Enquanto Nando ia acendendo a fogueira, eu colocava as trancinhas de queijo no palito. Logo já estávamos assando-os, com sua mão sobre a minha e o calor do fogo nos aquecendo. Estava tudo em silêncio, quando ouvi sua voz.
- Posso te falar uma coisa muito gay? – Perguntou Fernando.
- Você fala uma coisa gay de minuto em minuto. – Eu falei, zoando com sua cara.
- Há, há, engraçadinho. É sério!
- Claro que pode!
- Você acha possível um cara se apaixonar por outro? – Perguntou todo sem jeito.
- Acho ué. Ninguém escolhe por quem se apaixonar! – Respondi, já sabendo o motivo de sua pergunta.
- Bom, então eu tô apaixonado por você. – Fernando falou em meio a um sorriso.
Dei um selinho nele e apertei sua mão mais forte. Ele colocou a cabeça em meu ombro e ficamos curtindo o momento. Não demos a mínima para a possibilidade de aparecer alguém. Era especial demais para estragar.
Ficamos em volta da fogueira até ela apagar totalmente e fomos para a barraca dormir. Ele deitou só de cueca em cima de mim, fazendo graça, mas estava exausto. Dormiu ali. Pouco tempo depois, dormi também.
Acordei com ele ainda em cima de mim. Meu corpo estava um pouco dolorido. Tentei empurrá-lo e percebi que havia um grande volume em sua cueca. Normal acordar assim. Joguei-o pro lado e ele ainda dormia.
Dormindo, conseguia ser muito mais bonito do que qualquer hora que eu já tinha visto ele. Passei a mão por seu corpo, lisinho, corado, forte. Ele não parecia o bebezinho desprotegido.
- Bom dia. – Murmurou enquanto se espreguiçava e abria os olhos.
- Bom dia. – Respondi. – Dormiu bem?
- Demais.
- Claro né. Você dormiu em cima de mim a noite toda. Aliás, a manhã inteira!
Rimos e ajudei-o a se levantar. Colocamos uma roupa e fomos almoçar no restaurante do clube.
Era meio rústico, mas não deixava de ser extremamente elegante. Era a hora que tinha mais movimento. Várias pessoas iam lá só para almoçar e iam embora. Por isso, o restaurante sempre funcionava e devia ser a maior renda do lugar. Sentamo-nos em uma mesinha para dois, afastada do resto das pessoas.
- Tá um climinha perfeito pra te pedir em namoro né? – Ele perguntou, enquanto brincava com os talheres. Fiquei um pouco surpreso, mas se ele realmente fosse pedir eu aceitaria na hora. Estava gostando mesmo dele. Nada comparado àquele amor gigantesco e assassino que eu ainda sentia por Bruno, mas ele me fazia bem. Estar com ele era acolhedor.
- Mas você tinha que comprar uma aliança. – Falei no mesmo tom sério, mas perceptivelmente irônico que o tom dele. Ele olhou para as mãos e ficou pensando um pouco, então tirou as pulseirinhas de plástico que tinha no braço.
Haviam seis.
Ele as dividiu em duas partes de três e colocou-as no meu braço.
- Pronto. Vai servir até eu comprar uma decente. – Disse Fernando segurando minha mão. Logo após, ele colocou as outras três de volta em seu pulso.
- Então a gente tá namorando? – Falei, passando os dedos nas pulseiras.
- Falta você dizer sim.
- Sim, então!
- Diga “sim, Fernando gostoso”. – Disse Nando sorrindo.
Mostrei o dedo do meio e começamos a rir. A comida chegou. Estava ainda melhor, talvez por causa da minha fome. Quando fomos sair, Fernando quis pagar tudo.
- Minha mãe me deu dinheiro, Fê. Não precisa pagar não. – Disse eu, tentando convencê-lo. – Ele me ignorou e continuou a conversar com a moça do caixa, pagando tudo e ainda pedindo um picolé pra nós dois.
- Olha, você vai ter que se acostumar, agora que eu sou seu namorado. – Dizia, enquanto nos afastávamos do restaurante, chupando nossos picolés.
- Mas eu não sou mulherzinha, me deixa pagar minhas coisas!
- É só de vez em quando, Lê, relaxa.
Passamos na barraca pra deixar as roupas e pulamos na piscina. A mãe dele estava tomando sol com sua irmãzinha, Luana, então não podíamos ficar tão próximos.
- Leandro, vamos pra piscina rasa comigo? Eu tenho que ficar olhando minha irmã um pouco.
- Claro! – Eu adorava crianças e tinha muita facilidade pra lidar com elas.
Fiz amizade com ela na hora. Nando fazia raiva em Luana e ela me pedia pra bater nele. Saíamos na porrada mesmo, tentando derrubar o outro primeiro na água. Ela só ria e ficava torcendo por mim. Passamos o dia todo brincando e aproveitando alguns momentos sozinhos.
Escureceu e fomos para a barraca. Estávamos muito excitados, devido a algumas brincadeiras dentro da piscina.
Ficamos um tempo discutindo quem aliviaria o outro primeiro e chegamos a um consenso. Faríamos o famoso 69. Seus olhos brilharam quando dei a ideia. Foi perfeito.
Ainda melhor que a primeira vez.
Ficamos deitados de lado, confortavelmente, um satisfazendo o outro. Nem sei quanto tempo ficamos assim, mas duas horas é pouco. Era como se eu estivesse conhecendo cada parte do corpo dele e ele do meu. Sentindo cada toque, cada cheiro, cada gosto. Quando terminamos, dormimos de novo, só de cueca. Ele me abraçava de conchinha e ficava apertando o seu volume na minha bunda a noite inteira.
Quando acordamos no outro dia, comemos um sanduíche natural como café da manhã e fomos nadar.
O toboágua estava ligado.
Às vezes, dentro da água, ele ficava enfiando a mão dentro da minha cueca, apertando minha bunda. Eu ficava meio envergonhado e saía de perto. Ele ficava só me encarando com cara de safado. Eu sabia o que ele queria, mas eu não podia dar. Não ainda. Não assim. Eu podia conhecê-lo muito bem, mas eram apenas quatro dias.
Um pouco antes da hora do almoço, sua mãe gritou e ele foi ver o que ela queria. Conversaram um pouco e ele veio até mim.
- Minha mãe se entendeu com meu pai. Ela tá querendo ir embora. Você quer carona?
- Bom… eu vou ficar aqui mais um dia. Pode ir. A gente se vê amanhã. Eu te ligo quando chegar.
- Tudo bem, então. Vou pegar minhas coisas na sua barraca.
- Beleza.
Eu precisava mesmo ficar um tempo sozinho. Descansar a cabeça e ver se não tinha ido tudo muito rápido.
Fernando já tinha colocado todas as suas coisas no carro. Antes de entrar ele correu até mim.
- Não queria ir embora sem falar que esses foram os melhores dias da minha vida. Quero muitos outros com você. Sei que é cedo, mas tô gostando de te amar. – Ele disse, em meio a um sorriso lindo e branco, refletindo a luz do sol.
- Eu também. Você me faz muito bem.
Ele se foi e eu voltei pra piscina, sozinho. Não havia funcionários, não havia vozes, havia só o barulho da água e o canto dos pássaros.
Imaginei em como minha vida havia mudado de uma hora pra outra. Dormi cedo e na manhã seguinte liguei pra minha mãe me buscar.
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