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História Oceans - 9. Apreensão


Escrita por: btsfucks

Notas do Autor


está entregue como o prometido
boa leitura ♥

Capítulo 10 - 9. Apreensão


Jungkook estava enlouquecendo.

Durante toda a volta para Busan, ele não conseguia tirar os olhos dos lábios avermelhados de Jimin. Este que estava distraído demais lendo um livro que ganhara de sua avó para perceber as encaradas que recebia do garoto. Porém todos haviam percebidos, até mesmo Taehyung que sempre era o último a notar o que acontecia ao seu redor.

Depois que o beijara, Jungkook não podia negar que uma vontade insana de repetir o ato crescia cada vez que ficava perto de Jimin e sentia o cheiro de baunilha. Estava em ponto de arrancar os cabelos com essa vontade reprimida.

Fazia tempo em que não se sentia assim. Talvez nunca tenha se sentindo tão desesperado por um beijo. Devia estar grato por Jimin não estar o ignorando, porém, essa não era bem a verdade. O garoto de fios róseos não o olhava diretamente nos olhos e dava lhe respostas curtas.

Isso só fazia tudo piorar para Jungkook, que se culpava por ter feito algo contra a vontade dele. Talvez Jimin não quisesse aquele beijo e acabou se forçando, era o pensava. Mas para si, pareceu que ele queria tanto quanto, então por que estavam daquele jeito estranho?

— O que está fazendo aí?

Jungkook virou se abruptamente, vendo seu pai se aproximar. Sua fisionomia parecia mais cansada que o normal e ainda usava o jaleco. O observou se sentar no banco de madeira que havia no topo da colina e assim como filho, fitou a paisagem.

Eles ficaram em silêncio. Fazia um tempo desde que ficaram assim, desfrutando juntos da imensidão azul que se estendia por toda a costa.

— Sinto falta dela. — soltou Jungkook depois de um tempo.

— Eu também. — admitiu seu pai num suspiro. — Alguns dias sinto tanta saudade que não sei se vou aguentar e acho que vou acabar explodindo.

— Isso me faz pensar... — começou hesitante. — Você odeia o mar, pai?

O senhor Jeon coçou o queixo, pensativo.

— Será muito estranho se eu disser que não?

— Nem um pouco.

Afinal, era como Jungkook também se sentia.

— A princípio pensei em culpar tudo, Deus, o oceano, o carro que os atingiu. Até quase desisti do trabalho, porém vi que era uma coisa supérflua a se fazer. Sua mãe não iria gostar disso. De nada disso. — disse suavemente, ainda com os olhos presos no mar. — Não foi culpa de ninguém, apenas um acidente. Eu tenho que aceitar esse fato.

— Você não guarda mágoa daquele motorista bêbado?

— Guardar mágoa não faz bem para o coração de ninguém, Jungkookie.

Ele sabia que seu pai tinha razão. Mas às vezes quando a saudade apertava de uma maneira sufocante, Jungkook só conseguia pensar no quanto as coisas seriam diferentes se aquele motorista não tivesse passado por eles naquela hora, ou se eles tivessem saído mais tarde ou mais cedo do aquário.

Foram esses pequenos detalhes que causaram um estrago imenso em sua vida.

— Pretendo vender o barco. — disse seu pai de repente, o fazendo virar se para ele, surpreso.

— Mas o senhor ama usá-lo para trabalhar!

— É, mas ele me faz ficar mais tempo fora de casa. E entre meu trabalho e você, é óbvio que amo mais o meu filho.

Jungkook não se limitou em sorrir, tocado pela ação de seu pai. Ficaram conversando banalidades de suas vidas até o entardecer, mas logo seu pai tivera que voltar ao laboratório, pois estava próximo do nascimento das tartarugas marinhas que haviam salvado e todo cuidado era pouco.

O garoto ainda não tinha vontade de ir para casa, onde Jimin estava trancafiado no sótão com os olhos vidrados num livro de contos fadas.“A pequena sereia, recordou Jungkook.

Seria muita ironia da parte de sua vó dar tal conto justamente para Jimin? Bom, ele não sabia. Porém, aquilo foi o suficiente para prender o garoto de fios róseos e fazê-lo se esquecer totalmente do beijo que fora trocado com Jungkook no festival das flores de cerejeira.

Ao menos era o que Jeon achava. E tal pensamento já era o suficiente para deixá-lo cabisbaixo. Por isso, na tentativa de espairecer e esquecer um pouco sobre o assunto, decidiu caminhar pela praia.

Quando se deu conta, já estava na enseada próxima a gruta que Jimin o levou com Taehyung, parou. E como numa miragem, viu os fios platinados de Taemin, sentada num dos rochedos. Os olhos da criatura fitaram imediatamente o garoto que se aproximava.

Mas ao notar de quem se tratava desfez a expressão assustada.

— Oh, é só você. — disse monótono.

— Oi para você também. — replicou dando um sorriso forçado para sereia.

Verdade seja dita, eles realmente não haviam se dado muito bem e isso não era segredo para ninguém, porém tinham algo em comum: Jimin. E justamente por ele, iriam se esforçar para serem mais amigáveis um com o outro dentro do possível.

— Boas novas! — Taemin proferiu num tom tão amigável que chegava a ser forçado. — Eu e Johyun vamos procurar pela tal sereia misteriosa.

— Vocês acham que essa sereia sabe mesmo da maldição? — soou descrente.

— Esperarmos que sim para o bem do Jimin.

— Pensei que você era contra a quebra da maldição.

Taemin rolou os olhos, um pouco chateado.

— Isso não tem haver comigo e sim com Jimin. Não é porque sou contra a quebra da maldição que não quero vê-lo livre. — justificou se, nitidamente insultado. — Aliás, me preocupo com o meu amigo se não houver uma cura. Não quero vê-lo triste e é apenas por isso que estou ajudando, por mais que não valha a pena.

— Você... Por acaso... — Jungkook desviou o olhar, constrangido.

— Quer saber se gosto do Jimin, certo? — completou pelo garoto, que ficou ainda mais envergonhado. — Que pergunta boba! É óbvio que gosto dele, mas não do jeito que você pensa. Ele é como um irmão mais novo.

Jungkook abriu a boca e tornou a fecha-la, assentindo várias vezes. A verdade era que achava aquela resposta muito vaga, queria saber mais. Não confiava muito nas ações do outro, por mais que ele diga que é por amizade, pode ser por algo mais, certo?

Automaticamente se repreendeu por estar soando como um maluco ciumento que fica criando teorias incoerentes e se martirizando por elas. Isso era deplorável para si. Sofrer por alguém que nem sequer era seu.

Seu conflito interno fora interrompido por uma risada anasalada, o fazendo olhar para Taemin.

— Falei com Jimin pela primeira vez logo após ele virar uma sereia. — revelou, o sorriso havia sumido de seu rosto. — Eu estava lá quando tudo aconteceu, mas não pude fazer nada a não ser assistir ao longe. 

— O que houve exatamente?

— O mesmo que acontece com todos os outros. — ele não queria ver a expressão do garoto quando falasse, por isso, a sereia virou o rosto e proferiu baixinho em seguida. — Jimin foi afogado.

Taemin contemplou o mar com certa angústia, pois se arrependia amargamente de não ter ido salvar o garoto. Na época, vontade não lhe faltou, ele quis e muito. Porém, não lhe era permitido, uma vez que eram designados a afogarem humanos e não salva-los.

— Não entendo por que as sereias afogam os humanos? Não acha cruel? — questionou Jungkook com uma voz vacilante.

— As sereias simplesmente se deixam levar por seus sentimentos e instintos. — esclareceu sem tirar os olhos do horizonte, onde o sol já sumia por completo. — Embora do seu ponto de vista seja uma forma selvagem de vida, para nós é um ato de amor.

Realmente não sabia se conseguia assimilar aquele gesto como algo tão puro e supostamente inofensivo como o amor. Contudo, optou não julgar, não era do feitio de Jungkook.

Em contrapartida, Taemin não compreendia onde aquele garoto queria chegar com tanto questionamento. Tinha noção de que não se tratava apenas de curiosidade em saber sobre as criaturas mitológicas. Até porque Jungkook sequer acreditava na existência deles até conhecer Jimin.

— Por que você está me perguntando essas coisas? — inquiriu melindroso, até que de repente, ele arfou apontando para Jungkook, que se espantou com a atitude exagerada. — Espera um pouco... Você está apaixonado pelo Jimin!

Diante da acusação, o garoto se engasgou com a própria saliva e tossiu várias vezes tendo a face completamente corada assim como seu coração acelerado no peito.

— N-Não! De o-onde você tirou essa ideia m-maluca? — Jungkook deu uma risada aguda, nervoso.

— Bem, não importa. Isso não dará certo de qualquer forma, então não se declare.

— Como assim? O que quer dizer com isso?  

Mirou os orbes escuros na sereia, que ficou um pouco intimidada, mas não se deixou transparecer. Taemin estufou o peito e erguendo o queixo, disse simplista:

— Vocês são diferentes.

— Não somos tão diferentes assim. — reivindicou, franzindo o cenho. — Ele já foi um humano.

— Exatamente, Jimin já foi, não é mais. Então reprima esse sentimento antes que o mate.

O tom autoritário dele irritou Jungkook, que cerrou os punhos, se controlando.

— Como eu posso fazer algo assim apenas por sentir?

— Você não imagina o tamanho da fatalidade que o amor é para uma sereia. 

— Então me explique. — Jungkook cruzou os braços, fazendo a sereia repetir o gesto, o provocando.

— Se seu coração mudar, você o matará.

Eles ficam num silêncio desconfortável até Taemin ser vencido pela curiosidade.

— Me diga como ele está.

— Huh?

— Jimin... Como ele está?

—  Eu sinceramente não sei, ele não tem falado muito ultimamente...

A sereia deu uma olhada breve em Jungkook, que fitava o horizonte imerso em pensamentos sobre o garoto de fios róseos em sua casa. Taemin sabia que para as sereia só uma coisa era ainda mais terrível do que seu canto: seu silêncio.


                                      ≈ 


Taehyung se encontrava na cozinha com Eonjin em seu encalço, o observando reler a receita pelo celular pela milésima vez, totalmente concentrado.

Sua irmã havia o pedido para ajuda-la fazer brownies de chocolate para uma festa do pijama da qual fora convidada. O garoto obviamente concordou, apesar de não ser um bom cozinheiro. Porém, era sua adorável irmãzinha que estava pedindo, então ele sequer ponderou a hipótese de pôr fogo na casa toda.

Pelo lado bom, não houve incêndio, mas em compensação havia feito uma tremenda bagunça. Haviam xícaras espalhadas pelo balcão, panelas sujas, o cenário perfeito para sua mãe mata-lo. Taehyung tinha farinha em uma das bochechas e em uma das lentes de seu óculos de grau também. Enquanto Eonjin tinha rastros do pó de chocolate – que comia escondido do irmão – em suas bochechas salientes.

O garoto estava começando a ficar desesperado, pois já havia lido todas as postagens dos blogs de culinária que encontrara na internet e ainda assim seus brownies saíam duros feito pedras.

— Você ainda não desistiu, hyung? — indagou Jeongyu, seu irmão mais novo, aparecendo na cozinha com o pijama do homem aranha.

— Essa palavra não existe no meu vocabulário. — alegou, enquanto untava – mais uma vez – a assadeira.

— Devia. — murmurou o garoto, torcendo o nariz ao sentir o cheiro da primeira fornada queimada.

Taehyung o lançou um olhar ofendido e tocou o peito.

— Não diga isso, Jeongyu! — reclamou a menina batendo o pé no assoalho. — O oppa vai conseguir fazer os doces da Eonjin!

O Kim mais velho quase chorou de emoção com as palavras doces de sua irmã. Eonjin tinha apenas quatro anos, mas era um verdadeiro anjo, enquanto Jeongyu tinha doze e era... Bem, ele era um bom garoto quando queria.

Com um sorriso enorme, Taehyung pegou a garotinha nos braços e beijou a bochecha da mesma, arrancando uma risada dela e uma revirada de olhos de Jeongyu.

— É isso mesmo! — disse se sentindo motivado. — Aliás, Jeongyu, a senhora Choi veio aqui em casa reclamar sobre a janela dela ter sido quebrada por uma bola de basquete. Tem algo a declarar em sua defesa?

— E-Eu não fiz nada! — o garoto corou no mesmo instante, fazendo Taehyung semicerrar os olhos. 

— O único que tem uma bola de basquete na vizinhança é você, mocinho. — acusou.

Jeongyu confessou com um bico emburrado.

— Tá legal, fui eu.

— Rá! — Taehyung gritou.

— Mas a culpa foi da senhora Choi! Ela apareceu com a cara toda verde, eu me assustei e errei o passe!

Taehyung não devia, mas gargalhou ao ouvir a explicação de seu irmão. Ele sabia que Jeongyu tinha razão. A senhora Choi ficava assustadora com aqueles produtos gosmentos na face. Uma verdadeira assombração.

— De qualquer forma, leve meus brownies para ela como pedido de desculpas. — disse e Jeongyu arqueou uma das sobrancelhas.

— Você acha que ela vai me perdoar com a sua comida? No mínimo vai pensar que quero mata-la.

— Yah! Faça isso ou conto para mamãe sobre a sua peripécia. — ele sorriu maldoso ao ver o medo nos olhos do garotinho. — Aposto que ela vai amar pagar pelo vidro quebrado.

Jeongyu apenas desistiu e murmurou um sim, contragosto. Satisfeito com sua vitória, Taehyung pôs Eonjin no chão e tornou ao que estava fazendo. Mas no mesmo instante em que quebrou os ovos na tigela da batedeira planetária e despejou o açúcar, a campainha tocou, o atrapalhando.

— Kim Jeongyu, abra a porta! — pediu para o garoto que havia corrido para sala.

— Estou ocupado. — seu irmão gritou de volta.

— Assistir Hora de Aventura não é estar ocupado, pirralho! — bom, mais ou menos, pensou consigo mesmo.

Com um suspiro cansado, Taehyung largou a batedeira sobre o balcão e fez menção de ir atender quem quer que estivesse estuprando o botão da campainha. Porém Eonjin puxou o avental florido – que pertencia sua mãe – o impedindo.

— Deixe que a Eonjin abre.

Ela deu um sorriso adorável e Taehyung se derreteu com a bondade de sua irmã. Definitivamente um anjo!

Não demorou nem dois minutos que a garotinha tinha saído para atender a porta, a mesma retornou com Yerin ao seu lado. A garota entrou feito um furacão na cozinha, olhou rapidamente para a bagunça totalmente perplexa.

— O que porra aconteceu aqui? — perguntou.

— Olhe a boca! Eonjin está aqui! — Taehyung a repreendeu.

— Quer dizer, o que raios aconteceu aqui?

Ela abriu um sorriso amarelo para garotinha que estava totalmente alheia a tudo, concentrada somente no chocolate em pó.

— O que veio fazer aqui? — indagou ignorando a pergunta da amiga.

Estava mais curioso com o motivo da visita inesperada dela. Se bem que todas as visitas da garota eram inesperadas, uma vez que Yerin nunca avisava quando ia na sua casa.

— Preciso falar com você. — disse tomada por uma seriedade que fez Taehyung ficar apreensivo.

Sem pensar duas vezes, ele pediu para Eonjin assistir desenho com Jeongyu na sala. Pois sua amiga aparentava querer conversar a sós, e isso já era um bom motivo para temer. Afinal, assim como ele, Yerin raramente falava sério.

O único sensato do trio era Jungkook... Às vezes.

— O que eu fiz agora? — ele ergueu as mãos em redenção. — Juro que não estou ignorando o Yoongi, eu só não tenho o que falar com ele.

— Não é sobre isso. — ela chacoalhou a mão em descaso. — É sobre eu ter ouvido algo estranho e não poder perguntar pro Jungkook porque ele consegue mentir pra mim. Já você não.

Não conseguiu evitar o mini ataque de pânico e engoliu em seco. Yerin estava redondamente certa. Ele nunca conseguia mentir para ela. Pois a garota era muito perspicaz e entendia sobre linguagem corporal. 

Aquilo era assustador e impressionante na mesma proporção.

— O que você ouviu? — questionou, se dando por vencido.

— Bem, de primeira eu pensei que tinha ouvido errado, mas ele afirmou duas vezes. Então concluí que era loucura, afinal tal criatura não existia, mas daí percebi que ele não fala muito sobre si e é tão misterioso, então eu-

— Espera! — Taehyung a segurou pelos ombros, totalmente confuso. — Do que você está falando?

— Eu escutei Jimin dizendo para Nana que é uma sereia. — disparou.

O garoto abriu a boca e seu maxilar só não caiu no chão, por que tal coisa ainda era fisicamente impossível. Por outro lado, Yerin analisava a reação embasbacada de seu amigo procurando a resposta ali.

— Isso é mesmo verdade?

Taehyung balançou a cabeça, afirmando.

— Puta merda! — ela arquejou escandalosamente.

— Eu sei.

— Uma sereia, tipo, com cauda e tudo?

Ele assentiu mais uma vez.

— Puta merda! — repetiu.

—  Você tem que me prometer que não vai contar para ninguém, Yerin! — suplicou.

— É óbvio que não vou contar! Apesar de ainda estar digerindo essa bomba, você me ofende com essa dúvida sobre minha lealdade.

Ele sentou se numa banqueta que havia próximo de si e fitou a garota.

— Desculpa, é que precisamos tomar cuidado, senão isso pode acabar muito mal para o Jimin.

— O que pode acabar muito mal para o Jimin?

Ao ouvirem a voz grave e baixa de Yoongi, Taehyung sobressaltou se juntamente Yerin. Gritando ao verem o garoto na entrada da cozinha com Eonjin e Jeongyu ao lado.

— Como você entrou aqui? — Taehyung quase cuspiu seu coração pela boca com a presença do Min em sua casa.

— Seus irmãos abriram a porta para mim. — disse tranquilo.

— O que mamãe disse sobre falar com estranhos? Ou pior, abrir a porta para  eles? — o garoto virou se para as crianças.

Eonjin abaixou a cabeça, se sentido culpada. Ao contrário de Jeongyu, que encarava o irmão mais velho com tédio.

— Mas esse hyung não é estranho. Você não vivia falando dele para noona? — replicou Jeongyu, apontando para Taehyung e Yerin.

A garota abafou um riso ao mesmo tempo em que Taehyung quase caiu para trás de vergonha. Yoongi o olha impressionado e pergunta:

— Isso é sério?

— Yerin poderia, por favor, subir com eles dois? — implorou ao notar a pequena plateia ali.

Yerin pegou Eonjin no braço e segurou a mão de Jeongyu – que sempre ficava um amor perto da garota – e subiram as escadas, deixando os dois sozinhos na cozinha bagunçada. Mas não antes de seus irmãos se despedirem de Yoongi, ou do “garoto legal que aparecera ali”, como eles haviam o chamado.

— O que deu em você? — articulou assim que virou se para Taehyung.

— Em mim? — perguntou o mais novo, genuinamente confuso.

— Está me ignorando como se eu tivesse alguma doença contagiosa.

Ele até pensou em negar e inventar alguma desculpa esfarrapada, mas estava cansado daquele jogo psicólogo todo. Então, apenas optou pela solução mais plausível.

— Me desculpe por estar te evitando.

— Então você admite? — Taehyung consente. — Por quê?

— Não me leve a mal, mas ficar perto de você é um pouco desconfortável.

O de cabelos negros fez uma careta.

— Como não vou levar a mal quando você está me ofendendo? — ele cruzou os braços e articulou, óbvio. — Explique exatamente o porquê de ser desconfortável.

— Sua ex namorada fica me olhando como se eu fosse roubar você dela, o que não é verdade, porque nem amigos somos... — Taehyung faz uma pausa hesitante em prosseguir. — E também porque Yina tem você na palma da mão.

Yoongi o olha, irritado.

— Não estou na palma da mão de ninguém!

— Como não? Vocês estão juntos desde o seu primeiro ano. — o mais novo rebateu. — Você é praticamente propriedade dela!

— Você não sabe o que está dizendo. — debocha Min.

— Teve um boato no ano passado de que ela obrigou você a fazer uma tatuagem com a cara dela na bunda como marcação de território. — ele faz uma pausa e abriu um sorriso maldoso. — E aí, você fez?

Ele estica a mão e finge que vai abaixar a parte de trás da calça do mais velho. Yoongi dá um grito e pula, como um gato fugindo de água e Taehyung tem um ataque de risos.

— Você tem mesmo uma tatuagem!

— Eu não tenho nenhuma tatuagem! — grita ele. — E nem estamos mais juntos, então pode parar com essa merda? Nós terminamos.

— Espera, não foi ela que terminou com você? — brinca e Yoongi o olha de cara feia. — Bem, tenho certeza de que vocês vão voltar logo. Você e Yina já terminaram antes, não é? Só para voltarem de novo, tipo, imediatamente.

O mais velho revira os olhos. Na mesma medida em que achava Taehyung adorável, o achava meio lerdo. Por isso,  movimento brusco, agarrou a gola da blusa do outro e o puxou.

Os lábios somente se tocaram num selinho nada delicado, mas no mesmo instante Taehyung sentiu seu coração acelerar loucamente no peito e seu rosto todo entorpecer com o ósculo. Ainda estarrecido, cobriu a boca e encarou Yoongi.

— Você vai mesmo atrapalhar meu pedido de namoro, Kim Taehyung? Escute bem, eu tenho certeza absoluta dos meus sentimentos. Não sou um moleque, Tae. — ele fez uma pausa, segurando o rosto do mais novo e o fitou intensamente. — Eu estou apaixonado por você e quero que seja meu namorado, droga!

O mais novo abriu a boca, vasculhando seu cérebro em busca de uma resposta, mas estava em pane. O som da campainha tocou mais uma vez, soando como música para os ouvidos de Taehyung, que nunca ficou tão agradecido por ser atrapalhado.

Sem pensar duas vezes, ele escapuliu das mãos quentes de Yoongi e correu para abrir a porta. Ao fazê-lo, avistou Jungkook com as mãos nos bolsos do casaco e de capuz. Ele parecia nervoso, concluiu o puxando para dentro de casa.

— Olha, não que eu esteja reclamando, mas vocês, por acaso, marcaram de vim aqui juntos? — indagou Taehyung.

— Eu não sabia que aqui estaria tão cheio.

— Nem eu.  

Yerin e Jungkook disseram, respectivamente. Eles agora estavam na mesa da sala de jantar dos Kim, Taehyung tinha se livrado do avental e limpado o rosto sujo. Só de lembrar que discutiu com Yoongi daquele jeito, sentia vontade de morrer. 

— Cadê o Jimin? — Yoongi perguntou, ao lado de Taehyung.

— Ficou em casa, disse que queria terminar de ler um livro que ganhou da minha vó.

O Min assentiu, deixando o assunto morrer e um silêncio incômodo perdurar no recinto. Jungkook planejava falar com o seu amigo a sós, estava nervoso com a conversa que tivera com Taemin e precisava compartilha-la com seu amigo.

Porém seria rude de sua parte expulsar os outros dois convidados de Taehyung. Então, resolveu conversar um pouco sobre o que estava lhe incomodando, sem levantar suspeitas.  

— Vocês conhecem a história da pequena sereia, certo?

— Desde q-quando você lê contos de fadas? — Taehyung o olhou nervoso com a menção da história.

Mas Jungkook não lhe dera atenção e prosseguiu:

— É sobre uma princesa sereia que vai a terra porque se apaixona por um príncipe, certo?

— Sim. — Yerin intervém. — A bruxa do mar lhe dá pernas para ir ao baile, mas depois da meia noite ela volta ter uma cauda e não consegue calçar o sapatinho de cristal.

Todos a encararam.

— Isso não é outra história? — questionou Yoongi, incerto.

— É a Cinderela que usa os sapatos de cristal e não a pequena sereia, Yerin. — Taehyung consertou. — Como pode ser uma garota e não saber nada sobre contos de fadas?

— Primeiro, nem todas garotas gostam de contos de fadas. Segundo, eu prefiro livros de mistério com bons enigmas ou mangás do One Piece. E terceiro, esses contos são tudo a mesma coisa! — falou abaixando os dedos em cada menção. — O príncipe e a sereia se apaixonam e se casam. Fim. Não tem graça quando já sabemos o que vai acontecer.

— Na verdade, a pequena sereia morre na versão original. — murmurou Yoongi.

Yerin e Jungkook arregalaram os olhos simultaneamente, encarando o mais velho.

— Ela morre? — Jungkook desvia o olhar para seu melhor amigo, sentindo o estômago despencar.

Taehyung consente, analisando a preocupação estampada no rosto Jungkook. Sabia no que ele estava pensando, ou melhor, em quem. E não o culpava, pois ao descobrir sobre o fim trágico da princesa sereia, ele havia ficado do mesmo jeito.

— E por que ela morreu? Que tipo de história infantil é essa? — Yerin bufou indignada, mas na verdade, ela também estava preocupada com a reação do amigo.

— Ela precisava matar o príncipe para obter a sua cauda de volta, no entanto, não consegue e acaba virando espuma do mar. — diz Yoongi.

Jungkook sentia um gosto metálico na boca como sangue. Mas, ao parecia, não tinha mordido a língua. Aquilo podia ser apenas uma fábula, ainda assim, não conseguia evitar a apreensão que tomava conta de si.

Yerin e Yoongi continuaram debatendo, mas Jungkook estava calado.

Se sentia nauseado e todos os sons ao redor pareciam abafados, como se ele estivesse submerso na água. Tudo o que se passava na sua mente era se aquele conto era verídico ou não. Ele esperava do fundo do seu coração que não tivesse nenhuma relação com a maldição de Jimin.

Ao notar o comportamento estranho de seu amigo, Taehyung lançou um olhar apreensivo para Yerin, que entendera o recado e praticamente arrancou Yoongi da casa dos Kim sem nenhuma explicação plausível.

— Você já sabia, certo? — disparou Jungkook assim que se sentou na cama de Taehyung.

O amigo o olhou incerto, apesar de que no fundo sabia exatamente do que de se tratava.

— Depende do que você está falando.

— Me diga que aquela história não é verdadeira. — seu tom de voz tinha um leve toque de cansaço e desespero. — Diga que Jimin não vai sumir e virar espuma do mar. Só... Me diga que vamos conseguir salvar ele.

— Queria poder dizer isso. De verdade. 

Com o resto de sua força, Jungkook contou o que havia descoberto com o breve diálogo com Taemin. Taehyung apenas balançava a cabeça repetidamente diante das novas informações.

Agora pensando na conversa que teve com Taemin, Jungkook quase podia escutar a voz dele ecoando em sua mente e dizendo o quão fatal seria se ele se declarasse para Jimin. Sobre acabar o matando... Taemin se referia ao fato dele acabar o transformando em espuma do mar?

Por outro lado, Taehyung o observava, receoso. Não queria dar esperanças para o amigo, dizendo lhe que a história não tinha ligação com Jimin. Mas a verdade, era que Taehyung desconfiava que aquilo não era coincidência. O súbito medo de Jimin talvez tivesse ligação com o conto da pequena sereia.

— Não esquente com isso. Vá para casa e descanse, amanhã é um novo dia! — aconselhou, segurando o ombro de Jungkook. 

— É, acho que você tem razão. — disse num suspiro derrotado.

— Claro que tenho! — ele sorriu, tentando dar forças para o amigo. — Nós vamos conseguir.

O mais novo apenas afirmou num movimento fraco e se despediu do amigo, indo para casa. A cabeça estava prestes a explodir e tudo o que Jungkook mais queria ir para seu quarto dormir e esquecer o dia inteiro.

No entanto, ao chegar em casa, seu corpo praticamente moveu se sozinho em direção ao sótão. Onde se deparou com a imagem de Jimin adormecido.

Diante da cena não conteve um sorriso ao observar os fios rosas caindo lhe sobre os pequenos olhos, que formavam um linha. Os lábios avermelhados partidos, enquanto o peito subia e descia serenamente. Num todo, fazia Jungkook o assemelhar a um anjo.

Contudo, seus olhos pararam no objeto que Jimin segurava firmemente sobre o peito. Assim que se inclinou para ler o título, a breve alegria de seu dia fora totalmente arruinada e num impulso, Jungkook retirou o livro com cuidado das mãos do garoto.

Com ajuda da fraca iluminação da lua, que entrava pela janela e tomava conta do recinto, Jungkook folheou o livro. Dando uma breve lida, até que seus olhos pararam na última página e não hesitou em arranca-la. 

Amassou o papel em sua mão e o guardou no bolso do casaco, que nem fizera questão de tirar ao deitar se ao lado de Jimin. Não demorando para cair no sono, segurando a pequena mão e prometendo silenciosamente que iria salva-lo, custe o que que custar.  

Ele iria dar o final feliz que Jimin merecia.
 


Notas Finais


até amanhã ♥


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