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História Omega - Uma luz


Escrita por: vanaheim

Capítulo 23 - Uma luz


Stiles espetou as panquecas com o garfo. E com desinteresse passou a cutuca-las, fazendo-as girar no prato. Observava a calda escorrer e se acumular no fundo. Ainda estava um pouco sonolento e vez ou outra soltava um bocejo. Dormira tarde e mal aquela noite. Ainda assim seu pai não perdeu a oportunidade de lhe acordar tão cedo de manhã. Mesmo não tendo aula. Ele não de ateve ao detalhes, estava satisfeito demais por não ter que levantar cedo. Isso até seu pai escancarar a porta.

Estava um tanto apático, aos olhos do seu pai, que se encontrava sentado bem a sua frente. Stiles divaga, tentando achar uma solução, uma forma de ajudar de uma forma mais efetivo. Resolver a situação com Heather aliviou-o mas não tomou as coisas mais fáceis. Mas sentia que havia riscado una coisa da sua lista. Nem a visita dos meninos, que de certo modo o animou na noite anterior, não surtira efeito naquela manhã. Pensar no mesmo assunto fazia sua cabeça doer. Como se andasse em círculos tentando montar um quebra-cabeça incompleto, cujo as peças restantes não estavam em sua posse.

A sensação que Stiles tinha era que possuía um peso nos ombros que envergavam-lhe a costa. Pedrinha por pedrinha que aos poucos iam de acumulando. O pedido do lobo, em seu sonho, era um peso à mais. Não tinha como não tentar ajudar. Ainda mais sabendo quem ele era, que se tratava do seu companheiro Bruce.

Heather tinha razão. Ele pensava muito nos outros, por vezes se esquecia dele mesmo. Mas o que ele poderia fazer afinal? Não conseguiria dizer não ao lobo, não agora.

As vezes Stiles desejava ser como a mãe; Possuir tal desprendimento, a facilidade de virar as costa e não olhar para trás.

Pelos cantos dos olhos Stiles espiava as tigelas de aço que ainda estavam ali, esquecidas próximas a porta, mas limpas e brilhantes, como se fossem ser usadas a qualquer momento. Não deu em outra, por mais que tentasse evitar, pensou em Bruce; não tinha muito o que fazer, para onde quer que olhasse se lembrava do lobo, ainda era uma presença bem vivida. Pensou também em uma visita, para compensar a despedida que não aconteceu naquela tarde conturbada.

— Ei, rapaz.

O xerife chamou-o, estalando os dedos na frente do filho. Há minutos tentava encontrar um assunto para estender a conversa, tentando anima-lo. Mas o nível de distração de Stiles estava surpreendente, até mesmo para ele. E aquelas respostas monossilábicas já estava começando a irrita-lo.

Stiles piscou os olhos e o fitou, como se despertasse de um transe, quando seu pai bateu palmas.

— O que? — indagou. Resolveu cortar um pedaço da comida e levá-lo a boca. Sua ideia de não deixar seu pai preocupado com aquele tipo de assunto não estava funcionando; uma vez que andava mais distraído e pensativo do que nunca. Seu pai não era muito fã de coisas sobrenaturais, então não tinha porque enche-lo com aquilo.

— Está tudo bem? — John indagou. Olhando-o com atenção enquanto bebericava seu suco. Praticamente já havia terminado seu desjejum e Stiles mal tocara no seu. — Você está acabado.

Comentou. Havia reparado quando ele chegou na noite anterior, um tanto tarde em casa e tinha algumas coisas para falar sobre isso. Na verdade vinha notando o desgaste do rapaz há um tempo. Se perguntava se era por causa do lobo ter partido. Ou aquele situação com o amigo de infância. Ou o impasse, em entrar em contato ou não, com sua ex-mulher.

— Sono. — Stiles resmungou mastigando. Embora não estivesse com tanta fome se forçava a isso. — O senhor não respeita o meu sono.

O castanho acusou-o, apontando o garfo. Sua nuca formigava como uma coceira persistente. Era irritante. Ele odiava quando aquilo acontecia. Embora soubesse que estava reclamando de barrigada cheia, quem não gostaria de um ferimento se fechando em questão de minutos.

— ontem você chegou tarde. — John observou, ignorando a acusação. — Onde esteve?

— Fui conversar com a Heather.

Stiles deu de ombros, resolvendo simplificar toda a história. Ele tomou uma golada de café. Era o jeito. Se encher do líquido e ficar alerta.

O mais velho lhe encarava com um pouco de surpresa e quase expectativa.

— vocês voltaram?

— não. — Stiles fez uma careta. — Nós só… conversamos.

Ele disse. Sentindo o alívio de ter resolvido ao menos aquela situação. No final das contas Lydia tinha razão, eles precisavam conversar.

John não conseguiu esconder a expressão frustrada. O que fez Stiles arquear as sobrancelhas.

— Porque todo esse interesse?

— Por nada. Só… gostava de vocês juntos. — Explicou o xerife.

— Se eu trouxer outra pessoa não seja rabugento e implique com ela por preferir a ex. — Stiles o avisou. Balançando a cabeça como se concordasse com as próprias palavras.

O castanho mais velho fitou-o com tédio.

— Irei me esforçar. Prometo. — ironizou o homem. — E da próxima vez, chegue cedo para fazer sala para os seus amigos.

— Pensei que que gostasse do Matt e do Liam. — O mais jovem comentou.

— E gosto. São bons garotos. — Afirmou o xerife. — Mas sou obrigado a aturar?

— P… pai… — Stiles rumorejou em meio a um engasgo, ao conter uma risada.

— Não. — Ele respondeu a própria pergunta. — Já tenho um adolescente que vale por um batalhão.

Afirmou o oficial, convicto.

— o senhor me atura?

Stiles indagou fingindo uma incredulidade. John o fitou como se dissesse “por favor…”

— não é óbvio?! — Falou por fim. Recolhendo as sua xícara, pires, talheres. Se levantando e levando as louças para a pia.

— isso é muito errado. — Stiles alfinetou. Bebendo mais do seu café.

John riu enquanto se aproximava. Abraçou-o pelos ombros e beijou a testa do filho.

— sabe que eu estou brincando, não é? — Ele afagou os cabelos do jovem. Sempre tiveram aquele tipo brincadeira. Mas Stiles ultimamente andava tão… achou melhor deixar claro.

— não sei de nada.

Stiles murmurou, balançando a cabeça como se quisesse se livrar do toque. John sorriu se encaminhando para a cadeira ao lado. Decidiu que ficaria até ele terminar o café. O mais novo o fitou de relance; como um estalo veio em sua mente a imagem do lobisomem encarando o porta-retratos.

— Peter… H. Ale. — Ele balbuciou. Enquanto engolia a guloseima e bebia do café.

John travou antes de executar o terceiro passo. Apoiou-se na mesa, apertando a beirada. Controlando uma tosse culposa que desejou escapar-lhe.

— O que disse? — John indagou. Sem encara-lo de uma vez.

— Peter Hale. — Stiles repetiu. — Da sua altura. Mais novo. Loiro. Forte. Conhece?

Stiles insistiu. Diferente do pai seu olhar era fixo. Não fez a mínima questão de controlar o tom tendencioso da sua voz.

— não… — afirmou. Encarando-o por fim, girando nos calcanhares, esboçando um sorriso amarelo. — Porque?

— Nada demais. — Stiles deu de ombros, como quem não quer nada. Observando a inquietação do pai. — É pai de uma amiga… e dono do Bruce.

— Mentira… — John balbuciou boquiaberto.

— Está me chamando de mentiroso?

— Você tem histórico. — Disse-lhe o mais velho. — um longo histórico.

Stiles decidiu ignorar aquilo. E ver como uma forma do homem tentar lhe passar a perna.

— Porque está chocado? — Perguntou. Sorrindo internamente.

— Não estou. — O xerife garantiu, apressado. — Só… surpreso. Quem diria que ele pertencia aos novos moradores.

— pensei que não conhecesse.

Stiles debochou, comendo a última fatia em seu prato.

— eu sou o xerife. — John lembrou-o.

— Um xerife solteiro. E na seca. — Retrucou o rapaz.

— Mieczyslaw. — O mais velho guinchou. — Me respeita moleque.

John encarava o filho com irritação. O rosto possuía um tom intenso de magenta.

— Só comentei. — Stiles se defendeu. Antes que seu pai comesse a resmungar aos ventos.

— pois não comente o que você não sabe.

O mais velho murmurou, se afastando. Caminhando para o outro lado do cômodo.

— olha só… — Stiles sorriu, maquinando, seguindo com o olhar. — andou se pegando com alguém por aí?

Perguntou interessado. Há tempos aconselhava o pai que ele deveria se relacionar, sair mais. Mal se lembrava a última vez que vira seu pai com alguém; sete meses? Um ano?

— Já alugou o terno? — John perguntou. Claramente desconversando, parando de frente para a geladeira. O melhor a se fazer era ignorar as gracinhas do filho.

— Não, eu não irei. — Stiles afirmou. — Não mude de assunto….

— Stiles… — ele o repreendeu. — porque?

O mais jovem deu de ombros. Mas ainda assim falou:

— não estou no clima. — Afirmou sincero. Não estava com cabeça para festividades ultimamente. Mesmo uma, supostamente, importante.

— É o baile de formatura.

John lembrou-o, abrindo a geladeira, olhando-o de relance.

— eita… — Stiles exclamou. — Olha que curioso, continuo sem estar no clima. — Ele ditou. Se empertigando, bebendo o que sobrou do café enquanto se levantava.

— Certo. — o mais velho resmungou. — Caso mude de ideia, me fale que eu te dou o dinheiro.

— O senhor poderia me dar logo… — Stiles propôs cheio de intenção.

— Não tente me passar a perna.

John balbuciou fitando o congelador, buscando algo “decente” para comer no almoço. Quando ele dizia decente, queria dizer gorduroso.

Stiles se manteve em silêncio, enquanto recolhia as louças que usara. Tinha a certeza que não mudaria de opinião em alguns dias. Nem se preocupou em chamar alguém para levar.

— A carne acabou. — John balbuciou. Parecia um lamento ao mesmo tempo que parecia querer gritar.

— É?

Stiles disse-lhe distraído, deixando as louças na pia e para lavar mais tarde.

— Está cara. — O homem reclamou. — Antigamente você ia ao frigorífico com vinte dólares, comprava bons pedaços, e ainda sobrava troco. Mas hoje?

O xerife resmungava aos ventos. Vasculhando o interior do refrigerador. Antes que decidisse se compraria mais ou não. Se renderia-se ao frango.

Stiles quase riu do pai. Teria se um estalo não tivesse acontecido em sua mente. Não no sentido literal, mas tão real que seu crânio parecia ter se partido ao meio. Estava travado, fitando o azulejo amarelado, o pano de prato tremulando com o vento. Por um instante sua mente parecia ter se desprendido do corpo; repassava imagens, comparava uma com as outras, cada situação.

— Pai… — Ele sussurrou. — O que disse?

— Que a carne está cara, não acha? — O xerife indagou. Esperava por uma confirmação, para não passar por velho chato reclamão mas ela não veio.

Stiles piscou algumas vezes, incrédulo com a ousadia, com a descrença da percepção. Ele deixou o pai no cômodo e correu para o seu quarto. Arfava enquanto vestia as primeiras peças de roupas que encontrou no guarda-roupas. Por mais que estivesse possuído por uma pressa repentina – o sono parecia uma lembrança distante agora – não sairia na rua somente de cueca e meias.

— aonde vai com tanta pressa?

John o encarou com desconfiança. Teve que desviar pois o jovem descia os degraus da escada pulando de dois em dois. Conhecia bem o jeito do filho de lidar com problemas; primeiro fazia perguntas aleatórias, geralmente sobrava para ele. Pensava e resolvia em situações menores, para poder pensar na solução do problema raiz.

— respostas… — Stiles murmurou. Tateava o bolso para se certificar que a chave estava ali, enquanto derrapava no assoalho.

— Para que. — Indagou o mais velho. Vendo-o de adiantar em direção a porta sem lhe dar atenção. — Stiles, pelo amor de deus.

— Beacon Hills Pai, Beacon Hills. — Stiles balbuciou apressado. Se atrapalhando todo na simples tarefa de abrir a porta.

— traz carne. — Pediu. Buscando a carteira antes que o rapaz se afastasse.

— Não vai dar.

Stiles disse-lhe, parando ao lado do jipe, antes de entrar. Ele não podia acreditar. Seus ossos vibravam com uma estranha excitação, com o receio. Se perguntava se era aquilo mesmo, se era aquela a solução bem ali diante dos seus olhos.



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