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História Olhares na Escola - Parte II - Desejo Profundo - Capítulo XXIII - Prova viva


Escrita por: WilkensOficial

Notas do Autor


E aqui estamos, na METADE desta história de 46 capítulos.

Espero que estejam gostando.


Boa leitura e até logo. Espero que preparem o coração para o que está por vir.


<3

Capítulo 24 - Capítulo XXIII - Prova viva


Fanfic / Fanfiction Olhares na Escola - Parte II - Desejo Profundo - Capítulo XXIII - Prova viva

Capítulo XXIII - Prova viva

 

Acordei com minha mãe batendo na porta. Abri e contei a ela que Bruno tinha brigado com os pais e precisava de um lugar pra dormir. Ela pegou alguns cobertores e me entregou. Tranquei a porta de novo e voltei a deitar com ele, que estava acordado. Acho que não tinha dormido.

 — Dorme, Bruno. Não fica acordado de noite não.

 — Não consigo.

 — Fecha os olhos. Daqui a pouco o sono vem.

Aconcheguei-me novamente em seu corpo e adormeci. Quando acordei, vi que não tinha ido à aula. Já estava totalmente claro e Bruno finalmente dormira. Continuei deitado, abraçando seu corpo, pensando em como seria minha vida se ele fosse embora.

Escutei as vozes que vinham da varanda, o barulho do carro e do portão. Percebi que meus pais saíram e fui pegar algo pra comer. Se minha mãe me visse, ia brigar por eu não ter ido à aula. Peguei dois copos de gelatina com leite condensado, e levei pra gente comer.

Quando cheguei lá, ele estava acordando, um pouco preocupado com o horário.

 — São dez horas… — Ele disse, ainda olhando pro relógio. — Bem a hora que o avião sai.

 — Então problema resolvido?

 — Se minha mãe tiver ido sem mim, sim… — Ele disse, bem pensativo, roendo as unhas. — É pra mim? — Perguntou, abrindo um pequeno sorriso quando viu os copos na minha mão.

 — Sim. — Respondi rindo. Entreguei a gelatina e aproveitei pra comer a minha.

Depois, sentamos na cama e conversamos muito sobre tudo o que estava acontecendo. Sua avó estava em uma situação crítica. Doença respiratória. Sua mãe até tentou trazê-la, mas ela não quis. Todos os outros filhos tinham seus problemas, suas famílias, suas cidades. A mãe do Bruno era a única que se dispôs a ir morar com a mãe, mas ela teria que levar o Bruno. Eles sempre foram muito unidos. Sempre de beijinhos e abracinhos quando estavam juntos.

Ela sempre ligava pra saber onde ele está e quando pode, faz questão de levá-lo aonde for preciso. Bruno também tentou pedir a ajuda do pai, mas apesar de querer ficar com Bruno, ele não queria confusão com a ex-mulher. O único modo que ele encontrou de tranquilizar o filho, foi dizer que a avó já estava com o pé na cova e que ele logo estaria voltando. Eles acabaram brigando e Bruno foi parar na minha casa.

Após a longa conversa e várias lágrimas, ele achou melhor voltar pra casa do pai antes que a polícia batesse na minha casa. Pedi para que ele não contasse que estava comigo. Eu tinha prometido à mãe dele que ligaria se soubesse qualquer coisa.

Ele se foi depois de um longo beijo e eu fiquei com o coração na mão louco para receber notícias.

 

Ele não ligava. Já era noite e nenhuma notícia dele. Fiquei no quarto olhando para o celular o resto do dia. Seu celular sempre desligado e eu não conseguia falar em sua casa.

Lá pelas oito da noite, a campainha toca umas quatro vezes seguidas. Minha mãe até reclamou da falta de paciência de quem tocou. Peguei a chave e saí correndo para atender. Quando abri, Bruno entrou com tudo, me abraçando e começou a chorar.

 — Eu vou ter que ir… — Ele dizia engasgando do choro.

 — O que? Tá louco, Bruno? Você disse que não iria!

 — Minha mãe remarcou o voo… tô indo agora… — Bruno continuava, sem me soltar.

 — Meu Deus! — Foi a única coisa que conseguiu sair da minha boca.

 — Mas eu volto! Vou vir nos finais de semana e sempre que puder! É por pouco tempo! — Ele falava, tentando me tranquilizar. Eu chorava de soluçar. Era como se eu tivesse caído em um buraco sem fim de uma só vez. Eu tinha muitas esperanças de que ele fosse ficar, afinal ninguém força ninguém a ir a lugar nenhum.

 — Não vai não, Bruno… fica escondido. — Eu implorava. — Eles não vão te levar a força.

 — Dessa vez não dá… Eu tenho que ir… é só por um tempo.

Nessa hora o táxi que estava com a mãe dele buzinou. Ele enxugou a cara e me deu um beijo.

 — Eu tenho que ir agora. Quando chegar lá coloco o celular pra carregar e te ligo. — Ele falava, bem mais conformado que eu.

 — Não… não, não, não, não, não… — Eu repetia, tentando pensar numa forma de fazê-lo ficar. Fechei o portão e segurei-o, tentando impedir que ele fosse. Bruno começou a chorar de novo e me abraçou ainda mais forte.

 — Não vai adiantar eu fugir mais. Ela vai remarcar o voo de novo… — Ele dizia, chorando. Enquanto isso, o taxi continuava buzinando sem parar.

Peguei a chave, abri o portão e me sentei no chão, encostado na árvore que nos escondia. Deitei a cabeça nos joelhos e comecei a chorar, sem querer vê-lo ir embora.

 — É por pouco tempo… — Bruno disse, passando a mão no meu cabelo. — Olha pra mim… — Levantei a cabeça, olhando-o. — Eu te amo. Demais… De verdade… — Foi a última coisa que disse, antes de sair e voltar para o táxi com a mãe.

Deitei a cabeça na árvore e fiquei um bom tempo ali. Depois, corri pro meu quarto, tapando o rosto ao passar pela sala. Tranquei a porta e deitei na cama. Eu não sabia se estava mais triste ou com raiva. Afinal, ele poderia ter impedido isso. Era só dizer que não iria e não ir. Ele desistiu muito fácil. Eu não desistiria assim. Lutaria contra tudo e todos pra ficar ao lado dele. Ele não fez isso. Ele foi embora e agora eu estava em pedaços. Não via mais graça na cidade, nem na minha casa, nem na minha vida. Do que adiantava ter um amor correspondido e não poder tê-lo ao meu lado?

Não dormi aquela noite.

No outro dia eu estava ardendo em febre e tendo várias tonturas, isso sem falar no formigamento de minhas pernas que estava tão intenso que chegava a doer.

Não fui à aula mesmo tendo provão. Minha cabeça doía muito, estava sem apetite e mal conseguia levantar da cama. Mais tarde, lá pro meio dia, recebi uma mensagem de um número desconhecido que dizia:

 

“Número novo. Salva aí… O outro não funciona aqui. O número da casa da minha avó é esse.”

 

Pensei em ligar, mas estava com raiva demais e nem queria ouvir sua voz. Além de que eu queria que ele sentisse muito a minha falta e voltasse no outro dia. A típica pressão psicológica. Se ele soubesse que eu estava bravo, talvez ele voltasse pra me fazer feliz. Deixei a mensagem lá, não respondida.

Minha mãe tentou me trazer almoço, mas estava sem fome. Não contei a ela que Bruno foi embora. Fiquei com medo de ela ligar as coisas. Quanto mais o tempo passava, mais minha febre subia e os formigamentos ficavam mais fortes.

No finzinho da tarde, fui olhar de novo meu celular e vi que tinha mais inúmeras mensagens dele. As primeiras eram iguais às outra. Acho que ele pensou que as mensagens não estavam chegando. Depois, parece que ele percebeu que eu estava com raiva e repetiu tudo que ele disse no portão da minha casa. Que seria pouco tempo e logo voltaria. Na última, ele disse que precisava falar comigo, mas que não tinha como me ligar de lá.

Continuei ignorando. Eu não via um grande motivo pra ele ter me abandonado. E qualquer coisa que ele falasse seria pouco. Com certeza, eu estava sendo o cúmulo do egoísmo, mas naquele momento eu só queria meu namorado de volta.

Mais tarde, ao tentar ir ao banheiro, caí com força no chão e bati a cabeça. Minhas pernas doíam muito e eu não tive outra escolha a não ser gritar em prantos pela minha mãe, que veio correndo me socorrer.

— Nossa, Leandro! — Disse minha mãe depois de conferir o termômetro de noite. — Vou te levar pro hospital agora!

 — Não precisa, mãe. É bobeira. Só preciso dormir um pouco e passa.

 — Tá louco? Quer morrer? Calça alguma coisa que a gente tá indo! Eu te ajudo a andar até o carro.

Vi que ela não desistiria, então resolvi obedecer. Meu pai estava mais bêbado que tudo, caído no sofá, sem ter noção nenhuma da realidade. Entrei no carro e fiquei esperando minha mãe. Saímos logo que ela chegou.

No hospital, ainda tive que esperar pra ser atendido. É um dos motivos de eu odiar ir ao médico. Odeio ter que esperar, principalmente quando estou doente. Quando finalmente o médico me atendeu, mediu minha febre e fez todas aquelas coisas que os médicos fazem.

 — Você tem alguma ideia do porquê da febre e das dores nas pernas? — Ele me perguntou.

 — Acho que é emocional. Não é nada demais. — Falei, seguro de minha resposta.

 — Problemas emocionais podem abaixar a imunidade do corpo. Acho melhor você ficar essa noite no hospital pra sabermos o que você tem exatamente enquanto abaixamos a sua temperatura. — Ele disse, aumentando ainda mais meu mau-humor.

 — Mãe, eu não quero ficar aqui! — Murmurei com minha mãe.

 — Tem que ficar, Leandro. Você tem que diminuir essa febre sua e fazer exames.

O que não fazem pra arrancar dinheiro da gente? Por causa de uma mera febre e uma câimbrazinha, me internaram.

Encheram-me de remédios. Minha mãe disse que ficaria comigo à noite.

 — Não, mãe! Meu pai tá sozinho lá em casa. É melhor você ir! — Falei, mesmo querendo companhia. Ela pensou um pouco e percebeu que teria que ir embora. Meu pai vive tendo ataques, e às vezes, pra quem acredita, incorporando espíritos. Minha madrinha diz que é loucura. Que ele já chegou no último grau da bebedeira. Desde pequeno, mesmo com minha família toda sendo católica, eu só via sentido em religiões espíritas. Não costumo ir a centros nem nada assim, mas acredito. Meu pai não tem noção nenhuma de religião e mesmo assim, quando “incorporado”, diz coisas que não poderia saber e até diz poder prever o futuro.

E lá se foi minha mãe. Seria uma longa noite.

 


Notas Finais




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