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História On the balcony - Lovesquare - XXIX. Just want to know you better


Escrita por: Cxmie

Notas do Autor


Boa leitura!

Capítulo 29 - XXIX. Just want to know you better


Era fim da tarde de sábado, no último fim de semana antes do retorno das aulas em Paris. Havia nevado bastante nos últimos dias, por isso as ruas se encontravam pintadas de branco. Em um pequeno apartamento com as janelas fechadas, papéis com rabiscos estavam espalhados por toda a área da sala de estar e do balcão da cozinha. No meio de toda a bagunça, sentado no chão, em frente a mesa de centro com papel e lápis na mão, além de um notebook cheio de fotos abertas ao seu lado, estava Adrien, completamente descabelado e com olheiras profundas. Ele não estava sozinho, afinal, Nino, seu melhor amigo, estava com uma cópia impressa de uma das fotos que Adrien havia tirado do grimório e da página traduzida sobre o miraculous do pavão, tentando decifrar os códigos com as letras da página original para tentar traduzir a do miraculous da destruição, que foi a qual ele ficou mais interessado em descobrir sobre.

 

— Então... Acho que esse símbolo é um "A"? Ou seria uma palavra inteira? – o de cabelos castanhos murmurava, sem estar usando seu boné.

 

— Eu não sei... Eu não tô entendendo mais nada – Adrien dizia com desânimo, tendo uma tabela de todos os símbolos da página traduzida e suas supostas traduções de acordo com o que tinha entendido.

 

— Cara... Como seu pai conseguiu isso? – Nino perguntou.

 

— Eu nem sei se foi ele... Talvez alguém tenha o mandado ou algo assim. Ou a página estivesse já traduzida – colocou o lápis na boca e ficou passando as imagens no notebook mais uma vez, enquanto apoiava seu cotovelo na mesa, exausto.

 

— Eu acho que a gente não vai chegar em nada com isso... Tá muito incompleto... A gente precisaria de mais coisa – suspirou, largando os papéis no sofá.

 

— Isso é tudo que a gente tem, Nino... Tem que ter alguma coisa aqui! A gente não pode desistir – insistiu, parecendo um pouco desesperado.

 

— Irmão, calma – levantou-se e se juntou ao loiro no chão — Eu sei que 'cê tá tentando ajudar a Ladybug agora que o Shadow Moth parece ter evoluído os poderes, mas não acha que tá passando um pouco dos limites? – o Lahiffe tentava acalmá-lo, parecendo preocupado.

 

— Não! Ela sempre tem que fazer tudo... Eu preciso conseguir traduzir isso pra ajudar ela – era como se o Agreste estivesse paranoico. Nem mesmo olhava para seu melhor amigo para conversar.

 

— Não sabia que ser um herói era tão complicado assim – bufou, olhando as folhas espalhadas na mesa — Conseguiu alguma coisa sobre a página da borboleta? – questionou, achando-a em meio a bagunça.

 

— Não muito... Eu tava dando uma olhada na do miraculous da joaninha – mostrou o papel em sua mão com algumas palavras soltas.

 

— E conseguiu alguma coisa?

 

— Ainda não tá completo, mas pelo menos metade da página parece estar traduzida – respondeu com um suspiro, enquanto tirava a franja da frente de seu rosto.

 

— Já é alguma coisa... Por que não entrega pra Ladybug o que você já descobriu? – sugeriu, conseguindo ver que já dava para supor bastante coisa com o que Adrien havia conseguido.

 

— Eu não acho que isso vá ajudar... É só uma tradução incompleta.

 

— Você disse que a Ladybug tá treinando com o tal do grão-mestre dos miraculous e que ela tá tentando traduzir o grimório com as coisas que o antigo guardião deixou, não é? – começou a raciocinar, com o de orbes esverdeadas fitando a tela do notebook.

 

— Sim, e aí? – perguntou desesperançoso.

 

— Por que você não mostra pra ela o que você tem até agora? A gente consegue fazer uma tabela mais organizada com os símbolos daquela página traduzida do miraculous do pavão e isso pode adiantar ela, de algum jeito – sugeriu, sendo o melhor plano que podia pensar naquele momento.

 

— E como eu explicaria eu ter todas essas coisas? – inferiu, refletindo sobre a sugestão de Nino, que não parecia ruim.

 

— Foi o grão-mestre que te pediu pra investigar... Então... Não tem motivo nenhum pra ela suspeitar do Chat Noir ter conseguido informações se você falar que foi ele que mandou – o de madeixas claras ficou calado por um momento.

 

O franco-marroquino estava certo em suas palavras... Não precisava esconder que estava ajudando... Tinha as cartas na mão para poder facilitar o trabalho da guardiã, que há tanto tempo lhe dizia estar tentando decifrar o grimório. Ela não precisava saber que era seu pai a pessoa que guardava tudo enquanto não investigasse mais, porém aqueles achados de possíveis traduções do código do livro poderiam ser usados. Um estalo preencheu sua mente. Como Su-Han sabia que o grimório pertencia ao seu pai? A única pessoa que tinha o visto antes era Marinette, que havia o encontrado depois que o mesmo foi perdido. Talvez ela tivesse falado algo para Ladybug? Era uma possibilidade, mas a questão ficou em sua cabeça. Talvez Ladybug soubesse que seu pai estava envolvido... Era tudo tão complicado... As informações ainda eram muito rasas, então teria que continuar investigando, que era o que ele queria evitar, mas era o único jeito de ajudar. Uma bela ironia do destino ele ser o Chat Noir e seu pai ser a pista mais próxima de Shadow Moth que os heróis possuíam.

 

— Eu vou tentar falar com ela hoje sobre o grimório... Se a gente se encontrar – suspirou, tendo breves lembranças do momento que passaram juntos sobre uma árvore, enquanto dividiam um sorvete.

 

— Como assim "se a gente se encontrar"? Vocês dois voltaram a patrulhar juntos todos os dias, o que aconteceu? Tiveram uma briga de novo? – perguntou Nino, notando a expressão pensativa de seu melhor amigo.

 

— Não... Na verdade não é nada... Só... É melhor eu começar a pensar em um jeito de conseguir mais informações – fechou seu notebook, parecendo um pouco frustrado e pegou a folha do miraculous da joaninha que estava traduzida pela metade.

 

— Por enquanto a gente se concentra em montar a tabela pra entregar pra Ladybug junto com o que já tá meio traduzido – falou com determinação, tentando levantar o ânimo de Adrien, que pegou uma folha vazia e começou a trabalhar, sem nem mesmo esboçar alguma empolgação.

 

Tinha muitas coisas para se preocupar naquele momento... Iria entrar nos últimos meses de estudo e nem mesmo sabia que carreira gostaria de seguir. Além disso, as chances de seu pai estar relacionado ao Shadow Moth o deixavam extremamente apreensivo... Nem mesmo sabia como lidaria com a situação se descobrisse algo a mais sobre aquilo. Tantas coisas... Seu futuro... Seus deveres como herói... Sua família envolvida... E para completar, nunca pensou que as coisas seriam tão complicadas quando o assunto era amor... Não que estivesse tudo mal resolvido, afinal, ele e Marinette estavam lidando com a situação de maneira lenta, pois ambos tinham outras coisas para se concentrarem... Além de... Outras pessoas... O que ia fazer? Ele gostava da Marinette como mais que uma amiga, mas, por algum motivo, Ladybug estava voltando a ocupar sua mente, como se divisse espaço com a franco-chinesa.

 

— Então... Como foi no desfile com a Marinette? – a pergunta veio no tempo perfeito, fazendo o Agreste até se arrepiar e parar o lápis.

 

— Foi... Legal – as memórias daquele dia ainda eram frescas em sua mente. Sentia falta dele... Nunca havia se sentido tão leve por poder desabafar com alguém, só conversando casualmente e aproveitando o tempo.

 

— Só isso? Tem certeza? Deve ter rolado alguma coisa... Ou deixaram pro cinema? – o de cabelos escuros fazia um gesto sugestivo com as sobrancelhas, esperando saber mais.

 

— A gente nem conseguiu aproveitar o cinema direito por causa do akuma – suspirou, vendo um elástico de cabelo preso em seu pulso, que havia sido colocado ali para lembrá-lo de devolvê-lo.

 

— Tá, mas você tá enrolando pra falar do dia do desfile. O que é que rolou? Vocês... Ficaram? – tentou adivinhar em um chute no completo escuro, vendo a feição do loiro se distorcer um pouco para não demonstrar sua timidez ao lembrar daquilo.

 

— A gente... Pode mudar de assunto? – mantinha o olhar longe do de Nino, que sorria todo sorrateiro com a nova descoberta.

 

— Nem tenta fugir! Como foi ter seu primeiro beijo sem perder a memória? Quem tomou a iniciativa? – estava divertindo-se vendo o de olhos verdes todo sem graça.

 

— Foi ela, tá bom? E foi bom... – por mais que suas palavras fossem verdade, sua expressão demonstrava um sentimento de incerteza.

 

— E qual foi a dessa cara? Aconteceu alguma coisa? Não tá feliz que as coisas tão dando certo pra vocês dois? – o de olhos amarelados percebeu, franzindo o cenho sem entender.

 

— É que... Eu gosto da Marinette, mas... – suspirou — No dia do incidente da Anansi... Eu e a Ladybug ficamos um tempo juntos de noite – parou de falar, concentrando-se no papel em sua mão que era algo para a garota em questão.

 

— Rolou alguma coisa? – indagou o Lahiffe, vendo que o loiro parecia enrolado.

 

— Não como rolou com a Marinette... A gente só dividiu um sorvete do André e ela disse que sentia minha falta... De quando a gente ficava de bobeira depois das patrulhas...

 

— E isso é ruim?

 

— Eu não sei! Esse é o problema Nino. Quando ela fala essas coisas fica mais difícil de superar... E ela até disse que não se incomoda de eu ser apaixonado por ela, mas eu sei que nunca vou ter chance e eu também não sei se eu sou a pessoa certa pra Marinette. Ela gosta do Luka e eu-

 

— Espera, espera, espera – interrompeu o modelo, achando a história estranha — Que papo é esse dela gostar do Luka, cara? Ele foi rejeitado no festival – o de olhos esverdeados arqueou uma sobrancelha.

 

— Quem te disse isso? – perguntou Adrien, nunca tendo ouvido sobre aquela informação.

 

— A Alya... Inclusive, sabia que ele e a Kagami estavam juntos no parque ontem? – aquilo era uma surpresa para o Agreste, que nunca esperava que os dois ficassem próximos.

 

— Eu acho que ela se arrependeu, já que no dia do desfile ela me contou que tava gostando de outra pessoa ao mesmo tempo que ainda gostava de mim... Não consigo imaginar ninguém que não seja o Luka – ouvindo aquilo, Nino fez um semblante pensativo, tentando imaginar em qualquer possibilidade que fosse, mas nada veio a sua mente.

 

— Cara... Esse lance seu e da Marinette sempre foi complicado, mas acho que com o tempo as coisas vão se encaixar – colocou uma mão no ombro do de madeixas claras que não parava de suspirar — Mas por que você acha que não tem chances com a Ladybug?

 

— Eu nunca tive. Ela sempre gostou desse "garoto perfeito" e nunca prestou atenção em mim direito. Pra piorar ela falou que também tá dividida entre esse garoto e outra pessoa... Claro que o Chat Noir nunca seria uma opção – debruçou-se na mesa de centro, parecendo irritado com aquele assunto.

 

— Como você consegue se envolver com uma coisa tão complicada? – comentou sem nenhuma maldade, porém escutou Adrien rir nervosamente — Olha só, se quer saber minha opinião, eu acho que você devia só relaxar e parar de pensar muito... Uma hora ou outra as coisas vão melhorar... Só faz aquilo que tu queria, sabe? Ser presente pras duas... Pode rolar com uma delas ou não... A vida é assim – deu de ombros, tentando animar um pouco o melhor amigo.

 

— Eu não quero machucar a Marinette... Eu já fiz isso por tantos anos... Eu queria fazer ela feliz e ela é muito boa pra mim... Eu gosto de estar conhecendo ela melhor, mas eu não posso dizer ainda que esqueci a Ladybug, porque toda vez que eu vejo ela eu ainda sinto... – olhou para a tabela no papel, que estava quase pronta e bufou sem completar sua frase — E ainda tem o meu pai! Se ele for o Shadow Moth, eu não posso ficar com a Marinette, porque ele pode me usar pra conseguir atingir ela de novo... Eu não quero que ela corra perigo e eu ainda não sei se eu consigo corresponder aos sentimentos dela por completo – ficou em silêncio.

 

— Por que você não tenta sair com as duas? Tipo, um encontro com a Ladybug e um com a Marinette... As coisas devem ficar mais claras desse jeito – sugeriu.

 

— Eu e a Marinette falamos sobre ir no cinema de novo... Eu posso tentar ter um encontro oficial com ela, mas eu não acho que a Ladybug aceitaria. Tem as duas pessoas que ela gosta e as coisas de que se soubermos a identidade um do outro algo daria errado – apertou o punho, ainda frustrado com aquele suposto destino que os dois tinham.

 

— Vocês não precisam saber a identidade um do outro pra irem em um encontro e nem pra namorarem enquanto não estiverem seguros – comentou o de cabelos escuros, como se fosse algo óbvio — E quem te garante que essa outra pessoa que a Ladybug gosta não é você? – o de olhos verdes encarou o franco-marroquino e, involuntariamente, deu uma risada.

 

— Eu? Por que você acha que isso seria possível? Depois de tudo que ela me falou sobre o Chat Blanc – ainda ria um pouco, como se aquilo fosse impossível.

 

— Bom, você disse que ela chamou você pra dividir um sorvete no André, e até onde eu sempre vi nas notícias, vocês nunca chegaram a dividir um... E você falou que ela tinha dito que sentia sua falta, não é?

 

— Isso não é nada... Ela nunca gostaria de mim – disse convencido.

 

— Sei não, cara... Ela não falou uma parada sobre "se ficarmos juntos o mundo vai acabar"? – Adrien confirmou a questão com a cabeça — Pra isso ter acontecido, em algum momento ela começou a gostar de você – seguiu aquela lógica, que fez com que Adrien parasse para pensar um pouco.

 

— Mas sempre teve a ver com nossas identidades essa história... Talvez... Ela só goste de quem eu sou por trás da máscara – tentava pensar, achando aquilo estranho.

 

— Não acho que seja isso... Ela pode, realmente, ter se apaixonado por você nessas outras linhas do tempo.

 

— Mas não significa que isso vai acontecer, com ela sabendo o que poderia causar – suspirou.

 

— Eu só tô avisando pra cê tentar reparar mais... Vai que dá certo se você chamar ela pra um encontro? Ela aceitou uma vez já... Vocês sabendo dos riscos tem menos chances de tudo dar errado – argumentou, tentando seguir naquele plano que ele havia sugerido.

 

— Eu não sei... Eu... Tenho que pensar – olhou para o papel com a tabela, mais um vez, e se levantou, alongando-se um pouco — De qualquer jeito, acho que é melhor a gente arrumar tudo... Daqui a pouco eu tenho que ir patrulhar – deu um breve sorriso, de forma involuntária, enquanto começava a recolher os papéis espalhados pela sala.

 

— Claro, claro... Não esquece o que eu falei, hein? No final vamos ver quem tava certo – juntou-se ao loiro na arrumação.

 

— Você só tá imaginando coisas, Nino…

 

[...]

 

Como sempre, estava tudo uma bagunça. Marinette estava completamente descabelada enquanto em pé no meio de seu quarto com um quadro atrás de si, que possuía diversas coisas escritas e coladas. Sentada no divã, olhando para a franco-chinesa, Alya tentava raciocinar junto, segurando um tablet com as páginas do livro de feitiços. Ambas estavam exaustas, contudo, a menina que estava com seu traje de heroína, por baixo de um roupão rosa, insistia em continuar com suas teorias.

 

— Então, vamos recapitular... Shadow Moth parece ter conseguido evoluir os poderes dele, ou seja, ele tem acesso à informações, assim como a gente tem pelo grimório, porém ele conseguiu descobrir um jeito de usá-la – apontava para alguns folhas no quadro, pronta para seguir sua lógica — Se ele têm informações, talvez ele tenha acesso ao grimório, ou conheça alguém que sabe sobre os segredos, como o mestre Su-Han falou.

 

— E quem poderia saber sobre as informações? – perguntou a Césaire.

 

— Eu não sei... Talvez um monge que possa ter traído o nosso lado e esteja trabalhando com o Shadow Moth – deu de ombros, não conseguindo pensar de maneira muito lógica por conta de seu cansaço.

 

— Por que a gente não pensa na opção mais simples, que seria sobre o grimório? Talvez ele tenha conseguido colocar as mãos nele.

 

— Como? O grimório tá com o Gabriel Agreste... Eu não acho que o Shadow Moth conseguiria invadir sem que ninguém soubesse. Aquela mansão tem todo tipo de equipamento de segurança.

 

— Eu não sei... Ele pode ter dado um jeito, já que só recentemente ele conseguiu evoluir os poderes – a de californianas se calou um pouco, pensando em algo — Ou... Talvez Gabriel Agreste possa ser um suspeito? – ponderou, notando, imediatamente, a expressão distorcida de Marinette.

 

— Não! – riu nervosa — Não, não, não. Isso é besteira... Eu também já pensei nisso, mas ele foi akumatizado duas vezes... É só... Uma coincidência – virou as costas para a de olhos castanhos e deparou-se com os kwamis a encarando.

 

— Pelo que a gente tem da tradução do seu antigo mestre... Nada impede de alguém com o miraculous da borboleta se akumatizar. Ele poderia muito bem estar fingindo – a mais alta insistiu, tendo consciência do porquê sua melhor amiga negava a possibilidade.

 

— Não é... Como ninguém saberia? O Adrien mora lá... A Nathalie se feriu por causa do Shadow Moth, ele não faria isso com a própria assistente – virava-se para falar com a melhor amiga, como se suplicasse por um argumento válido. Já tinha pensado sobre isso várias vezes desde que o grão-mestre resolveu abrir uma investigação na mansão Agreste, a qual ela não fazia ideia dos resultados.

 

— Marinette, relaxa... Eu não tô dizendo que o Adrien tá envolvido nisso, afinal ele mesmo diz que não conhece o pai dele direito – levantou-se e empurrou a mestiça para se sentar no divã, trocando de lugar com ela — Só tô dizendo que é uma possibilidade... Ele é um designer de moda que raramente sai de casa. Ninguém sabe muito sobre ele desde que a esposa dele desapareceu quatro anos atrás – Alya tirou seu celular do bolso da calça e começou a pesquisar algo — Que foi um pouco antes da época que o Hawk Moth apareceu e akumatizou o Ivan – Ladybug arqueou uma sobrancelha.

 

— Isso não significa nada, Alya... Ele perdeu a esposa, é normal ele ter se isolado... Nunca... É fácil perder alguém que você ama – abraçou-se com a lembrança recorrente de Chat Blanc, que a assombrava todos os dias.

 

— E se ele quiser os seus miraculous e o Chat Noir pra... Não sei... Trazer a esposa dele de volta?

 

— Para de pensar nisso, Alya! O Adrien disse que a mãe dele se foi... Não tem lógica – a mais baixa admitiu um tom de voz mais agressivo, como se as palavras da Césaire fossem muito inconvenientes.

 

— Mas você falou que o próprio Gabriel disse que aquilo era um presente da esposa dele... E se ela soubesse? Não é possível que ela tivesse um livro de feitiços dos miraculous de séculos atrás e não soubesse o conteúdo dele! – seguia tentando defender seu ponto, sendo aquela a maior lógica que ela conseguia pensar com todas as informações que Marinette havia contado ao longo das semanas.

 

— É uma herança de família! Ela não precisava saber se tivesse um simples valor emocional... Ela era uma pessoa importante para o Adrien, ela não-

 

— Esse é o seu problema, garota! Quando as coisas se tratam do Adrien, você não pensa! Em momento nenhum eu disse que ele está envolvido nisso, ele pode ser só uma vítima da situação, como a Nathalie e o guarda-costas deles. Só que você não pode sair tirando conclusões sem lógica só porque você quer poupar seu namorado de um sofrimento, que, SE for verdade, vai acabar vindo à tona uma hora ou outra. Você é a guardiã! Não pode colocar sua vida amorosa no meio de algo que envolve a segurança do mundo inteiro! – repreendeu a de olhos anil no mesmo tom agressivo, como se já estivesse impaciente de não conseguir chegar a lugar nenhum com as investigações. Ofegante, a de cabelos californianas relaxou os ombros e se sentou ao lado de Marinette, que estava com a cabeça baixa, em silêncio — Só... Não descarta a possibilidade por conta de um medo que você tem de alguém importante sair machucado... Você conhece o Adrien, mas ninguém sabe sobre a história da família de-

 

— Eu sei! – cerrou seus punhos com força, segurando-se para não chorar — Eu sei que isso tudo é suspeito... O grão-mestre também me falou essas coisas – respirou fundo — Eu só... Não gosto de imaginar isso... Eu torço para que o Su-Han não ache nada na investigação que ele falou que ia fazer na mansão Agreste... Eu não quero que isso envolva o Adrien... Não quero ter que envolver mais ninguém – sentia um aperto em seu peito. Aquilo doía... Doía em pensar na possibilidade de colocar o loiro em perigo mais uma vez. Nunca tinha pensado que sua vida amorosa e de trabalho iriam se envolver.

 

— Bom... Só a investigação dirá como as coisas serão... Ele ainda tem uma chance de não estar envolvido e só... Ter sido roubado. Tenta não se preocupar antes da hora – abraçou a menor, tentando lhe dar algum conforto, por mais que ambas estivessem extremamente cansadas.

 

— Ele já sofre tanto, Alya... – usava o torso da melhor amiga para apoiar sua cabeça — Isso não pode acontecer... Ele só tem o pai dele – pensava em todas as coisas que sabia sobre o modelo, as quais vez ou outra ele desabafava. Nem mesmo gostava de pensar na possibilidade de como seria ser traído pela própria família.

 

— Vai ficar tudo bem. Ele não tá sozinho... – fez um breve cafuné na franco-chinesa e a afastou um pouco, segurando em seus ombros — E nem você. Vai dar tudo certo – soltou-a e se levantou mais uma vez, indo em direção à mesa do computador — Por agora, por que a gente não tenta se concentrar em evoluir os seus poderes e os do Chat Noir?

 

— Como se fosse dar em algo – resmungou.

 

— Deixa dessa! A gente tem que tentar! Deve ter algo faltando, mas estamos perto, eu consigo sentir – disse enérgica, voltando até a mestiça e a puxando para perto da mesa com os vários ingredientes.

 

— Mas a gente já tentou de tudo Alya! A gente não consegue traduzir o resto da página do meu miraculous com os estudos que o mestre Fu deixou para trás e a página do miraculous do gato é um completo mistério! Nada nela faz sentido! Nenhum dos símbolos se encaixam... É como se o código mudasse – contrariou, frustrada.

 

— Poxa, a gente tem que tentar! – mesmo insistindo, a Césaire via a nítida expressão de exaustão no rosto de Marinette. Suspirou — Tá legal, então, por que a gente não conversa um pouco? – virou-se de costas para a mesa e ficou escorada nela, olhando para a de madeixas pretas.

 

— Sobre o quê? – indagou, apoiando uma mão na cabeça, sentindo um pouco de dor.

 

— Tem falado com o Adrien? Vocês dois se beijaram e foram ao cinema juntos... Como tão as coisas?

 

— Ah... Sobre isso... – sentiu suas bochechas arderem um pouco, tendo uma contradição em um suspiro — A gente falou sobre ver como seriam as coisas quando as aulas voltassem... Por enquanto a gente não tem se falado muito desde o dia da Anansi.

 

— E isso tá te deixando pra baixo?

 

— Não isso... A gente tá bem... Ele tá tentando superar a garota que ele gostava antes e disse que gosta de mim... E... Eu disse pra ele sobre estar gostando de outra pessoa também, então a gente resolveu ir devagar – virou seu olhar para a de óculos, que tinha um sorriso travesso em seus lábios.

 

— Então, finalmente admitiu o que sente pelo Chat Noir – ao ouvir o comentário da amiga, a Dupain-Cheng suspirou, outra vez, ligando um alerta na cabeça da francesa — Rolou alguma coisa com ele? – seu semblante mudou para preocupação.

 

— Não... A gente só... Tomou um sorvete juntos depois do que rolou com a Nora e... Ele me disse várias coisas – hesitou, se deixando cair na cadeira que estava ao lado.

 

— Tipo?

 

— Eu já te falei que ele tá saindo com outra pessoa... Então... Ele disse que tava tentando me superar, mas... Ainda gosta de mim e eu... Falei que não tinha problema com isso – girou a cadeira para ficar com os braços apoiados sobre a mesa.

 

— Onde você quer chegar? – a Césaire sabia que tinha algo incomodando a heroína em sua frente.

 

— Eu não sei o que fazer, Alya... Eu podia ter dito que gostava dele, mas fiquei com medo. Eu não sei o que pode acontecer se a gente namorar e eu não quero confundir ele, que já tá saindo com outra pessoa... Além de que eu sempre quis ficar com o Adrien. Tem toda a história do Chat Blanc, mas eu não sei o que aconteceria se a gente namorasse sem saber a identidade um do outro até que o Shadow Moth fosse derrotado. Tipo... Não seria um problema...

 

— É o que a gente já conversou antes, Marinette... Uma hora ou outra você vai ter que fazer uma escolha, mas não é como se o Chat Noir fosse te esperar pra sempre, então você tem que se resolver de uma vez porque isso também vai te atrapalhar com sua busca pelo Shadow Moth – a mestiça já estava cansada de ouvir aquilo, mesmo que soubesse que era a única coisa a se fazer. Precisava se entender e entender seus sentimentos, todavia era tudo muito estranho e novo... Não é como se gostasse mais de um do que de outro — Faz o que você e o Adrien combinaram... Vai devagar... Dá um passo de cada vez e presta mais atenção em você e nos dois... – tentou dar uma solução à mais baixa, que demonstrava sua confusão em seu semblante.

 

— Eu deveria chamar o Chat Noir pra sair? – perguntou-se.

 

— Se você quer... Por que não? Que jeito melhor para esclarecer seus sentimentos do que em um encontro?

 

— E-eu não sei... – tremeu um pouco a voz, não conseguindo imaginar a situação — Eu não seria inconveniente em chamar ele pra um encontro depois de não ter aparecido no último e ter rejeitado ele várias vezes? – suas inseguranças afloraram — Se o Adrien soubesse, ele não ficaria-

 

— Vocês dois não estão namorando! Só se conhecendo melhor... Você não tá mais presa a ele, então se dá essa oportunidade – um silêncio. Poucos meses atrás, Marinette nunca se imaginaria insegura em sair com Chat Noir... Na verdade, nem pensava na possibilidade de ir em um encontro com ele. Por quanto tempo negligenciou seus sentimentos? Em meio a todos os momentos possíveis, seus sentimentos só começaram a tomar forma quando sua vida como guardiã havia se complicado.

 

— Eu... – seus olhos corriam por todo o quarto, como se procurasse uma maneira de sair dali o mais rápido possível. Lembrou-se que estava com um roupão e uma toalha de cabelo por cima de seu traje e se levantou com pressa — Banho! – exclamou toda atrapalhada — Eu... Vou tomar um banho pra dar uma relaxa e... Pensar melhor sobre isso – foi andando de costas, em direção à saída do quarto enquanto falava com Alya.

 

— Você vai descer assim, Ladybug? – deu ênfase no nome de sua identidade heróica, fazendo com que a mestiça se lembrasse daquele detalhe.

 

— Claro que não! Eu já ia me destransformar! Só tava... – pegou seu ioiô e sorriu desajeitadamente — Vendo se tinha alguma mensagem... Viu? Nada! – riu nervosa, tentando manter aquele teatro que servia para ocultar seu nervosismo, ao mesmo tempo que mostrava a tela do bugfone para a de cabelos castanhos de pontas em degradê ruivo.

 

— Tô vendo... Nada... Então você vai ignorar a mensagem do Chat Noir?

 

— O quê?! – olhou para a tela e viu que a Césaire estava certa, havia uma mensagem dele que havia chegado há alguns segundos.

 

"Preciso te ver. Tenho uma coisa pra vc. Me encontra no Grand Palais."

 

— Algo pra mim? – franziu o cenho, vendo que Alya se aproximava para também olhar a mensagem — Será que aconteceu alguma coisa?

 

— Ou será que é um presente? – zombou da melhor amiga, cutucando-a com seu cotovelo.

 

— N-não! Impossível... Ele não...

 

— Óbvio que ele te daria algo, amiga... É a oportunidade perfeita pra você chamar ele pra sair! – empolgou-se.

 

— Não, Alya! E se for algo sério? Eu não consigo fazer isso... As coisas já demoraram anos com o Adrien... Eu não consigo só- – em meio às suas desculpas, a garota acabou tropeçando em seu cesto de roupas, fazendo com que tudo se espalhasse enquanto ela caía sentada com várias roupas sobre si — De novo não... – resmungou com desânimo, apressando-se para arrumar tudo mais uma vez, com Alya abaixando-se para ajudá-la.

 

— Queria ver como os outros reagiriam vendo a heroína número um de Paris sendo desastrada desse jeito – brincou, fazendo com que a franco-chinesa revirasse os olhos.

 

— Muito engraçada... – enquanto dobrava as roupas para colocar de volta no cesto, acabou pegando o gorro que havia feito para Chat Noir e prendeu seus pensamentos nele. Por que estava com tanto medo de chamar seu parceiro para sair? Talvez tivesse alguma chance de ser rejeitada? Ou estava com medo de parecer muito vulnerável ao demonstrar seus sentimentos? E se ele pensasse que ela é idiota? Não... Chat Noir nunca faria isso... Já passaram por tantas coisas juntos e uma coisa que ela sabia, era que podia confiar nele, não importava o que fosse. Não sabia como as coisas poderiam se desenrolar sem aquela visão dele ser apenas seu melhor amigo e parceiro de todos os dias, mas... Estava curiosa. Como seria o lado romântico de Chat Noir em meio a um encontro? Como ele a trataria? O que ele faria? Eram muitas perguntas e ela queria saber a resposta de todas elas. O gatuno sempre foi seu porto seguro... Por que estava com tanto medo? Era pura besteira... Diferente de como as coisas foram com Adrien, ela sabia o que Chat Noir pensava dela além de sua paixão e isso lhe dava confiança. Sabia que ele estaria lá, apesar de tudo... Isso era o que fazia as coisas serem mais simples. Sorriu para aquele gorro, fazendo com que Alya arqueasse uma sobrancelha.

 

— Tá tudo bem? – perguntou, confusa com aquela mudança de humor repentina.

 

— O quê? – despertou de seus devaneios e percebeu que estava sorrindo sozinha — Tá! Tá sim – colocou o gorro dentro do cesto e levantou-se, correndo para subir até sua cobertura.

 

— Onde você vai?! – a de olhos castanhos ainda não entendia o que havia acontecido, segurando o cesto de roupas enquanto olhava a amiga correndo com um sorriso bobo.

 

— Vou encontrar o Chat e chamar ele pra sair! A gente se vê amanhã na escola! – saiu para a cobertura com a maior motivação que teve em muito tempo. Sozinha, olhando para os kwamis, ainda um pouco desnorteada, Alya deu de ombros e sorriu, balançando a cabeça como se achasse graça da situação.

 

— Vê se me conta tudo depois!

 

 

[...]

 

 

Como combinado, no telhado do Grand Palais repousava um garoto com seu traje escuro enquanto observava o pôr do Sol, que pintava Paris em um tom alaranjado bem agradável aos olhos, mesmo que o clima continuasse fresco pela época do ano que estavam. Esperava. Havia mandado mensagem para sua parceira há poucos minutos, porém não teve nenhuma resposta. Pouco importava... Uma hora ou outra ele sabia que a veria, então não precisava ter pressa.

 

Em suas mãos, alguns papéis eram segurados, os quais Chat aproveitava para olhar mais uma vez para ver se conseguia entender alguma coisa, porém sabia que aquela não era sua função. O melhor era esperar e entregar aquilo à Ladybug, que estava estudando sobre aqueles códigos há muito tempo. Ainda não sabia como explicaria aquelas informações que ele havia obtido sem parecer muito suspeito, porém era algo que não poderia ser escondido para sempre.

 

— E aí? – ouviu aquela voz angelical atrás de si e virou o rosto levemente, indicando para ela sentar-se ao seu lado — O que você tem pra mim? – a heroína indagou, ajeitando-se ao lado dele com um sorriso pequeno em seus lábios.

 

— Um presente – respondeu em tom de flerte — Pra te lembrar o quão incrível eu sou e também posso te ajudar com tudo que você tá passando – balançou os papéis em suas mãos com um sorriso un pouco melancólico.

 

— E o que é isso? – pegou um dos papéis e arregalou os olhos ao bater o olho. Congelou. Não esperava ver aquelas anotações, de modo algum.

 

— Eu... Consegui traduzir alguns símbolos... Se... Você achar útil – esfregou sua nuca, um pouco constrangido e receoso.

 

— Onde você conseguiu isso? – foi olhando os outros papéis, um por um. Alguns possuíam tabelas com tradução de símbolos, ou palpites de tradução... Outras eram páginas do grimório com partes totalmente traduzidas.

 

— Então... O grão-mestre veio me ver... E... Ele me pediu pra investigar aquela... Mansão Agreste, sabe? – falou de modo que não precisava entregar muita coisa.

 

— Vai falando – continuou a olhar papel por papel, vendo a página do miraculous do pavão totalmente traduzida, além dos símbolos da página da borboleta e da joaninha estarem mais claros com a tabela que Chat Noir possuía.

 

— Eu consegui entrar no escritório dele pela... Janela... E essas coisas estavam lá numa mesa toda tecnológica que fica no centro – falava com calma, como se estivesse segurando suas emoções.

 

— O escritório do Gabriel Agreste?! – exclamou, tirando seu olhar dos papéis e encarando o parceiro, sem saber como aquilo tudo havia sido possível — Ele não tem um sistema de segurança de alto nível?! Como ele não sabe?! Devem ter câmeras! Isso foi muito-

 

— Não tem câmeras no escritório – arqueou uma sobrancelha — Só o cofre dele tem um sistema de tirar fotos caso errem a senha, mas eu tenho meus métodos – se gabou, tentando disfarçar sua expressão de tristeza.

 

— Isso foi muito perigoso, Chat! Você não devia-

 

— Confia em mim... Eu sei o que eu fiz e como eu fiz... Acho que foi por isso que o grão-mestre Su-Han me deu essa missão – suspirou, fazendo com que Ladybug entendesse que não deveria mais perguntar sobre aquilo.

 

— Então... Não tinha nada no cofre? – perguntou.

 

— Só o grimório, mas o problema é a mesa que eu te falei... Tinha a página do miraculous do pavão toda traduzida e várias outras ainda incompletas, como se ele estivesse tentando traduzir o resto – jogou o corpo um pouco para trás, olhando para o céu enquanto apertava os olhos.

 

— Ele tem uma tabela... – murmurou para si.

 

— A tabela? Eu e meu amigo que fizemos – informou. A de madeixas escuras arregalou os olhos surpresa, e ficou olhando para o rosto do gatuno — Sabe... Aquele amigo que eu falei que contei sobre minha vida dupla – um breve silêncio tomou o ambiente.

 

— Entendi – quebrou aquela quietude — Posso levar esses papéis comigo? – questionou.

 

— São o meu presente pra você, claro que pode levar – riu um pouco — Você vai saber o que fazer com isso – a de olhos azuis possuía um semblante preocupado, guardando aqueles papéis dentro de seu ioiô, assim como fazia com os miraculous, e cruzando as pernas.

 

— Descobriu mais alguma coisa? – estava com medo da resposta.

 

— Tinha... Um arquivo... Como aqueles quadros de investigação de filmes... Tinham fotos nossas, mas de alguns civis também – respirou fundo, sentindo as lágrimas se formarem em seus olhos — Tinha a Marinette Dupain-Cheng... Chloé Bourgeois e a Lila Rossi – informou, com grande peso em seu coração.

 

— Marinette?! – seu coração deu um salto ao escutar seu nome no meio daquilo. Ela... Era um alvo? A possibilidade do Gabriel Agreste estar envolvido com tudo aquilo, realmente, era real — Você... Acha que o Gabriel Agreste está planejando algo contra a gente e... Quer tentar usar essas três? – era uma conversa amarga, que fazia ambos prenderem suas respirações e ficarem com o estômago embrulhado.

 

— Eu... – fungou, passando seu braço em frente aos seus olhos para secar as lágrimas — Não sei... Ele pode estar sendo usado... Mas... Acho que não tem como negar que ele é suspeito.

 

— Eu sei... – sabia há muito tempo, mas apenas estava negando tudo aquilo desde que soube que o grão-mestre iria investigar a mansão Agreste. A única coisa que não espera era que ele mandaria Chat Noir investigar o lugar — Você acha que... – sentiu um aperto em seu coração, com algo que ela temia — Ele pode estar tentando usar o filho pra se aproximar da Marinette? – virou seu rosto para o lado contrário de Chat Noir, mordendo o lábio inferior para controlar sua raiva e tristeza.

 

— O quê?! – se desequilibrou ao escutar aquilo e acabou caindo para trás.

 

— Você tá bem?! – perguntou ao ver o herói caído de costas.

 

— Tô... Eu só... – voltou a se sentar de maneira correta e suspirou — Como ele poderia fazer isso? É o filho dele...

 

— Eu sei! Mas eu tô tentando pensar nele como Shadow Moth... – por mais que doesse, o que Alya tinha lhe dito mais cedo era verdade. Precisava pensar logicamente e deixar seu coração de lado naquele momento — Pensa... Os dois são da mesma escola... Se os dois forem amigos, o Gabriel poderia abusar desse fato pra tentar fazer algo, caso ele seja o Shadow Moth.

 

— Eu não acho que... O filho dele está envolvido nisso – mesmo sabendo que aquela era sua verdade, o pensamento de que seu pai poderia estar usando sua relação com Marinette para armar algo não era impossível. Já havia pensado naquilo, mas não queria que fosse a verdade. Se fosse... Não poderia ficar com ela, ou estaria a colocando em perigo.

 

— É óbvio que o Adrien não tá envolvido! – exclamou um pouco irritada, fazendo com que Chat Noir a olhasse surpreso — E-eu quero dizer... Eu acho...

 

— Por que confia nele? Vocês se conhecem?

 

— Não! Óbvio que não! Eu só tô dizendo que... Talvez ele seja só uma vítima de tudo isso... Sempre tem essa oportunidade – coçou sua bochecha, sabendo que seus argumentos baseavam-se exclusivamente em sua opinião pessoal.

 

— E acho que esse é o caso – resmungou sem intenção de que sua parceira ouvisse, contudo ela o encarou, como se quisesse que ele explicasse aquilo — Ele... Ele sabe que eu investigo o escritório do pai dele – falou sem pensar, sabendo, no momento que falou, que se arrependeria amargamente.

 

— Ele sabe?! – Ladybug se levantou com a mão na cabeça — Como isso aconteceu?!

 

— É... Ele me viu entrando pela janela do escritório e foi me fazer perguntas – aquilo estava indo de mal a pior. O felino sabia que a mais baixa lhe daria uma bela bronca — M-mas ele prometeu não contar nada pro pai dele... Ele até se ofereceu pra ajudar... – tentou amenizar a situação com mais aquela mentira.

 

— Não! A gente não pode envolver ele de jeito nenhum! Já tem muita gente envolvida – começou a andar de um lado para o outro, com inúmeros pensamentos em sua cabeça.

 

— Mas ele parecia querer ajudar! Ele disse que... Tava cansado de segredos e me falou que o pai dele tava estranho... Foi o próprio Adrien que conseguiu as fotos que estavam mais ou menos traduzidas – aquilo não era mentira nenhuma, não importava o ângulo que o francês visse. Realmente queria poder ajudar e descobrir mais de todo aquele mistério... Era sua família que estava envolvida.

 

— O Adrien é só um civil, Chat! A gente não pode pedir para que ele ajude em uma investigação que envolve o pai dele! – continuou a argumentar, sem perceber que aquilo se tornara uma pequena discussão entre os dois.

 

— É o pai dele! Não acha que ele tem o direito de decidir isso?! – retrucou.

 

— Mas eu sou a guardiã e eu não quero tomar uma decisão irresponsável para deixar um civil em perigo.

 

— Eu achei que nós dois tomávamos decisões juntos... – o de olhos esmeralda começou a usar um tom de voz sério, desviando seu olhar e cerrando um de seus punhos.

 

— Devia ter pensado nisso antes de decidir contar tudo para o Adrien e já envolver ele na investigação – disse grosseiramente.

 

— Ele queria isso.

 

— A questão não é essa, Chat Noir – suspirou, cruzando os braços — Isso não é um trabalho pra ele... Você precisa dar um jeito de fazer ele-

 

— Eu não vou fazer isso – foi firme em sua fala, fazendo com que Ladybug se surpreendesse — Você nem conhece ele, não cabe a você decidir se ele deve ou não participar de uma investigação que envolve o pai... Não... A família dele – não queria brigar com a heroína mais uma vez, porém aquele assunto o envolvia.

 

— E o que você sabe sobre ele?

 

— Sei melhor do que ninguém como é viver sem saber nada sobre as minhas origens e é por isso que eu deixei ele me ajudar – relaxou seu punho e se jogou de costas no telhado, olhando para o céu — Seria injusto deixar o Adrien de fora disso, quando ele mesmo parece não saber de nada sobre o que são as coisas envolvidas na investigação – quando sentiu as lágrimas chegando mais uma vez, colocou seu braço na frente de seus olhos.

 

— Eu... – ficou com as palavras entaladas em sua garganta. Nunca soube daquilo. Não tinha como saber, contudo havia percebido que tinha sido muito dura com seu parceiro, que estava tentando ajudá-la — Eu sinto muito – sentou-se ao lado do herói — Eu não sabia que você... Passava por essas coisas...

 

— Não é como se desse pra você adivinhar – foi ríspido, ainda chateado — Me desculpa por ter envolvido o Adrien sem te consultar antes – se ao menos ela soubesse sua identidade, aquela briga nunca teria acontecido.

 

— Acho que é bom ter um informante que conhece a mansão, mas... Você tem que me prometer que vai tomar cuidado – se acalmou um pouco, resolvendo dar um voto de confiança na decisão de Chat Noir — Valeu por estar me ajudando – deu um pequeno sorriso, vendo o garoto tirar o braço da frente de seu rosto para fitá-la.

 

— É o melhor que eu posso fazer pra aliviar um pouco o peso pra você... E... Pra ser útil – sorriu de volta.

 

— Que história é essa? Você acabou de me salvar com aqueles papéis que você me entregou... Eu não conseguia traduzir nenhuma das páginas mais importantes com as anotações que o mestre Fu deixou, mas tenho certeza de que vou conseguir algo agora... Graças a você – estendeu a palma da mão para o parceiro.

 

— Que bom que dessa vez eu pude fazer algo – disse aliviado.

 

— Você sempre faz... Eu não seria ninguém sem você, gatinho – os dois se calaram, encarando-se com sorrisos semelhantes que expressavam suas levezas daquele momento. O herói hesitou, vendo a mão erguida da parceira, perguntando-se se aquilo era o certo a se fazer, contudo, depois de muito ponderar, alargou seu sorriso e entrelaçou seus dedos nos dela, erguendo-se para ficar sentado ao seu lado.

 

— Isso significa que você não vai me substituir? – brincou, mesmo que aquela insegurança existisse dentro de si.

 

— O que te fez pensar isso? – piscou os olhos confusa.

 

— É que... Agora que você é a guardiã pode chamar aliados quando quiser... Talvez não precise mais de mim com tanta frequência, já que nem sempre vai precisar de um cataclismo.

 

— Você é mais que um mero cataclismo, Chat... Você é insubstituível e eu não me vejo lutando um dia sequer sem você – suas palavras vinham do coração, as quais deixavam o loiro um pouco atônito.

 

— Ladybug... – falou seu pseudônimo completo, prestes a fazer uma pergunta incômoda — Você acha que... Conseguiria me salvar se eu fosse akumatizado? – o mais alto conseguiu ver o sorriso sumindo do rosto da de madeixas escuras, que começou a ficar com a mão trêmula.

 

— A-a gente... Pode não falar sobre isso? – estava enjoada só de imaginar aquela situação mais uma vez. Não sabe o que havia acontecido depois que Chat Blanc foi derrotado. Será que as pessoas que haviam sido dizimadas pelos poderes do akumatizado haviam retornado? Se aquilo acontecesse nessa realidade, conseguiria salvá-lo? Sentiu uma lágrima escorrer pela sua bochecha e logo não conseguiu se segurar mais — Por favor – era como se seu corpo reagisse àquele pesadelo, começando a  tremer.

 

— Tudo bem, Bugaboo... Calma... Eu tô aqui – abraçou Ladybug sem nem pensar duas vezes, segurando-a em seus braços como se a protegesse.

 

— Eu só quero acabar com tudo isso, Chat... Eu não quero mais pensar nisso – segurava-se nos braços de Chat Noir, deixando suas lágrimas rolarem pelo ombro do mais alto.

 

— A gente vai dar um fim nisso... Relaxa... – beijou a testa dela e suspirou, também sentindo um aperto em seu coração — Eu espero nunca ter que lutar sem você de novo... Foi assustador... – apertou um pouco mais o abraço. Ele não sabia que aquelas palavras a enchiam de culpa... A franco-chinesa viu como o herói estava abalado em ter que lidar com tudo sozinho, contudo, sabia que poderia contar com ele caso algo acontecesse, afinal, já havia sido salva pelo mesmo uma vez.

 

— Eu tenho certeza que se algo acontecesse comigo você conseguiria me salvar... – comentou.

 

— Nada vai acontecer com você Minibug, eu nunca deixaria – ficaram em silêncio por alguns poucos minutos, aconchegados nos braços um do outro até que Ladybug parasse de tremer. Como ela já havia pensado antes, Chat Noir era seu porto seguro e naquele momento, prometeu a si mesma que nunca deixaria algo acontecer a ele. Não veria Chat Blanc acontecer de novo... Nunca... — Então... Como tão as coisas com o senhor perfeito e a outra pessoa que você gosta? – voltou àquele assunto, como se já tivesse virado uma rotina para ambos conversarem sobre suas vidas amorosas.

 

— Com o "senhor perfeito" estão bem... A gente tá indo aos poucos, já que a gente ainda não tem certeza... – bufou, lembrando-se da situação com Adrien. Era algo estranho... Como se fosse uma amizade colorida — Quanto ao outro... Eu não vou falar – fez uma breve pausa, propositalmente, já sabendo que seu parceiro ficaria curioso.

 

— Entendi... Então além do senhor perfeito, agora tem o senhor mistério – zombou.

 

— Por aí – deu uma risadinha — Mas e a sua princesinha, como tá? – resolveu brincar também.

 

— Bem também... Só que... – olhou brevemente para a de orbes anil, que, naquele momento, estava sentada ao seu lado, utilizando o ombro esquerdo do mais alto como apoio para seu queixo — Eu não sei se vou poder levar as coisas pra frente com ela... Poderia causar muitos problemas.

 

— Problemas? Como? – indagou, arqueando uma sobrancelha.

 

— Ah... Minha família é um pouco chata... Eu não quero causar mais dor de cabeça... Ela já passou muito tempo correndo atrás de mim e eu magoei ela várias vezes, mas, mesmo gostando dela... Ela tá gostando de outra pessoa e minha família só atrapalharia as coisas, então, talvez, seja melhor deixar pra lá – por baixo daquela máscara preta, a de cabelos de mesma cor conseguia ver uma tristeza em seu semblante. Aquilo a deixava triste, pois não gostava de ver seu melhor amigo mal daquele jeito, porém também significava que o gatuno realmente gostava dessa garota. Estava com ciúmes. Sabia disso.

 

— Não tem nada que vocês possam fazer? Tipo... Se vocês conversarem podem chegar a uma solução.

 

— Eu pretendo tentar, mas se tudo piorar, eu não vou poder envolver ela nos meus problemas... Talvez eu não seja a pessoa certa pra ela afinal – suspirou, como se tudo que estava acontecendo nos últimos já tivessem o feito chegar a uma conclusão. Marinette não poderia correr perigo e, com seu pai sendo o principal suspeito de ser, ou estar envolvido, com o Shadow Moth, as chances de seus planos envolverem usar a Dupain-Cheng mais uma vez não eram nulas. Não podia arriscar.

 

— Eu sinto muito, Chat – disse com sinceridade.

 

— Eu vou ficar bem... Não é a primeira vez que minha vida amorosa parece dar errado – riu em um lamento — O destino do mundo... Minha família... O que mais pode me atrapalhar? – era uma grande ironia, como se tudo fosse planejado para dar errado para ele. Sem nunca ter feito nada.

 

— O destino não é escrito em pedra, ele pode mudar – falou com firmeza, fazendo com que o herói a olhasse com o cenho franzido.

 

— O que você... Quer dizer com isso? – Ladybug tirou seu queixo do repouso e olhou para Chat Noir, um pouco inclinada em sua direção.

 

— Que tal a gente sair em um encontro? – os olhos do felino se arregalaram ao escutar aquele algo que nunca esperou ouvir da joaninha.

 

— I-isso é uma piada? – inferiu, sem saber como reagir.

 

— Você não precisa me responder agora – levantou-se, como se ignorasse a pergunta do loiro, que ainda estava embasbacado.

 

— E-espera. Por quê? Eu pensei que-

 

— A gente nunca vai saber como as coisas vão acabar se nunca dermos uma chance – virou as costas para o parceiro e seguiu caminhando até mais na ponta do telhado do Grand Palais — E a verdade é que eu sempre quis te conhecer melhor – comentou, virando um pouco seu rosto, fitando o mais alto que se aproximava para ficar ao lado dela, após abrir um sorriso com o que ela havia dito.

 

— Você... Não tá fazendo isso só pra fazer eu me sentir melhor, não é? – com aquela pergunta que a heroína vermelha já havia escutado antes, ela deu uma breve risada e colocou a mão no ombro de Chat Noir para usar como apoio enquanto ficava na ponta dos pés para dar um beijo em sua bochecha.

 

— Eu nunca faria isso – falou com uma voz doce e tirou o ioiô de sua cintura — Eu vou esperar a resposta! Até amanhã, gatinho! – sem dar a oportunidade de Chat Noir lhe perguntar mais algo, a garota se jogou com seu ioiô para longe e sumiu de vista, antes que o herói pudesse perceber o quão vermelha ela estava, talvez até tão vermelha quanto Chat Noir, largado para trás, que estava, ainda, com uma feição desnorteada. Lembrou-se de algo, contudo, era um pensamento bobo. Reparar mais nas coisas... Nino havia enchido ele de paranoias com suas teorias. Por que aquilo havia voltado em sua mente?

 

"E quem te garante que essa outra pessoa que a Ladybug gosta não é você?"

 

Uma completa besteira. Era improvável.


 


Notas Finais


Até o próximo capítulo!


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