Bruna escondeu o celular no sutiã quando Firmino chegou ao seu lado e sorriu, antes que o reflexo de seu sorriso batesse na tela do aparelho e a cegasse. Tite estava assustado, principalmente por Paulinho segurar um pedaço de mesa quebrado com diversos pregos enferrujados, enquanto Neymar permanecia na porta, impedindo que qualquer um saísse ou entrasse.
Mas nada se comparava a Marina, que tinha que enfrentar a fúria do líder da rebelião.
- Você vai se sentar agora. A prisão agora é nossa – Marcelo apontou a arma para Marina – E nós vamos conversar como pessoas civilizadas. Nós somos pessoas civilizadas, não? – Marcelo olhou para Marina debochadamente.
- É claro... – Marina respondeu com a pior face do mundo, revoltada. A última coisa que queria notificar para MCC era uma rebelião em Litchfield, e pior de tudo, ela era uma refém.
Calmamente Marina se sentou na sua poltrona, atenta com aquela arma apontada na sua direção. Não estava numa posição favorável para contrariar Marcelo.
- Você que foi o investigador o caso do David, não foi? – Perguntou para Tite, que assentiu com medo de levar uns pregos no rosto – Ótimo, você vai ser a nossa melhor testemunha disso – Olhou depois para Bruna – E quem é você? – Arqueou a sobrancelha.
- Antes dessa peste entrar aqui eu er... – Bruna tentou falar, mas foi impedida por Paulinho.
- Eu encontrei isso – Paulinho tirou uma das câmeras de transmissão de dentro da caixa – Vamos deixar isso bem documentado. As pessoas precisam saber do que está acontecendo.
- Ótimo, brow – Marcelo piscou para Paulinho, que iniciou a transmissão – Marina... – Sentou-se frente a frente para a moça e deixou a arma de lado – Vamos começar a negociar. Provavelmente ficaremos aqui um bom tempo até chegarmos um acordo, você querendo ou não.
Incompreendida com a situação, Bruna foi obrigada a ficar ao lado de Neymar. Os dois trocaram olhares como se conhecessem de algum lugar ou de outra vida. Ela sabia que Marina não era a pessoa certa para fazer aquilo pela prisão.
Lewandowski tentava sair da prisão a todo o custo. As portas haviam sido trancadas por Asensio e podiam ouvir o barulho da polícia na porta principal da instalação. Dybala foi o primeiro notificado que havia um familiar seu querendo saber notícias de seu paradeiro durante a rebelião, mas infelizmente ele não poderia entrar em contato tão cedo.
A única alternativa de Lewandowski era tentar escapar pelas tubulações e fugir pelos telhados. Se caísse nas mãos daqueles detentos sedentos pelo sangue dos guardas, ele seria a primeira vítima nas mãos deles.
E foi o que aconteceu quando David e Sergio o encontraram.
- Você vai se foder na nossa mão, seu desgraçado – Sergio segurava Lewandowski de um lado e David do outro. Já havia apanhado dos dois chefes da cozinha e não teve nenhuma chance de defesa.
- Vai se arrepender de tudo que nos fez passar – David chutou Lewandowski sem pudor algum.
- Sabem que quem continuará com a razão sou eu. Quando entrarem aqui vocês dois serão os primeiros a se foderem e eu vou estar mais que pronto para arrebentar vocês – Lewandowski falou arfando de ódio, enquanto era guiado pelos dois detentos – Suas duas merdinhas.
- E alguém te perguntou alguma coisa? – Sergio colocou a mão no pescoço de Lewandowski e o prensou na parede.
Na mesma hora, Cristiano e Coutinho apareceram.
- Finalmente capturaram esse demônio! – Coutinho apareceu todo sorridente, querendo participar daquilo.
- Isso é sério, sabia? – Cristiano olhou para Coutinho, repreendendo sua atitude.
- Levem ele para a capela. Estão deixando todos os reféns ali – Coutinho disse, tentando ser prestativo.
- Temos algo melhor para ele – David falou e então Lewandowski estremeceu. Sergio riu com tamanho nervosismo do guarda, aguado para iniciar sua vingança contra o homem – Se nos dê licença....
- Garanto que se divertirão mais com as negociações no escritório da diretora. Marcelo vai nos representar como ninguém – Sergio falou, ansioso para colocar seu plano em prática – Até mais rapazes! – Os dois detentos acenaram com suas mãos livres para Coutinho e Cristiano, que decidiram ir atrás de Neymar e Marcelo para acompanharem o andamento das negociações.
Prontos para fazerem Lewandowski passar tudo o que eles passavam em Litchfield, o levaram até o banheiro.
- Tire a roupa – David bateu o cassetete do guarda em suas mãos.
- O que?! – Lewandowski cuspiu as palavras, pensando não ter ouvido aquilo.
- Foi o que você ouviu – Sergio olhou para Robert com desprezo – Vai querer contrariar o que David pediu. É ele quem está com o cassetete nas mãos.
Lewandowski não teve outra alternativa senão se despir na frente deles.
- Agora entre naquele chuveiro – David deu um tapa na bunda de Lewandowski e o jogou na água fria.
- Porra! – Lewandowski tentou sair do box, mas Sergio o impediu. A água era tão fria que podia pegar uma hipotermia com uma só gota – Me deixem sair daqui caralho – Implorou, sentindo suas costas paralisarem devido o frio.
- Se nós aguentamos essa ducha todos os dias, por que a princesa não aguenta? – Sergio bateu as mãos nos outros dois boxes do lado, irritado – Vocês não sabem 1% do que passamos nesse inferno do caralho.
- Desgraçado – David levantou o cassetete e bateu em Lewandowski com todas as suas forças. O oficial caiu no chão gelado, gemendo de dor – Isso é por toda a humilhação que fez meus garotos passarem.
- E essa... – Sergio chutou as costas de Lewandowski, fazendo ele gritar novamente – Foi pelo o que fez com Cavani e Rodriguez – Não queremos mais ver você nessa prisão novamente. Nos entendeu? – Se agachou, encarando Lewandowski, que não respondeu.
- Entendeu, caralho? – David ameaçou bater em Lewandowski novamente.
- E-Entendi! – Lewandowski gaguejou, com medo daqueles dois projetos de Doce Vingança.
Neymar havia se surpreendido por ver Coutinho novamente, assistindo junto de Cristiano, Alisson, Piqué e Gareth, Marcelo coordenar as negociações com Marina sobre o tratamento dos detentos em Litchfield. Devido à falta de diplomacia de Marina, as coisas não saiam como planejado e aquilo estava prestes a falhar.
- Você não fala nada com nada! – Marcelo bateu a mão na mesa, assustando Marina – Nem parece que é a administradora dessa porcaria.
- Caso conhecesse a política da MCC, saberia que... – Marina tentou fazer Marcelo mudar de ideia, mas aquilo só foi lenha para o estressar.
- Eu não quero saber desse lixo de MCC – Marcelo rosnou – Eu quero que você me ouça, porra.
- Ouça ela! – Marina apontou o dedo para Bruna – Ela era a antiga diretora. Não faço ideia de como era esse lugar antes de vir para cá, mas eu tentei consertar as burrices que aquela irresponsável cometeu – A ruiva disse nervosa com a situação – Se tem alguém que você possa dialogar, é ela.
- Troque de lugar com ela – Apontou o revólver para Bruna, que lentamente sentou-se na poltrona de Marina – Tirem essa vagabunda da minha frente antes que eu marque a testa dela com uma bala – Marcelo disse sem olhar para Marina.
- Estão colocando os reféns na capela – Piqué falou.
- Que seja. Suma com essa mulher da minha frente – Marcelo pediu mais uma vez - Você fica – Apontou a arma para Tite – Ainda é a minha testemunha.
- Vamos – Piqué agarrou o braço de Marina.
- O que você vai fazer comigo? – Marina perguntou assustada – Me solta! – A ruiva saiu arrastada da sala, gritando.
Marcelo ficou encarando Bruna. O clima parecia que estava mais tenso do que nunca.
- Oi meninos, tutupom? – Bruna sorriu, tentando quebrar o clima.
- Corta essa – Marcelo colocou o revólver em cima da mesa – Por que deixou aquela mulher assumir a prisão? As coisas eram muito melhores com você. Ao menos não tínhamos esses guardas nos espancando e esse caos – Foi direto ao assunto.
- Eu vou ser realista – Bruna cruzou as pernas e encostou seu braço esquerdo na mesa – Marina descobriu que eu estava fazendo lavagem de dinheiro e estelionato na prisão – Ela sabia que Tite estava o escutando, mas também sabia que não tinha mais nada a perder, ainda mais com uma rebelião em curso. Marcelo ficou horrorizado.
- Roubou dinheiro que era para nosso benefício? – Cristiano perguntou de longe – Imagine quantos clear men eu poderia estar usando agora!
- Não tirei dinheiro da prisão. Contratava empresas fantasmas para meu benefício. Marina que me acusa de arrancar verba desse lugar – Bruna tinha a oportunidade nas mãos de ferrar com Marina e acabar com sua reputação – Ela quem contratou a MCC para assumir Litchfield. Teoricamente trabalho para eles. Posso tentar fazer algo por vocês.
- Ótimo – Marcelo sentiu que podia confiar na palavra de Bruna – Primeiro, quero que demita todos esses guardas, principalmente o Lewandowski – Observou o nariz machucado de Bruna – Você é a maior prova de que eles são violentos, olha o que fizeram contigo! E o Podolski... – Lembrou-se que havia baleado o guarda a algumas horas – Deixe que a justiça faça isso por ele.
- Bom pedido... – Bruna tocou levemente seu nariz ao lembrar da porrada que levou de Podolski – Assinarei as cartas de demissão deles quanto antes após vocês encerrarem isso pacificamente – Mal sabia que o próprio Podolski havia sido baleado.
- Quero que façam uma nova transmissão e falem o nome de Jes... – Tentou ser mais formal – Falem o nome de Gabriel Jesus e mostrem que ele não é um detento violento como a Marina disse – Marcelo começou a se empolgar – E isso não é só pelo Jesus. Isso é por mim, aqueles esquizos ali na porta – Aprontou o dedo para Neymar e Coutinho – E todos os outros detentos de Litchfield.
Bruna continuou ouvindo cada palavra de Marcelo. Pela primeira vez de tanto tempo causando problemas em Litchfield, Marquezine percebeu o quão foi desumana com todos aqueles homens. Talvez se fosse mais cuidadosa com seu trabalho, aquela confusão toda não estaria acontecendo e provavelmente Jesus nunca teria morrido. Tinha sã consciência de que não podia voltar no tempo, mas podia ouvir o que Marcelo tinha a dizer.
- Nos jogam aqui e não se preocupam quando saímos, queremos ter aulas de literatura para revisarmos nossos casos! – Marcelo se lembrou do dia em que sua condicional foi negada. Aqui lhe revoltou – A comida que comemos parece uma pasta. David e Sergio não tem culpa, mas a empresa fornecedora é um lixo! – Pela primeira vez naquela conversa, desencostou a mão do revólver – Nossas condições de higiene são tão precárias que não dá vontade de tocar de se olhar no rosto. Essa prisão é uma lástima. Somos prisioneiros, mas esquecem que somos seres humanos.
Todos ali poderiam aplaudir Marcelo de pé.
- É isso aí, Marcelo! – Neymar falou orgulhoso do amigo.
- Continue assim, brow! – Paulinho sorriu, segurando a câmera.
- Marcelo eu te venero! – Coutinho bateu as mãozinhas animado.
Bruna cruzou os braços e encarou Marcelo por alguns segundos.
- Sabe que eu posso fazer tudo isso, não sabe? – Bruna perguntou e Marcelo assentiu – Mas a MCC pode não aprovar as demandas passar. Vocês precisam acabar com essa rebelião de forma pacífica para que eu possa ajuda-los – Marcelo encostou na cadeira e balançou a cabeça negativamente – Marcelo, me escute. Sei que está fazendo isso por seu amigo e por todos aqui dentro, mas se quiser trabalhar nisso, tem que ser junto comigo.
- Então não temos acordo nenhum – Marcelo falou friamente.
Tite entendeu aquilo como uma afronta contra Marquezine. Provavelmente ficariam ali durante um bom tempo. Ele não podia perder a oportunidade de se livrar daquele lugar quanto antes.
- Eu não vou ficar aqui ouvindo essa baboseira o tempo inteiro! – Tite puxou o revólver que havia ficado livre em cima da mesa. O apontou para Marcelo, que imediatamente levantou da cadeira e caiu para trás – É bom que saiam de perto de mim ou eu estouro a cabeça de todos vocês!
- Porra! – Cristiano caiu no chão de medo quando Tite direcionou o revólver para a porta. Neymar jogou Coutinho no chão e ficou por cima daquele caso um tiroteio ocorresse, Alisson havia corrido e Gareth encolheu-se na parede.
- Eu vou acabar com essa porcaria de rebelião agora mesmo – Tite conseguiu deixar a sala, teimando em atirar em algum deles. Graças a Piqué, tinha a informação de onde todos os reféns estavam.
O destino de todos os detentos estava em perigo.
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