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História Olhos de Apatita - Malfred (EM REVISÃO) - Xeque-mate


Escrita por: miabitt

Capítulo 25 - Xeque-mate


Fanfic / Fanfiction Olhos de Apatita - Malfred (EM REVISÃO) - Xeque-mate

Mãe: Aquela que gerou, deu à luz e criou um ou mais filhos. Aquela que, embora não tenha relação biológica com uma criança, a criou. Quem oferece cuidado, proteção, carinho ou assistência a quem precisa. O que há de mais importante e a partir do qual os demais se originaram.

Outono de 2015, 10 de Junho, 10 horas e 08 minutos.

Ponto de Vista de Maria Marta:

Acordo com um grande falatório no corredor do hospital, quem são os fanfarrões que estão fazendo tanto barulho? Isso é um hospital! Antes mesmo de terminar meu pensamento, ouço batidas na porta.

- Entra! - Digo esperando quem possa ser ainda atordoada por causa da gritaria.

- Cheguei! - Diz Zé Alfredo animado. - E tenho visitas! - Diz e chama minha família que estava no corredor. Não acredito que os bagunceiros eram meus filhos, que vergonha!

Nem deu tempo de recepcioná-los, meus três filhos já vieram correndo para o meu abraço, confesso que fiquei um tanto tonta pois acordei a pouco tempo e ainda estou medicada, eles já não são mais aquelas pequenas crianças que cabiam no meu colo, são três adultos que brigam para ver quem ganha um carinho meu primeiro.

- A mãe de vocês ainda está se recuperando! - Reclama Zé que está preocupado e com ciúmes ao mesmo tempo. Os três me largam imediatamente por causa da voz autoritária de meu marido.

- Tem lugar para você também, meu comendador. Não precisa ficar com ciúmes. - Digo e estendo os braços esperando um abraço dele que prontamente vem ao meu encontro, ele me abraça com delicadeza e depois me dá um selinho.

- Que nojo! Eu vou embora! - Diz Lucas fazendo cara de nojo após ver nosso beijo, ele sempre fazia isso quando era pequeno, chorava tanto quando Zé chegava perto de mim, agarrava-se em meu pescoço e não deixava o pai chegar mais perto, sempre foi ciumento!

- Pensei que nunca mais veria esse amor todo, é até estranho! - Diz Clara com um sorriso bobo nos lábios.

- Finalmente a Dona Marta fisgou o comendador, já estava ficando doido por causa do péssimo humor dele sem ela. - Confessa Zé Pedro que recebe um olhar intimidador do pai, acho que alguém falou demais.

- E que algazarra era aquela no corredor? Escutei daqui! - Pergunto.

- Era a sua filha brigando com a enfermeira! - Diz Zé olhando para Clara.

- Ela não queria nos deixar entrar! - Responde brava.

- Nunca vi a Clara tão brava, parecia que ia pular no pescoço da velha! - Debocha Lucas.

- E daí a Clara subornou a mulher! - Completa Pedro.

- Subornou? - Pergunto rindo.

- Tive que entregar meu anel de rubi para ela calar a boca! - Confessa olhando para sua mão vazia, tocando o dedo que estava o anel. - Ele foi uma fortuna, mas pelo menos conseguimos entrar!

- É bem sua filha mesmo, Maria Marta. Tá comprovado! - Zé responde incrédulo.

- Nossa filha! Na verdade mais sua do que minha já que ela só tem olhos para você. - Digo enciumada, Clara me abraça e distribui inúmeros beijos em minha bochecha.

- Eu te amo, mãe. - Tenta me convencer.

- Mais do que o seu pai? - Pergunto.

- Mais do que o enorme rubi que tinha naquele anel! - Responde dramática.

- Eu aceito sua prova de amor, era um rubi e tanto! - Digo rindo.

Entre abraços e risadas, vejo minha nora parada próxima a porta, parece receosa, um pouco tímida.

- Calem a boca! - Digo os assustando. - Deixem minha nora e meus netos me darem um abraço! - Completo e recebo um olhar tímido de Eduarda.

A menina dos cabelos avermelhados aproxima-se de mim, me dando um abraço sem jeito.

- Como você está, minha querida? - Pergunto calmamente.

- Estou bem, sogrinha. - Responde timida.

- Está tão quietinha, aconteceu algo? - Digo e vejo o semblante dela mudar, seus olhos ficaram marejados.

- Ai Dona Marta... - Diz e me abraça novamente, aos prantos. - Eu tive tanto medo de perder a senhora, eu sei que não sou a nora perfeita, mas eu te admiro muito! - Completa e sinto o tecido da minha roupa molhar por causa das lágrimas dela.

- Eu estou bem agora, meu amor. Tenho muito tempo para pegar no teu pé a partir de hoje! Seus hormônios estão a flor da pele, não é mesmo? - Respondo sorrindo e ela olha para mim.

- Eu não aguento mais! Eles estão me enlouquecendo! - Diz e aponta para a barriga.

- Ei, não fala assim dos nossos pirralhos! - Diz Lucas defendendo os gêmeos.

- Você também me deu um trabalho danado, João Lucas. - Falo relembrando a gravidez difícil que tive.

- Um trabalho para nós dois! Quase que eu mato metade dos médicos daquele maldito hospital! - Responde meu marido.

- Lucas dá trabalho desde o nascimento! - Diz Clara revirando os olhos.

- Virou complô? Eu já nasci abalando as estribeiras, eu sou um Medeiros de Mendonça e Albuquerque, é o mínimo que posso fazer! - Rebate Lucas causando a risada de todos.

- E como estão os meus netos? - Pergunto segurando a vontade de abraçar aquela barriga! Eu estou tão ansiosa pelo nascimento deles.

- Estão bem, ganhando peso e crescendo direitinho. - Explica Du, que pega uma de minhas mãos e pressiona na barriga.

- Esse é o Alfredinho! Ele fica no lado direito e é um pouquinho maior que a irmã, ele já mexe e consigo sentir seus chutinhos, mas a menina ainda está preguiçosa e não deu sinal de vida. - Ela explica e eu sinto um leve chutinho que me causa uma gargalhada imediata.

- Só podia ter o nome do Zé mesmo! Acredito que alguém está bravo aí dentro! - Digo e olho para meu marido que sorri feito um bobo. - E a menina?

- Aqui! - Ela diz e move minha mão para o lado esquerdo da barriga.

- Ei, você é a menininha da vovó, que tal mostrar para todos o quão forte é? Mostre para o bobo do seu avô que você é igual a vovó! - Eu digo baixinho próximo a barriga de minha nora. Nesse momento, eu e Eduarda sentimos um chute forte, que deixa minha nora ofegante.

- Ela mexeu, Lucas! - Vibra Du com os olhos estalados.

- Eu não acredito que ela só mexe pra coroa, isso não é justo! - Lucas faz birra, mas está extremamente feliz.

- Viu só, Zé Alfredo? Eu sou a preferida da minha neta! - Digo me vangloriando e ele revira os olhos.

Lucas aproxima-se da barriga de Du e fala:

- Você vai ficar de castigo quando sair daí, Marta! Isso não é justo com o seu pai! - Ele diz e meu coração dispara.

- Espera aí! Repete o que você disse! - Imploro.

- Eu disse que ela vai ficar de castigo! - Ele responde.

- Mas qual o nome que você disse? Como chamou ela, Lucas? - Pergunto incrédula.

- Marta! - Du e Lucas respondem juntos. - Esse é o nome que escolhemos para ela.

Meu coração inundou de tanto amor, eu não estava esperando por isso. Minha neta vai ter o meu nome! É o melhor presente que eu poderia ganhar, só posso agradecer por estar viva e ter momentos como esse, quanta felicidade estava me esperando e eu mal posso esperar para cultivar as novas memórias que virão.

- Oh, meu filho. Tu me deu tanto trabalho, mas agora está me dando a maior das alegrias. - Digo levantando-me da cama, fico um pouco tonta e meu filho me segura em seus braços, coloco as duas mãos em seu rosto e continuo a falar. - É complicado ver a minha criança virando um pai, um homem adulto que eu ja não posso mais proteger de tudo, que eu já não posso mais pegar no colo e levar comigo pra todo canto. Eu errei contigo, meu filho, mas não foi por falta de amor, foi por excesso. E eu espero ser uma boa avó para os teus filhos, já que não pude ser a mãe perfeita para você. - Digo e vejo seus olhos brilharem como antigamente, eu ainda posso ver aquele menininho risonho de anos atrás atravez dos olhos do meu filho. Ele me abraça forte, e mesmo fraca eu retribuo.

- Você foi a mãe perfeita, eu tive tanto medo de te perder coroa. - Ele responde e eu dou um tapinha em seu ombro.

- Coroa é a senhora sua avó! - Rebato sorrindo e olhando para meu filho que dá uma risada gostosa de ouvir.

- Agora eu tô com ciúmes! - Diz Clara que me abraça por trás, e eu fico presa entre meus dois filhos.

- Eu também quero! - Diz Pedro abraçando os irmãos e me dando um beijo na cabeça.

Acabei de descobrir que o melhor lugar do mundo existe, é o abraço das minhas crianças. Eu tenho meus defeitos, deixei muito a desejar na criação deles, mas não admito que pensem que não os amo, eles são as minhas preciosidades e eu faço tudo por eles.

Acham mesmo que eu só fui embora por causa da traição de José Alfredo? Talvez esse seja 20% da motivação, mas os outros 80% foi por amor aos meus filhos, por medo daquela vadia tirar o que é deles por direito. Eu criei a Apatithe pensando neles, e podem não saber mas as primeiras três linhas de jóias que lancei foram nomeadas pensando em cada um. Cada jóia vinha com a inicial JP, JL ou MC, cada um ganhou uma linha com suas pedras favoritas. JP foi criada inteiramente usando apatitas azuis e topázio, a pedra favorita de José Pedro. JL era toda em apatitas e ametistas, a favorita de João Lucas. E a MC foi toda fabricada com apatitas rosas e rubis, a predileta de Maria Clara.

Depois do melhor abraço do mundo, João Lucas me ajuda a deitar na cama novamente, fiquei meio tonta e dolorida, mas valeu a pena.

- Eu e Lucas brigamos muito para saber o nome perfeito para nossa filha, eram tantas opções, como Júlia, Estela, Sofia, Luna, Ágata! Mas nenhum ficava bom, parece que não combinava! - Du explica. - Mas depois que o sogro nos contou sobre a parada cardíaca que quase te tirou de nós, ficamos pensativos. No dia seguinte teve ultrassom e o coração da Martinha batia tão rápido e forte, assim como o seu depois que voltou! E tudo fez sentido, era para ser Marta, pois ela é forte como a avó! E agora estamos apaixonados por esse nome e pela ligação que vocês duas aparentam ter.

- No dia do ultrassom, quando a médica nos deixou escutar o coração dela, nós nos olhamos instantaneamente e dissemos "É Marta!", a médica até riu por causa da nossa reação. E agora estamos aqui, com Alfredinho e Martinha a caminho. - Completa Lucas.

- Meus amores, eu estou tão feliz de saber que terei uma neta com meu nome, as Martas são as melhores! - Digo convencida. - Vou ensinar tudo para ela, vai ser uma mini imperatriz.

- E ela vai ser linda, inteligente e uma líder nata igual a avó! - Diz Zé Alfredo tocando em meu ombro, me olhando com admiração. - Mal posso esperar para ter esses bacuris correndo pela casa.

Ponto de Vista de José Alfredo:

Ver Marta e nossos filhos naquele abraço foi a melhor coisa que já vi. Ela sempre foi uma mãe zelosa, exigente, ciumenta e amorosa, os meninos sempre foram mais próximos dela, mas Clara sempre foi grudada em mim e isso a magoava um pouco, minha esposa não tinha ciúmes de mim, ela tinha de nossa filha.

José Pedro sempre foi o menino prodígio, tinha orgulho de dizer para todos o quão bonita e inteligente era a sua mãe, todos os amigos dele queriam conhecer a famosa Maria Marta, também conhecida como "melhor mãe do mundo", ela ia em todas as reuniões e batia o pé quando Zé Pedro tinha algum problema, nosso primogênito é o maior orgulho de Marta, e eu sempre fui deixado de lado por ele. Nunca fui um pai tão presente, mas fiz o melhor que pude, mas Marta foi além de todas as expectativas, foi a melhor mãe que uma criança pode ter.

Com Maria Clara foi diferente, nossa filha do meio era mais apegada a mim, desde bebê só parava quando estava comigo e isso magoava minha esposa. Clara nunca quis ficar junto com a mãe, nem mesmo para fazer coisas de mãe e filha, ela preferia viajar comigo ou ir para a empresa. Marta tentou várias vezes fazer de nossa filha uma bonequinha como sempre sonhou, mas não teve muito êxito e isso ainda dói nela. Meu maior medo era que tivéssemos outra menina, minha esposa não suportaria a rejeição de outra filha.

E quando João Lucas chegou foi um alivio para mim, outro menino! Lucas ocupava Marta, e impedia que ela lembrasse que Clara não estava presente. Nosso caçula era grudado em minha esposa, não importa onde ela fosse, pode ter certeza que nosso menininho estaria atrás dela segurando a barra de seu vestido. Era um menino travesso, teimoso e bravo, mas era muito amororoso e tinha muita energia para fazer inúmeras coisas, corria pela casa e deixava Marta maluca! Sempre foi o mais difícil dos nossos filhos, mas minha esposa nunca desistiu dele.

Ela quase morreu no parto de Lucas, e isso a deixou insegura, seu maior medo era perder um de seus filhos ou morrer e deixá-los sem mãe. Por trás daquele jeito altivo, existe uma mulher de coração nobre, uma mulher completamente apaixonada por tudo que construiu. E é por isso que a amo tanto, Maria Marta Medeiros de Mendonça e Albuquerque me permitiu viver momentos únicos e valiosos, e eu ainda quero viver outros mil momentos ao lado dela.

Sou retirado de meus pensamentos por Clara, ela bateu em meu braço quando deitou-se ao lado da mãe na cama. Nossa filha colocou a cabeça no ombro da mãe e Marta colocou um dos braços sobre a filha, que o abraçou como uma criança medrosa.

- Passa a noite aqui comigo hoje? Eu não quero ficar sozinha! Esse hospital faz uns barulhos estranhos! - Marta pede para Clara, que confirma que ficará.

- Eu fico a semana toda, se quiser. Morri de medo de nunca mais ter a minha mãe junto comigo. - Responde Clara.

- Que milagre a Clara querer ficar com a coroa! - Diz Lucas debochando.

- Deixa de ser bocudo, Lucas. - Rebate a moça.

- Mas ele tá certo, maninha. Você sempre preferiu o comendador. - Completa Pedro.

- Eu não iria ficar em casa sempre, o pai fazia coisas muito mais legais na rua! - Ela explica.

- Eu pensei que era por amor, mas pelo visto era só pra passear comigo por ai, Dona Clara! - Digo fingindo estar magoado.

- Vamos parar de briga, são tudo uns marmanjos ciumentos! - Reclama Du.

- Eduarda já está treinando para ser mãe! - Diz minha esposa.

- Acho que está na hora de voltar para a empresa, uma das secretarias já está me ligando. - Fala Pedro enquanto olha o celular.

- É melhor irmos, você fica com a sua mãe hoje? - Pergunto para a minha filha.

- Fico sim, pai, pode ficar tranquilo. - Ela diz.

- Bom, está na minha hora também, tenho que levar a Du para casa e ir para a Império. - Explica Lucas.

Pedro, Lucas e Eduarda despedem-se de Marta e vão embora.

- O que você está esperando, Zé? - Pergunta Marta.

- Eu quero um beijo, só ganhei uma bitoquinha hoje! - Digo e vejo ela sorrir.

- Então vem cá, meu comendador. - Ela responde.

- Ei! Eu ainda estou aqui! - Reclama Clara como uma criança.

- É só fechar os olhos! - Respondo e vejo minha filha soltar o braço da mãe e tampar os olhos com as mãos, ela fazia isso quando era menor, exatamente assim.

Dou a volta na cama e aproximo-me de Marta, abaixo-me perto dela e ela coloca as mãos em meus ombros, seus olhos estavam mais lindos do que nunca, uma mistura de azul e verde, tão clarinhos e serenos, eles olhavam minha boca com desejo e saudade, senti todo o meu corpo tremer. Seus lábios tocaram os meus, suas mãos abraçaram meu pescoço, e o meu coração acelerou. Seu lábios macios e sua língua aveludada passearam pela minha boca, e eu retribui meio ofegante. Foi um beijo demorado, cheio de amor, um beijo que só ela sabe me dar, Marta é única e ter ela é um privilégio, eu já nem sei se sou merecedor de ter uma mulher como ela. Terminamos com um selinho, e eu pude admirar a bela mulher com quem me casei e vou casar novamente. Tão linda, parece uma miragem ou uma escultura.

- Eu sou perdidamente apaixonado por você. - Penso em voz alta e ela percebe, me respondendo com um sorriso que inunda a minha alma de paixão.

- Eu sei. - Ela sussurra e me deixa doido! Essa mulher tem um poder sobre mim, e ela sabe disso, e usa ao seu favor. - O médico disse que posso ir para casa daqui quatro dias, e nós vamos para Petrópolis, aproveitar cada cômodo daquela casa.

- Todos eles? - Sussurro.

- Todos eles. - Ela sussurra de volta, com uma maldade estampada em seu rosto. - Eu te amo, comendador.

- Eu te amo, minha imperatriz. - Digo e saio do quarto devagar, distribuo sorrisos pelo hospital, essa mulher é o motivo da minha felicidade.

Ponto de Vista de Maria Marta:

- Já pode abrir os olhos, seu pai já foi. - Digo ao ver que minha filha ainda está tampando os olhos.

- Vocês estão só amores agora, né? Fico feliz pelos dois. - Ela diz sorridente.

- Eu também fico feliz, meu amor. - Respondo.

- Eu sei que nunca fomos muito próximas, mas eu te amo, mãe. - Ela diz e eu sinto uma felicidade nascer em mim.

- Eu também te amo, Clara. E eu entendo que você sempre foi mais apegada no seu pai, é normal as filhas mulheres serem mais apegadas nos pais. - Digo tentando tranquilizá-la.

- É que eu e o papai temos muito em comum, gostamos das mesmas coisas, frequentamos os mesmos lugares. Eu nunca me senti bem no seu mundo, mãe. - Ela explica.

- Eu entendo, mas fico magoada por não ter tido a princesinha que sempre sonhei. Você sempre foi uma moléquinha, era uma luta colocar um vestido em você, e eu ouvi coisas que me machucaram, relevei porquê sou sua mãe e nem sempre os filhos são o que queremos que sejam. Eu te amo do jeitinho que é, independente de ter sido mais próxima de mim ou do seu pai, meu amor continua o mesmo. - Digo.

- Eu fui muito dura com a senhora, mãe. Mas é porque eu queria ser livre. Confesso que torci muito que Lucas fosse uma menina, queria que você tivesse outra filha para me deixar mais solta. Eu nasci assim e sou feliz desse jeito. Infelizmente ficamos muito separadas uma da outra e isso afetou nosso relacionamento. - Ela completa.

- E eu não imagino você de outra forma, filha. Sabe, Clara, eu sempre quis ter mais filhos, mas três já me deixavam doida e o seu pai ficou traumatizado por causa do parto do Lucas! Quando você for mãe vai entender o que estou falando, cuidar de crianças é uma grande responsabilidade e temos que lidar com o fato de que cada filho é diferente, cada um tem suas particularidades, uns são mais próximos do pai, outros da mãe, tem os quietos como o Pedro, as "espírito livre" como você e os bagunceiros como Lucas. Vocês são pedacinhos meus e do Zé, e o que são é um reflexo da criação e dos pais que tiveram. E só cabe a nós amá-los da melhor maneira possível. - Desabafo.

- Me desculpa por ter te magoado, mãe. Eu fui ingrata, virei as costas para a senhora quando mais precisou. Eu te amo muito e espero que me perdoe. - Ela diz chateada. - Eu só percebi a burrada que fiz quando te vi naquele estado, indo de ambulância para o hospital, ali eu percebi que eu tinha uma mãe maravilhosa e que estava perdendo grandes momentos ao lado dela.

- Está tudo bem, eu te perdoo meu amor. E estou muito orgulhosa da mulher que é, só acho um pouco ingênua demais mas isso nem sempre é um problema, tu puxou ao teu pai, tem um coração enorme mas sai chutando todos que ousam te tirar do sério. Eu sou casada com Zé há trinta anos e já aprendi a conviver com o jeito dele, com você não será diferente. - Falo e vejo ela abrir um sorriso. - Vocês são as minhas crianças, meus maiores amores e eu fico toda boba quando escuto um "eu te amo" de vocês. Ganhei meu dia!

- Eu te amo, Dona Marta! Te amo, te amo e te amo! - Ela diz e eu não posso conter o sorriso. São raros os momentos que tenho com minha filha, e por isso são tão preciosos.

- Agora eu vou te contar uma fofoca! O pai está caidinho por você, mãe. Ele ficava perambulando pela Império o dia inteiro, parecia um soldado! Nunca vi aquele homem tão preocupado, a secretária teve que esconder o telefone da recepção e o telefone da mesa dela porque ele atendia todas as ligações achando ser do hospital. - Ela diz balançando a cabeça em negativa enquanto sorri. - Ele te ama muito, mãe.

- E eu amo ele, Clara. Sempre amei, mesmo com todos os problemas, humilhações e brigas, eu vou sempre amar o teu pai. - Digo e solto um suspiro.

- Mãe, posso te perguntar uma coisa? - Ela diz um pouco receosa.

- Pergunta. - Respondo.

- Por que você foi embora depois que descobriu a traição? Sumiu sem nos avisar, todos ficamos preocupados. O pai surtou depois que você se foi, não sei se te contaram sobre isso. - Ela diz e eu penso mil vezes na resposta certa.

- Bom, Clara. Quando nós amamos alguém, uma traição chega como uma bomba que acaba com o nosso coração. Ela machuca, é uma ferida aberta e nem o tempo a fará cicatrizar. Quando eu soube da traição foi como se tudo ao meu redor tivesse desabado, em um dia teu pai acordava do meu lado na cama e no outro eu me vi completamente sozinha. Eu pensei em jogar na cara dele inúmeras coisas mas eu não poderia perder o meu lado inabalável, ele não poderia me ver machucada pois era isso que ele queria e eu não daria esse gostinho tão facilmente. E então eu fui embora, recontruir tudo. Não posso dizer que foi fácil, eu chorei durante semanas e não tinha forças para grandes coisas, mas o meu sobrenome e o meu dinheiro movimentaram tudo por mim. - Respondo.

- Entendi. - Ela diz séria.

- Esse foi um dos motivos, o outro motivo foi a vergonha de olhar para os rostos dos meus filhos e saber que a qualquer momento o nosso império poderia cair, isso me deixou aflita e eu não poderia deixar vocês passarem por isso.  Tive vergonha de olhar para vocês e dizer o quão machucada eu estava, o quão doloroso foi ter vivido aquele momento. Eu precisava ser fraca, mas não na frente de vocês, e eu me propus a refazer nosso império em outro lugar, queria que tivessem orgulho de mim assim como tinham do pai de vocês. Ser traída doeu, é óbvio que doeu, dói até hoje, mas foi uma dor necessária para que eu fosse ser revolucionária. Dizem que o amor move montanhas, mas o ódio é capaz de mover o mundo, minha filha. Eu criei a Apatithe por vocês, e o meu império ninguém pode tirar dos meus herdeiros.

- Caramba, mãe. - Diz Clara surpresa.

- Você sempre venerou o seu pai, Clara. Mas não esqueça que sem a sua mãe, não existiria o grande comendador dos diamantes. - Digo e toco a ponta de seu nariz com o dedo, exatamente como fazia quando ela era uma menininha.

Eu amo José Alfredo, mas jamais o deixaria ver minhas fraquezas, pelo menos não naquele dia. O conheço tão bem que sei que ele esperava de mim uma briga ou um escândalo com muitas lágrimas e gritos, mas receber o meu silêncio foi um castigo, eu tenho poder sobre o meu marido e sei quando e como usá-lo.

A Rainha é a peça de xadrez mais importante e poderosa, e ela é capaz de vencer um rei solitário. Mas é melhor ainda quando o rei e a rainha estão juntos, aí é vitória na certa. Quem disse que amor e vingança não podem andar juntos? Xeque-mate.



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