História Omegle - Jeon Jeongguk - Convites Inesperados

"Qualquer um pode olhar para você, mas é muito raro encontrar alguém que veja o mesmo mundo que o seu." 

– John Green

★

Hoje era mais um daqueles dias que parecem não ter fim nunca, quando você está assistindo a aula mas parece que o professor fala em outra língua porque você simplesmente não consegue se concentrar para entender o assunto. Depois de uma manhã cansativa e tediosa, eu só queria finalmente voltar pra casa e dormir o restante da tarde inteira, mas os ponteiros do relógio da parede não giravam, eu inclusive cheguei ao cúmulo de pensar que o aparelho pendurado a parede pudesse estar quebrado e olhei o horário no meu celular, mas infelizmente o problema não era o relógio e sim a minha ansiedade. 

Eu estava um verdadeiro trapo, olheiras marcadas e profundas, aparência exausta, roupas amassadas e sem combinar entre si. Esse foi o resultado de passar mais uma madrugada inteira acordada conversando com Jungkook por ligação. Irresponsáveis? Sim, eu sei. Mas acontece que ele trabalha durante o dia e estuda de noite, o que o faz chegar tarde em casa e consequentemente disponibilizar apenas um horário mais tarde da noite para que possamos conversar, porém sempre nos distraímos com os milhares de assuntos e novidades e as horas passam muito mais rápido, então quando vamos olhar já se passaram das 04:00 horas da manhã. 

Andar quase que se arrastando aos farrapos pelos corredores bem iluminados do campus já estava virando rotina para mim, isso porque já fazem uns cinco dias seguidos que Jungkook e eu conversamos sempre durante a madrugada. Não faço a menor ideia de como ele conseguia se manter totalmente bem e normal tendo dormido no máximo umas 5 horas de sono, mas a única certeza que eu tinha é que se eu não voltar com o meu sono habitual, vou acabar virando um zumbi, ou algo bem próximo disso. 

Fazia um sol escaldante lá fora e um calor suficiente para queimar o juízo de um, e eu no meu desespero para não me atrasar mais do que já estava e perder o primeiro horário, peguei qualquer roupa que vi pela frente. Incrivelmente consegui escolher justo uma calça moletom rosa claro com uma blusa verde neon de manga comprida extremamente quente e grossa. 

Além de cansada, com sono, entediada, descabelada, com fome e dor de cabeça eu ainda estava completamente suada, como se tivesse corrido uma maratona. E para melhorar ainda mais a minha situação, eu teria que voltar para casa andando, debaixo deste sol ardente e com um calor de 29 graus com sensação térmica de 45.

O único lado bom de tudo isso é que é a última aula do dia. Era para ser inclusive a melhor aula de hoje, pois é uma das minhas matérias preferidas da faculdade, mas meu estado caótico e deprimente conseguiu afetar até o meu gosto para os estudos. 

Coço os olhos deixando pensamentos de lado e tentando novamente focar no que estava sendo escrito na lousa. As palavras que saíam da boca da professora entravam por um ouvido e saiam pelo outro sem que minha mente esgotada conseguisse absorvê-las. Arregalei os olhos quase pulando na cadeira depois de ter lido o que foi escrito no quadro, ignorando todo o resto apenas prestei atenção em "Trabalho" e "Até semana que vem". 

Como eu iria fazer esse exercício sobre esse assunto até semana que vem eu não fazia a menor ideia. Se tratava da produção de uma pesquisa de acordo com os dois lados estudantis — Humanas & Exatas — inspirado em nosso ramo na faculdade - o qual queremos seguir na profissão - e o ramo de outra pessoa aqui no campus, ou de outra faculdade que não seja o mesmo que o meu… Ou seja, se sou de humanas, terei que entrevistar um aluno de exatas. Eu não sei o que me apavorava mais, se era o tema sobre humanas e exatas, o fato de ter que entrevistar alguém ou o curto período de tempo que eu teria para produzir a pesquisa. 

Pouco tempo, pelo fato de hoje ser sexta-feira e a "semana que vem" ser na segunda! Tenho exatos dois dias para fazê-la e eu não sabia sequer qual aluno iria entrevistar.

Meu dia definitivamente não tinha como piorar. 

Trim…

Trim…

Minha mente grita Finalmente em um loop infinito ao ver que o sinal bateu e a aula se findou. Suspiro aliviada e de imediato começo a arrumar minhas coisas para ir embora dali.

Coloco a mochila nas costas e saio com pressa da sala, caminhando pelos corredores do campus. Andava em passos rápidos a fim de sair da faculdade, e iria sair! Se não fosse pelo fato da estabanada aqui ter esbarrado em alguém no meio do caminho e a pessoa derruba um copo enorme de milkshake em mim, fazendo-me arregalar os olhos e querer morrer, ali mesmo.

Por que eu, Deus?

— Meu Milkshake! — A garota grita olhando para o chão, paralisada. Então ergue seu olhar para o meu rosto. — Eu só tinha dez reais… E todos eu gastei nesse milkshake… E agora ele é só líquido derramado na roupa de alguém!

— Me desculpe… — Ponho mão na boca e me curvo em sinal de respeito. — Sinto muito eu… Eu posso pagar outro pra você!

— Tá tudo bem… — Fez uma pausa, olhando para o nada — Ele estava com gosto de remédio. — Entortou a boca, olhando agora para meu moletom todo molhado de sorvete derretido. — Deveria olhar por onde anda, garota. — Suspirou negando veemente com a cabeça. — Tsc… 

— Merda… — Sussurrei olhando para minha roupa, fecho os olhos não acreditando no que tinha acabado de acontecer. A ruiva ao meu lado pega o copo do chão e joga no lixo. Voltando sua atenção para mim.

— Deveria limpar isso aí. — Aponta para minha roupa. Meneio a cabeça e franzo o cenho, desesperada.

— Ah você jura?! — Digo, irônica. Ela suspira e dá de ombros levemente, dando meia volta e indo embora. — Que merda, que merda, que merda!! — Repito sussurrando, logo entrando rapidamente no corredor ao lado, indo direto ao banheiro. Evitando que alguém reparasse a bagunça que está minha roupa durante o trajeto.

Assim que adentro o banheiro feminino vou até a pia, coloco minha mochila em cima da bancada e retiro o moletom, ficando apenas de regata preta. Me olho no espelho e vejo o meu estado deplorável, estava toda suada e meu cabelo estava colado no pescoço pelo suor. Suspiro pesado e ajeito meus fios, pegando uma tiara na mochila e envolvendo-a em minha cabeça. Logo depois vou até uma das cabines do banheiro e pego um grande pedaço do papel higiênico, passando no moletom e retirando o líquido adocicado do mesmo.

— Meu moletom preferido… — Respiro fundo, lamentando.

Assim que termino de limpá-lo, guardo-o dentro da mochila. Jogo uma água no rosto para tirar o suor e seco minha face com uns papéis, saindo do banheiro logo depois. Dessa vez, opto por andar com mais calma para não acontecer mais nenhum episódio. Assim que saio do prédio respiro aliviada o oxigênio puro do ar fresco, então desço uns degraus da pequena escada e ando em direção a rua. Até que alguém toma minha frente, quase me fazendo esbarrar em si.

Estava pronta para dizer boas e poucas para a pessoa, pela minha paciência que já estava no fundo do poço. Mas assim que ergo o rosto e vejo quem é a pessoa em minha frente, minha única reação é arregalar os olhos levemente. 

— Olá _____… — Kim Minjun fala. O cara que fazia sucesso entre as meninas do campus por sua beleza exuberante, corpo bem esculpido, inteligência, elegância, graça, fofura, gentileza… Ele é um garoto perfeito! Tenho uma paixonite secreta nele, mas ele nunca deu muita bola. Nós já fizemos um trabalho de sociologia juntos e um dia ele elogiou o cheiro do meu perfume… Nunca mais troquei de marca desde então.

Seus fios loiros do cabelo esvoaçavam com o vento e seu sorriso encantador preenche seus lábios, deixando-me hipnotizada.

Pode apostar, eu realmente sou apaixonada por humanas, professora…

— Hey…. ____? — Passa a mão em frente ao meu rosto, então balanço a cabeça espantando devaneios.

— A-ah oi… Minjun. — sorrio sem mostrar os dentes.

— Então… — Ele iria começar a falar, mas prende a atenção em meu busto, franzo o cenho achando-o tarado por demais. — Eerr… ____ porque tem milkshake no seu…

Olho para os meus seios e vejo que estão melados, coro rapidamente, querendo enfiar minha cabeça em um buraco.

— Ah meu Deus! É que eu esbarrei em uma garota e aí…

— Tudo bem ______, não precisa se explicar — Ele ri, ajeitando a alça de sua mochila nas costas. Enquanto eu tento limpar os resquícios de milkshake completamente envergonhada.

— Então, sobre o que queria falar? — Pergunto tentando não parecer nervosa, enquanto ajeito minha blusa para que não fique tão revelador.

— É que desde o trabalho de sociologia que fizemos juntos no semestre passado, vi o quanto era inteligente, mesmo que nós não tenhamos trocado muitas palavras... — Ele coça a nuca, tímido. Sorrio eufórica. — Gostaria de saber se você quer formar dupla comigo para o trabalho de ciências humanas. — Fala, sorrindo.

— C-como? — Pergunto, nervosa e ao mesmo tempo sem entender o que quis dizer.

— O trabalho de hoje!... É em dupla. — Ri da minha cara confusa.

Murmurei um "Ah" praguejando-me internamente.

Então, assim que minha ficha realmente cai, fico estática, não sabia como agir e nem o que responder para si, me sentia uma tola!

Pisco uma, duas, três vezes, até abrir a boca para respondê-lo, mas nada sai.

— E então…? — Ergue as sobrancelhas.

— A-ah ér… Sim! Claro, porque não? — Sorrio, mais nervosa que o comum.

— Tudo bem então, pode mandar seu endereço pelo insta! Amanhã às três da tarde, estarei batendo na sua porta. — Ele sorri, então passa por mim adentrando o campus.

— Ah sim… okay então. — Falei um pouco alto pois ele já estava consideravelmente longe de mim, então aceno para o mesmo junto a um sorriso sem graça.

Parada fiquei, parada continuei, até eu entender o que realmente tinha acontecido e...

— AH MEU DEUS! — Grito, chamando a atenção de algumas pessoas, então logo arregalo os olhos me xingando mentalmente, abaixo a cabeça envergonhada e saio dali, caminhando em direção à minha casa. 

(...)

Dia seguinte, sábado.

A manhã passou rápido demais, mas em compensação não precisei acordar tão cedo para a aula, afinal graças aos santos finalmente tinha chegado o final de semana. E agora eu me encontrava terminando de lavar a louça do almoço a pedido da minha mãe, que inclusive acabou de sair para resolver qualquer coisa na rua. 

Ainda não acreditava que estava quase na hora do Minjun vir aqui para nós fazermos o trabalho, e eu ainda estou toda descabelada e de pijama, ou seja, tenho que correr para conseguir pelo menos tomar um banhinho antes dele chegar. 

Fecho o registro da torneira, enxugando minhas mãos em seguida e penduro o pano de prato branco no suporte metálico preso a parede rapidamente, logo depois subindo a escada quase correndo, pulando de dois em dois degraus. Eu tinha exatos 30 minutos e talvez uns acréscimos para um possível mínimo atraso, por isso adentrei meu quarto o vendo todo bagunçado, como já era de costume, mas eu realmente tinha que ter deixado para arrumar tudo assim de última hora mesmo sabendo que teria visita hoje? 

— Menos 1000 pontos _____! — Falo pegando minha roupa íntima junto a um short jeans claro, um top branco de renda e um cropped também branco com um tecido um pouquinho mais fino, o que o deixava com uma leve transparência. Assim com tudo em mãos, me encaminhando direto para o banheiro, iria tomar banho e depois com o tempo que sobrasse, arrumar o que der do quarto. 

Tranco a porta branca, após entrar no cômodo e deixo meu look dobrado em cima da bancada de mármore claro da pia, depois entrando no box. Abro a torneira sentindo a água morninha molhar meu cabelo e corpo e escorrer por toda a minha pele relaxando-me, entretanto não demoro a fechar o registro novamente e passar o shampoo, massageando os fios na raiz para deixá-los com o cheirinho de baunilha que eu tanto gostava. 

Sorrio breve murmurando alguns trechos doces de Never Not do Lauv. Estava viciada nessa música por esses dias, graças a Jungkook que cantou ela em uma de nossas ligações. Sua voz calma e terna e seu timbre afinado e harmonioso soava como terapia, podendo facilmente acalmar o ser em maior desespero, e nada disso era exagero. Tenho plena certeza que ele é dono de uma das mais belas vozes que eu já tive o prazer de ouvir, se não a mais bela. 

Enxaguo o cabelo vendo a espuma branca descer pelo ralo, e então passo um pouco de condicionador desembaraçando os fios, já que meu cabelo não é muito grande, não há necessidade em gastar muito produto ali. 

Desembaraço-os com os dedos mesmo, pois estava com muita pressa para penteá-lo com pente e o pouco de calma que me restava. Então assim que estão aceitáveis, enxaguo as madeixas, retirando o excesso da água dos fios, e assim que termino, logo fechando o registro do chuveiro. 

Saio do boxe e pego a toalha secando os fios, logo passando a mesma por minha derme. Termino de me secar e começo a vestir a roupa de forma rápida, tendo em mente que faltava pouco para Minjun bater em minha porta. Logo pego uma escova e penteio o cabelo para trás de forma rápida, ao passo que saio do banheiro em passos apressados e pego o celular para olhar o horário, vendo que faltavam dez minutos. Logo vou até a penteadeira e largo ali minha escova, pegando um gloss e passando rapidamente. No minuto seguinte lá estava eu tentando – e falhando miseravelmente – arrumar a zona que estava o meu quarto, para ao menos deixá-lo "arrumadinho" a fim de não assustar o garoto de cara. Pego algumas roupas que se encontravam jogadas no canto do chão e as separo para levar até o balde de roupa suja lá na área de serviço no andar de baixo, guardo algumas tralhas que estavam sobre minha cômoda em gavetas do mesmo móvel e vou ajeitando outros detalhes aos poucos. 

Assim que termino olho todo o ambiente e suspiro, então ando até a escrivaninha e pego alguns materiais que possivelmente iriamos usar para o trabalho.

Pego novamente meu aparelho e ligo, vendo que já se passavam cinco minutos do horário marcado, mas como sei que Kim Minjun é exageradamente pontual, logo ele estaria aqui.

E foi questão de segundos até eu ouvir a campainha tocar e saltitar alegremente pela casa, indo ao encontro daquele que me roubava suspiros. Que por acaso estava ao lado de fora da minha residência.

— Olá! — Sorrio de forma simpática ao abrir a porta, e ele não faz diferente. Retribuindo o carismático sorriso que lhe dei. — Pode entrar, fique à vontade.

Minjun estava com uma jaqueta jeans clara assim como sua calça. E por dentro desta ele usava uma regata simples na cor preta, seu cabelo estava penteado de forma despojada e ele carregava uma mochila preta nas costas, obviamente com seus pertences de estudo dentro desta.

— Linda casa. — Disse observando a sala de estar enquanto eu fechava a porta.

— Obrigada… — Sorrio sem mostrar os dentes, claramente nervosa. — Vem, por aqui. — O guio subindo as escadas e indo até meu quarto.

— Oh, esse é o seu quarto? — Pergunta.

— Sim… Desculpe a bagunça, eu-

— Relaxa, me identifico. — Riu tentando quebrar o clima, então solto um riso nasal.

Ele senta em minha cama e eu pego os materiais que havia separado minutos antes, logo sentando em sua frente, pondo os livros ali.

— Posso usar seu computador pra fazer umas pesquisas? — Pergunta.

— Claro! — repondo sorrindo sem mostrar os dentes, então ele sai da minha cama e vai até a escrivaninha, sentando-se e começando a ligar o notebook. — Bom, como somos de humanas acho que é mais fácil começar por aí.

— Sim… Irei pesquisar pra ver se entendo a diferença de Humanas para Exatas.

— Huhum — respondi, começando a abrir os livros para me aprofundar no assunto. — Posso ir falando e você digitando?

— Sim… Mas eu não entendi nada que fala sobre exatas aqui, é um pouco confuso.

— Quais são as matérias de Exatas?

— Pelo que entendi é mais uma questão de lógica, como matemática, química, física…

Assim que ele comentou sobre lógica, lembrei que jeon trabalha com computadores, ou algo relacionado, não sei exatamente mas tenho certeza que não tem absolutamente nada a ver com humanas. Por isso me vem em mente que poderíamos pedir sua ajuda já que estamos em dúvida no trabalho. Hoje é sábado então Jeon estava livre essa tarde, perfeito para fazer uma ligação pedindo sua ajuda.

— Eu conheço alguém que estuda computação! Pode nos ajudar, sei lá… — Falo mordendo a ponta do lápis por pura mania.

— Pode ser.

Levanto da cama e troco de lugar com Minjun, sentando-me em frente ao computador. Logo entrando em contato com Jungkook, ligando para si que demorou um pouco para atender, mas logo seu rosto angelical me invade a visão, sorrindo de forma simpática.

— Bonjour mademoiselle, há que devo a honra? — Fala se sentando de forma despojada na cadeira, Jungkook estava com uma calça moletom e uma blusa branca larga. Seus cabelos estavam molhados, parecia ter saído do banho a pouco.

— Nem de manhã é Jungkook. — Meneio a cabeça e sorrio ladino.

— Acabei de acordar, então sim é de manhã pra mim. Bom dia _____. — Fala sorrindo. Logo ouço uma risadinha atrás de mim.

Minjun obviamente achou jeon engraçado. Me viro para trás vendo-o sorrir com a cabeça abaixada, anotando em seu caderno.

— Boa tarde Jungkook. — Reviro os olhos, me virando novamente para o notebook, vendo que hein estava com os olhos fixos no rapaz em minha cama — Preciso da sua ajuda em um negócio.

— Quando você não precisa da minha ajuda? — Deu uma pausa, olhando para mim novamente.

— Sério preciso… Precisamos. — Me corrijo.

— Fala.

— Eu e o Minjun…

— Min quem? — Franziu o cenho, olhando novamente para o Kim.

— Minjun. E a gente precisa da sua ajuda em um trabalho da faculdade. — Ele suspira, passando sua atenção novamente para mim.

— Mas eu estudo música e trabalho com programas de edição de fotos e fotografia, _____, no que exatamente vocês iriam necessitar da minha ajuda?

— Bom, no nosso trabalho temos que entrevistar alguém que estuda exatas. E computação é de exatas, certo?

— Sim… Mas eu não estudo computação. — Alterna o olhar simultaneamente entre mim e o Minjun — Desculpa, mas o que ele está fazendo em cima da sua cama?

— Jeon! 

— Tá, foi mal. Eu ajudo sim, posso tentar pelo menos… Pergunte o que quiser. — Meneia a cabeça.

— Okay, primeiramente…

(...)

— …e então- — Jungkook estava a responder minha pergunta, mas Minjun o interrompe.

— Meu bem, aonde fica o banheiro? — Me encara.

— Vira o corredor, segunda porta à esquerda — Sorrio.

— Valeu! — Levantou da cama e seguiu para fora do quarto, fechando a porta logo após isso.

— "Meu bem, aonde fica o banheiro?" — Jeon tentou imitar sua voz de forma irritante aos meus ouvidos. — Não fui com a cara dele… E quem te chama de meu bem sou eu!

Começo a rir de sua cara. Logo ele chega mais perto da câmera e começa a sussurrar.

— Que porra foi essa? Você fica parecendo uma manteiga derretida perto dele, puta que pariu. — Franziu o cenho.

— Cala boca cara de bunda, quem é você pra falar alguma coisa? E manteiga derretida é o seu-

— Ele sorri o tempo todo! Ninguém é feliz desse jeito o tempo todo, não fode. — Fala, ficando com as orelhas vermelhas.

— Tem gente que sabe sorrir, ao contrário de certas pessoas aqui.

— Feliz eu sou, mas não chego ao ponto da retardadisse. — revira os olhos — Loiro oxigenado…

— Olha quem fala, cabeça de uva. — Sussurro de volta

— Cabeça de uva é a minha pi-

— Voltei! — Abriu a porta e pra variar, sorrindo. Eu e Jungkook nós afastamos de perto da câmera rapidamente, como se nada tivesse acontecido. Minjun sentou-se novamente na cama e continuou escrevendo.

— Pode continuar, jungkook. — Pego minha caneta e o fuzilo com o olhar. Logo ele tosse em falso e continua.

— Bom, aonde eu estava? Ah sim, e então...

Sábado, 17:46 PM — Jeongguk pov's

— Finalmente! Acabamos… — Fala entusiasmada — Obrigada pela ajuda Jey, de verdade.

— De nada amor. — Sorri — Agora eu preciso desligar, daqui a pouco tenho que ajudar minha mãe a preparar o jantar.

— Tudo bem, até mais! — Ela fala.

— Tchau meu bem, e… Tchau Minjun! — Sorrio sem graça e ele retribui da mesma forma.

Logo ______ abaixa brevemente a tela do computador, mas ainda deixando a câmera ligada, tendo em mente que eu finalizaria a chamada. Então assim que iria desligar, o loiro se levanta e pega em sua mão direita, chamando minha atenção de certa forma. Afasto minha mão do teclado e franzo o cenho, estranhando a proximidade. Esse cara é namorado da _____?

— Érrr… Então eu não sei como falar isso direito mas… Vou ser direto! Eu te acho muito linda e inteligente e… Enfim, queria saber se está afim de jantar comigo amanhã.

Suspiro pesado ao ver o sorriso de orelha a orelha no rosto da minha garota, estava claramente apaixonada.

— C-claro! É claro que sim! — Riu, seus olhos pareciam brilhar em felicidade.

E esse foi o clímax pro ciúmes me atingir de forma avassaladora. É estranho sentir-me assim, uma vez que nem tenho motivos válidos para tal, _____ é só minha amiga, somos amigos e ela gosta de outro cara. 

Desligo a chamada rapidamente, tentando esquecer os pensamentos que me invadem a mente de forma brutal, passando a me concentrar apenas no que importa.

Ela está feliz... 

Dia seguinte, domingo.

Jungkook só sabia rir, e era justamente isso que ele fazia descontrolado desde o momento em que eu comecei a contar como foi a minha trágica manhã de sexta até o momento em que liguei para si, pedindo ajuda para o trabalho, e essas risadas pioraram consideravelmente depois que eu falei do episódio com o milkshake. 

— Cala a boca Jeon! — Grito para chamar sua atenção. — Apesar disso tudo, aconteceu uma coisa extremamente boa… — Falo quando ele cessa suas gargalhadas aos poucos. 

Já era domingo, estava próximo ao horário do encontro, provavelmente já passava das seis da tarde e estávamos aqui novamente conversando sobre tudo e nada ao mesmo tempo, assunto com a gente nunca irá faltar pelo visto. Hoje eu estava decidida a não ir dormir tão tarde, mas estar com ele mesmo que através de um computador é muito bom. Apesar de nos conhecermos a provavelmente não muito mais que duas semanas, tínhamos uma naturalidade anormal para desabafar um com o outro, e confiar coisas da nossa vida também, mesmo que sejam fatos não tão relevantes assim como por exemplo, em uma dessas nossas últimas conversas, descobri que Jungkook tem uma irmã mais nova e um irmão também, inclusive com quem tem uma breve richa, pois segundo o que ele disse, todas as suas — poucas — ex-namoradas sempre acabavam caindo no charme de badboy do irmão dele a final, porém isso era antes de se descobrir gay. Mas ele nunca foi de namorar muito, é mais na dele... Também fiquei sabendo que ele trabalha com fotografia além da música e cursa engenharia de computação. E o fato mais interessante de todos: Jeon Jungkook é muito fofoqueiro. Sim, todos os dias ele me chega com uma fofoca nova pra contar, seja de famosos, ou uma treta aleatória que viu no twitter e quis me contar, ou até as brigas rotineiras das tiazinhas de sua rua, é incrível como ele não deixa passar absolutamente nada. 

Não nego que amo esse lado dele, sempre quis ter alguém com quem dividir as fofocas dos famosos que eu lia na internet, e agora que tenho, me sinto realizada, tão feliz quanto criança quando ganha doce. 

— O que? — Ele me olha desconfiado. 

— O Minjun me chamou para jantar! — Respondo sorrindo batendo palmas empolgada. Jungkook estranhamente fecha sua expressão ficando sério, deixando-me confusa com essa reação, mas preferi não dar muita importância pois já estava ciente do seu jeito estranho de ser. 

— Minhum?— Franze o cenho. — Ah, o carinha do sorriso forçado. — Suaviza a expressão parecendo lembrar-se do dia anterior. 

— Minjun! — Corrijo. — E ele não tem o sorriso forçado Jungkook… Ele só é simpático! — Jeon nega com a cabeça enquanto eu reviro os olhos. — Ah, e ele é um carinha que eu to afim faz um tempinho. — Falo apenas. Óbvio que usar só "um tempinho" era eufemismo, mas não precisamos entrar em detalhes.

— Jura? Nem deu pra perceber. — Suspira e relaxa em sua cadeira. — E ele é retardado.

— Retardado? — começo a rir desesperadamente — Porque retardado? — Pergunto cessando a risada e observando a cara de cú que Jeon fez 

— Eu já falei, ele só fazia sorrir, cara de mongol. — Franziu o cenho. — Quero ver a cara dele direito! — Fala pegando seu celular começando a digitar alguma coisa, que eu imagino ser o nome do meu colega. 

— Ele é muito bonito JK. Certeza que você também pegaria. — Falo dando de ombros. Ele me olha por um instante, com a mesma cara de bunda, mas logo recai o olhar novamente sobre a tela do aparelho. 

— Sério _____? — Me olha incrédulo. — É desse cara que você gosta? — Vira o celular para mim e eu consigo ver uma das fotos do Instagram do Kim.

— Você fala como se não tivesse visto o rosto dele ontem.

— Prestei atenção em você e não nele… — Sussurrou, mas deu pra escutar perfeitamente. Passo a língua pelos lábios e dou uma mordiscada no canto da boca, intrigada. — E outra! O cara ficava olhando pra pesquisa o tempo todo, óbvio que não tinha como ver direito! — Deu uma desculpa, formando um bico nos lábios.

— Quê que é ein? Hoje você tá chato demais, credo. — Resmungando cruzando os braços. 

— Não é você mesma que vive me chamando de idiota insuportável? Não sei qual é a surpresa. — Retruca erguendo a sobrancelha. 

— Hum, mas hoje em específico, você ultrapassou limites! — Falo e ele me olha com tédio, mas logo voltando sua atenção para a tela do celular. — Tá com medinho de perder a amiguinha pro loirinho, Jeykey? — Brinco com sua cara fazendo voz fofa e agyo. — Fica tranquilinho, você não vai se livrar de mim tão fácil cabelo de uva! — Pisco e ele ri nasalmente. Sorrio satisfeita por ter conseguido aliviar o clima. 

— Tsc. Que seja… — Revira os olhos relaxando a postura. 

— Vai dizer que você não achou bonito? Jeon Jungkook, eu pensei que você tivesse bom gosto! — Falo, descontraindo. Aliás, como alguém poderia achar aquele deus grego feio? Me recuso a acreditar nessa possibilidade. 

— Não achei lá essas Coca-Cola toda não… — Fala desligando o celular e voltando sua atenção completamente para mim de novo. — Sou mais bonito que ele… 

— Você é louco isso sim! Louco e convencido. — Cruzo os braços. — Mas enfim, mudando de assunto, sabe o jantar que eu falei?

— Que que tem? — me observou indiferente.

— Me ajuda a escolher uma roupa?

continua?