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História Onde Apenas Eu Existo - Capítulo Único


Escrita por: Kurome-sama

Notas do Autor


Senti vontade de escrever alguma coisa sobre esse anime que foi um dos que eu mais gostei de ver nesse ano. A qualidade da animação é muito boa e as imagens são muito bonitas, mas o final dele partiu o meu kokoro. Eu sei que o Satoru só voltou no tempo para salvar a mãe dele, porém quem não achou bonitinho quando ele e Kayo apareciam juntos em alguma cena? Até eu que não costumo shippar ninguém fiquei sentida. E eu sabia desde o primeiro capítulo que o par dele provavelmente seria a Airi, mas eu gosto de me iludir mesmo.

Capítulo 1 - Capítulo Único


Frio. Muito frio. Quanto mais a água entra no carro, mais sinto meus sentidos entorpecidos. Forço mais uma vez a trava do cinto de segurança. Essa droga está quebrada e todas as minhas tentativas são inúteis.

- Yashiro – grito em um impulso – Eu sei do seu futuro!

Eu não tinha nada a perder. Não tinha como ele saber de meu segredo apenas com essas palavras. Será que a curiosidade seria suficiente para ele voltar e me salvar da morte?

Estranho, não consigo parar de pensar na minha mãe. Ela deve estar me esperando para o jantar e pensando o quanto estou atrasado. Não consigo parar de pensar nos meus amigos também. Osamu, Kazu, Kenya... Kenya pediu para que eu contasse como estava a investigação. Se ele soubesse que eu achei o assassino... Será que o Hiromi e a Aya estão seguros mesmo?Será que eu consegui salvar a Misato também? E o Coragem? É ele quem vai ser responsabilizado pela minha morte?

A água inundou totalmente o carro. Que frio! Eu não consigo sair. Quanto mais eu luto, mais perco as forças. Não consigo mais respirar. Acho que esse é realmente meu último revival.

E tudo começou naquele dia no parque. Kayo estava sozinha como sempre. Isso foi antes de eu ter mudado o passado. Antes de eu ter me colocado entre ela e seu assassino. Eu a pus fora de seu alcance. Se eu não a tivesse salvado, eu não estaria aqui morrendo. A imagem de Kayo com seu casaco vermelho se desfez na minha cabeça. Não, eu não me arrependo. Eu não poderia deixar de salvá-la. Não existiria um futuro para mim em um mundo onde seus olhos, que nunca olhavam para mim, não existissem.

Sinto uma mão puxando a gola da minha camisa. Yashiro teria voltado? Teria ficado com pena de mim ou apenas curioso? Não consigo identificar se é ele mesmo ou outra pessoa. Estou quase perdendo os sentidos. Mas consigo ainda perceber a pessoa tentando destravar meu cinto. Depois de várias tentativas frustradas, meu salvador tenta me puxar por cima do cinto. Não posso mais me manter acordado. Estou sendo sugado para a inconsciência. A última coisa que lembro é de estar correndo atrás do carro que levava Kayo para sempre.

***************************

- Bom dia, Satoru – minha mãe falou quando eu abri os olhos.

Mas ela não deu seu bom-dia habitual. Parecia estar emocionada com alguma coisa.

Eu olhei ao redor e não reconheci aquele lugar. As paredes eram brancas e vazias demais para ser o meu quarto. Nenhum dos meus brinquedos à vista. Suspendi minhas mãos na frente do meu rosto. Mãos pequenas de criança. Eu ainda estava dentro do revival?

- Não se mexa – minha mãe colocou as mãos cuidadosamente em meu peito para impedir que eu me levantasse – Eu vou chamar o médico – e saiu apressada do quarto, com lágrimas ainda escorrendo pelo seu rosto.

Quando ela e o médico voltaram, eles me forçaram a comer alguma coisa e me atualizaram dos fatos. Minha mãe não ficou me esperando em casa naquela noite. Ela procurou por mim, junto com aquele colega dela, o Sawada-san, e encontrou com meus amigos. Provavelmente, Kenya contou tudo que sabia. Não sei o quanto ele sabia. Só sei que minha mãe desconfiava de Yashiro. Com certeza, ela pensou que ele era algum pedófilo ou algo assim. Talvez, desde aquele dia dos doces ou antes disso. Ela e o Sawada-san foram até onde o Kenya disse que eu havia ido para salvar a Misato. Eles viram quando eu e Yashiro saímos de carro e nos seguiram. Quando eles chegaram onde estávamos, eu já estava dentro da água gelada. Sawada-san começou a lutar com o Yashiro. Os gritos da minha mãe atraíram mais pessoas e um homem desconhecido conseguiu cortar o meu cinto com um estilete. Eu já tinha perdido os sentidos. Dormi por dois meses.

Dois meses e não saí do revival. Pergunto-me quando esse revival vai acabar. Se algum dia ele vai acabar.

Precisei passar algumas semanas no hospital. Os médicos fizeram vários exames em mim e concluíram que eu não terei nenhuma sequela. Dizem o quanto sou sortudo enquanto faço um esforço para empurrar aquela comida insossa pela minha garganta.

Recebi a visita dos meus amigos. Osamu, Kenya, Kazu, Hiromi... até mesmo a Misato apareceu carregando minhas tarefas acumuladas. Eu poderia ser liberado das atividades da escola. Afinal, eu quase morri. Ao invés disso, precisei estudar o dobro para poder acompanhar meus colegas. O Coragem também apareceu e conversamos muito. Foi muito bom receber todos eles, mas aquelas paredes brancas ainda me deixavam melancólico.

Algumas semanas depois, recebi alta e voltei para casa com minha mãe. Logo, tudo voltaria ao normal. Eu consegui mudar o passado, mas continuava preso em 1988. Eu parecia estar esperando por alguma coisa.

- Vamos entrar, Satoru-san – minha mãe falou quando chegamos na esquina da nossa rua – Não é bom que você se esforce muito por enquanto.

Para minha sorte, as férias de meio de ano já haviam começado e eu ainda tinha algumas semanas de folga. Eu realmente precisava disso.

-Heim, Satoru? – minha mãe olhou para mim por cima do ombro.

Eu olhei para trás e vi uma figura andando lentamente no final da rua. Fiquei sem reação no começo, até conseguir forçar minhas pernas a andarem novamente. Inicialmente, andei lentamente, ganhando velocidade a cada passo e, no final, já estava correndo pela rua sem me importar com minha recente saída de um hospital. Correndo ao encontro de Kayo Hinazuki.

Eu vi o breve momento em que ela arregalou os olhos antes de eu envolvê-la em um abraço. Nós dois quase caímos no chão, mas consegui manter o equilíbrio sem me desgrudar de Kayo.

Ela realmente estava bem. Estava viva e bem. Todo meu esforço valeu a pena porque Kayo está aqui. Espera um pouco, o que ela está fazendo aqui?

- Não demore a entrar, Satoru-san – minha mãe deu um sorriso de lado e acenou para nós dois, antes de atravessar a porta da nossa casa.

- Você está bem – disse, eufórico, depois de me afastar dela – Você voltou. Por que você voltou? O que está fazendo aqui?

Kayo ajeitou a própria roupa com uma expressão indiferente, antes de começar a falar.

- Estou de férias também – ela falou, tranquilamente, com sua típica voz rouca e cheia de tédio – Minha avó me trouxe aqui. Ela disse que não quer que eu perca o contato com meus antigos amigos.

- Então, você vai ficar até o final das férias?

Kayo apenas assentiu com a cabeça. De alguma forma, isso me deixou animado.

- Podemos ir ver a árvore de Natal – sorri e segurei a mão dela – Lembra onde era?

- Você é idiota? – Kayo resistiu um pouco – Eu não disse que iria.

- Você vai gostar. Só vem comigo – e a puxei para que me acompanhasse.

Saímos quase correndo pela rua, atrás da nossa árvore de Natal. Eu sei, eu sei, estamos no meio do ano. Mas aquela era nossa árvore de Natal quando estivemos aqui em fevereiro. E eu não queria esperar até o final do ano.

Eu e Kayo ainda voltaríamos aqui no final do ano. Percebi que, em todas as minhas melhores lembranças, Kayo estava nelas. Kayo fez parte do meu passado e estava no meu presente. Seria assim daqui para frente, em cada feriado, cada período de férias, até o final dos dias.

Desde esse dia, eu comecei a viver minha vida de verdade. Desde esse dia, eu nunca mais tive um revival.


Notas Finais


Deixei o final aberto mesmo porque o foco do anime era a viagem no tempo e não o romance, eu acho. Confesso que só comecei a assistir porque pensei que era mais ficção científica e mistério e acabei esbarrando em um drama. Por incrível que pareça, eu gostei.
Mas eu acho que o autor fez toda essa apelação de "amor juvenil" com o Satoru e a Kayo para nos trollar no final de propósito.


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