que você diz que eu insisto em cometer, não?

– Não pense que eu odiaria fazer isso, está confundindo as coisas pensando que eu não quero lhe ajudar.

– E o que eu deveria pensar? – Olhei pra ela com os olhos brilhantes, triste e me sentindo rejeitado e um baita solitário. – Como eu deveria encarar tudo isso que acaba de me dizer?

– Não chore... Oh, meu Deus! Não, por favor, não!

– Acho que você me vê como todas as outras pessoas.

– Acredite, eu jamais conseguiria ser assim!

– Será mesmo? – A fitei.

E nesse momento, eu deixei uma lágrima cair. Eu estava confuso, foi muita coisa ao mesmo tempo e isso foi demais pra mim. Por um instante eu pensei que Jade pudesse me mostrar o que eu tanto queria saber, mas depois vi que isso foi uma grande bobagem.

Chateado, me arrependi de ter falado tudo aquilo. Me senti um idiota e sequer consegui olhar nos olhos dela. Jade estava bem do meu lado, mas a vergonha foi tanta que eu sequer pus os olhos nela.

– Pare com essas lágrimas... – Ela pôs as mãos em meu rosto e secou-o.

– Agora sou eu quem não queria que você visse isso...

– Não deve ter vergonha de agir assim, saiba que isso é uma coisa que eu admiro. Ter sentimentos, sejam eles bons ou ruins, é algo que eu jamais conseguiria ter. E quando vejo alguém que tem, eu invejo.

Nesse momento, eu tinha Jade por perto. Ainda sem conseguir fitá-la, fiquei apenas sentindo suas mãos em meu rosto enquanto não segurei as lágrimas. Eu realmente me senti um idiota por ter praticamente implorado por um beijo sem sentido por me ver desesperado por isso, e eu acabei estragando tudo.

– Pare de chorar...

– Estou bem, não se preocupe.

– Olhe pra mim!

– Estou envergonhado em ter que fazer isso.

– Jungkook...

– Jade, eu não...

– Está tudo bem! Não se envergonhe por isso! Você é uma pessoa incrível e deve ter isso em mente! Não é um acontecimento ou outro que irá dizer quem você é ou não! – Me olhou nos olhos.

E nesse momento, eu fiquei paralisado. Não sabia se chorava, se sorria por suas palavras, não sabia se dizia algo ou se surtava de vez. Com o coração apertado, apenas olhei para o oceano em seu olho e fiquei sem palavras.

– Algo me disse que você seria a pessoa certa.

– Seus pensamentos lhe disseram isso?

– Eu não sei... – Falei ainda vidrado em seus olhos.

– Diga a verdade.

– Eu só queria saber como é...

– E como se sentirá depois de tudo?

– Diferente. – Falei ainda sem piscar, olhando em seus olhos.

– Lamento que pense assim...

– Eu também lamento. – Falei com meu rosto em suas mãos.

– Confia em mim a ponto de fechar os olhos agora?

– Eu quero parar de falar sobre isso, Jade... – Lamentei.

– A resposta é não?

– A resposta é sim, mas... – Falei ainda triste.

– Feche os olhos.

– Está bem. – Falei ainda chorando baixinho.

Nesse instante, ainda com o rosto molhado e com o coração apertado, fechei os olhos e abaixei a cabeça ainda envergonhado. Mas foi quando eu fiz isso, que senti as mãos de Jade me erguer mais uma vez. Meu rosto levantou-se e aos poucos, foi direcionado ao lado dela.

Senti algo que me fez ficar com as mãos dormentes. Ela parecia estar se aproximando mais enquanto passou o indicador pelos meus lábios e isso me deixou com um nervoso sem tamanho. Fiquei com medo, não saberia o que fazer. Estar sem poder enxergar me deixou em pânico e eu não sabia o que Jade pretendia.

Até que senti seus lábios aos meus.

Pela primeira vez...

Congelei e senti uma tensão em minha testa quando me dei conta do que estava acontecendo. Fiquei com as mãos levemente trêmulas enquanto senti seus lábios tão aquecidos ali sendo lentos ao estar junto aos meus. E isso, me fez surtar por dentro.

Paralisado, fiquei feito uma estátua. Eu ainda não entendia que tudo estava acontecendo e que era o meu primeiro beijo. Eu não sabia como reagir, não sabia o que fazer e me vi em pânico. Jade faria tudo devagar, mas eu sequer sabia acompanhá-la.

Mas depois de milésimos, senti ela me conduzir com suas mãos. Virou-me levemente segurando pelo meu queixo enquanto me beijou e assim, consegui uma breve harmonia. E foi com toda a paciência e dedicação do mundo, que Jade me deu o que eu queria.

Como era bom o sabor de seu protetor labial...

Tinha gosto de cereja...

Os lábios de Jade embalaram os meus. Por não saber como agir, deixei tudo em suas mãos e ela me mostrou que sabia o que fazer. Foi cuidadosa, foi dedicada... Teve paciência com meus erros e manteve nosso momento por alguns segundos.

Até que aos poucos, ela separou-se de mim. Foi diminuindo o ritmo, me deu dois selinhos bem breves e por fim, ela parou de vez aquele beijo.

Quando abri os olhos, eufórico, feliz e muito animado... Sem palavras, sentindo algo intenso dentro de mim e muito realizado... Dei de cara com Jade de cabeça baixa. Ela não estava olhando pra mim, parecia não querer fazer isso e não sentia nada do que eu senti no momento.

– Sei que não gosta de beijos, mas...

– Como isso é possível, Jungkook?

– O que foi, Jade? – Tentei falar normalmente quando ainda me via trêmulo e surtado por dentro.

– Como você conseguiu fazer isso? Como fez?

– O que eu fiz?

– Eu não acredito...

– Como eu consegui fazer com que esse beijo acabe entrando na lista dos piores de sua vida? – Falei envergonhado e duvidando de minha performance no momento.

– Eu... Eu estou sem palavras...

– O que foi, Jade? Me conte! O que houve?

Tentei falar com ela normalmente, como se nada estivesse acontecendo comigo. Mas naquele momento eu ainda me via trêmulo, me via arrepiado e inerte no cheiro de seu protetor labial que grudou em mim quando ela me beijou.

Puxa vida, Jade me beijou...

Eu ainda me via desconsertado e incrédulo. Seria capaz de ficar boquiaberto ou de sair berrando por aí que finalmente aquilo tinha acontecido. Mas deixei as infantilidades de lado e foquei em saber sobre o que Jade falava.

– Há uma coisa que preciso te contar.

– Pode dizer.

– Odeio beijos porque isso foi um trauma pra mim. Foi onde muitos de meus piores momentos começaram e é por isso que eu odeio. Já tentei isso com outras pessoas, mas por todas às vezes eu sinto algo ruim e sinto que está errado. Por todas às vezes eu lembro de fragmentos, lembro de cenas e isso me faz chorar. Nunca foi fácil pra mim, os beijos sempre foram um problema, mas...

– Mas...?

– Sabe o eu senti agora?

– Eu imagino que algo muito ruim. – Lamentei.

– Não senti nada. – Ela afirmou. – Não lembrei de nada, não senti aquele gosto amargo, não senti como se isso fosse um erro e não senti vontade de parar com tudo.

– É sério? – Falei totalmente chocado.

– Eu não consigo acreditar nisso...

– Isso é ótimo, Jade! Está vendo só! Você está melhorando em relação aos seus traumas! Eu sabia que ir ao médico e falar sobre isso iria lhe ajudar a melhorar!

– Não, não... Não é isso, Jungkook!

– Como não?

– Não sou eu... É você.

– Eu?

– Não estou melhorando... A verdade é que... Eu acho que é você que consegue inibir minhas memórias. É você quem não desperta o mal que há em mim e é você que... Neutraliza tudo isso.

– Não, Jade... Isso é por causa do seu tratamento e...

– Jungkook, eu nunca me senti assim com ninguém antes. Um inferno me vem mente depois de um beijo e agora... Pela primeira vez eu pude curtir o que eu estava fazendo.

– Puxa vida, eu não sei o que dizer...

– Você me faz bem... Muito mais do que eu já imaginava. Eu disse que você era a causa de minha melhora diária e depois disso você não tem como não acreditar em minhas palavras.

– Oh, Jade...

Fiquei totalmente corado, com o rosto fervendo e muito sem jeito por ver a forma que Jade me tratou. Jade me olhou como se eu fosse sua salvação e isso me deixou eufórico por dentro. Eu não sabia o que dizer, não sabia como agir. Mas só o jeito que ela me olhou... Já me fez sentir uma felicidade sem tamanho.

Desviei o assunto depois disso, fiquei totalmente corado ao lembrar que tínhamos acabado de nos beijar e que eu não era mais bv. Transtornado, me levantei e me afastei dela. Iniciei um assunto aleatório e até pensei em ir embora. Eu estava fervendo de nervoso ali e quis escapar. Mas...

– Você aceita um lanche? Posso fazer um sanduíche e tem suco na geladeira caso queira.

– Está ficando tarde e eu...

– É suco de cereja.

– Tudo bem, eu... Eu vou aceitar. – Falei ao ver que ela não queria que eu fosse embora.

– Pode esperar aqui, eu vou preparar e já trago.

– Está bem. – Assenti e tentei manter a calma.

Mas foi assim que Jade saiu, que eu surtei de vez. Senti meu coração disparado, senti o seu protetor labial em meus lábios e como eles eram rosados, imaginei como estaria minha boca naquele momento.

Abri a câmera do celular e tirei uma foto de minha boca borrada. Toquei meus lábios e fiquei sorridente a ponto de explodir. Eu ainda me sentia com vergonha estando com ela, Jade estava normal e eu não queria que ela me visse surtando.

Então o que eu fiz foi tentar ficar calmo em relação a tudo aquilo. Tinha sido só um beijo, o meu primeiro e mais importante, mas foi só um pedido que eu fiz a ela e isso era tudo. Foi um beijo bobo e sem significado sentimental, mas pra mim, significou a alegria que eu sempre quis sentir.

Jade voltou depois disso.

E eu fingi que não tinha acabado de surtar.

Com um pratinho e um copo de suco em mãos, ela aproximou-se e logo me entregou. Ela parecia ainda muito surpresa com a sensação, mas ficou normal. Ficou calma em relação a tudo e entendeu que aquilo foi só um pedido especial meu. Foi um beijo tão bobo quanto eu e isso foi tudo.

Jade deitou-se perto de mim. Encostou a cabeça no sofá e encolheu as pernas. Fiquei ali encolhidinho enquanto ainda me via cheio de vergonha e só o que eu fiz foi comer meu lanche. Não falamos mais nada depois disso já que eu estava comendo e ela estava assistindo TV. E foi assim que ficamos por um tempo.

A hora foi passando e Jade adormeceu. Era perto de onze da noite quando eu notei que ela já tinha caído no sono e foi aí que eu pensei que já deveria ter chegado em casa. Pensei que o melhor a fazer era ir embora o quanto antes e foi isso que eu fiz.

Levantei-me, levei as louças até a pia e as lavei. Depois disso, apaguei a luz da sala, desliguei a TV e liguei o abajur perto da estante de livros próximo a onde Jade estava. Sorri ao vê-la num sono profundo, lhe enviei um beijo agradecido ao ter beijado minha mão e assoprado em sua direção e por fim, saí de sua casa.

O ônibus não demorou – ainda bem – e logo eu já estava em meu bairro. Cheguei mais tarde do que costumava, mas minha mãe sabia que eu estava com meus amigos e não achou ruim. Falei que Jimin tinha me trazido, ela ficou mais calma quanto a isso e depois de lhes desejar boa noite, fui ao meu quarto.

Fui ao banho e depois vesti meu pijama. Cuidei de Júpiter e só depois disso, fui pra cama. Me joguei no colchão, sorridente fiquei olhando para o teto e quando toquei os meus lábios... Lembrei que finalmente o que eu mais queria tinha acontecido.

Eu finalmente beijei uma garota.

Na verdade eu fui beijado, mas foi bom do mesmo jeito. Dei risadas ao pensar que foi um bobo em não saber como fazer, deve ter sido realmente o pior beijo de Jade e eu devo ter sido o parceiro que mais deixou a desejar.

Mas quem se importa?

Eu beijei uma garota!

Sorridente, fiquei eufórico ao ver a foto que tirei dos meus lábios. Sim, meus lábios finos estavam corados pelo protetor labial de Jade. Sim, eles já tiveram contato com outros lábios e isso pra mim era um sonho realizado.

Puxa vida... Finalmente! Senti vergonha em ter implorado pelo beijo, mas posso dizer que valeu a pena. Eu estava certo em ter visto Jade como a pessoa exata para o momento e eu sabia que não iria me arrepender.

A hora foi passando e eu não tirei aquilo da cabeça. Não consegui esquecer suas palavras, suas reações e como chegamos aquele beijo. E falando nisso, o que mais me fez enlouquecer, foi o cheiro de cereja vindo de seus lábios que me deixaram em êxtase.

Certo, foi um beijo idiota e entre amigos. Talvez mais tarde iríamos nos arrepender de termos nos beijado. Mas se aquilo viraria um erro depois de mais um tempo... Posso confessar que foi o erro mais bem feito que eu já tinha cometido.


Notas Finais


E então, o que acharam do beijo? O que acharam disso tudo? Como será o primeiro encontro dos dois após essa cena? Gostaram?
Contem pra mim! E já lhes aviso que novidades estão por vir!
Um beijo a todos e até breve! ♥


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...