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História Olhos Frios - Elsanna - 08 - ...Acidente


Escrita por: AlexiaNeveu

Notas do Autor


Olha só quem voltou!

Bem, esse capítulo ficou um pouco pesado, mas era necessário. Tentei passar o máximo de realismo possível. Espero que gostem <3

Capítulo 8 - 08 - ...Acidente


O corpo humano era uma obra única e incrível. As capacidades que um ser humano tinha eram exclusivas a ele, bem como as diversas habilidades que os mesmos possuíam e/ou adquiriam. Muitas diziam que se tratava de uma obra de Deus, a perfeição do mundo. Contudo, apesar de toda a magnitude, o corpo humano era, também, frágil. Muito frágil. 

Elsa Arendell acreditava estar apta para dirigir. Porém, em sua falsa segurança, somada a uma destreza comprometida e visão levemente desfocada, não saberia dizer o que lhe atingiria. Estava absorta demais em seus pensamentos, distraída com a simples possibilidade de conversar francamente com sua irmã. Diante daquele cenário, era óbvio que não perceberia, pouco mais de dez minutos depois de dar a partida em seu carro, o semáforo amarelo em um cruzamento e, talvez diante da pressa de chegar logo em casa, ao invés de diminuir a velocidade e tentar ser mais prudente, a moça acelerou… Um enorme erro. Infelizmente, havia um outro motorista com aquele mesmo pensamento. Um cansado e apressado motorista de ônibus que, assim como Elsa, acelerava o veículo naquela mesma encruzilhada e, antes que o mesmo tivesse qualquer chance de reação, o impacto aconteceu. 

O Mercedes da loira foi atingido em sua lateral, exatamente no local em que a mesma se encontrava, sendo arrastado por alguns metros e, simplesmente, rodopiando na via. O barulho foi ensurdecedor e, apesar do horário, havia certa movimentação na avenida em questão. Entretanto, os poucos transeuntes que se encontravam por perto correram assustados. Apesar de todo aquele som desagradável de metal sendo retorcido, o silêncio que tomou conta do local foi sepulcral. O homem saiu do ônibus minutos depois, as mãos sob a cabeça em um gesto nítido de desespero enquanto olhava para o veículo à sua frente. Havia uma leve fumaça saindo do capô do carro, além de a lateral estar totalmente destruída.  

Os passos do motorista eram o único barulho aparente no local, enquanto o mesmo discava o número da emergência local, andando de um lado para outro de forma nervosa. Nova Iorque era uma cidade gigantesca, havia inúmeros acidentes como aquele acontecendo em outros vários pontos, com a possibilidade da ajuda demorar bem mais do que o necessário. Estaria a vítima viva ainda? Seus olhos não desgrudaram do vulto tombado por sob o painel do carro. Os cabelos loiros estavam esparramados pelas costas e ombros da mulher totalmente inerte. Havia sangue em meio aos fios claros, mas ele não conseguia ver seu rosto, apenas mãos jogadas em cima da direção. Mãos delicadas. Engoliu em seco enquanto a atendente ágil anotava o endereço e informava que uma ambulância chegaria em cerca de dois minutos. “Que maravilha”, ele havia pensado, enquanto desligava o celular e se aproximava cada vez mais da janela destruída onde jazia, ele já tinha certeza, uma jovem moça.

Seu nome era Kristoff Trollman e ele se achava um total fracassado. Tinha 25 anos e a única coisa que sabia fazer na vida era dirigir um ônibus. Exceto que, após aquele ocorrido, talvez pensasse melhor naquela afirmação. Era uma profissão ingrata, mas lhe trazia lembranças de seu pai, que também trabalhou com aquilo. Suspirou, tentando afastar aqueles pensamentos inoportunos, enquanto aproximava-se da janela e se inclinava para visualizar melhor a vítima. Sabia que, em situações como aquela, não era prudente mexer em alguém acidentado, porém, estava nervoso e amedrontado. Se ela estivesse morta, a ambulância seria inútil e, apesar de não ter sido sua culpa, não se perdoaria por aquilo. Um novo suspiro, daquela vez de alívio, foi expulso de seus lábios ao sentir uma fraca pulsação no pulso esquerdo da moça. Ainda existia esperança.

*

Anna sentia o coração apertado. Olhava para a tela do celular a cada minuto, na expectativa de que surgisse uma mensagem de Elsa a qualquer momento. Eram pouco mais de 22h30 da noite e, apesar de saber que sua resposta significava algo, ainda tinha esperanças de sua irmã vir para casa mais cedo e conversar consigo. Sabia que criava expectativas infundadas e dava falsas perspectivas para si, mas não se incomodava. Era nítido que o que aconteceu naquele dia significou algo para a irmã, bem como para ela. Suspirou, enquanto levava a xícara aos lábios, observando, mas não com total interesse, o noticiário daquela noite na televisão.

Seu pai jazia no sofá, o controle já frouxo entre as mãos. A mãe se recolhia cedo e ela sabia que, muito certamente, as preocupações com as saídas de Elsa já tinham ficado para trás. Era entendível, afinal, a mais velha já estava com 26 anos de idade. Sentiu o aroma do chá de hortelã preencher o ambiente enquanto permanecia absorta em seus pensamentos. Foi com surpresa que, minutos depois, escutou o telefone tocar. O pai, que já detinha certa idade, continuou adormecido e ela, por se encontrar mais próxima, correu para atender o objeto.

– Alô?

– Olá, boa noite. É da residência de Agnarr Arendell?

– Sim… Quem gostaria de falar, por gentileza?

– Sou Amélia, enfermeira do Hospital Mayo Clinic. Tenho notícias urgentes sobre a filha dele, a Srta. Elsa Arendell, temo que ele deva vir para cá o mais rápido possível.

Primeiramente Anna tentou entender o que tinha acabado de ouvir. Era uma enfermeira de um hospital? Não, não era possível. Ao ouvir o nome de Elsa ser pronunciado, juntamente com a frase seguinte, só conseguiu apertar o telefone com mais firmeza. Não sabia se conseguiria manter seus joelhos firmes, ou se eles dobrariam logo mais sem qualquer aviso. Não, não, não… Não ela.

– O quê?!

*

Kristoff não sabia o que fazia dentro daquela ambulância. Não era parente da mulher sob a maca. Pelo contrário, nunca a viu na vida. Porém, quando um dos paramédicos lhe perguntou se acompanharia a moça e lhe entregou sua bolsa e casaco, ele não teve muita escolha a não ser entrar. Só quando se sentou, um pouco mais ao lado, conseguiu entender a gravidade em que se encontrava a moça. Sua calça, provavelmente um tecido confortável e caro, estava surrada e rasgada em alguns pontos, os sapatos foram tirados com pressa, mas não havia ferimentos por ali. Na verdade, apesar da força do impacto, da frente do ônibus destruída e da lateral do carro totalmente amassada, a única lesão visível na moça, e que parecia ser a mais grave de todas, era um sangramento constante em sua têmpora direita. 

O sangue do ferimento tinha ensopado a blusa fina e branca, mas aquilo não impediu um dos paramédicos de rasgarem a mesma, enquanto inseria vários acessórios e equipamentos na mulher. Um deles tentava estancar o sangue da ferida, enquanto o outro já ligava fios em aparelhos ao lado e com extrema habilidade, furava o braço da moça, adicionando líquidos em seringas, um atrás do outro. Engoliu em seco ao visualizar seu rosto. Era uma mulher muito bonita, apesar de seu estado atual. Sua face estava pálida, os olhos fechados, lábios levemente arroxeados e entreabertos. Havia um hematoma acima da olho esquerdo que sangrava levemente. Percebeu que também sangrava pelo ouvido direito, mas era algo quase imperceptível. 

– Ela… Vai ficar bem?

– Não sabemos dizer. O que é quase uma certeza é que a vítima sofreu um traumatismo craniano grave. Por sorte, o ferimento foi externo e não interno. Por conta do sangramento, ela não terá coágulos ou concussões. Porém, não deixa de ser menos grave, pois precisamos de uma transfusão urgente de sangue, ou iremos perdê-la.

Permaneceu em silêncio, afinal, nada que dissesse mudaria aquela realidade.

*

O silêncio dentro do carro seria incômodo se as circunstâncias fossem outras. Naquele momento, no entanto, Anna só queria chegar logo ao hospital, e se o percurso fosse feito em silêncio, não teria qualquer problema. Fitava a tela de seu celular, lendo e relendo inúmeras vezes, a conversa que teve com Elsa mais cedo. Lá no fundo de sua cabeça, havia uma voz fria e cruel que dizia o tempo todo que a culpa de tudo aquilo era sua. Uma voz com o tom muito semelhante ao de sua irmã mais velha. Não percebeu que lágrimas escorriam por seu rosto até que elas molhassem a tela, desfocando as letras e fazendo com que a mesma jogasse o aparelho no banco ao lado. 

Agnarr dirigia com atenção, sem desviar o olhar da avenida um instante sequer, como se temendo que, a qualquer momento, um carro atingisse o seu, como ocorreu com sua filha. Seu rosto era uma máscara impassível, mas a ruiva sabia que o pai estava nervoso, desesperado, e também chocado com o que aconteceu. Iduna tinha olhos marejados e levemente avermelhados. Quando soube do acidente da filha, quase desmaiou, tendo que ser socorrida por Anna e seu pai. Porém, naquele momento, apesar de toda a angústia que sentia, sabia que precisava ser forte. Forte por si mesma, por Agnarr, Anna e, principalmente, por Elsa. 

Os minutos passaram e, algum tempo depois, o trio andava rapidamente por entre os corredores do hospital, buscando a recepção do mesmo. Agnarr apoiou as duas mãos no balcão, fitando uma mulher com quase a sua idade, que permanecia sentada, o rosto meio coberto por um monitor de computador.

– Boa noite. Meu nome é Agnarr Arendell e preciso saber onde está minha filha Elsa.

A mulher desviou os olhos da tela, fitando o homem sem muito interesse. Digitou algumas vezes no teclado, como quem não tinha pressa alguma de verificar a informação. O loiro bufou, tentando controlar a irritação que queria se apossar de si, afinal, destratar a funcionária do lugar não lhe traria respostas.

– Elsa Arendell? – A mulher questionou, desviando os olhos do homem e voltando a fitar a tela do computador.

– Isso mesmo. Onde ela está?

– Na sala de cirurgia. Devo pedir-lhes que aguardem na sala de espera, ela acabou de iniciar e deve demorar algum tempo. Há um jovem que veio lhe acompanhando na ambulância, é o namorado dela? Se sim, deve ter mais informações que eu no momento.

Pela primeira vez em muito tempo, Anna via seu pai surpreso. O patriarca virou-se para a filha e esposa com um olhar aturdido e confuso, mas, seguiu para a sala sem dizer uma palavra sequer. Só então a ruiva percebeu que havia um segundo homem, alto, loiro e bastante abatido fitando a ela e seus pais na entrada do corredor. Esperou que Iduna seguisse Agnarr para que ela própria seguisse na direção contrária, onde estava o mesmo.

– Foi você que veio acompanhando minha irmã?

Os olhos de Anna não desviaram dos de Kristoff. Ele tinha belos olhos amendoados e, percebeu, covinhas leves nas bochechas, que deviam aparecer com mais detalhamento quando o rapaz sorria. No entanto, o que menos esperava dele era um sorriso.

– Eu… Sinto muito. O carro dela surgiu de repente, eu não consegui parar. – O rapaz desviou o olhar, encarando as mãos que tremiam levemente.

– Eu acredito em você e agradeço por não tê-la abandonado lá sozinha. Meu nome é Anna Arendell.

A mais nova não sabia onde tinha arranjado forças para manter-se calma diante daquela situação. Seu coração batia descompassado, a garganta estava seca, as mãos tremiam tanto que precisavam se manter entrelaçadas para que as mantivesse firmes. Por um breve momento, pensou que aquilo era apenas um mal entendido, que nada tinha acontecido com Elsa, mas estava redondamente enganada.

– Meu nome é Kristoff. Kristoff Trollman. É um prazer conhecê-la, Anna.

– Me diga uma coisa com sinceridade, Kristoff. Você acha que ela ficará bem?

Kristoff engoliu em seco mais uma vez. Havia perdido as contas de quantas vezes tinha limpado a garganta naquela noite. Talvez no momento em que foi interrogado por policiais locais, tendo que relatar todos os detalhes do acidente, ou quando o cirurgião geral quis saber informações da moça que ele nem sabia o nome, mas que jazia em uma maca de hospital. Ou, finalmente ali, em frente a uma garota tão linda quanto a irmã. Respirou fundo, afinal, não era o momento para paquerar ninguém e ele não tinha ideia se realmente haveria um.

– Fisicamente falando, ela não parecia ter muitos ferimentos. Pelo contrário, devo dizer que apesar da gravidade de seu estado, podia ter sido pior. O que mais preocupou os médicos foi uma lesão na cabeça, onde ela deve ter perdido bastante sangue. 

O silêncio se perdurou por algum tempo, Anna não soube precisar quanto, e nem queria. Sua cabeça latejava levemente, sentia o estômago embrulhado, a mente confusa. Apesar de estar cara a cara com a pessoa que “causou” o estado de sua irmã, sabia que ele não tinha culpa, mas sim ela mesma. Se não tivesse sido dura com Elsa, talvez a mais velha não fosse imprudente no trânsito. Porém, a quem queria enganar? Tinha certeza que aquele acidente ocorreu por conta do álcool. Aquela ideia não deixava sua mente mais tranquila.

– Eu…

Antes que Anna pudesse continuar a fala, percebeu que um médico caminhava a passos rápidos pelo corredor, parando em frente ao loiro.

– Conseguiu contato com os pais da paciente?

– Sim, mas por acaso. Esta é a irmã dela, Anna.

– Meus pais estão aqui, por favor, me acompanhe.

Anna não esperou que o homem digerisse as informações antes de caminhar para dentro da sala de espera. Agnarr e Iduna levantaram-se de imediato ao vislumbrar o médico se aproximar.

– Boa noite. Meu nome é Alexander, sou o cirurgião de sua filha. Temo informar que as notícias não são boas...


Notas Finais


Prometo voltar em breve. Até mais ;*


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