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História Olhos de Apatita - Malfred (EM REVISÃO) - Martírio


Escrita por: miabitt

Capítulo 20 - Martírio


Fanfic / Fanfiction Olhos de Apatita - Malfred (EM REVISÃO) - Martírio

Impulso: substantivo masculino, necessidade imperiosa, muitas vezes irresistível, que leva certos indivíduos à prática de atos irrefletidos; ímpeto. O que incentiva alguém a fazer algo, estímulo, incitamento.

Ponto de Vista de José Alfredo:

As horas passam e nada de notícias, Marta está na sala de cirurgia há pelo menos cinco horas. Em um momento de desespero chamo uma enfermeira.

- Moça, eu preciso de notícias da minha esposa! Já fazem horas que ela entrou e até agora nada! - Digo e no mesmo instante vejo uma médica se aproximar.

- Familiares de Maria Marta Medeiros! - Chama a doutora para alívio meu e dos meus filhos.

- Aqui! Me diga que ela está viva! - Respondo desesperado.

- Olá, sou a Dra. Beatriz Vilela, auxiliei na cirurgia de Maria Marta. A cirurgia foi um sucesso levando em consideração o estado que ela chegou até o hospital. Está entubada, o caso ainda é muito delicado. Por pouco o projétil não atinge o coração, infelizmente a bala ficou alojada no pulmão esquerdo dela, por isso a gravidade de seu estado. - Ela explica pacientemente. - Conseguimos salvar o órgão, mas sua respiração estará comprometida por alguns dias, ou semanas. Precisamos estar atentos ao seu estado neurológico por conta da baixa oxigenação, até então ela responde a estímulos, mas possivelmente demorará a acordar.

As palavras da médica me trouxeram um misto de sensações. De um lado a alegria por ela estar viva, mas por outro a angústia de saber que seu estado é preocupante. Eu só quero ver a minha esposa e ter a certeza que ela está bem, preciso estar com ela nesse momento, Maria Marta salvou a minha vida.

- Podemos vê-la? - Pergunta Clara.

- Na ala que ela está somente um acompanhante é permitido. - Responde a doutora.

- Vamos deixar o pai ir! Ele precisa disso! - Diz Pedro.

- Eu também acho, ela iria querer o coroa lá com ela. - Completa Lucas.

- É melhor mesmo, você concorda pai? - Pergunta minha filha.

- Concordo. - Respondo com um certo medo de vê-la nessa situação.

- O senhor pode me acompanhar, o levarei lá. - Diz Beatriz.

Sinto o ar mórbido que paira nesse hospital, é terrível. Shit! Isso não deveria ter acontecido! Antes de entrar na sala, Beatriz me para e avisa.

- Bom, seu José Alfredo, antes de entrarmos quero avisá-lo que Marta está cheia de fios e tubos. Pode ser uma cena chocante para quem não está acostumado. - Ela explica. - Está preparado?

- Ok, eu entendo. Estou pronto. - Digo mas no fundo sei que é mentira minha, eu nunca estaria pronto para esse momento.

Beatriz abre a porta da sala e eu vejo minha esposa deitada na maca, cheia de fios, entubada, pálida, uma cena que acaba comigo, hell! Me aproximo dela, com receio, parece tão frágil. Toco em sua mão, está fria. Uma lágrima teimosa cai rasgando meu rosto, um sentimento angustiante me atinge, aquele tiro não me atingiu mas morro um pouco cada vez que a olho.

- Se eu falar com ela, ela escuta? - Pergunto a médica que me observa atentamente.

- Como neurologista eu diria que não, tem certos níveis de sedação que permitem que os pacientes possam escutar e até sentir o toque, mas o nível dela é um pouco elevado consequentemente as chances são poucas. Então, lhe respondo como esposa de alguém, como mãe, como filha, se eu estivesse no lugar de Marta, gostaria que alguém tentasse falar mesmo eu não escutando. - Diz a médica mostrando uma humanidade gigantesca. - Eu vou te deixar a sós com ela, me chame se precisar de algo. - Ela fala e eu concordo com a cabeça.

Observo a minha esposa e espero alguns segundos para criar coragem, é agonizante o silêncio desse lugar, não há vozes nem barulhos, apenas os sons emitidos pelas máquinas que mantém Marta estável. Respiro fundo e começo a falar com minha esposa.

Paralelo entre Maria Marta e José Alfredo:

Eu não sinto dor, mas sei quando me tocam, sei quando tem alguém por perto, eu escuto baixinho as vozes ao meu redor. Sei que passei por uma cirurgia, sei que meu estado é grave, eu simplesmente sei e sinto várias coisas. É como se minha consciência vem e vai, é como dormir, ou tentar dormir.

Escuto uma voz familiar e um toque em minha mão, é meu marido, graças a Deus! Me senti tão só, mas ele está aqui agora.

- Oi meu amor! Você pode me ouvir? - Digo esperando uma resposta de Marta que eu sei que não virá. - Eu estou aqui com você.

É tão aterrorizante não poder responder, estou presa nessa cama e tudo que posso fazer é ouvir sua voz embargada.

- Vou aproveitar que você não pode me xingar para dizer que você está gelada como um pedaço de gelo! Você é tão teimosa, Maria Marta! Por quê inventou de entrar na minha frente? Só pode estar maluca, sua quatrocentona metida a besta! - Digo tentando descontrair, ela me mataria agora mesmo se pudesse, tenho certeza.

Eu mataria ele agora mesmo se pudesse, esse cretino vai me pagar. Gelada como um diamante! Como eu queria responder, me sinto presa! Entrei na tua frente porquê te amo, é o preço que paguei, seu desgraçado!

- Sabe de uma coisa, Dona Marta? Eu te amo muito! Eu te amo mais que tudo. E eu falo essas coisas na esperança de ganhar uma risada tua, aquela risada gostosa que você dá. Eu só queria um sinal que você está me escutando. - Digo já não podendo mais conter as lágrimas. - Nossos filhos estão te esperando, que susto você nos deu. Mas vai ficar tudo bem, logo você estará boa e nós vamos comer um bom sarapatel para comemorar. Você é inabalável, meu amor. - Falo e acaricio seus cabelos, em seguida dou um beijo em sua testa.

Eu quero tanto voltar para a minha família, estou com medo, muito medo. E se eu não voltar? E se nunca mais eu conseguir sair daqui? Eu não aguento mais, Zé. Me tira daqui.

- Marta! Você está chorando! Você me escuta? Ela tá me escutando! - Comemoro ao ver uma lágrima escorrer de seu rosto. - Eu vou te tirar daqui meu amor. Mas antes você precisa ficar melhor, precisa ser forte, eu acredito em você Maria Marta Medeiros, eu sempre acreditei. Você é mais forte que todos nós, sempre foi. Não me deixa aqui sem você, eu não posso estar em um mundo sem você. Me perdoa, me perdoa por favor. - Desabafo e sinto ela apertar minha mão. Uma euforia toma conta de mim, as lágrimas não param de escorrer. Ela vai ficar bem, ela sempre fica.

Aperto a mão de meu marido, é tão bom senti-lo. Eu só quero sair daqui, é aterrorizante estar presa na minha própria mente. Eu preciso acordar, mas não consigo. Aos poucos vou perdendo o pouco de consciência que ainda me resta, é como sonhar. Vejo várias cenas, imagino várias coisas, parece que estou dormindo.

- Eu ainda vou ver esse teu sorriso de novo, Maria Marta. - Digo em seu ouvido. Ela vai voltar, nem que eu tenha que gastar tudo que tenho ou tenha que buscar qualquer médico lá no quinto dos infernos, ela vai voltar.

Ponto de Vista do Narrador:

José Alfredo fica eufórico com os reflexos de Marta, para ele é um presente saber que sua esposa o escutou. Mesmo sem falar, Marta e Zé possuem uma conexão única, quando há amor não se precisa de palavras, é como telepatia. Um sabe exatamente o que o outro precisa, José Alfredo e Maria Marta são destinados a estarem juntos, eles nasceram um para o outro.

Ainda na recepção do hospital, José Pedro recebe uma ligação da filha de Ana Helena, Maria Luísa.

Ligação:

- Malu?! - Pergunta Pedro.

- Oi Pedro! Soube o que aconteceu com sua mãe! - Diz a menina um tanto chateada. - Como ela está?

- Saiu da cirurgia faz alguns minutos, está estável. - Responde o homem.

- Eu sei que não é um bom momento, mas é que minha mãe sumiu. Por acaso ela está aí com vocês? - Pergunta a moça preocupada.

- Aqui ela não está, posso perguntar para Clara se viu Helena antes de vir para cá. - Diz Pedro.

- Ta bom, obrigada. - Responde a menina.

- A Clara me disse que Helena saiu de carro logo após o acidente. Estava bastante transtornada. - Explica Zé Pedro. - Mas não sabemos para onde ela foi.

- Ok, obrigada, Pedro. Boa sorte com sua mãe, vai ficar tudo bem! - Diz a moça que logo após desliga a ligação.

O que ninguém sabe é que a essa altura Ana Helena está rondando a cidade a procura de Ísis. A arquiteta está pronta para cometer uma tragédia com as próprias mãos. Sem escrúpulos, a dondoca não vê a hora de por as mãos na ninfeta.

Ponto de Vista de Ana Helena:

Maldita! Eu vou achar aquela garota nem que eu vá parar no fim do mundo. Essa porcaria de celular não para de tocar, deve ser aquele imprestável do meu marido, ou melhor, ex marido, em breve assinaremos o divórcio e eu estarei livre desse inferno!

Marta é uma cretina! Pra que entrar na frente daquele miserável do José Alfredo!

- Burra! É uma tola mesmo! - Esbravejo dentro do carro. - Ficou toda enciumada quando me viu com Theodora, mas é só eu virar as costas que ela quase se mata por causa do marido!

Paro o carro em uma praça, a adrenalina passou e eu só quero chorar sem que ninguém veja. Já está escuro e eu estou exausta. Para me distrair cantarolo a música que me lembra Marta.

"Vem conquistar meu mundo

Dividir o que é seu

Mil beijos de amor em muitos lençóis

Só eu e você

Linda, conte a mim teu segredo

Pro meu sonho, diga quem é você

Livre, nunca mais tenha medo

Pois quem ama, tudo pode vencer."

Espero que ela vença mais esse problema, preciso tanto de notícias daquela desgraçada. O gosto salgado das lágrimas inunda minha boca, é o sabor oposto ao beijo de Marta. A boca dela é doce, é apaixonante.

- Como pode ser tão perfeita?! - Digo em voz alta. - Por quê fez isso comigo Maria Marta?! - Reclamo em meio a lágrimas. - Se eu não tivesse ficado com Theodora naquele banheiro maldito, Marta não teria brigado com Zé, muito menos teria saído mais cedo da empresa. Eu sou uma tola!

Essa mulher me tira do sério! Ela é o meu martírio, o meu caos, eu mataria por ela. Em meio a pensamentos vingativos vejo a tela de meu celular acender, cinquenta mensagens não respondidas. Dane-se!

Eu preciso de bebida! Droga! Aonde está o meu cantil?! Eu quero um whiskey! Não demora muito e eu acho, oh céus! Está cheio. Bebo aos poucos, minha garganta arde.

É horrível estar sozinha, é horrível não saber o que fazer, morri um pouco por dentro quando vi Marta naquele estado. Eu estou perdida, eu vou matar aquela garota se eu a encontrar. Eu não consigo respirar direito, meu peito dói, que diabos eu faço agora?

Em um momento de loucura, retiro a arma que guardo em meu carro. Uma pistola calibre 32 que uso para defesa, está carregada, são tantas besteiras que passam em minha mente. Eu só quero acabar logo comigo.

Enquanto miro a pistola contra mim mesma, vejo de longe uma moça atravessando a rua próxima ao meu carro, ela praticamente corre, parece atordoada. Uma moça muito parecida com a ninfeta, espere! É ela, é Ísis. Jogo o cantil quase vazio no banco do passageiro, guardo a arma em minha cintura e ligo o carro, estou tonta, mas não bêbada. Rapidamente alcanço a menina, ela assustada me olha, fica estática, seu rosto transparece o terror. A sweet child do meu querido amigo José Alfredo está parecendo uma garotinha assustada. Desço do carro, ficando frente a frente com a mulher que quase matou a pessoa mais importante da minha vida.


- Eu não queria atirar nela! - Diz a garota antes mesmo que eu pergunte.

- Mas atirou. - Respondo a fuzilando com o olhar.

- Aquela maldita mereceu, espero que esteja morta a essa altura! - Rebate a garota me deixando ainda mais furiosa.

- Marta está bem viva, até mais do que você. - Digo sorrindo ironicamente.

- Uma pena eu não ter conseguido acabar com aquela cretina. - Diz gargalhando. - E você? O que a cadelinha da madame está fazendo aqui? Veio a minha procura? - Pergunta em tom de deboche. Mesmo assustada, a ninfeta não perde a oportunidade de me alfinetar.

- Eu vim fazer isso. - Digo e retiro a arma da minha cintura, mirando na menina. Seus olhos mostram o terror, ela fica pálida. - Achou mesmo que você era a única capaz de atirar em alguém, vadiazinha?!

O ódio corrói as minhas veias e sem pensar eu atiro. O som do disparo me deixa tonta, eu perdi o controle, e agora não sei o que fazer. Marta sempre me diz o que fazer e eu não tenho ela agora, eu estou sozinha.



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