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História On the balcony - Lovesquare - XIII. Loving is About Letting Them Go


Escrita por: Cxmie

Notas do Autor


Então. Estou de volta, com um capítulo do dobro do tamanho dos que eu posto normalmente e isso é para compensar a falta na frequência? Sim e não... Digamos que esse capítulo teria que ser longo de qualquer jeito para eu poder colocar todo que eu planejava.

Leiam com calma, porque muito coisa acontece ao mesmo tempo, muito diálogo e etc, não leiam tudo de uma vez, principalmente porque esse capítulo em específico não possui pausas entre uma cena e outra. Enfim, espero que tenham entendido e espero que gostem!

Capítulo 13 - XIII. Loving is About Letting Them Go


— Nathalie, está tudo pronto? – Gabriel perguntou já em seu covil, diante daquela imensa janela tão conhecida para si. Estava escuro com ela ainda fechada, porém ainda era possível ouvir o bater de asas das borboletas pálidas que circundavam o local. Um sorriso de anseio era visto pela sombra no rosto daquele tão famoso designer de moda que escondia-se dos olhos do público com um único propósito. 

 

— Aguardaremos até o fim do festival para nosso plano correr perfeitamente, senhor – da sombra, Nathalie surgia para colocar-se ao lado de Gabriel.

 

— Eu vim esperando esse momento por muito tempo! Logo eu e minha amada Emilie estaremos juntos novamente – diante de seu gosto pela aguardada vitória, sua assistente forçava um sorriso de felicidade. Estava disposta a fazer de tudo para vê-lo feliz, mesmo que significasse deixá-lo mais uma vez, porém sua obsessão por Emilie sempre a machucara. Pouco importava. Conseguia entendê-lo. Nem mesmo imaginava o que seria capaz de fazer se o Agreste estivesse em uma situação como a daquela mulher.

 

— Tem certeza de que terá uma emoção forte o suficiente para o que pretende fazer? – ainda estava incerta sobre o plano.

 

— Sim, minha doce Nathalie. Fazem dias que sinto uma emoção forte de tristeza, insegurança, angústia, dúvida… E tudo poderá ficar maior ainda hoje. Que lugar melhor para sentimentos assim virem à tona em um festival onde tudo pode acontecer? – começou a rir, o que não tranquilizou muito os pensamentos da mulher que estava preocupada com o filho de Gabriel.

 

— Ela é amiga do seu filho, Gabriel. Tem certeza? – suspirou.

 

— É o plano mais certo de funcionar que temos… Tudo que precisamos fazer é proteger Adrien – virou-se para a assistente e sorriu com cumplicidade.

 

— É para isso que criará um sentimonstro? – ainda parecia em dúvida.

 

— Sim.

 

— Isso não impedirá Ladybug e Chat Noir de cuidarem do problema – via inúmeras falhas naquele plano, mas não as citou, imaginando que ainda tinha algo a entender.

 

— Mas é muito provável que os dois se separem – tinha todas as respostas na ponta da língua.

 

— Você sabe que não pode confiar que Chat Noir e a Marinette têm um relacionamento – advertiu.

 

— Confie em mim minha cara, Nathalie. Os dois irão se separar e é aí que teremos mais chances de sucesso – começou a rir mais uma vez — Prepare-se… Precisaremos da Catalyst – solicitou enquanto dava alguns passos à frente.

 

— Sim, senhor – abaixou a cabeça, resolvendo confiar na palavra de Gabriel que colocou-se disposto entre as inúmeras borboletas.

 

— Nooroo, Duuzuu: Combinar! – aquelas borboletas pálidas que o envolveram logo deram lugar a Shadow Moth que sorria com o abrir daquela janela revelando a luz da tarde — Aproveitem o festival… Essa noite tudo se transformará em caos graças a Marinette Dupain-Cheng. 


 

[...]

 

— Marinette! – a voz de Alya despertou-a de seus recorrentes devaneios dos últimos dias — Vai ficar aí o festival todo? – puxou uma cadeira para sentar-se perto dela.

 

— Eu só preciso de um tempo – falou com um sorriso caloroso, fingindo que estava tudo bem.

 

— Ah, qual é, amiga. Todo mundo tá se divertindo! Você não pode ficar aí sentada o dia todo com a cabeça nas nuvens – sorria, tentando passar um ar de conforto para sua melhor amiga. Entretanto notou que nem mesmo adiantava, já que sua expressão não alterava-se daquela melancolia de quem estava perdida. Suspirou — É sobre o Adrien? – Marinette confirmou com a cabeça, voltando a abaixá-la, como se deitasse-a na mesa — Não fica assim, garota. Você é forte! Vai conseguir achar a oportunidade certa de chamá-lo pra sair – tentou animá-la com suas palavras, vendo-a virar seu rosto para o lado.

 

— Não é só sobre ele… Você sabe – bufou.

 

— Ele está sempre com a Kagami porque pelo menos ela faz algo – provocou em forma de repreensão.

 

— Mas eu não sou como ela! Eu não sou confiante, não sou bonita e nem talentosa como ela – a frustração em sua voz era nítida.

 

— Você não tem que ser igual a ela para chamar atenção do Adrien. Só espere um momento em que ele esteja sozinho e vá chamá-lo sem hesitar – deu um tapinha nas costas da de madeixas escuras que ainda não levantava seu olhar.

 

— Eu não consigo – enterrou o rosto em seus braços com vergonha de seu fracasso.

 

— Já chega, Marinette! – Alya perdeu a paciência e levantou-se bruscamente, assustando até mesmo a Dupain-Cheng, que levantou seu olhar por um momento, puxando-a pelo braço para que esta ficasse de pé — O Adrien passou os últimos meses todos achando que você não gosta dele e que tem tentado se afastar dele, porque você fica fugindo! Se pelo menos quiser algo com ele, faça e não fique chorando por aí. Ou vai esperar até que ele e a Kagami estejam apaixonados andando de mãos dadas um com o outro por aí?! – a mais baixa sentiu um aperto no coração ao escutar aquilo, um pouco envergonhada ao ver que outras pessoas olhavam-nas, por conta de todo o escândalo que a Césaire estava fazendo diante daquilo.

 

— Alya! – tentou chamar atenção da amiga timidamente.

 

— Nada de "Alya"! Você tem que me prometer que vai chamá-lo para sair assim que o vir – estava realmente irritada e aquilo assustava Marinette, que, no fundo, sabia que ela estava certa.

 

— Tudo bem… Fale mais baixo! –  pediu mais uma vez com a voz abafada para não chamar muita atenção.

 

— Inclusive, Luka me pediu pra te lembrar da apresentação da Kitty Section – em seu rosto um olhar malicioso surgia.

 

— Valeu… Tem tanta coisa na minha cabeça que eu já tinha esquecido – uma memória veio à sua mente. Sua conversa com Luka retornara e, assim, percebeu que tinha mais um problema para lidar no meio de toda aquela confusão.

 

— Achei que ele e o Adrien fossem os dois que estivessem na sua cabeça – cruzou os braços pensativa.

 

— E-e quem mais seria? – corou sabendo que ainda não havia dito para Alya sobre Chat Noir.

 

— Não se faça de boba… Se não for me contar eu irei descobrir – sorriu arteiramente.

 

— E quem poderia ser? Chat Noir? – ironizou, logo em seguida vendo-se pega na própria armadilha.

 

— Eu não duvidaria, já que vocês dois estavam igual pombinhos saindo juntos pra tomar sorvete do André – continuou a provocar a amiga.

 

— F-foi só uma vez, Alya. Não precisa fazer um alarde por causa disso – tentou deixar sua voz o mais natural possível, mas, como esperava, acabou gaguejando um pouco.

 

— E aquela vez que você foi a Multimouse e vocês passaram um tempão juntos? Vai falar que não teve nada… – passou um de seus braços por trás dos ombros de Marinette.

 

— Eu só estava ajudando ele e a Ladybug, não teve nada demais – deu de ombros um pouco desconfortável.

 

— Bom, confesso que se minha melhor amiga estivesse apaixonada pelo Chat Noir e não me contasse eu ficaria um pouco chateada – brincou.

 

— Claro que isso não aconteceria. Só saímos uma vez, não é como se nos víssemos todo dia – continuou a ironizar, mesmo sabendo que aquilo era algo real. Sentia-se mal por não poder contar nada para sua melhor amiga, mas acima de tudo, queria protegê-la.

 

— Acho que vocês dois ficariam fofos juntos – deu uma breve cotovelada na amiga que riu sem graça.

 

— Não fala isso. Ele tem a Ladybug – ao dizer aquilo voltou a sentir um peso em sua consciência e olhou para cima, como se procurasse alguém à altura dos prédios.

 

— Ele não vai esperar ela para sempre… Mesmo que eu ache que os dois formem um casal perfeito – notou a expressão da de olhos anil cair outra vez — Você não acha que o Adrien vai esperar pra sempre, né? – a outra negou com a cabeça — Então vá em frente… Mesmo que esteja em dúvida… Chame ele pra sair… Só assim você terá certeza do que sente… Assim como se não der uma chance para o Luka, não saberá qual dos dois é o certo… Somos adolescentes… Temos que tentar para saber o que é o certo – aconselhou-a com um tom acolhedor.

 

— Alya… Eu sei… Mas você sabe que eu não consigo falar com o Adrien… Com o C- – interrompeu-se com uma rápido pigarro — Com o Luka é tão mais fácil… Eu consigo conversar com ele e esclarecer as coisas…

 

— Você fica fugindo dele! Claro que nunca irá conseguir conversar desse jeito! – a de pontas ruivas olhou em volta parando seu olhar em um ponto, para onde apontou — Ele está lá, sozinho! O que te impede de ir lá e chamá-lo para sair?! – Marinette olhou na direção indicada com falta de ar. Estava mais ansiosa do que nunca, principalmente por sentir-se ainda com peso na consciência sabendo que o gatuno esperava-o com diversos preparativos ali próximo.

 

— Eu não posso só chegar assim! Ele está assistindo a apresentação da Kagami! Eles devem estar juntos e eu não posso convidá-lo na frente dela – desculpas e mais desculpas saíam de sua boca, como se o melhor que pudesse fazer fosse continuar fugindo do modelo.

 

— Ele não está com ela agora… Além disso, Luka tinha me pedido para lembrá-lo do show também e como eu tenho que ir ver o Nino… – encarou a mais baixa com uma feição travessa, ao mesmo tempo que arrastava-a pelo local até a área onde Kagami apresentava-se a um público que viera admirar a performance da herdeira da família Tsurugi.

 

— Você não vai me abandonar, né? – começou a desesperar-se, suando frio ao notar que Alya puxava-a entre a multidão para perto do loiro — Alya! – seu coração começou a bater forte, contudo Adrien ainda não tinha notado-a, parecendo estar com os olhos fixos no palco.

 

— Foi mal, eu não posso te ouvir! A música está muito alta – nem mesmo tocava música, o único som que ouviam era o da japonesa lutando arduamente com um adversário, que era sua mãe, enquanto a plateia mantinha seus olhos fixos e atentos para ver quem marcaria o ponto.

 

— A-Alya! – sentiu um empurrão em suas costas, sem poder lutar contra já que estava entre outras pessoas e, com isso, acabou por ser jogada na direção do Agreste que virou-se ao sentir alguém esbarrar em suas costas. Marinette olhou em volta, tendo se dado conta que Alya já havia escapado, deixando-a naquela situação terrível sozinha.

 

— Ah, oi, Marinette! – cumprimentou com um sorriso — Tá tudo bem? – indagou ao ver o rosto perdido da garota que, por dentro, tentava encontrar palavras para respondê-lo.

 

— S-sim… – foi a única coisa que conseguiu dizer, ficando em silêncio de cabeça baixa logo em seguida.

 

— Veio assistir a apresentação da Kagami? – tentou puxar assunto, já imaginando que só receberia respostas curtas, pois nos últimos dias era isso que a franco-chinesa estava fazendo consigo. Não conseguiam conversar normalmente fazia algum tempo, e, por isso, pensava ter feito algo para deixá-la tão afastada. 

 

— C-claro – bateu com a mão na própria testa, frustrada por não conseguir parar de gaguejar mesmo com palavras simples. Seria um pesadelo pensar que teria que usar aquela chance para chamá-lo para sair. Se falhasse, Alya a mataria, porém não tinha confiança nenhuma de que conseguiria. Suspirou.

 

— Ah… Certo... – calou-se com o humor meio abalado por não conseguir conversar com ela como fazia como Chat Noir. Tinha medo de estar incomodando, já que sempre notava-a gaguejar e fugir. Conseguia perceber a inquietação em suas orbes anil e imaginou estar incomodando-a, por isso desviou o olhar para o palco mais uma vez, ocultando sua tristeza apenas para si. Como as coisas podiam ser tão diferentes com a mesma garota diante de suas duas identidades? Achava que tinha acertado-se com Marinette, no entanto parecia que as coisas haviam piorado desde o dia que haviam conversado na estação de metrô. Marinette evitava-o cada vez mais, normalmente conseguindo uma conversa longa com ela uma vez na semana. Não entendia o que estava acontecendo, contudo estava decidido a, talvez, não incomodá-la mais, enquanto era Adrien, até que descobrisse qual era o problema.

 

— Está… Gostando do festival? – perguntou a garota repentinamente, parada ao lado do modelo sem nem mesmo olhar para seu rosto. Tinha medo de olhá-lo nos olhos e acabar falando alguma besteira, e, como não queria perder aquela oportunidade, tentaria conversar daquela maneira. Por dentro seu coração palpitava forte, como se fosse desmaiar a qualquer momento, quase perdendo o ar. Adrien foi pego de surpresa com a questão.

 

— Sim! O pessoal parece ter se esforçado bastante para montar tudo. Me fez pensar que meu pai poderia ter feito algo além de só mandar algumas finanças – respondeu com um sorriso no rosto, feliz por ela ter puxado assunto.

 

— Por que ele não fez nada para promover a marca? – continuou a conversa, tentando ficar o mais confortável possível ao lado do loiro, enquanto mantinha seus olhos fixos em Kagami no palco.

 

— Ele estava planejando um desfile, mas, eu não sei o que aconteceu, Nathalie disse que ele estava ocupado com algo muito importante e acabou cancelando – explicou com um semblante frustrado em seu rosto.

 

— Queria que tivesse o desfile? – nem mesmo notou que tinha virado-se para encará-lo e, quando Adrien virou seu olhar ao encontro do de Marinette, ela imediatamente tornou a olhar a apresentação que estava acontecendo sentindo suas bochechas arderem um pouco.

 

— Não é sobre isso… É que… Ele sempre está ocupado e nunca me conta o que é... – bufou. Um silêncio surgiu entre os dois, diante daquela difícil situação que Marinette sabia que era com o pai de Adrien. Sua mente focou-se em outra coisa. Kagami. Ela parecia tão incrível e confiante naquele palco, fazendo sua apresentação de esgrima perfeitamente. Estava com inveja mais uma vez. Nunca chegaria aos pés dela, mas, outra coisa em sua excelência a deixava para baixo. Adrien tinha dito a ela que gostava de outra pessoa, então, talvez alguém mais incrível que a Tsurugi existisse e isso destruía totalmente as chances dela. 

 

— Ela é incrível – comentou com um sorriso tímido em seu rosto, que escondia uma melancolia sem fim.

 

— A Kagami sempre foi a melhor esgrimista nas nossas aulas, não me surpreende todos estarem vidrados nela – sua feição demonstrava certo orgulho da parceira de esgrima, que Marinette invejava. Nunca que Adrien falaria algo assim sobre ela. Talvez devesse mesmo desistir de toda aquela ideia boba de chamá-lo para sair, afinal, era inútil.

 

— Não me surpreende... Ela parece tão confiante – não conseguia sentir nada negativo sobre a japonesa. Era sua amiga e ela, verdadeiramente, demonstrava excelência no que fazia.

 

— É o jeito dela. Ela não hesita. Me lembra bastante da Ladybug – o comentário chegou a surpreender Marinette, que começou a tossir depois de engasgar com a própria saliva pelo susto das palavras.

 

— Ladybug?! – sua voz saiu um pouco estridente pela surpresa, corando ao notar que estava falando de maneira exagerada.

 

— É. Eu sei que ela não é a Ladybug, mas... – suspirou profundamente, percebendo que Marinette encarava-o com os olhos cheios, como se estivesse curiosa com aquele modo repentino de falar sobre a heroína — E-e-esquece… – onde estava com a cabeça para falar daquele jeito sobre a Ladybug? Se falasse mais poderia colocar em xeque sua identidade. A de madeixas escuras lembrou-se das fotos que tinha visto no quarto do garoto. Ele era um fã dela, então achava que não deveria se preocupar tanto com sua citação. Entretanto, a situação a fez rir um pouco timidamente.

 

— Tinha me esquecido que você era um fã dela – falou sobre aquela memória e sorriu, sentindo-se um pouco melhor e mais confiante ao lembrar-se da admiração que o garoto sentia por ela. Mesmo que Ladybug não fosse quem ela era naquele momento, ainda era parte dela.

 

— É… Um fã – coçou a nuca, rindo nervosamente junto da amiga.

 

— Às vezes eu queria ser talentosa e confiante como as duas – comentou mais para si mesma, depois de cessar sua risada, porém havia saído em voz alta sem que notasse.

 

— Mas… Você também é incrível, Marinette – nem pensou duas vezes antes de elogiá-la, percebendo que podia estar sendo muito direto, como fazia quando era Chat Noir — Quero dizer… Você sempre tenta ajudar os outros e sabe fazer coisas incríveis com design… Até meu pai disse que você é talentosa! – tentou corrigir-se, corando um pouco por receio de ter falado demais.

 

— Eu sei… Mas não é nada comparado ao que a Kagami pode fazer… Eu não sou confiante – nem mesmo conseguia acreditar que estava falando sobre aquilo com Adrien Agreste. Sentindo-se até envergonhada em ter aquele assunto na conversa.

 

— Tá brincando? Você é tão boa quanto ela! Você me venceu na esgrima naquele teste várias vezes sem a menor dificuldade – a azulada sentiu-se lisonjeada pelo de olhos esmeralda lembrar-se de algo que já tinha acontecido há anos.

 

— Aquilo não foi-

 

— Você foi incrível, Marinette… E eu não sou o único que pensa assim… Todos sabem o quanto você é uma garota maravilhosa – sorriu de um jeito sereno, feliz em poder conversar tão confortavelmente com ela mais uma vez. A apresentação chegava próxima a seu fim, contudo a mestiça estava corada como um pimentão depois dos elogios repentinos. Talvez não devesse desistir e fazer como Alya havia dito. Respirou fundo. Podia fazer aquilo. Podia chamá-lo. Não podia perder a oportunidade.

 

— Adrien, posso te perguntar uma coisa? – virou-se para ele, começando a suar frio mais uma vez e, involuntariamente, abaixando os olhos mais uma vez.

 

— Aconteceu alguma coisa? – ficou frente-a-frente com ela, parando de prestar atenção na apresentação de Kagami por um momento. Por algum motivo estava nervosa, apesar de sua preocupação acabar sendo maior, já que ele sabia que Marinette iria chamar alguém para sair durante aquele festival e, provavelmente, estava nervosa. Talvez ela fosse lhe pedir ajuda? E se fosse alguém que ele conhecesse e fosse próximo? De qualquer forma, não deixava de se preocupar por saber o quanto ela estava sofrendo nos últimos dias por não conseguir dar o próximo passo. Se precisasse ajudá-la faria tudo que fosse possível, já que ela era alguém que nunca hesitava em ajudar os outros.

 

— N-não… É que eu... – não conseguiu continuar a falar, continuando de cabeça baixa enquanto brincava com os próprios dedos para tentar reunir coragem. 

 

— Precisa de ajuda com alguma coisa? – colocou a mão gentilmente no ombro dela, como se quisesse demonstrar seu apoio, entretanto Marinette frustrou-se, pois sabia que o loiro não estava entendendo.

 

— Eu queria... – sua garganta falhou mais uma vez. Não sabia o porquê daquilo estar acontecendo, mas sua incapacidade de falar só estava deixando-a mais e mais nervosa do que antes.

 

— Marinette, está se sentindo bem? – notou que ela tremia. Imaginando que algo estivesse errado. Tinha que falar logo, precisava, necessitava. Era agora ou nunca, antes que a apresentação acabasse.

 

— E-estou, eu só- 

 

— Ponto! E com o placar empatado, encerramos as apresentações por hoje! – todos em volta começaram a aplaudir, enquanto Marinette e Adrien viravam os rostos para o palco mais uma vez de onde Kagami descia com sua mãe. Balançou a cabeça para voltar sua concentração à Dupain-Cheng que não parecia nem um pouco bem.

 

— Marinette? – ao chamar seu nome, a fez voltar para a realidade. Esta, mais uma vez, olhou à altura dos prédios e suspirou, voltando a ficar com o olhar derrotado.

 

— Luka pediu para que você e a Kagami fossem ao show que é daqui a pouco – afastou-se do loiro decepcionada consigo mesma. Tudo que queria era fugir. Tinha falhado mais uma vez. Outra oportunidade jogada fora. Nem mesmo queria imaginar o que Alya a diria.

 

— Era isso que tinha para me falar? – franziu o cenho, tendo quase certeza que sua colega de classe estava omitindo algo.

 

— Era... – forçou um sorriso, com os olhos marejados ao olhar para aquelas orbes esverdeadas. Não pôde mais se segurar e deu as costas ao garoto ao ver que Kagami aproximava-se, sumindo no meio da multidão com o coração apertado.

 

— Marinette! Espera! – tentou chamá-la, contudo ela pareceu ignorá-lo enquanto seguia em frente sem olhar para trás. Tinha mais certeza do que nunca que ela não estava bem, todavia não sabia o que fazer, já que, mais uma vez, ela havia afastado-se dele sem dar nenhuma explicação. Suspirou e abaixou a cabeça indignado, nem mesmo notando Kagami parar ao seu lado.

 

— Você e a Marinette brigaram? – questionou parecendo um pouco ofegante ainda, enquanto a multidão se dispersava para outros cantos do festival.

 

— Ela está me evitando, de novo – respondeu com a voz completamente desanimada.

 

— O que aconteceu dessa vez? – ainda queria entender a situação.

 

— Parece que ela queria me dizer algo, mas desistiu e foi embora – explicou.

 

— Então é isso... – a garota parecia já saber do que se tratava e abriu um pequeno sorriso de orgulho, o qual Adrien não percebeu, pois ela rapidamente voltou a sua feição séria — Não precisa ficar com essa cara, tenho certeza que ela vai acabar falando com você alguma hora – tentou animá-lo com aquelas palavras.

 

— Eu não tenho nenhuma dúvida que ela vá querer acabar com nossa amizade – continuou com o mesmo fitar triste e desnorteado. A de madeixas curtas arqueou uma sobrancelha sem entender o porquê daquele palpite.

 

— Marinette não é assim.

 

— Eu sei… Mas eu devo ter feito algo errado para ela… Já fazem meses que ela foge de mim – nem mesmo levantou o rosto para dizer aquilo.

 

— Por que você não pergunta diretamente para ela? – deu a solução, de forma muito simples e óbvia em sua cabeça. O loiro suspirou.

 

— Eu não acho que ela vá me ouvir – Kagami, então, colocou suas mãos no rosto do modelo, fazendo-o encará-la.

 

— Se você gosta dela, você tem que ir atrás dela… Quer perder a amizade dela e continuar vendo-a triste assim? – suas palavras eram extremamente claras, entretanto Adrien não conseguia deixar de hesitar e pensar no pior.

 

— E se-

 

— Ela vai te ouvir, Adrien! Quando encontrá-la fale com ela! – disse aquilo como se fosse uma ordem, tentando passar sua confiança para o mesmo.

 

— Você está certa – sorriu.

 

— E agora! O nosso show anual para encerrarmos o festival! – o grande anúncio era ouvido de longe, vindo da direção onde uma aglomeração se dirigia.

 

— Acho que vai ter que deixar para depois do show – falou a mais baixa, referindo-se ao caso da Marinette.

 

— Eu teria que deixar de qualquer jeito… Ela disse que o Luka queria que fôssemos ver a Kitty Section – o modelo já parecia bem melhor do que antes.

 

— Então, o que estamos esperando? Você bem que precisa de um pouco de diversão – nem mesmo deixou que ele protestasse contra e puxou-o atrás da multidão, até um local que estava reservado bem em frente ao palco, no qual a maioria dos alunos da Françoise-Dupont estavam sentados juntos à mais inúmeras pessoas de alta classe que vieram assistir às outras apresentações. No fundo, Adrien sabia que Kagami estava certa. Precisava de um pouco de diversão, principalmente porque nada poderia estragar aquele dia tão esperado de seu encontro com Ladybug, que, a cada minuto que passava, aproximava-se mais, dando-lhe borboletas no estômago.

 

Marinette, que, por sua vez, estava bastante cabisbaixa depois de ter falhado em sua tentativa, estava sentada entre Alya e Mylène, que conversavam empolgadamente enquanto as apresentações ainda não começavam. A Dupain-Cheng ainda tinha que preocupar-se com seu encontro com Chat Noir que estava mais próximo do que nunca, além de estar bem ansiosa sobre a surpresa que Luka tinha dito que estava preparando para ela ao fim do show. Não sabia o que pensar sobre aquilo, nem mesmo o que sentir. Estava começando a pensar demais novamente, pois ainda tinha que dar um jeito de chamar Adrien. Por que era tão patética? 

 

— Sem essa cara, Marinette! Estamos aqui para aproveitar o show! – Alya encostou em seu ombro, obrigando-a a despertar de seus devaneios.

 

— Você pode deixar o Adrien para depois! Queremos aproveitar com a nossa amiga! – Mylène empolgou-se, dando um forte abraço na de madeixas pretas que corou.

 

— Eu nem mesmo sei se vou falar com o Adrien – disse em um tom de ironia, mesmo que soubesse que aquilo talvez fosse a realidade.

 

— Sem essa! Depois do show você vai falar com ele sem mais desculpas! A Rose apostou o perfume favorito dela que você conseguiria! Não vai querer decepcioná-la – brincou a morena, querendo dar alguma motivação para sua melhor amiga que acabou rindo ao saber daquilo.

 

— Vocês não me deixam em paz com isso, né? – estava sorrindo, conseguindo achar alguma graça naquela conversa.

 

— Já está mais do que na hora! Fazem quase quatro anos que você está atrás dele! – relembrou a de óculos. 

 

— E todos sabem que vocês dois formariam um lindo casal! – comentou Mylène — Farei o que for preciso para ajudá-los, já que você me ajudou com o Ivan no passado – segurou as mãos da amiga ainda insegura, para passá-la uma energia positiva.

 

— Eu amo vocês, meninas – abraçou-as, sentindo-se melhor do que nunca com todo aquele apoio. Por um breve momento, olhou para o lado e viu aquele que era o assunto tão badalado do trio sentado algumas cadeiras adiante ao lado de Kagami, parecendo conversar descontraidamente. Não conseguiu deixar de sentir ciúmes e um pesar no coração, todavia logo virou o olhar para o palco vendo que o show estava prestes a começar. Não tinha porque ficar olhando-os, se aquilo fosse desanimá-la. Os dois eram amigos, então não precisava preocupar-se. Tinha que concentrar-se apenas no que iria falar para Adrien.

 

O show ocorreu de forma tranquila, com o trio de amigas conseguindo aproveitar com felicidade. Vez ou outra Marinette ainda olhava na direção de Adrien que parecia estar se divertindo junto da Tsurugi, acabando por sempre desviar o olhar para evitar pensar demais. Foi quando a Kitty Section terminou de tocar sua última música que ambos cruzaram os olhares momentaneamente, com a de madeixas preto-azuladas ficando perdida naqueles orbes esmeralda por alguns segundos enquanto o loiro sorria de um jeito doce. Era difícil ambos saberem o que se passava na cabeça um do outro. Adrien estava preocupado com ela, ansioso para perguntá-la o que estava acontecendo agora que o show estava em seu fim. Por outro lado, Marinette estava começando a suar frio mais uma vez, visto que teria que arrumar um momento para chamá-lo para sair antes que fosse muito tarde. Ainda tinham que preocupar-se com o encontro que ambos teriam um com o outro em suas outras identidades. O modelo estava com pressa, querendo encerrar aquele dia o mais rápido possível para poder preparar-se antes de receber Ladybug, enquanto a própria parecia extremamente nervosa por não saber o que poderia acontecer. Ambos tiveram seus pensamentos interrompidos com um chamar de atenção vindo do palco.

 

— Bom, pessoal! Ficamos muito felizes por tê-los recebido no nosso festival cultural! Conseguimos arrecadar uma boa quantia e tenham certeza de que o dinheiro será usado para uma boa causa! Uma boa noite e- – enquanto o prefeito Bourgeois encerrava o evento, aquela figura de madeixas bicolores e um violão pendurado aproximou-se para dizer algo em seu ouvido — Claro, claro, seja breve – o homem voltou a olhar para o público — Para encerrarmos nossa noite, teremos uma última performance! Aplausos! – assim como pedido, os aplausos receberam Luka que sorria de orelha a orelha, como se esperasse aquele momento. Marinette encarava-o curiosa, imaginando que aquela deveria tratar-se da surpresa que o Couffaine havia mencionado. 

 

— Boa noite, pessoal! – limpou a garganta após cumprimentar, não se abalando diante daquele silêncio dos olhos atentos e curiosos — Antes de irem embora... Eu prometi a mim mesmo que tocaria mais uma música… – interrompeu-se, estando claramente nervoso. Era estranho. A Dupain-Cheng nunca tinha o visto assim sobre o palco — Bom… Eu escrevi uma música, dedicada a uma garota que é muito especial pra mim – olhou fixamente para aquele olhar azul anil e sorriu sereno — Eu espero que ela esteja ouvindo… E… Entenda… O quanto eu a amo, mas o mais importante: o quão especial ela é, não só para mim, mas para todos que estão ao redor dela – aquele encarar penetrante de Luka a fez corar imediatamente, mas, não se deu permissão de tirar os olhos deles, dando-lhe um sorriso de gratidão. 

 

Quando ele começou a tocar sua canção, que era mais uma serenata, o público parecia hipnotizado por sua voz que não era muito ouvida. Durante toda a música, Luka não tirava seus olhos de Marinette, sua destinatária. A garota que ele amava. Ela estaria mentindo se falasse que não sabia nada daquilo. Sabia que receberia uma música dele, todavia estava emocionada com a letra, estando com sua mão sobre a boca para esconder sua timidez nítida. O músico sorria, achando graça de sua vergonha, então desviou o olhar por um momento para dirigir-se ao público como um todo enquanto cantava. Diante daquilo, Kagami virou seu olhar para Adrien que não estava com uma expressão das melhores, acabando por sorrir ao entender a situação cada vez melhor. O loiro entendia a situação, entretanto algo o incomodava sobre aquilo ao ver Marinette tão feliz. Imaginava ser inveja por aqueles dois parecerem se dar tão bem, no entanto não queria preocupar-se com aquilo no momento. Só esperava não perder a oportunidade de conversar com a Dupain-Cheng após o show, antes que tivesse que correr para seu encontro com Ladybug. Ele não entendia. Como ele conseguia todo aquele carisma? Todos pareciam sentir suas palavras. Bufou e tirou seus olhos do palco.

 

— Eu vou ao banheiro – avisou para a japonesa que estava com seus braços cruzados observando toda a cena.

 

— Mas, já está acabando – argumentou.

 

— É… Uma emergência – não conseguiu pensar em nada muito plausível e se afastou com pressa. Marinette não pôde deixar de notar aquilo ao tirar seus olhos de Luka por um momento, sentindo certo pesar no coração. Suspirou e voltou a olhar a apresentação até seu fim, vendo que Kagami não havia acompanhado o loiro. E se ele tivesse ido embora? O pai dele havia mandado alguém buscá-lo? Aquilo seria um desastre se tivesse acontecido. Por mais que olhasse o de madeixas bicolores, ainda não conseguia deixar de pensar no Agreste 

 

— Obrigado – agradeceu se curvando ao ser recebido por aplausos ao fim da apresentação. Luka também havia notado a saída de Adrien e, como não era bobo, sabia que Marinette estava preocupada com aquilo.

 

— Assim encerramos o festival, obrigado a todos! – anunciou o prefeito, agora sim, com toda a multidão se dispersando. 

 

Enquanto descia do palco, Luka olhou de relance para Marinette fazendo um gesto com a cabeça para que ela o encontrasse. 

 

— E-eu já volto – disse para suas amigas que nem mesmo questionaram. A de cabelos escuros apressou o passo até a parte de trás do palco, encontrando o de pontas ciano sentado sobre uma caixa com seu violão nas costas, recebendo-a com um sorriso — Luka… – não soube o que falar.

 

— O que achou da música? – foi direto ao ponto, acabando por fazer a mais baixa tremer um pouco por nervosismo, ao mesmo tempo que ficava com suas bochechas tingidas por um vermelho intenso.

 

— E-era perfeita… – respondeu desviando o olhar — Não que as outras que você compôs não fossem! Você realmente tem talento pra isso… É só que… – respirou fundo — Valeu, Luka – sorriu enfim.

 

— Você sabe que tudo que eu falei é verdade, não sabe? – ela confirmou com a cabeça — Então… O que diz de sair comigo? – sugeriu, mesmo que, no fundo, soubesse no que aquilo iria chegar.

 

— Luka… Eu… Gosto muito de você… Mas… – ter que dizer aquilo em um momento como aqueles era difícil — Eu gosto de outra pessoa… Me desculpa – involuntariamente, lágrimas começaram a cair. O que chocou o de madeixas bicolores.

 

— Marinette… – seu coração apertou ao vê-la daquele jeito.

 

— Me desculpa… Você é uma pessoa incrível… E eu sou patética… Você não merecia isso… Eu realmente queria ficar com você… Mas eu não posso mentir mais… – deixou-se debulhar em prantos, sentindo suas pernas ficarem fracas de repente. O adolescente rapidamente levantou-se ao vê-la naquele estado e a abraçou mais forte do que nunca como se tentasse protegê-la. Marinette não pensou duas vezes antes de agarrar-se nas costas dele.

 

— Tá tudo bem, Mari… Eu estou aqui – sua voz ficou mais fraca, sentido por ter que vê-la assim — Por favor, não chore… Machuca mais do que a rejeição… 

 

— Eu não sei mais o que fazer, Luka… Eu não consigo falar com ele… Ele e a Kagami estão sempre juntos… Eu queria parar de seguir ele, mas eu não consigo… Eu não aguento mais segurar tudo isso… Já fazem três anos e meio praticamente – sua voz era trêmula em meio aos soluços e fungadas.

 

— Às vezes… – respirou fundo e afastou-a de seu ombro para encará-la profundamente, levando uma de suas mãos ao rosto dela — Amar significa deixar essa pessoa ir – falou aquilo com um tom doce, contudo Marinette conseguia sentir o peso daquela frase. Sentia a tristeza — Mas… Pra você ainda não é tarde… Não deveria ficar chorando… Adrien sabe o quão incrível você é, Marinette. Todos sabem… Você sempre faz de tudo pra nos ajudar… Eu tenho certeza que… Se você confiasse mais em si, conseguiria ser alguém mais incrível ainda – sorriu.

 

— Não adianta, Luka… Ele já foi embora… Eu sempre perco a chance… Eu nunca vou-

 

— Ele estava sozinho perto da Pont des Arts agora pouco – não pensou duas vezes antes de informá-la sobre aquilo.

 

— O-o quê? – não acreditou no que estava ouvindo — Ele… Não foi embora? – o garoto negou com a cabeça — Eu-

 

— Vá ver ele, Marinette – soltou-se da cintura da jovem e sorriu.

 

— Eu não sei se…

 

— Faz isso por mim – o impacto daquelas palavras eram maiores do que Luka podia imaginar — Você consegue… – a de madeixas tão escuras quanto o céu daquela noite que caía secou o rosto e sorriu, tentando reunir coragem.

 

— Obrigada… De verdade, Luka… – abraçou-o carinhosamente e soltou-se,  dando as costas para ir em direção ao local indicado.

 

— Marinette! – chamou-a ao vê-la se afastar e esta parou e virou-se — Eu te amo! – gritou para que ela pudesse ouvir, sem importar-se com as outras pessoas em volta que já tinham os olhos sobre os dois desde o começo. Sem hesitar, ela respondeu, mesmo que com as bochechas completamente vermelhas e com um significado diferente, que Luka sabia:

 

— Eu também te amo! – então partiu. 

 

Enquanto isso, na Pont des Arts, Adrien estava escorado na grade olhando para a água com um olhar melancólico que nem ele mesmo entendia o porquê. Aquele dia deveria ser perfeito, mas estava sentindo algo pesado dentro de si. Ainda tinha que falar com Marinette, porém algo não o deixava sair dali, como se quisesse evitá-la por um momento, o que nunca havia acontecido antes. Virou-se ao sentir a presença de alguém atrás de si, revelando-se o rosto de Kagami, que estava de braços cruzados com uma feição séria.

 

— Precisamos conversar – sua voz parecia mais firme do que nunca.

 

— Aconteceu algo? – perguntou sem entender o porquê daquela tensão no ar.

 

— Sim. Já está na hora de alguém colocar isso na sua cabeça – aproximou-se, ficando cara-a-cara com o modelo.

 

— Do que está falando? – o olhar da garota cada vez mais o assustava.

 

— O que você sente pela Marinette? – direta, como sempre.

 

— Ela é minha amiga, por quê? – ainda queria entender onde aquilo iria chegar.

 

— Adrien… Se ela é só uma amiga pra você, por que sempre se incomoda quando a vê com o Luka? – o loiro engoliu seco ao escutar aquilo.

 

— Eu não me incomodo… Só-

 

— Por que fugiu na hora da apresentação dele, então? Eu vi que o tempo inteiro você estava encarando os dois – ela sabia como encurralar o Agreste, e dessa vez não o deixaria sair com as mesmas falácias de sempre.

 

— E-eu não fugi, eu fui ao banheiro… E eu estava olhando porque… Acho que os dois combinam – aquilo tinha sido mais difícil de admitir do que imaginava. Não estava entendendo a si mesmo, já que suas ações não condiziam com suas palavras e aquilo já vinha acontecendo há algum tempo.

 

— Não sabia que aqui era o banheiro – usou um pouco de sarcasmo, impaciente.

 

— Eu só… Não estava me sentindo bem – tentou explicar-se com as palavras completamente atrapalhadas.

 

— Isso é ciúmes, Adrien! – exclamou, como se aquilo estivesse evidente faz tempo.

 

— Não! Como você pode dizer isso? Eu e a Marinette somos só amigos – seu semblante era de extrema confusão, sem nunca ter esperado ter aquela conversa.

 

— Porque eu sinto isso quando você está com ela! Nunca perguntou o porquê de querer tanto a atenção dela? Ou o porquê de repente o Luka parece irritante pra você mesmo ele sendo seu amigo? – involuntariamente, a japonesa começou a desviar o olhar para os céus, como se quisesse impedir que as lágrimas de raiva e indignação escorressem. Respirou fundo e voltou a olhá-lo.

 

— Você tem ciúmes da Marinette? – demorou para processar — Por quê? – aquela pergunta era como uma picada de cobra para a Tsurugi que abaixou o olhar irritada.

 

— Eu sou apaixonada por você, Adrien. É por isso – a declaração bateu em Adrien como um tapa. Um choque de realidade. Ele ficou em silêncio — Você gosta de outra pessoa, eu sei, mas eu tinha que falar… E por eu sentir o mesmo que você sente com a Marinette, não acha que pode estar gostando dela? – ele seguiu quieto. Kagami frustrou-se com o silêncio — Diga, Adrien! É da Marinette que você gosta, não é? Era ela o tempo todo – o olhar do loiro era de alguém que estava completamente perdido.

 

— Eu… Não sei... – as palavras saíram de sua boca, finalmente fazendo algum sentido. Estava confuso, como se a de madeixas escuras tivesse aberto seus olhos — Não era dela que eu estava falando… Mas… Eu não posso gostar dela… Ela está tentando me afastar, seria burrice minha – suas memórias com ela enquanto Chat Noir vieram à tona.

 

— E você quer que ela se afaste? – imediatamente Adrien negou com a cabeça — Então fique com isso na cabeça… E se você gostasse da Marinette? Deixaria ela se afastar? Vai ficar assistindo ela fugir de você para sempre? – respirou fundo mais uma vez, procurando manter a postura.

 

— O que eu deveria fazer? Eu não quero incomodar ela – estava com tantas dúvidas que nem conseguia pensar em uma solução.

 

— Vocês dois precisam conversar… Já tá mais que na hora de vocês dois pararem de ficar com esse clima estranho toda vez que se vêem – sorriu.

 

— Por que está me ajudando? Eu achei que… 

 

— Eu me declarei já sabendo que iria ser rejeitada. Eu precisava falar pra você abrir o olho… Afinal, você é a pessoa mais ignorante que eu já vi quando se trata de reconhecer sentimentos… Só não é pior que minha mãe – falou com uma tranquilidade tênue em sua voz.

 

— Eu aposto que meu pai deve ser pior – brincou, o que acabou fazendo ambos rirem um pouco — Obrigado – agradeceu, enfim.

 

— Não precisa agradecer… Às vezes amar, é sobre deixarmos a pessoa partir – sem pensar duas vezes, Adrien abraçou-a com força, sentindo-se mais acolhido do que nunca. Era grato a ela por aquela conversa, porém estava mais confuso do que nunca quanto à Marinette. Não sabia o que deveria fazer para que ela parasse de fugir… Estava com medo. Tinha que resolver aquilo logo. Não queria deixar Ladybug esperando, mas, como era algo importante ela deveria entender… Ainda iria a seu encontro. Abriu os olhos em meio aquele abraço ao sentir-se observado e viu, ao longe, Marinette encarando-os, mas que, ao ser notada, virou-se e saiu correndo. 

 

— Marinette? – Kagami também virou-se ao ver que o loiro tinha a visto e conseguiu vê-la correndo também — Por que ela... 

 

— Vá atrás dela! – disse como se fosse uma ordem e Adrien sorriu, olhando algumas vezes para trás hesitando em deixá-la.

 

— Obrigado, Kagami – falou uma última vez antes de apertar o passo atrás de Marinette.

 

— Como eu fui me envolver em algo tão complicado? – resmungou para si e, antes que percebesse, estava chorando — Droga… Eu disse que não choraria – riu sozinha, escorando-se na grade da ponte enquanto olhava para o céu.

 

— Posso te fazer companhia? – ouviu aquela voz vinda de seu lado e surpreendeu-se com a presença de Luka, que carregava seu violão na parte de trás da bicicleta que trazia consigo.

 

— Claro – concordou secando as lágrimas. O de orbes ciano encostou-se ao lado da colega de classe e também começou a olhar para o céu, suspirando.

 

— Que dia difícil... – comentou, sabendo que ela também estava passando pela mesma coisa que ele.

 

— Sim... – concordou suspirando — Mas no fim… Acho que fizemos a coisa certa – sorriu, parecendo mais aliviada. Luka concordava com suas palavras, também sorrindo, enquanto admirava aquele escuro céu estrelado que tanto lembrava-o das madeixas de Marinette.

 

— Os dois são parecidos, não acha? – olhou para a Tsurugi, esperando sua resposta. Ela riu como se fosse algo engraçado e o adolescente pareceu entender o motivo.

 

— São feitos um para o outro.


 

[...]

 

— Marinette, pare de correr! Você tem que se acalmar! – era a voz de Tikki que acompanhava sua portadora que corria pelas ruas desesperadamente com lágrimas escorrendo sem parar.

 

— Agora não, Tikki! – continuou seu caminho até achar um local onde pudesse ter um pouco de paz por um momento. Parou no parque próximo à sua casa e sentou-se ao pé de uma árvore, onde abraçou os próprios joelhos chorando.

 

— Você não pode ficar com emoções negativas, Marinette! Você sabe que é perigoso! Eu tenho certeza de que é um mal-entendido! – a kwami tentava amenizar a situação, desesperada por nunca ter visto Marinette mal daquele jeito.

 

— Eu vi, Tikki! Eu entendo o que o Luka disse agora! Eu tenho que deixar o Adrien ir… Ele pode ser feliz com a Kagami! Eu sou tão patética por não ter aceitado isso antes – sua voz era de desespero. Estava mais triste do que nunca. Era a primeira vez que chorava tão dolorosamente. Estava machucada. Quebrada.

 

— Deveria estar feliz por ele, não? – Tikki não entendia muito bem o que era aquele sentimento de sua dona, porém percebeu que tinha dito algo errado ao ver o olhar irritado de Marinette.

 

— Você sabe como machuca?! Não! Tudo que você sabe fazer é ficar me preocupando com esses deveres da Ladybug o dia inteiro! Eu tenho que ficar segurando minhas emoções negativas o máximo possível e fingir que está tudo bem por causa dessa minha idiotice de ser uma super-heroína! Eu estou cheia disso! Eu só tenho dezesseis anos! – estava explodindo em emoções naquele momento. Pouco importava-lhe se estava sendo grosseira com a kwami, deixando que tudo saísse de uma vez.

 

— Marinette, se acalma! Você tem que pensar que- 

 

— Eu quero ficar sozinha, Tikki! Por favor! – continuou a chorar, olhando para a criatura mágica como se suplicasse por paz.

 

— Eu não posso te deixar assim… Você precisa se recompor e… O que está fazendo?! – desesperou-se ao ver Marinette retirando seus miraculous e erguendo-os para a kwami sem hesitar.

 

— Vá para casa! – pediu.

 

— Não, Marinette! Você pode ser akumatizada se continuar assim! E o Chat Noir?! – insistia nela, entretanto sabia que aquilo seria inútil. A Dupain-Cheng não estava nem um pouco disposta a agir.

 

— É por isso que eu estou te dando o miraculous, Tikki! Esconda a caixa… Se algo acontecer você sabe o que fazer... – virou o rosto sabendo que estava fazendo algo imprudente.

 

— Marinette... 

 

— Eu não consigo ficar bem agora, Tikki… Por favor… Não me faça te dar uma ordem… Eu sei que posso contar com o Chat Noir, então, por favor… – ainda tentava convencer a kwami, sabendo que o pior poderia acontecer com ela a qualquer momento e sabia que não conseguiria lutar contra o poder do Shadow Moth naquele estado. Estava completamente vulnerável e não tinha nada que pudesse fazer para mudar seu humor.

 

— Não! 

 

— Agora, Tikki! – ordenou, mesmo que não quisesse. Sabia que ela seria obrigada a obedecer pelo laço com sua kwami e assim aconteceu. Com lágrimas nos olhos, Tikki afastou-se com os miraculous, deixando a adolescente sozinha, completamente desolada. 

 

Marinette, então, ficou sozinha, soluçando com a cabeça baixa, enquanto em sua mão segurava um leque que tinha ganhado no festival. Apertava-o enquanto tremia com tudo que estava sentindo. Estava sobrecarregada de sentimentos como nunca havia acontecido antes e, por isso, sabia que não tinha salvação. Sentiu o poder a consumindo... Aquela borboleta maligna entrou em seu leque e tentou controlar sua mente. Estava cansada demais para resistir, contudo, seus instintos ainda tentaram lutar para livrar-se dela. Na entrada do parque, Adrien, finalmente, tinha conseguido alcançá-la, mas quando viu o leque tingido de um tom escarlate soube que era tarde.  

 

— Não, Marinette! – gritou para tentar conseguir chamar sua atenção, com alguma esperança que sua voz fosse ajudá-la a resistir, entretanto a viu levantar a cabeça, com os olhos cheios de lágrimas, mas mortos. Sem vida — Não... – sentiu-se culpado, imaginando que ela ter transformado-se era por sua causa. Ficou paralisado, vendo-a perder-se na escuridão. Scarlet Shadow Moth, em seu covil, sorriu. Sua vitória estava mais próxima do que nunca. Nunca sentira uma emoção negativa tão forte quanto a dela, e sabia que, com ela akumatizada, o desespero de muitas pessoas seria causado. Seria o completo caos, assim como havia planejado. Seu plano perfeito apenas começara. Quebrou aquele silêncio já na mente dela, sabendo que ela estava calada aguardando suas ordens, sem resistência.

 

Alguém que havia perdido as forças para lutar devido aos tantos sentimentos que reprimia.

 

— Marinette Dupain-Cheng… Ou devo dizer… Princesa da Justiça.



 


Notas Finais


Comentários de feedback sempre me ajudam a saber se estão gostando da fanfic, se puderem deixem um :)

Bom, o que vocês esperam dessa Marinette akumatizada? :v

Nos vemos no próximo capítulo.


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