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História Olhos Coloridos - Padrinhos


Escrita por: Briden

Notas do Autor


Boa noite, como estão?
Desculpem a demora, hoje tive tantas coisas para resolver que só consegui parar agora. Quero também me desculpar pelo capítulo passado, o mesmo foi postado só a metade, mas já arrumei. Quem não leu o restante pode ir lá e terminar.

Obrigada a todos. Adoro cada comentário que recebo. Fico muito feliz em saber que estão gostando.

Boa leitura.

Capítulo 18 - Padrinhos


O silêncio predomina o apartamento de Henrique. O mesmo se encontra deitado no sofá da sala, olhando para o teto.

O moreno suspira frustrado, já não aguenta mais o silêncio agonizante que seu apartamento faz, mas sabe que isso é sua culpa.

Hoje faz três dias que não fala e nem vê a noviça — mesmo morando com ela — já passa do meio-dia e a noviça não saiu do quarto.

Sexta-feira de manhã o moreno tentou falar com a noviça, mas a mesma ainda estava dormindo — encolhida na cama e ainda estava com as vestes — e de noite quando chegou a noviça estava trancada. Resolveu deixá-la em paz.

No sábado de manhã não acordou com o cheiro do café que a noviça sempre faz e estranhou. O moreno passou o sábado todo trabalhando no escritório do apartamento, mas vez ou outra se pegava pensando na noviça.

Henrique sabia que havia errado em ter gritado e ameaçado a noviça, mas não sabe explicar o porquê de ter ficado tão possesso quando a viu arrumada — no fundo ele sabe o porquê, mas não quer admitir — o moreno já não sabe mais que fazer.

O barulho de passos ecoando pelo apartamento, desperta Henrique de seus pensamentos. O mesmo levanta e se depara com a noviça, mas fica confuso em ver a mesma usando o habito e com uma mala na mão.Nesse momento tudo para e o moreno sente o ar fugir de seus pulmões.

Ele havia ameaçado a noviça, mas foi tudo da boca para fora. O moreno não quer perde-la, não quer que ela passe sua vida como um borrão ou uma lembrança vazia. Ele deseja que ela esteja na sua vida em todos os momentos, bons e ruins, alegres e tristes, que o ajude a ser o Henrique antes da morte dos pais. Mas isso é impossível e ele sabe disso.

Vendo que o moreno não vai fazer nada e nem dizer nada, a noviça se aproxima do mesmo — parando poucos passos a frente dele — põe a mala no chão e toma uma lufada de ar procurando coragem para falar.

— Eu quero lhe agradecer por me receber em sua casa e na sua vida. — Diz ao desviar o olhar, não consegue encara-lo. — Eu vou voltar para o convento, hoje mesmo.

O moreno leva a mão até o queixo da noviça e a faz olhar em seus olhos — as orbes castanhas lhe passam tanta tranquilidade e conforto que ele não consegue explicar — a outra mão ele leva até o véu e o puxa com cuidado, revelando os longos fios castanhos da noviça. Christine nada diz, apenas deixa que Henrique a guie.

— Prefiro você sem esse véu. — Joga o mesmo no chão. — Não quero que você vá. Preciso que fique aqui comigo.

As palavras acertam em cheio o coração da noviça. Sempre desejou ouvir tais palavras vindo dele e ouvi-las trouxe ainda mais esperança para o seu coração.

Henrique leva a outra mão até a face da noviça. Aproxima ainda mais da mesma — deixando seus corpos quase colados.

— Eu também preciso de você. — A noviça põe ambas as mãos no peito desnudo do moreno. — Mas não posso ficar.

— Fica aqui comigo. Por mim. — Coloca a mecha que acabará de cair atrás da orelha dela. — Fica comigo, por favor.

Um sorriso esperançoso e cheio de vida brota nos lábios da noviça. Seus olhos brilham intensamente.

Henrique acaricia os lábios da noviça com o polegar e aproxima ainda mais — ficando bem próximo dos lábios dela — ela fecha os olhos, por instinto. O moreno sorri ao senti-la tão entregue.

— HENRY. — Sophie adentra o apartamento gritando e acaba assustando o casal. O moreno se afasta da noviça, fazendo-a cair sentada em cima da mesa. — Ops! Acho que interrompi algo.

— Sophie já disse para não fazer isso. — O moreno a fuzila. — E não atrapalhou nada.

Achando que nenhum dos dois vai notar sua ausência a noviça recolhe o véu e pega a mala e caminha rumo ao quarto, mas é impedida de prosseguir ao ter o braço segurado pelo o moreno.

— Aonde vai? — A trás para perto de si.

— Para o quarto, guardar minhas coisas e tirar essa roupa. — Diz sem desviar o olhar.

Sophie observa a cena com um sorriso nos lábios — na visão da morena eles formam um lindo casal — agora ela sabe que a noviça havia chegado para trazer o Henrique de volta.

— São tão fofos juntos. — Samuel surge de repente na porta, cortando o clima. — Chris, você é um anjo.

Ganha um olhar ciumento do amigo e um olhar raivoso da noiva, mas o louro não liga, apenas sorri e adentra o apartamento. Senta no sofá, enquanto os três o observa.

— Vão ficar parados ai? — Direciona a pergunta aos três.

Henrique solta o braço da noviça e a mesma caminha para o seu quarto, sem dizer nenhuma palavra. Ele faz menção de ir atrás dela, mas a morena passa por ele e vai atrás da noviça. Vendo que a amiga não vai deixar ele entrar no quarto da noviça, ele senta ao lado do amigo.

— O que foi aquilo? — O louro pergunta sem rodeios.

— Nada, só estávamos conversando. — Respira fundo se sentindo frustrado. — Eu gosto dela.

— Isso não é novidade, Henry. — O louro olha para o amigo. — E o que está lhe impedindo de dizer que está apaixonado por ela?

— Eu não estou apaixonado por ela. — Levanta do sofá e segue para o escritório. — Só gosto da companhia dela.

— Está mentindo e sabe disso. — Levanta também e vai atrás do amigo. — Dá para ver que é bem mais que um gostar.

— Não vou perder ela também. — Entra no escritório sendo seguido pelo louro. — Não quero que ela morra como os meus pais.

Samuel pega uma garrafa de Whisky e dois copos, despeja um pouco do liquido em ambos os copos e oferece um ao moreno, que pega de imediato. 

O louro sabe que terá uma longa conversa com o amigo.

Sophie apenas observa a noviça — as duas não falaram nada desde que chegaram — analisa cada traço e gesto da mesma. Sem saber quando e nem como a morena havia começado a gostar da noviça, percebeu que a mesma não é uma farsa.

Christine se sente desconfortável ao ser observada pelas orbes âmbar — já tinha notado que a morena tinha mudado a forma de lhe tratar, mas o medo é algo que nunca a abandona. Ela levanta da cama e vai para o pequeno closet.

— Por que não conta logo ao Henry quem você é? — A moreno solta de repente fazendo Christine olhar para si. — Samuel e eu sabemos que você é a amiga que o Henry tinha quando pequeno.

Christine recua os passos e volta a sentar — se ela sabe, ele também sabe? — Pensa confusa.

— Ele não sabe e acho que nem desconfia. — A morena responde ao notar a cara confusa e assustada da noviça. — Henrique deletou tudo que se refere aos pais. — Levanta da poltrona e vai até a noviça, sentando do lado da mesma. — Lembrar dos momentos felizes que ele teve com os pais, dói muito. Então ele apenas trancou tudo isso.

— Entendo. — Abaixa a cabeça tentando esconder as lágrimas que caem.

— Devia contar para ele. — Segura o queixo da noviça e levanta a face da mesma. — Dizer a verdade e o que sente. — Limpa as lágrimas que escorre pela face dela. — Ele é mais que um amigo para você, não é?

— Sim. — Confessa sem exitar. — Ele me salvou e cuidou de mim.

— Agora é sua vez de salvar e cuidar dele. — Pega ambas as mãos da noviça. — Ele precisa de você e você precisa dele.

— Mas não posso. — Abaixa a cabeça ao se lembrar que a algo que os separa. — Eu sou uma noviça.

— Desista dessa ideia. — Aperta levemente as mãos da noviça tentando lhe passar um pouco de coragem. — Você é feliz com essa decisão?

— Não, mas a madre está lá e eu só tenho ela. — Confessa com pesar, pois ela sabe que o único motivo de ter entrado no convento era por causa da Evangeline. — Foi a única pessoa que nunca me abandonou.

— Você e o Henry tem aprender a esquecer o passado. — Sorri sem humor ao notar o que acabará de dizer. — Eu sei que não sou a melhor pessoa para dizer isso, mas estou tentando deixar o passado para trás.

Christine desvencilha das mãos da morena e a abraça, deixando as lágrimas caírem. A morena consola, pois sabe como é doloroso viver com lembranças que não passam apenas de lembranças e que nunca voltaram a acontecer.

— Vamos ao shopping. — Desfaz o abraço e levanta. — Eu preciso comprar um vestido novo e você precisa se distrair. Topa?

— Sim. — Limpa a face e abre um sorriso miúdo. — Eu só vou me trocar.

— Nós bem que podíamos comprar roupas novas para você. — Passa os olhos pelas peças no closet da noviça. — Você só tem roupa de beata.

— Foi o Henrique que escolheu. — Pega um vestido azul bebê e coloca em cima da cama. — Gosto das roupas que ele escolheu.

— Por que será? — Sophie revira os olhos. — Você tem um corpo tão lindo, devia usar roupas mais adequadas para a sua silhueta.

Christine apenas dá de ombros, ela entende o que a morena está dizendo, mas ela sempre se vestiu com roupas que cobre a maior parte do seu corpo, roupas que não são justas demais e nem folgadas demais.

— Como foi lá no teatro com o Thomas? — Volta a se sentar enquanto observa a noviça mudar de roupa. — Gostou do concerto?

— Eu não fui. — Ela não se incomoda em se trocar na frente da morena, afinal boa parte de sua vida ela conviveu apenas com garotas. — O Henrique me proibiu de ver o Thomas e disse que me mandaria de volta para o convento se continuasse a amizade com o Thomas.

— É ciúmes. — A morena sorri ao ver a cara de surpresa da noviça. — Pelas minhas contas você ainda tem muito tempo até fazer seus votos permanente, então irei fazer você e o idiota do Henry ficar juntos.

Sem saber o que dizer Christine volta a se arrumar — havia gostado da ideia, mas tem medo do moreno não gostar dela da mesma forma que ela gosta dele. Mesmo não querendo a chama de esperança em seu coração torna a ficar maior.

 

                                                 ☩

 

O sol já se pôs a algum tempo e as duas acabam de chegar no prédio onde Henrique mora. Os planos da morena era apenas ir no shopping e comprar o que precisava, mas fazia tempo que a mesma não saia com alguma pessoa além do noivo e resolveu prolongar o passeio.

Sophie levou Christine a algumas lojas de roupas para a mesma escolher algo mais adequado, porém a morena percebeu que a noviça é recatada demais e acabou escolhendo as roupas para a noviça. Depois foram a um salão de beleza, mas a noviça não deixou ninguém tocar em seus fios castanhos — não por causa do convento, mas por um motivo pessoal delicado — por fim a morena percebeu que ela só vai mudar se deixar o convento.

Passaram a tarde como duas amigas, conversaram, riram, comeram algo e até foram paqueradas — algo que deixou a noviça desconfortável — a tarde juntas acabaram aproximando elas um pouco mais.

Christine descobriu que a morena é médica fisioterapeuta e que adora o que faz, Sophie também contou o motivo da escolha da profissão. Aos poucos a noviça está conquistando a confiança e a afeição da morena.

O elevador para e ambas saem do mesmo. Caminham rumo ao apartamento do moreno. A noviça abre a porta, a morena entra primeiro e ela em seguida.

Estranham o silêncio no ambiente. A morena coloca as sacolas em cima do sofá e a noviça faz o mesmo.

— Sam? Henry? — A morena os chama. — Será que saíram?

— Não sei. — Christine senta ao lado da morena. — Minhas pernas doem.

— Nem andamos muito. — Dá um tapa leve no braço da noviça. — Para de ser mole.

— Andamos sim. — Suspira cansada. — Pode me tirar uma dúvida?

— Quantas você quiser. — Deita no sofá e põe a cabeça no colo da noviça. — O que quer saber?

— O Henrique tem alguma namorada? — Pergunta meio receosa.

A porta é aberta, fazendo as duas olharem para ver quem é. Samuel entra primeiro, trazendo duas malas e logo atrás vem Henrique no meio de um homem e uma mulher.

A mulher tem 47 anos, estatura mediana, cabelos longos louros e olhos castanhos-claros, seios e bunda grandes. O homem tem 49 anos, alto, cabelos castanhos escuro e  olhos azuis. Ainda possuí um corpo definido, por conta dos exercícios que prática diariamente.

Ao ver o casal Sophie levanta e corre até eles, empurrando Henrique e os abraçando.

— Oi Sophie. — O casal cumprimenta em uníssono. — Está ainda mais linda. — A loura acaricia os fios da morena.

— Obrigada. — Desfaz o abraço e se afasta deles. — Não sabia que viram nos visitar.

— Estamos só de passagem. — A loura caminha até o sofá e para ao ver Christine. — Oi mocinha.

Christine levanta de supetão, ficando frente a frente com a loura. O mais velho aproxima da esposa, analisando a noviça.

— Que gata. — Mal acaba de dizer e leva uma cotovelada da esposa bem na boca do estômago. — Só foi um elogio.

— Te conheço, velho tarado. — Deixa o esposo de lado e volta a sua atenção para a noviça. — E você é quem?

— Madrinha. Padrinho. — Henrique surge ao lado de Christine. — Essa aqui é a Christine uma amiga. Chris, esses são Simon e Elizabeth, meus padrinhos.

— É um prazer conhecê-los. — A noviça estende a mão para o casal.

— O prazer é meu. — Simon pega a mão da noviça e deposita um beijo na mesma.

— Nosso. — Puxa o esposo pela gola e o afasta da noviça. — Não ligue para ele.

— Sentem-se. — Sophie coloca as sacolas no chão, dando mais espaço no sofá. — Devem estar cansados.

— Estamos. — Simon senta e puxa a esposa, colocando-a sentada do seu lado. — Mas vale a pena.

Henrique senta ao lado da madrinha trazendo a noviça junto. Samuel senta na poltrona e Sophie em seu colo.

— Estávamos com saudade desse cabeça de vento e resolvemos passar para ver como ele está. — Puxa o moreno dando um abraço de lado. — E como estão?

— Estamos bem. — O moreno tenta se soltar, mas a madrinha o aperta ainda mais. — Já pode me soltar, agora.

O louro ri da careta de desgosto do amigo. O moreno percebe e mostra o dedo para o louro.

— Que coisa feia, Henry. — Ralha a mais velha. — Não te educamos assim.

— O padrinho sim. — Finalmente consegue se livrar do aperto da madrinha. — Ele me ensinou todos os palavrões.

A loura dá um tapa na cabeça do esposo, arrancando gargalhadas dos outros, menos da noviça.

O ambiente familiar, descontraído e cheio de risos deixa a noviça desconfortável, mas feliz pelo moreno, por ele ter pessoas que o ama.

Christine se assusta ao ser puxada pelos ombros, ao olhar para a pessoa, ela vê que se trata da madrinha do moreno. Sorri constrangida.

— Está tudo bem, querida? — A loura sorri sincera.

— Estou senhora. — Sente as bochechas esquentarem.

— Então? Você aceita ir jantar com a gente? — Christine acena que sim. — Então vamos logo, estou morta de fome.

— Esfomeada. — Simon levanta e puxa o afilhado. — Vamos logo, antes que coma um vivo.

Os outros quatro levantam, menos Elizabeth. Simon percebe a intenção da esposa e arrasta todos para fora do apartamento, mas Henrique sente a falta da madrinha e para na porta, voltando a atenção para a loura que ainda se encontra no mesmo lugar.

— Tudo bem, madrinha? — Pergunta preocupado.

— Sim, só vou fazer uma ligação. — Mostra o celular para ele. — Já alcanço vocês.

Henrique apenas acena e sai do apartamento. A loura aperta na discagem rápida e leva o celular ao ouvido.

— Atende logo. — Levanta e caminha até o outro lado da sala, parando diante da foto dos amigos. — Não se preocupem ele não está mais sozinho. Alô. — Diz ao ouvir que não chama mais. — Não posso demorar muitos, liguei apenas para dizer que já cheguei. — Caminha em direção a saída. — Não se preocupe irei junta-los. — Ao sair percebe que eles ainda a espera em frente ao elevador. — Vou cuidar da sua menina, Eva.


Notas Finais


O que acham disso tudo? Será que o casal vai ficar junto? Que a Elizabeth vai conseguir junta-los? Digam o que acham.

Obrigada a todos.
Beijos.


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