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História Oito Meses com Ele - Capítulo I


Escrita por: Aime_B

Notas do Autor


Apareci mais cedo :3
Meus capítulos estavam muito grandes e eu acabei cortando eles pela metade (Acho que só o primeiro e o último que não) por achar que capítulos grandes demais são maçantes :/
Então espero que gostem desse primeiro capítulo de 8MCE

Capítulo 2 - Capítulo I


 

Eu andava meio devagar naquele hospital. Sabe quando, nos filmes de drama, o doutor diz para o paciente: “Desculpe, você está com um câncer no cérebro” e a pessoa somente coloca as mãos em frente ao rosto e chora? Não é nada comparado à realidade. Aquela pessoa não vai morrer. Eu vou.

Não entrei em negação, não tentei fingir que tudo estava bem e muito menos me desesperei. Acenei para o médico e suspirei. Fechei os olhos e mentalizei um belo e grande “Fodeu”. Era o melhor que eu podia fazer.

Quando você descobre que tem um câncer a primeira coisa que se pergunta é: O que eu fiz de errado para ter isso? Por que eu? Não há respostas, você simplesmente foi o sorteado nessa roleta russa de células defeituosas que tendem a infectar outras. E, após aceitar o fato, ver a primeira mecha do seu cabelo caindo, ter a primeira quimioterapia, você simplesmente deixa de se importar com você. Você empurra a cadeira de rodas e diz “O que vai ser da minha família? Será que eles irão conseguir continuar? E quem eu amei?”

A maioria das pessoas só deixa de ser egoísta quando vai morrer.

Eu saí do consultório e liguei para minha mãe. Ela atendeu e expliquei a situação. Minha dor de cabeça intensa e meus desmaios ocasionais eram um pontinho na tomografia que fodia com minha vida. Algumas células desajustadas que se espalharam. Elas poderiam diminuir com um tratamento e eu teria mais alguns meses para riscar no calendário. Meu DNA possuía alguma coisa muito mutante que não eram poderes, mas o médico acreditou que poderiam dar resultado ao teste experimental dos anti-angiogênicos. Exclui a parte do “avançado”; “necessário tratamento intensivo”; “diagnóstico tardio”.

Minha mãe demorou um bom tempo para me responder. Talvez, tanto quanto eu, ela tivesse muito a considerar. Eu não tinha medo da morte, mas minha mãe tinha medo que eu morresse. Se eu fosse ter três ou quatro meses a mais, seria por ela. E ela aceitou.

Então voltei à recepção e preenchi papéis suficientes para fazer minha biografia. Eram tantos papéis que seriam apenas jogados fora quando eu morresse. Sem biografia, sem nada. Seria apenas mais um nome em algum obituário e uma plaquinha no cemitério. E eu os assinei pacientemente, porque o que eu iria fazer? Me rebelar no meio de um hospital com um pontinho maligno em um lugar que eu não sabia identificar no cérebro? Não, obrigado. Em outra época talvez.

Uma enfermeira apareceu e seus olhos assumiram um olhar triste. Lembro que ela perguntou minha idade e quando eu disse ela soltou um suspiro choroso, passando a mão pelos meus ombros. Não era uma boa idade para ir dessa para uma melhor. Eu tinha 19 anos... e um câncer.

Se eu me considerava pronto pra morrer? Claro que não! Ninguém nunca está pronto para morrer... Eu ainda não tinha colocado um Mentos na Coca Cola. Nem quebrado o pé – três costelas e um braço, mas não o pé. Ou ao menos terminado a faculdade. Eu não tinha ido no Central Park. Nem visto um canguru. Nem adotado um cachorro pra chamar de Athos. Eu não tinha terminado de ler Harry Potter nem visto todos os episódios de Bob Esponja. Ou aprendido a tocar violão como eu prometi a mim mesmo na quinta série. E eu não tinha pulado de bungee jump. Então eu não estava pronto pra morrer. Mas, fazer o quê?

Eu poderia ganhar mais alguns anos de vida a base de remédios... Era uma chance, uma boa chance, aliás. Seriam doze meses perdidos em tratamento para ganhar, talvez, trinta e seis. E em dois anos, eu poderia tentar fazer todas essas coisas. Então concordei em ser cobaia daqueles testes experimentais e ficar no hospital por aquele tempo.

O hospital era um lugar gelado, eu me lembro. E o núcleo de oncologia era mais cheio do que eu gostava de admitir. Eu tremia na minha camiseta fina demais enquanto levava uma mochila para meu novo quarto provisório durante aquele tempo. Disseram que eu era velho demais para ficar na ala infantil – afinal, eu tinha cinco anos a mais que o permitido – e fiz uma piadinha com o médico. Fiz um bico também. Eu gostava de crianças, principalmente aquelas que, como eu, nunca pularam de bungee jump ou foram à Disney.

- Posso cuidar delas? - perguntei ao Sr. Doutor que eu não fizera questão de lembrar o nome.

- Hm... Veremos como seu tratamento reage - ele murmurou e eu tive certeza que se conseguisse sair da cama seria um milagre. Esperei que meu quarto fosse bonito pelo menos.

A primeira coisa ao chegar na porta branca com uma plaquinha prateada – como aquelas de hotel, que indicam os números dos quartos, mas que naquele caso indicavam quem era o sortudo que o ocuparia por um tempo muito grande – notei que meu nome estava escrito em hangul, mesmo eu o tendo assinado em chinês por pura questão de rebeldia. E que não era o único.

Confesso que é bem divertido você já saber o nome de uma pessoa antes de vê-la ou conversar com ela. Você geralmente tenta imaginar como ela é. Porém, em meus devaneios, Oh Sehun não seria um garoto de fios escuros e mal cortados com o maxilar marcado e ausente de expressão. Eu imaginava algo totalmente diferente do rapaz atraente, mas ainda na puberdade que me olharia com frieza, bufaria e diria numa voz que oscilava com seus primeiros indícios de mudanças pela testosterona.

- Quarto errado.

Mas que merda, meu nome estava naquela plaquinha! Não era o quarto errado. Então eu suspirei e sorri para ele. Algumas pessoas costumam se entregar a um mau humor não muito agradável quando estão doentes e eu não as culpava. Quando ouvi o médico dizer que eu tinha câncer, quis xingar o mundo. Eu xinguei, por uns momentos. Mas, poderia ser pior... eu ainda tinha cabelo. Ainda.

- Sou seu novo colega de quarto - anunciei, como um escoteiro. Eu estava realmente animado em ter alguém para conversar de vez em quando, talvez quando eu notasse falhas enormes expondo meu couro cabeludo ou quando eu estivesse entediado. E claro, eu precisava de alguém para chamar as enfermeiras caso desmaiasse.

Porém, para minha infelicidade, Oh Sehun não me dava a mínima atenção. Ele apenas puxou mais a coberta para cima do corpo magro, escondendo a camiseta em um verde pálido e doentio, e me ignorou.

Deixem-me dizer uma coisa sobre coisas verdes pálidas e doentias. Você já viu alguma cor viva em um hospital? Alguma parede laranja ou um balcão azul neon? Pois, seria quase irônico e mal educado colocar cores vivas em um lugar em que muitas pessoas estão aguardando para morrer. É igual ir a um enterro vestido de cor de rosa. Existe um limite ético para o que se pode e não pode fazer, infundido em nossas mentes desde que somos pequenininhos. Embora eu com certeza fosse me sentir melhor em um lugar que me inspirasse vida mesmo em meu leito de morte, muitas pessoas considerariam uma ofensa grave e brutal. Algumas pessoas preferem que suas vidas sejam uma preparação para morte. Eu prefiro que minha vida seja laranja, azul neon e cor de rosa. Nada de verdes pálidos e doentios.

- Me chamo Lu Han - era sempre uma questão de educação se apresentar a uma pessoa. Principalmente quando você sabe o nome dela e ela não sabe o seu - Pode me chamar de Lu, se quiser.

Oh Sehun virou os olhos cinzentos para mim e, se sua expressão pudesse falar, ela ainda assim continuaria me ignorando.

-  Você não deveria estar na ala infantil? - perguntei de súbito.

- Você não deveria estar na terapia de narcóticos ou algo do tipo? - retrucou e eu tropecei para trás, abobado. 

Vocês já sabem que eu tenho câncer e que meu companheiro de quarto é Oh Sehun. Mas, há muitas outras coisas enfiadas aí no meio que precisam de, se não uma olhada mais completa, pelo menos uma explicação rápida. Eu ajo como uma criança e, isso, frequentemente. Naquele momento eu quis, de forma um tanto birrenta e boba que Oh Sehun ficasse irritado. Queria que ele falasse alguma bobagem para mim para que eu pudesse responder com minha língua afiada e continuar com razão porque eu era o mais velho. Não ele. Eu. Eu!

Então eu resolvi usar do jogo dele. Não respondi sua provocação – ele claramente me chamou de drogado! – e larguei minha mochila no chão ao lado da cama vaga com um bico e uma pose de adulto que daria vergonha a minha mãe.

Sehun demonstrou ser mais adulto mentalmente do que eu. Me olhou como se eu fosse digno de pena – não aquela pena que a enfermeira do hospital dedicara a mim, mas como se eu fosse uma ameba que não pudesse evoluir para uma bactéria ou sei lá – e agarrou um celular de última geração que estava na sua mesinha de cabeceira.

Eu me sentei no colchão duro pra lá de sem graça e me pus a encará-lo. Ele sequer virava para mim, absorto em seu jogo, entretanto soube que desconfiava de minha observação desmedida assim que sua cabeça se virou em minha direção inquisitivamente e ele resmungou:

- Quanto tempo você vai ficar aqui, pelo amor Deus?

Mesmo que não houvesse nenhum motivo para sorrir, eu o fiz. Ah sim, sorrir estava sendo bem mais fácil para mim, mesmo que eu soubesse que aquela dorzinha chata não era em minhas bochechas. Era em um lugar bem mais profundo, relacionado a certas mágoas que eu não queria deixar escaparem.

- Muito tempo!

Ele me fitou, com certeza achando que eu estava zombando e então acrescentou sério.

- Tomara que eu morra logo.

Eu arregalei os olhos e um arrepio perpassou meu corpo.

- Você não está falando sério, né?

Tudo que recebi em resposta foi um olhar torto e um suspiro pesado. Oh Sehun se virou para o outro lado da cama e se pôs a jogar. E aquela foi nossa primeira conversa.

Claro que de alguma forma interpretei aquilo como um desafio. Eu iria ser amigo dele, ele querendo ou não. Porque no fundo, sabia que ele queria um amigo. Todos querem, mesmo os mais chatos. Os filmes ensinam isso. Filmes nunca mentem!

Oh Sehun, meu querido, se você soubesse para mim o quanto foi difícil te fazer falar, você haveria de ter facilitado as coisas. Porém, acho que se tivesse sido fácil conversar com você desde o começo todo o mistério teria se esvaído e meu interesse seria logo perdido.

Não vou mencionar, ou até mesmo resumir, minhas tentativas de comunicação falhas com meu companheiro de quarto. Sehun fazia questão de cortar a conversa logo nos primeiros segundos e eu não era o único a receber seus resmungos incômodos e inconformados logo de cara. Afinal, foram desde “Bom Dias” meio atrasados – já que nenhum de nós parecia muito disposto a deixar a cama antes das dez nas duas primeiras semanas – até perguntas meio desesperadas de um rapaz que tentava em vão não se sentir tão sozinho mesmo acompanhado. Vamos pular para o dia que Oh Sehun finalmente parou de me dar somente migalhas de informações, para o dia que ele se abriu para mim, uma pequena brechinha para que eu pudesse alargar com as mãos e aos pouquinhos entrar naquela armadura que ele mantinha em torno de si.

Era um dia como outro qualquer, o que para mim se resumia a um passeio pelos corredores com um moletom largo que me deixava com cara de presidiário e permanecer no quarto em silêncio após ser barrado na porta do hospital. Eles tinham me dado aquele conjunto quando viram que eu teria de permanecer no hospital por tempo suficiente para que usar aquela camisola verde aberta na bunda se tornasse incômodo – e algumas noonas estavam reparando demais na minha bunda exposta no decorrer daquela semana. Até insisti pelos meus jeans escuros e camisetas de cores tão variadas que acabavam por entregar minha duvidosa sexualidade. Não, era o moletom cinzento ou noonas cochichando ao meu lado e o olhar muito reprovador do meu companheiro de quarto – que tinha direito ao seu próprio moletom verde e detestava idosas entrando no quarto a minha procura.

Eu tinha acabado de voltar. Oh Sehun não estava enfurnado em sua cama, o que significava que ele estava em tratamento e de certa forma, aquilo me dava uma sensação um tanto corrosiva de que o mundo era injusto e alguém deveria pagar por todas aquelas injustiças. No entanto, entre meu próprio tratamento que consistia em sentar em um quarto isolado e tomar remédios experimentais e o dele, eu não pensava muito nas injustiças do mundo. Seria pior se o fizesse.

Posso dizer que literalmente morreria de tédio. Meu corpo não era tão ágil quanto antes e eu não podia andar longos períodos de tempo sem que meus pulmões começassem a chiar e minha visão se enchesse de pontinhos brancos e piscantes, um alerta de que não demoraria para eu desmaiar. Passar o pouco de vida que me restava dormindo era uma ideia tão dolorosa quanto inexorável. Quantas e quantas vezes pensei em pedir ao médico que me deixasse sair do hospital – ele não poderia me prender ali, afinal – e viver meus últimos meses no mundo real, onde há cores além do branco e tons pálidos doentios, onde o sol parece brilhar um pouco mais e o cheiro de álcool não me deixa ciente de um frio imaginário vindo de dentro dos meus ossos, me consumindo pouco a pouco. Naquele dia em especial, essa vontade era maior e intensa. Eu respirava pesado e me sufocava pouco a pouco na vontade de sair dali o mais rápido possível.

Então Sehun entrou. Magro, mancando, ofegante e pálido; mesmo que ele sempre fosse pálido, a cor de seu rosto naquela tarde me assustou. Seus olhos estavam foscos e seu olhar vidrado. O corpo dele tremia por inteiro e a arara de soros – que eu gostava de chamar de meu bichinho de estimação, já que muitas vezes tinha que sair levando-a por aí como em uma coleira – era a única coisa que o sustentava. Exausto, ele desabou no chão a minha frente.

Eu achei que ele tinha morrido. Algo dentro de mim esfriou e eu senti vontade de vomitar vendo-o caído a minha frente, com sangue escorrendo do braço onde a agulha escapara. Se ele não tivesse começado a xingar, eu ia gritar chamando enfermeiras e me preparar para ver aquele jovem indo para o necrotério. Levantei de um salto, como se de repente eu não tivesse mais um câncer maligno, e me ajoelhei perto de Oh Sehun, que lutava para se erguer.

- Você está sangrando - avisei. Eu mesmo sangrara muitas vezes e vira médicos e jovens de branco vindo socorrer Sehun, com seu sangue meio desbotado manchando o cobertor durante a noite. Quando você está em um hospital, se acostuma a certas coisas.

- Eu sei... Não chame ninguém - ele ordenou. Em meus poucos dias ali percebi que meu companheiro de quarto nutria uma certa raiva dos funcionários do hospital. E dos pacientes. E dos pais. E da vida, em geral.

- Me deixa te ajudar...

Mesmo Sehun sendo muito magro, me surpreendi com a fragilidade de seu corpo quando o segurei. Ele não estava fraco o suficiente para dispensar aquele costumeiro olhar reprovador e resmungou:

- Me solta, seu... - surpreendido com a fraqueza da própria voz, ele parou e deixou que eu o levasse.

Pousei-o na cama e os pontinhos voltaram a atormentar minha visão. Levei a arara de soros mais uma vez para perto dele e perguntei, meio o repreendendo.

-  Não veio ninguém te trazer aqui?

Sehun suspirou e torceu a boca, arqueando uma das finas sobrancelhas. Seus cabelos negros em desalinho o faziam parecer uma versão idealizada que eu tinha de um psicopata mal humorado. Eu ergui os braços, rendido, e lancei um sorriso já que minhas demonstrações de felicidade pareciam irritá-lo.

- Precisa colocar isso de volta...

 Eu gostaria de tentar definir o tom de Sehun. Não era um pedido ou uma ordem, era um meio termo. Como se eu fosse apenas um de seus milhares de empregados e ele quisesse avaliar minha capacidade. “Pode fazer isso?”, entretanto, se eu não fizesse o problema era único e exclusivamente meu. Por fim, cheguei à conclusão de que Oh Sehun falava por escolhas que só fariam diferença a mim.

Minha cabeça assentiu por mim e, um pouco hesitante, confiei nas minhas habilidades. O tremor em minhas mãos eram perceptíveis e meu companheiro de quarto taciturno sorriu de canto, claramente debochando, quando tentei reproduzir sem sucesso o que as enfermeiras faziam de olhos fechados.

Sehun pareceu desconfortável quando puxei sua manga para cima e, se tentou esquivar-se de mim, eu não me lembro. O motivo eram pequenas marquinhas, rosadas e brancas sobrepostas, do início do pulso até o meio do antebraço, quase artisticamente feitas naquela pele de porcelana. Segurei sua mão gelada contra a minha enquanto meu cérebro confirmava aquilo que meus olhos viam.

- O que... Você... Seus pulsos... - eu contornei uma das cicatrizes com a ponta do indicador

Sehun tirou a mão do meu alcance e me fitou com raiva. Sua situação não me era tão desconhecida. Ele, assim como eu, tinha vergonha de expor aos outros os crimes que cometera a si mesmo. Mesmo assim, algo borbulhava em meu estômago, algo que deu vazão sem que eu me controlasse.

- Sabe, se quer se matar, corte na vertical seu idiota! - falei alto, com uma raiva que não me pertencia.

E era aquilo. Odiava-o por querer se matar enquanto algumas pessoas lutavam por mais um fiozinho de vida miserável, grudadas a uma cama dura por todos seus segundos restantes. Odiava-o também por não se importar com os pais que vinham vê-lo todos os dias – mesmo que suas visitas não ocorressem no quarto por pedido do moreno. Será que ele era idiota?

- Por que se importa?! Vá à merda você! Estou cansado de gente me impedindo de morrer mesmo quando eu quero isso!

- Você é um pirralho irritante! - gritei - Você não tem noção de que pessoas sentiriam sua falta se você morresse? Por que não para de ser um pouquinho mal agradecido e cala essa sua boca?

Sehun ficou sem palavras. Ele não me olhava com ódio ou com medo. Simplesmente ostentava aquele olhar de desaprovação superior, me fazendo me sentir ignorante. O lugar ao seu lado foi ocupado por mim e ele murmurou baixo.

- Você não entende o quanto eu odeio tudo isso? Eu deveria ter morrido da primeira vez... Deus fica brincando comigo - seu sussurro me cortou o coração, mesmo que não houvesse nenhum indício de emoção em sua voz.

Eu permaneci em silêncio, o encarando e por conta própria ele continuou.

- É a quarta vez que eu volto para esse hospital... - deu de ombros - Eu fico curado por um ou dois anos e depois essa... essa merda volta. É o suficiente para meus pais acharem que eu fiquei bom... Eu só queria acabar com tudo mais rápido - ele me encarou e dentro daqueles olhos cinzentos imaginei ter vislumbrado uma mágoa profunda.

- Desde quando...? - não era preciso que eu terminasse.

- Desde que eu tinha uns seis anos.

- Eu tenho um tumor no cérebro... - comentei casualmente, contendo aquela ânsia de colocar minha mão sobre a dele - Provavelmente, o tratamento experimental não vai diminuir ele.

Nos encaramos por alguns segundos, até que arrisquei um sorriso que queria dizer que eu viveria sorrindo pelo tempo que me restasse. E Oh Sehun sorriu de volta, um meio sorriso um tanto quanto cabisbaixo e compreensivo que poderia dizer que ele tentaria fazer o mesmo. Ou então, só dizia que ele me achava muito idiota e sonhador. Foi naquele momento que eu soube que seríamos amigos. 

 

 

 

 

 

 

[Tenho que ir, rapidamente, tenho que ir
O carinho em breve vai se transformar em lágrimas
Por isso não posso ver a pessoa que deixei pra trás
Tenho que me apressar mais e ir]

 

 


Notas Finais


Gente, eu queria deixar claro que eu não sou uma oncologista e que eu não tenho a mínima noção disso... Meus escritos são puramente fictícios e leigos no assunto.
E, bem, quanto a essa imparcialidade do Lu ao câncer, é porque ele não começou a escrever quando descobriu... Isso é um assunto pro terceiro capítulo e.e''


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