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História Olhares na Escola - Parte III - Desejo Quebrado - Passado


Escrita por: WilkensOficial

Notas do Autor


A trama de Marta e Darius é conectada diretamente a outra história: LAÇOS. Deixarei o link nas notas finais.

Espero que gostem.

Boa Leitura.


<3

Capítulo 19 - Passado


Fanfic / Fanfiction Olhares na Escola - Parte III - Desejo Quebrado - Passado

Capítulo Dezenove — Passado
— Marta —

 

“BABILÔNIA EM: A NOITE DOS ARRASOS”

 

Era o que estava escrito em um letreiro multicolorido com luzes tão fortes que quase me cegavam.

— Que lugar é esse? — perguntei enquanto saía do carro e puxava meu vestido pra baixo a fim de cobrir minhas pernas ao máximo, o que era obviamente, impossível.

— Uma boate, é claro. — disse Martha com um sorriso natural ao mesmo tempo em que remexia o corpo no ritmo do som de um carro parado do outro lado da rua.

— Eu gostei. Deve estar cheio de gostosas esperando por um garanhão. — disse Darius estufando o peito e passando a mão no cabelo a fim de jogar charme para duas garotas que passavam e fingiam não vê-lo.

— Marthe, eu tendendo que suas intenções são as melhores, mas será que esse é o lugar certo pra uma mulher de quarenta e sete anos como eu? Acho que não me encaixo aqui. — falei tentando me esconder atrás dela ao ver que quase todos ali tinham pelo menos metade da minha idade.

— Não seja boba! Cadê sua autoestima? Quantas vezes vou precisar dizer que você é uma mulher deslumbrante? Você é uma sobrevivente e isso já te tora mais forte do que possa imaginar. — quando ouvi aquelas palavras, quase lacrimejei.

De alguma forma, Martha sempre foi mais do que a vizinha enxerida. Ela sempre estava disponível para me colocar para cima e parecia sempre cheia de vontade em me ajudar nas pequenas coisas, até mesmo nas que eu não precisava. Era como se eu tivesse um anjo da guarda ao meu lado.

Respirei fundo e dei o primeiro passo. Martha e Darius vieram ao meu lado. Estavam tão empolgados quanto eu.

A sensação que eu tinha naquele momento era de que todos me olhavam, mas, inexplicavelmente, aquilo me fez sentir poderosa, como se eu realmente fosse a mulher extraordinária que Martha tanto me falava.

— Boa noite. Bem-vindos à Noite dos Arrasos. Espero que se divirtam! — disse uma mocinha na bilheteria. Ela tinha um olhar meigo e sereno, transmitindo gentileza de graça, o que era bem raro.

 

Entramos na Boate Babilônia e a primeira coisa que vimos foram duas garotas aos beijos próximas a uma parede de espelhos. Era quase como se uma tentasse devorar a outra.

— Isso por acaso é uma boate gay? — Darius não parecia chocado, muito pelo contrário. Ele estava animado ao extremo. Percebi que aquilo não lhe incomodava nem um pouco, também, com a vida livre que ele levava, era mais do que normal ele levar tudo com naturalidade, não que eu suspeitasse de sua sexualidade nem nada, só que sua mente era aberta e livre de qualquer manipulação.

— Eu costumo chamar de “Lugar de Liberdade”. É onde todos podem ser o que quiserem sem serem julgados. Podem beijar, dançar… só tem que respeitar. E acreditem, tem muito hétero que vem aqui.

— Eu não sabia que você frequentava boates! — exclamei.

— Eu não frequento, mas li a respeito desse lugar quando inaugurou. Fazia um tempo que eu queria conhecer e, bom, cá estamos nós!

Martha começou a jogar o cabelo e a me sacudir pelos ombros enquanto nos misturávamos na massa de pessoas que se sacudia e gritava ao som da música eletrônica.

Eu não tinha muita habilidade em dançar, mas fiz o possível. Darius, por sua vez, estava paquerando sem sucesso, já que quase todas as mulheres ali eram lésbicas ou estavam acompanhadas por seus companheiros.

Ele se aproximou de nós, com uma cara emburrada e então se apoiou em nossos ombros.

— Não dá! Eu não consigo! — disse arfando — Parece que as mulheres aqui tem um bloqueio contra meu charme!

—Não seja tapado! Você precisa observar o ambiente… veja só… — Martha olhava ao redor e fazia Darius acompanha-la — Aqui tem todo tipo de mulher, você só precisa identificar a certa.

— Que tal aquela? — disse Darius apontando para uma garota negra sentada no bar sozinha, segurando uma latinha de cerveja.

— Lésbica. Provavelmente esperando a namorada. — não demorou muito e uma pessoa mais forte de cabelos curtos e postura curvada a abraçou por trás e a tirou para dançar — Não falei?

— E que tal uma daquelas? — agora ele aprontava para três garotas que dançavam e sorriam entre si, olhando para alguns caras e mordendo os lábios enquanto dançavam.

— Garotas de programa. São chave de cadeira. Olha, Darius, o que você procura é alguém como… aquela ali! — Martha apontou para uma moça alta e magra. Seus cabelos eram avermelhados e curtos. Ela usava um vestido escuro e rodado. Estava acompanhada por um garoto que deveria ter a mesma idade de Leandro. Era um garoto afeminado que gesticulava a cada palavra proferida — Ela com certeza é solteira, hétero e está acompanhada por seu melhor amigo gay.

— Meu Deus! — Darius arregalou os olhos para Martha — Você é bruxa ou o quê? Como sabe de tudo isso? Se continuar assim eu me apaixono por você, eu juro! — disse ele já tentando tocá-la pela cintura, mas ela logo se afastou com uma careta.

— Isso se chama observar. Deveria tentar de vez em quando, garanhão.

Darius sorriu, perplexo, mas poucos segundos depois se recompôs e foi ao ataque, nos deixando sozinhas.

— Amiga, você também precisa de um homem. Pode ser bi, não pode?

— Martha eu não preciso disso. Porque não procura você?

— Eu sou casada. Mesmo eu tendo esse jeito “alegre”, meu marido confia cegamente em mim e eu o amo. — disse desmunhecando os punhos — A minha missão é garantir que você tenha uma vida segura e feliz, longe de tudo o que venha te afligir.

— Como assim? O que quer dizer com isso?

— É só modo de falar, boba! Vem, vamos beber alguma coisa!

 

Fomos para um dos bares e começamos a beber alguns drinks. Como eu não tinha o costume, logo me senti tonta, mas não o suficiente para perder a lucidez.

E foi altas horas da madrugada que vi um homem de terno preto chegar e a multidão quase abrir caminho para ele passar.

Ele aparentava ter uns quarenta e cinco anos mais ou menos, olhar profundo, postura ereta e firme. Seus cabelos grisalhos lhe deixavam extremamente charmoso e seu terno fazia sua pele branca se destacar entre a multidão.

Me senti paralisada quando de repente, ele veio em minha direção, ignorando todos os que tentavam ter sua atenção.

Olhei para longe e vi Darius levando um tapa de uma garota e mais adiante, Martha dançava com uma mulher tão elegante quanto ela. Percebi que eu estava sozinha sabe Deus há quanto tempo.

Meu desespero aumento quando ele parou a poucos metros de mim e então sentou-se ao meu lado, pedindo uma bebia em seguida e olhando na minha direção com um sorriso pequeno, mas muito belo.

Olhei para os lados e para trás. Eu queria ter certeza de que ele estava sorrindo para mim. Me senti uma idiota agindo daquela maneira, aposto que ele pesava a mesma coisa. Seria só uma questão de tempo até ele perceber que eu era uma grande perda de tempo.

 

Permanecemos naquela troca de olhares por algum tempo, até que de repente ele levantou e veio me cumprimentar.

— O que uma mulher tão bela faz sozinha num lugar como esse? Onde estão seu parceiro ou parceira? — um sorriso tímido escapou.

— Eu não tenho acompanhante, mas tenho amigos. Eles estão… ham… por aí. Dançando.

— E porque não fazemos o mesmo? — disse estendendo a mão pra mim — A propósito, me chamo Lindomar.

— Eu sou Marta.

Deixei que ele me conduzisse até o meio do salão e iniciasse a dança.

Comecei a dançar e a observá-lo. Naquele momento, tive a sensação de já conhecê-lo de algum lugar.

O tempo foi passando Lindomar não deixava meu copo ficar vazio em nenhum momento, até que houve o ponto em que mal pude me sustentar de pé.

Ele então me agarrou em seus braços e me pressionou contra seu corpo. Eu tentava lutar, mas ele era mais forte e poderia fazer qualquer coisa comigo.

Embora eu estivesse fraca, minha mente estava lúcida e eu começava a pensar que talvez eu estivesse sob o efeito de algum tipo de droga.

— Sabe de uma coisa, Marta… você não mudou nada! — disse Lindomar em meu ouvido ao me jogar contra a parede e morder meu pescoço — Você continua sendo uma mulher fácil de ser dominada. Onde está o garoto?

— Quem é você?

— Você não lembra do homem que lhe ajudou com o milagre da maternidade? Talvez mencionar o Projeto RMH31 lhe ajude.

— O que… você… quer comigo?

— Com você, nada! Eu quero o garoto! Onde está seu filho?

— Meu filho? Porque…

Antes que eu conseguisse terminar de falar, alguém afastou Lindomar de mim e lhe deu um soco.

Darius avançava sobre Lindomar que havia sido pego de surpresa e agora tinha sangue escorrendo pelo nariz.

Martha corria em minha direção e se certificava de que eu estava bem.

— O que aquele homem queria? O que ele disse a você?

— Ele veio do meu passado à procura do Leandro. — os olhos de Martha se arregalaram em minha direção, não com surpresa, mas medo do que poderia estar por vir.

 

Depois disso, tudo aconteceu de forma rápida e turva.

Lembro de ver Martha brigando para não deixarem Lindomar escapar, mas ele conseguiu fugir com a ajuda dos seguranças que surgiram para apartar a briga, quer dizer, eram seguranças que pareciam estar ali para ajuda-lo.

Martha fazia ligações, aflita enquanto Darius me carregava até o carro.

A última coisa que lembro antes de adormecer, é de Martha mencionar um nome durante a ligação: Leonor Kirkia.

 

 

Acordei com minha cabeça girando.

Ainda era madrugada. Darius estava deitado ao meu lado e mesmo não vendo Martha, eu tinha certeza de que ela estava por perto.

— Cadê… Leandro? — falei com esforço. Darius girou seu corpo e me abraçou — Iziel Vaneli… me… encontrou.

— Não tenha medo Marta. Vai ficar tudo bem. Leandro está acampando com seus amigos em segurança. Logo estará em casa. Tente descansar.

Me abracei ao seu corpo quente e pela primeira vez em muito tempo, cheiroso. Quase senti que éramos jovens e apaixonados como fomos um dia, antes de tudo desabar e nossas vidas se separarem.


Notas Finais


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