1. Spirit Fanfics >
  2. Olhares na Escola - Parte III - Desejo Quebrado >
  3. Prólogo: Leandro Henrique

História Olhares na Escola - Parte III - Desejo Quebrado - Prólogo: Leandro Henrique


Escrita por: WilkensOficial

Notas do Autor


Voltei!
Depois de um bom tempo estou pronto para disponibilizar algumas histórias novas, a começar por OnE3, que precisei reformular MUITA COISA, mas finalmente chegamos a uma versão definitiva DEFINITIVA.


LEMBRANDO QUE: PEQUENOS INFINITOS acontece depois de OnE3, logo, teremos algumas referências que farão as narrativas se colidirem.


Boa leitura.

Capítulo 1 - Prólogo: Leandro Henrique


Fanfic / Fanfiction Olhares na Escola - Parte III - Desejo Quebrado - Prólogo: Leandro Henrique

Prólogo: Leandro Henrique

 

Setembro de 2018.

A noite tinha tudo para ser uma das mais frias do ano, mas não para mim, não naquele momento com o calor humano.

Um rapaz alto, de olhar penetrante e pele negra beijava minhas costas e tentava me deixar excitado ao mesmo tempo em que eu bufava pela raiva que eu ainda sentia de meu irmão Guilherme, que estava diferente desde nossa última viagem a Caldas Novas, lugar onde ele conheceu, convenientemente, um garoto chamado Leandro.

— Tá gostando? — disse o rapaz numa voz sedutora e sussurrante. Revirei os olhos.

— Cala a boca e continua! — a verdade é que eu só estava fazendo aquilo, na tentativa de saciar o desejo de vingança que crescia em meu coração, afinal de contas, Guilherme não tinha o direito de se envolver com outra pessoa!

Nem sempre eu enxergava desse modo, mas, às vezes, eu pensava que me vingar de meu irmão transando com qualquer pessoa era errado… mas em outras vezes eu sentia que era exatamente o que eu precisava.

Como na vez em que discutimos e ele gritou um “vai se foder” pela primeira vez para mim. Eu tinha apenas treze anos, mas não esperava que ele fosse me tratar daquela maneira, não quando eu tinha passado minha vida inteira o idolatrando.

Me foder foi exatamente o que eu fiz algumas horas mais tarde, com meu tio, que era um viciado que não tinha ideia nem de quem era. Deixei que ele fizesse o que bem queria comigo e depois, quando já estava arrependido, me fiz de vítima e fiz com que meus pais o denunciassem e assim, ele foi preso por estuprar uma criança, consequentemente, consegui toda a atenção do meu irmão de volta, que passou a cuidar de mim como se eu fosse alguém frágil e delicado. De certa forma, era assim que eu me sentia perto dele.

— Acho que gozei. — disse o moreno interrompendo meus pensamentos.

— Não era pra você ter gozado tão rápido! – falei sem olhar pra ele — Qual o seu nome mesmo?

— Ivan e o seu? Podíamos nos ver mais vezes e…

— Olha aqui Ivan, você é péssimo, sabia? Foi só sexo, nada mais do que isso. Agora vaza daqui, por favor!

— Tá bom, mas… eu não ganho nem um beijo de despedida?

— Eu não beijo. Vai embora!

— Você é tão bonito, mas não vale nada. — ele disse isso enquanto se vestia.

Ivan foi embora sem dizer mais nada e me deixou ali, sozinho com meus pensamentos e a sensação de insatisfação.

Guilherme era meu irmão adotivo. Veio para nossa família quando ainda era muito criança.

Mesmo eu tendo pouca idade, eu já era bem entendido das coisas e não fui muito difícil me aproveitar de meu irmãozinho indefeso durante as noites em que dormimos juntos.

O tempo foi passando e Guilherme ficava cada vez mais másculo, mais bonito… era um moreno, alto e forte de causar inveja. Eu, por outro lado, era muito semelhante ao meu pai. Branquelo, olhos verdes e cabelos loiros, com um corpo torneado e que chamava a atenção de meninos e meninas de todas as idades. Resumidamente, eu era bem padrãozinho e suficientemente gay convicto. Ele sempre me via como seu irmãozinho, mesmo eu sendo dois anos mais velho.

Na adolescência, eu já sabia que estava apaixonado por ele, mas também, como eu poderia não me apaixonar pelo cara que sempre me defendia e me protegia de tudo e todos? Éramos melhores amigos um do outro e nada poderia nos separar. Isso me enchia de esperanças para que um dia ele percebesse que eu poderia fazê-lo feliz.

 

Embora eu amasse Guilherme acima de mim mesmo, meus pais sempre me irritavam por terem o mesmo sentimento, já que, desde a chegada dele, eu tinha a sensação de que eles tinham passado a me amar menos, mas isso nunca me incomodou muito, não até aquela maldita viagem a Caldas Novas.

Pela primeira vez me vi de escanteio quando meu irmão salvou um garoto tonto da piscina, mas não era qualquer garoto, era Leandro, coincidentemente o mesmo Leandro com quem eu conversava pelo MSN e eu só soube disso porque ele mesmo me contou e eu tive que fingir não saber de nada.

Entretanto, algo a mais aconteceu durante aquela viagem, algo que eu não tinha ideia do que era, mas sabia que havia mudado meu irmão, pois quando chegamos de viagem, ele parecia estar em transe. Ele estava fora de si.

— O que houve? — perguntei sentando ao seu lado — Você tá estranho.

— Sabe, Henri, eu conheci alguém. — fiquei sem graça quando ele disse isso.

— Como assim? Tá me dizendo que se apaixonou por alguém, é? — falei cruzando os braços.

— Ora, não seja ciumento, você vai ser sempre o meu irmão do peito e isso ninguém vai mudar. — Eu queria ser mais que isso. Pensei. — Mas, falando sério, eu conheci um homem que disse que eu estava marcado.

— Marcado?

— Eu não sei bem o que significa, mas sei que foi estranho. Depois ele me falou sobre a MLC e sobre os planos da Ordem.

— Quanta bobagem! Bom, eu vou arrumar minhas coisas e dormir. Amanhã tenho muita coisa pra fazer. Boa noite!

 

Os meses foram passando e já estávamos em dezembro daquele ano.

 

Inquieto, liguei a TV. Um homem chamado Zenno fazia promessas de controlar o caos que começava a se instaurar entre vários países. Nada daquilo me interessava, apenas meu irmão, que estava evidentemente estranho e eu torcia para que isso passasse logo.

Depois de trocar de canal umas vinte vezes, fui até o quarto de Gui e bati à porta. Ele estava deitado, com os olhos distantes.

— O que você quer Leandro Henrique? — disse deitando de costas para mim.

Me aproximei e sentei cautelosamente.

— Já fazem quase três meses! O que aconteceu em Caldas Novas que te fez mudar tanto? Está me escondendo algo? — me calei por um instante, pensando se deveria prosseguir ou não com aquele assunto — Tem alguma coisa a ver com aquele garoto que você conheceu? O tal de Leandro?

— Não seja retardado! Vai embora e me deixa em paz!

— Só vou quando você me disser o que aconteceu pra te transformar nessa pessoa tão… vazia!

Guilherme virou-se de frente para mim, entre suspiros, e depois de pensar um pouco, sentou-se me encarando.

— Eu quero que você saia da minha frente Leandro Henrique! — disse aos gritos enquanto me empurrava.

— Você não pode fazer isso comigo. Sou seu irmão e…

— Não somos irmãos de verdade! Você mais do que ninguém deveria lembrar disso! — quando ele disse isso, perdi as palavras e decidi deixa-lo sozinho.

 

Os meses foram passando e Guilherme e eu havíamos nos tornado dois estranhos em casa. Ele já não se comunicava e estava cada vez mais distante de todos, exceto, talvez, de um novo amigo que o visitava às vezes. Seu nome era Erast. Eles pareciam compartilhar muitos segredos entre si e sempre disfarçavam quando eu me aproximava.

 

No último trimestre de 2009, Guilherme surpreendeu a todos ao dizer que estava indo embora de casa. Ele não disse pra onde e nem com quem, apenas que precisava ir. A contragosto, nossos mais concordaram.

Meses mais tarde eu receberia a notícia que mudaria o meu destino para sempre.

Era uma ligação do Hospital de Braga, informando que meu irmão estava morto e que meu número estava registrado em uma caderneta que ele carregava.

Nossos pais, claro, ficaram em estado de choque, mas eu não pude deixar de controlar a fúria crescente dentro de mim e o desejo de entender o que havia acontecido e porque tudo parecia levar até o tal de Leandro que residia na mesma cidade, Leandro este que eu bem conhecia… era meu amigo virtual com quem eu mantinha contato desde o dia em que o adicionei ao MSN a pedido de minha prima Ana Clara, que tentava descobrir a todo custo se ele gostava dela ou não.

O mundo definitivamente parecia menor do que eu poderia esperar.

 

Cheguei em Braga e fui direto ao hospital reconhecer o corpo de meu irmão. Papai estava comigo, tão aflito quanto mamãe, que havia ficado no hotel.

De repente, um garoto distraído se esbarrou em mim e eu imediatamente o reconheci. Não pude deixar de sorrir diante daquela ironia do destino.

— Me desculpa. Eu não tava prestando atenção… eu… eu acabei de perder meu pai. — olhei para ele. Parecia tão jovem e tão triste. Quase senti o desejo de consolá-lo, mas a raiva por ele ser, possivelmente o principal responsável me consumiu. Respirei fundo antes de responder.

— Oh, eu sinto muito, de verdade. Eu sei exatamente como é perder alguém amado.

— Sabe? Você perdeu alguém também?

— Perdi. Por isso vim a Braga, para tentar recomeçar.

— Eu não estou entendendo.

— Acho que algumas coisas não precisam ser entendidas, de qualquer forma, tenho certeza que nos encontraremos de novo. — falei passando a mão carinhosamente em seu rosto e enxugando uma de suas lágrimas. Ele me olhava sem entender meu gesto.

— Bom, ham… Então tchau. A propósito, me chamo Leandro.

— Leandro? Interessante… — falei sem conseguir conter um sorriso cínico.

— O que é tão interessante? — ele parecia mais confuso ainda.

— Eu também me chamo Leandro… Leandro Henrique. — quando eu disse isso, seu rosto pareceu se iluminar por um instante. Ele parecia querer dizer alguma coisa, mas as palavras não saíam, seu olhar, entretanto, me observavam com curiosidade em identificar cada parte minha a fim de parecer familiar.

— Le…Leandro Henrique? — disse ele finalmente.

— Mas pode me chamar de Henri. — respondi num tom mais manso e amigável.

Sem dizer nada, Leandro, completamente atordoado, acenou com a cabeça e foi embora. Não insisti em falar com ele naquele momento. Outras oportunidades surgiriam.


Notas Finais




Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...