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História Onde Devo Estar (Spin-Off) - Universidade Part. III


Escrita por: DearDanvers

Notas do Autor


ATENÇÃO!!

QUERO FANARTS! Seria muito legal vocês fazerem fanarts Lina! tem uma galera que já está fazendo!

Capítulo 7 - Universidade Part. III


Fanfic / Fanfiction Onde Devo Estar (Spin-Off) - Universidade Part. III

— Você irá adorar a galera da fraternidade! Eles são muito amigáveis e muito receptivos. — a ruiva falou com demasiada animação.

Ambas passaram a manhã juntas, a cada segundo que tiveram livre. O que as separaram foram apenas duas aulas do turno em questão. Esses momentos de companheirismo, em sua maioria, eram feitos em silêncio. Apenas as duas andando lado a lado, ansiando certa intimidade e confissões que nunca passavam de um impulso da mente ou da ponta da língua.

Após o fim das aulas pela manhã Alina decidiu que o melhor seria integrá-la em sua gente; amigos de todos os dias; colegas de almoços, lanches rápidos, jantares nada românticos e, finalmente, as risadas intercaladas entre todos os anteriores.

Luna estaria saltitando de alegria, porém, seu estômago rodopiava como um caldeirão quando estava perto de Alina. Enquanto Kovalenko andava e falava, Lu ouvia pouco do que ela dizia (arrisca-se dizer que não ouvia nada).

Ela via os cabelos ruivos esvoaçando, os lábios movendo-se lentamente como uma arte em movimento mecânico (mesmo com tamanha fluidez), os olhos claros a encarando apertados por um sorriso doce. Apreciava como uma dança contemporânea os gesticulares da outra, as mãos casavam-se com todas as frases em gestos expressivos. Casavam-se, assim também, com a emoção do que diziam. Sem medo delas.

— ... É certo eles gostarem muito de você por isso. — Alina terminou uma sentença.

A mais baixa pareceu não pareceu entender, provavelmente, por ter perdido grande parte da fala.

— Desculpe, eu não ouvi. — murmurou mais envergonhada.

— Disse que você é maravilhosa e muito espontânea, meus amigos adoram isso nas pessoas e vão gostar de você. — falando mais claramente pareceu ficar tão avermelhada quanto seus cabelos; ficou parada em frente à entrada olhando a jovem morena.

— Não vamos entrar? — Luna perguntou.

Kovalenko pareceu cair em si chacoalhando a cabeça.

— Ahh! — correu para abrir a porta; fez um gesto para que Luna entrasse assim que a passagem estava livre. — Bem-vinda à fraternidade KVM.

A casa parecia bem maior e mais agradável sem gente bêbada, música alta e o cheiro de álcool impregnado em cada milímetro dos estofados. Muito organizado e limpo, nem parecia quem dias atrás houve uma festa de abalar a estrutura da casa.

Os demais integrantes, que não eram muitos, estavam reunidos na sala. Alguns estavam no chão e outros preferiram ter assentos decentes, sentando-se no sofá.

— Gente, trouxe visita! — Alih aproximou-se com amorena dando uma corda para a introdução. — Esta é a Luna. — falou com uma doçura particular a acariciando o rosto.

Todos sorriram.

— Este é Gries...

Citou o rapaz que levantou a mão. Estava bastante largado sobre o sofá, usando uma touca escondendo seus cabelos compridos, tinha uma barba crescida, uma roupa larga e amassada; usava chinelos de dedo.

— ... Essa é a Hava...

Desta vez era uma moça de nome hebraico sentada no chão. Uma típica garota bastante feminina porém muito responsável e muito organizada. Nota-se bem pelos longos cabelos loiros muito bem escovados, a blusa de seda bem passada e ótima postura ao sentar-se no chão de pernas bem juntas.

— Ali temos a Charlize!

A mão de uma garota foi levantada, cabelos escuros e muito cacheados, pele negra e olhos castanhos. Tinha um sorriso muito lindo e receptivo, exalava muita simpatia. Luna imaginou que ela fosse muito alegre pela vida das cores que a mulher usava em suas roupas, talvez fosse uma ótima amizade. 

— Eu sou a Cécile. — apresentou por si própria.

Esta parecia mais simpática do que os outros, apenas sua imagem já era uma ternura completa. Cabelos amarrados, castanho-dourado; olhos cor-de-mel; mais bronzeada e baixinha.

Certamente mestiça.

Era bem cuidadosa com seus movimentos, sorria mais acanhada que os demais. Mesmo usando um moletom era visível seu ventre bastante saltado. O acariciou com muito carinho.

— Este é o Damian. — falou com tom mais bobo.

Luna ficou deslumbrada no momento, como em casa ela tinha sempre irmãos pequenos então ver barrigas de mulheres gestantes a fazia sentir-se mais em seu lar. Culpe as mães da baixinha, pois ficam fazendo filhos constantemente... Ainda mais sem pudor.

— Olá, Damian!! — falou alto acenando para a barriga. — Eu posso sentir?!

Cécile e Alina se olharam a ponto de gargalhar. A gestante assentiu com muita compreensão. Cabello-Jauregui caiu ao chão se ajoelhando e encostou o ouvido na barriga saliente, seus olhos desfocaram em busca de ouvir os indícios do bebê. Aproximou sua boca e repetiu “Olá, bebê!” diversas vezes.

Causou risos agradáveis em todos os membros presentes.

— Ele gostou de você, Luna. — a futura mãe falou contente. — Sentiu que ele chutou?!

A menina assentiu muito radiante.

— Sim!!

A porta se abriu uma última vez. Entrou então alguém que Luna já havia visto antes, era a mesma mulher que tentou expulsá-la do grupo de apoio no primeiro dia. Tinha a cara mais fechada, cabelos curtos tingidos de loiro. Está a usar roupas mais masculinas desta vez. Um batom bem vermelho cobria seus lábios, uma jaqueta lhe cobria o tronco e segurava em uma das mãos um violão.

Estranhou de cara a presença de Luna novamente.

— Meu anjo, — Alina chamou a latina a segurando pelas mãos. — conheça a coordenadora do grupo de apoio. Ashley. — apresentou com orgulho.

— Você sabe que eu odeio ser chamada de Ashley. — debochou da ruiva com tom de brincadeira.

Kovalenko revirou os olhos.

— Luna esta é a Halsey, Halsey esta é a Luna. —reforçou o cumprimento.

A morena estendeu a mão com muita convicção, enquanto a outra apertou-lhe a mão de mal grado, quase recusando o contato. Não somente o contato como tê-la recebido na fraternidade em primeiro lugar.

— Espera! Esse violão é o que estou pensando?! — Gries, o rapaz largado, alertou-se. — Onde conseguiu essa relíquia?!

Halsey esqueceu sobre a menina e sorriu com malícia.

— Digamos que você deve ter ouvido sobre a festa de boas-vindas para os alunos de música, exclusivamente. Aparentemente todos eles vão e eu fui a pessoa que deu a ideia e ajudou a organizar a festa, arranjei umas bebidas com desconto e em agradecimento um dos riquinhos disse que eu poderia ficar com essa belezura por uns tempos. — referiu-se ao violão, que Luna pensou ser apenas um instrumento muito velho.

Alina prestando atenção passou o braço pelos ombros de Lu (que se aconchegou de imediato). E logo a ucraniana de cabelos alaranjados se manifestou.

— Você não acha que a casa da fraternidade dos músicos não é um tanto... — contorceu a expressão tentando não soar rude. — Pequena?

— E o que tem?! — Halsey devolveu uma pergunta.

— O que tem é que o pessoal e toda a extensão do evento vai para o jardim porque não tem espaço, e o dia está nublado, bastante nublado. — rebateu estranhando. — Ninguém quer ter seu equipamento de som e roupas encharcados.

Halsey pensou com pesar sobre o conflito da situação. Sua cara continuava fechada, era visível sua frustração com algo em particular, mais atiçado do que nunca.

— Alina, você não demonstrou interesse nenhum em me ajudar como nos outros eventos. — falou tentando controlar sua indignação. — Ainda dá tempo você checar os planejamentos hoje à tarde. — pareceu mais incerta.

Negou com a cabeça.

— Não posso. Hoje tenho um passeio especial. — olhou encantada para Luna. — Na próxima, quem sabe, posso ajudar nos preparativos.

A amiga recém-chegada no ambiente revirou os olhos e juntou-se aos outros.

— É, quem sabe...

Kovalenko estranhou profundamente a atitude da amiga. Enquanto isso Luna checava o celular que não parava de notificar mensagens novas.

Miguel: Mãe Lauren disse quer uma chamada de vídeo com você hoje ainda.

Miguel: Sem falta!

Miguel: Muito sério mesmo, Luna!

Miguel: Ela vai me matar só de pensar que você não está a salvo.

Miguel: Como não consigo te encontrar de maneira alguma, esteja avisada.

Miguel: Um pouco antes do anoitecer.

Luna: Acho que antes disso estarei no dormitório.

Miguel: Elas estão preocupadas, querem notícias... Promete?

Luna: Prometo!!

— Está na hora. Vamos?

A baixinha assentiu.

 

{...}

 

As duas garotas curtiam o belo passeio de carro. Rose era bem confortável, Luna estava de prova do motivo de tanto dengo da ruiva com que para o carro. As imagem da janela passavam rapidamente em frente aos olhos, como vultos em cores vívidas. Os sons não lhe faltavam aos ouvidos jovens, o ronco do motor, as rodas no asfalto e o vento forte.

Seus cabelos não resistiam e esvoaçavam desfazendo, nem que um pouco apenas, o penteado original. Luna Michelle estava encantada pela sensação de liberdade, de não saber aonde iria pela surpresa e ainda mais por estar à mercê do acaso e de uma pessoa muito especial.

Alina observava sempre que podia o fascínio da menor, sorria como se tivesse um tesouro no banco de passageiro de seu carro. Dirigiu com o dobro de cuidado e o triplo de felicidade. Tamanha pureza ela jamais encontrou em ninguém que tenha conhecido antes, seu mundo primitivo era de pessoas maliciosas e metidas a gênios.

Essa garota não era nada disso, ela era especial.

— Aonde vamos? — Lu indagou com calmaria.

— É nosso primeiro encontro então... Vamos a um lugar especial. — disse sem retirar os olhos da estrada.

— Vai ter comida, certo?! — desesperou-se.

A ucraniana riu.

— Claro que sim.

Com o aproximar do lugar em questão Luna animou-se. Era justamente essa reação que Alina queria. O carro foi desacelerando e enfim foi estacionado, ambas saíram do automóvel. Luna correu em direção à entrada como uma criança típica que visse algo assim.

Kovalenko naturalmente alcançou seu par e pairou em frente à uma cabina gradeada.

— Duas entradas, por favor. — puxou a carteira do bolso. — Uma para mim e outra para essa morena linda.

Cabello-Jauregui engoliu à seco sua euforia corando intensamente.

Era a bagunça mais cativante que a baixinha já vira. Não como a festa que ela havia frequentado, fazia mais seu jeito. Era um festival enorme, deveria ser em comemoração à algum tipo de colheita ou exposição de alguns animais, assemelhava-se a um parque de diversões.

Haviam crianças por todos os lugares, correndo e seus pais loucos indo atrás. O cheiro de pipoca, os sons metálicos de brinquedos gigantescos, ruídos de animais rurais. Suas mães nunca a deixariam vir num lugar como esse, talvez se perdesse ou se machucasse. Tinham medo por ela.

Ela temia pelo temor das mães.

Dessa vez não há o que temer. Ela é uma moça, não é?

— Achei sua cara quando vi. — sua parceira aproximou-se vendo seu fascínio.

Além de tudo estava bem acompanhada.

— É grande... — olhou em volta.

— Nunca veio em um festival como esse? — a indagou.

Negou com a cabeça.

— Quando eu era pequena e a minha mãe ‘Lo morava longe a gente só tinha a mamãe.

— Imagino que ela ficasse preocupada em vigiar você e seu irmão.

Ao andar as meninas passaram em frente uma barraca que despertou a atenção da latina. Debruçou-se sobre o balcão encarando o senhor barrigudo e velhaco. Perto dela haviam várias maçãs-do-amor.

— Moço, vocês têm bananas-do-amor?!

Tanto o senhor velhaco como a ruiva estranharam o pedido da menina.

— Apenas maçãs, não temos bananas. —a voz grave do senhor disse irritada.

A morena abriu sua bolsa que estava presa no ombro.

— Não tem problema, eu trouxe uma! — tirou de lá a fruta em questão fazendo Alina gargalhar alto.

O homem revirou os olhos não acreditando na conversa que estava levando com essa suposta menina estranha. Kovalenko meteu-se na conversa metendo as mãos nos próprios bolsos.

— Façamos o seguinte. — disse muito descolada. — Eu lhe dou alguns trocados e o senhor carameliza a banana e põe alguns granulados. É um ótimo negócio.

O homem de avental concordou demasiadamente impaciente. Recebeu em mãos aquelas poucas moedas.

— Está bem, está bem... Adolescentes loucos... — murmurou para si descascando a banana recém-entregue.

Em poucos minutos estava pronto, a fruta ainda estava coberta pela metade com sua casca, entretanto, a parte descoberta estava envolvida com uma espessa camada de caramelo e granulado. A morena deu uma primeira mordida com dificuldade. Seu rosto se iluminou.

— Está muito bom!! — exclamou. — Prove!

Não podendo negar a euforia da sua amada teve que dar uma mordida, não hesitou em falar a verdade também admitindo ter sido uma ótima ideia.

— Você sempre anda com bananas na bolsa? — perguntou brincalhona.

— Por que não andaria?! Você não?!

— Não... — sorriu de lado.

— Sinto muito por você. — rebateu convencida.

— Talvez eu possa começar, se um dia alguma banana lhe faltar ou qualquer outra fruta... Estarei feliz em te acudir no que você precisar. — confessou de semblante mais pensativo. — Luna, eu queria te avisar algo.

A menina de bochechas lotadas de pedaços de fruta a encarou esperando o desenvolver.

— É sobre o lance do beijo...

— Oh... — ficou tão sem graça quanto Alih.

A outra esfregou a nuca muito tensa se pondo em frente à mais baixa.

— Só queria dizer que a escolha é sua se quiser me beijar... Porque... Olha... Eu não quero ficar avançando em você, não quero nada que vá te deixar desconfortável. Então prefiro que a iniciativa de beijar seja sua, Luna, você decide se quer ou não e se quiser decide quando será.

— T-Tudo bem... — a menina respondeu.

Alina ofereceu sua mão.

— Vamos explorar e sermos criançolas por aí!

O tempo pareceu não passar. Fizeram jus ao termo “criançolas” e aprontaram todo tipo de traquinagem ao longo de sua exploração.

Foram ver os animais, gargalharam com a sensação da saliva dos inocentes irracionais em suas mãos enquanto os alimentavam. Alina, com seu conhecimento sobre os mesmos, comentava um pouco sobre suas naturezas de como os devem tratar e locais de origem.

Noutra hora estavam correndo de mãos dadas e dançando no meio da multidão. Por mais que a morena gostasse desse tipo de brincadeira nunca foi dada espaço para que pudesse fazer. Ela achara alguém que entendia as loucuras de seu coração antes mesmo de sua cabeça saber que as tinha.  

Os olhares eram a maior atração do festival inteiro. Trocavam intensos olhares de compaixão e alguns sem pensamentos significados pelo impulso incontrolável de rir, todavia os toques entre as mãos estavam lá. Os abraços rápidos e disfarçados viam com intensidade e no segundo seguinte eram separados.

Havia uma necessidade a mais intraduzível. Os corpos falaram entre si e decidiram o rumo da dança de seus desejos, decidiram sem a permissão das mentes que os comandavam. Esqueceu-se a biologia da natureza. Ficou então o humanismo quase místico dos sentimentos inenarráveis.

— Podemos ir naquele? — Luna indagou.

— No carrossel?

Assentiu em resposta.

Esperaram poucos minutos até que o brinquedo parasse. Subiram assim que o portãozinho de ferro foi aberto. Cabello-Jauregui ficou indecisa em qual dos animais e criaturas místicas presas ao brinquedo iria escolher.

Seus olhos encontraram um perfeito.

— O tigre!! — apontou e correu em direção à ele.

Era um tigre enorme de estrutura resistente preso ao piso. Sentou-se sobre suas costas segurando com as mãos nas orelhas rígidas da falsa fera. No mesmo segundo sentiu alguém sentar-se logo atrás dela, abraçando-a com muito aconchego.

— Apenas garantindo que você vai estar segura.

Lu achou engraçado e ao mesmo tempo muito agradável o gesto.

— Tenho certeza que vou estar. — olhou para o próprio colo sorrindo.

Logo tudo começou a girar. Achando não poder ficar mais animada, Luna sentiu-se mui livre naquele momento. Talvez fosse o tigre, talvez fosse o girar incessante e principalmente talvez a ruiva que a segurava.

A resposta poderia ser óbvia até então.

A cada volta a estrutura de metal teimava em fazer o mesmo barulho.

Tec-Tec

Tec-Tec

Tec-Tec

As voltas não paravam de mostrar as paisagens de sempre, já vistas e revistas. Pela primeira vez nada mais importava, até sua euforia fora calada por um sentimento novo. Alina segurou suas mãos, os dedos dela encaixaram-se nos espaços entre os próprios.

Tec-Tec

Seus corpos estavam próximos aquecendo um ao outro, o queixo da ruiva descansado sobre o ombro da inocente mocinha. Entre tantas voltas, por incrível que parecesse, o mundo não girava.

Tec-tec

O perfume doce invadiu o nariz de Alina como um transe químico que fez um fluido particular correr juntamente com seu sangue. O coração pareceu parar e ao mesmo tempo pular para fora do peito no mesmo segundo.

Tec-Tec

Luna sentia a respiração de Alina contra sua bochecha fazendo seu corpo esquentar e sua mente congelar sem pensamentos racionais.

Tec-Tec

Os narizes roçaram-se.

Tec-Tec

Os corpos colaram-se mais em busca de melhor busca do encontro dos rostos.

Tec-tec

Os hálitos se misturaram no ar...

Bip-Bip!!

— Deus! Estou atrasada! — Luna exclamou prestando atenção ao relógio de Alina.

A ruiva ficou sem reação.

O brinquedo parou e as pessoas levantaram-se para retirarem-se. Alina abria a boca para tentar dizer algo, além de não saber o que dizer sua fala ficou paralisada.

— Eu prometi estar de volta antes de anoitecer.

— Mas... Mas...

— Eu prometi... Desculpe. — falou com muito pesar.

A ruiva exalou o ar com certa frustração, respeitou a decisão da morena sem hesitar pegando a chave do carro.

— Vamos voltar agora mesmo, tudo bem. — sorriu fraco tentando disfarçar.

 

{...}

 

Chegou em seu quarto às pressas. Teve vontade de chorar, de gritar, vontade de tudo por ter deixado alguém tão especial de maneira tão brusca. Nem sequer puderam se despedir de maneira correta ou com o mínimo de carícias. E era tudo o que ela mais queria.

Com um tablet em mãos atendeu a chamada fundadora de todo o alvoroço. Na tela apareceu o rosto de sua mãe.

— Oi, meu bebê! — Lauren disse aliviada.

— Oi, mãe ‘Lo... — murmurou com semblante triste.

— Houve alguma coisa?! — a mulher de olhos verdes perguntou de imediato. — Eu estava com um mau pressentimento hoje... Como se algo estivesse errado. Achei melhor ligar pra falar com você.

— Estou bem... Só um pouco cansada. — mentiu sem pudor.

— Não me parece ser cansaço. — continuou desconfiada.

Para que não lhe saísse mais palavras inventadas, apenas deu de ombros.

— ... Tem um rapaz que quer muito falar com você.

Na tela surgiu um menino muito amado.

— Matty!! — exclamou Luna.

— ‘Lu! Bebê tigue ‘tá com saudade... Fez um... — foi contando os papéis em suas mãozinhas. — Dois... tês desenos!

— Três desenhos de quê?!

Tês desenos da ‘Lu... Olha... — mostrou na câmera todos eles.

Mesmo que fossem bastante caricatos e fossem muito borrados e rabiscados, não conseguiu achar nada menos do que lindo. Estavam perfeitos simplesmente porque ele quem os fez.

— Amei todos!

Lauren o apertou em seu colo.

— Conta pra ‘Lu pra onde você vai, mi amor.

Ficou animado no mesmo instante.

— Bebê tigue vai pla ecola! — o menino exclamou.

— Pra escola?! Já?! — ficou surpresa.

Matty pôs as mãos na cintura ficando bem sério.

— ‘Lu, bebê tigue é gente gande... Tem que ir pla ecola aprender todas as coisas. — levantou os bracinhos dando ênfase. — Né, Mama tigue? — enfitou sua mãe.

— É sim, meu sabido, aprender todas as coisas.

Ficaram assim se falando por algumas horas. Lu perguntou sobre sua mamãe. Lauren avisou que Camila estava ótima, que o que torrava suas paciências era apenas como Angel demorava a dormir. Também perguntou pela mesma.

Lauren alegou que ela estava crescendo muito rápido e ficando cada vez mais inquieta. Nada que Camila não saiba controlar com suas maneiras. Afinal, depois de ter quatro filhos é fácil saber os remediar.

Confessou que a casa estava muito vazia sem eles. Que sentia falta até de entrar no quarto do Miguel e implorar pra que saísse de lá por dez minutos. Matty também falou algumas poucas coisas, mostrou sua mochila nova e ficou sendo adorável, o que faz de melhor.

Nada fez com que a morena esquecesse a decepção de sua saída seca. Quando seu corpo não aguentou mais estar acordado foram dadas as despedidas e menina se vestiu com um dos seus pijamas favoritos... E sem notar, a mocinha adormeceu com todos os pesares.

 

{...}

 

Um alto estrondo soou de maneira impertinente. Invadiu o quarto todo, sem exageros, digamos o prédio todo.

Os olhos verdes da latina se abriram conforme seu corpo tremeu em temor.

Estava chovendo lá fora. Quem dera fossem apenas os ruídos simpáticos das gotas d’água atingindo o chão e o cheirinho de terra molhada que as pessoas tanto adoram pelo conforto.

Ao invés dessa calmaria o que acontecia eram relâmpagos e trovões causando clarões e barulhos horripilantes. O quarto estava muito escuro, tudo que poderia ser visto era por consequência dos relâmpagos que iluminavam tudo em um milésimo de segundo e se apagavam. Assim constantemente.

Luna recolheu-se na parede com seu cobertor a cobrindo até o nariz. Era seu pior medo. Aos leigos que acharam que ela o superou, aí está a prova de suas analogias errôneas.

— Claire... — murmurou.

A cama de sua amiga de quarto estava vazia. Ela não voltou ao quarto, provavelmente por estar naquela maldita festa de seu curso.

E se continuar e eu morrer do coração?!

Se um raio me atingir?!

Trovões têm som de monstros!!!

Sua imaginação repleta de fobia criava mais motivos irracionais para que fizesse algo.

O que fazer?

Para onde ir?

Para quem correr?

Obviamente suas mães não estavam presentes.

Miguel dormia em um bloco distante demais para caminhar até lá

Só lhe restava...

Com culpa pensou nesta possibilidade. Seria justo simplesmente aparecer lá depois de tudo? Não é uma questão de justiça, é de emergência. Luna tinha quase certeza de que morreria de um enfarte se não achasse um esconderijo.

Segurou forte em seu cobertor, saiu da cama e quando menos esperava estava na metade do corredor indo em direção a quem poderia a ajudar.

Deu duas batidas na porta.

Ninguém respondeu.

Mais duas com bastante força.

Vamos! Apareça! Ela pensava sem parar.

A porta se abriu e seu coração encheu-se de esperança. A luz fraca do abajur de dentro do quarto fez grande efeito em relação ao breu, revelou-se em frente à entrada uma moça ruiva, alta usando boxers e uma camiseta. Cabelos bagunçados e uma cara de sono muito confusa.

A menina envolvida pelo cobertor não tardou em implorar.

— Eu posso ficar aqui com você? — fez beicinho.

— Por quê?! Aconteceu alguma coisa? — mesmo atordoada demonstrou preocupação.

— Está chovendo... E-Eu tenho medo...

Numa trovoada estrondosa a menina deu um pulo e correu para o interior do quarto. Recolheu-se na cama buscando sensação de proteção.

— Pode entrar... — a ruiva murmurou para si.

A menina se deitou forçando sua mente a pensar em coisas agradáveis. Não conseguia nem que tentasse seu melhor, o medo a envolvia muito mais que o cobertor. Alina ficou um tempo pensando no que faria. Luna havia tomado todo o espaço de sua cama deixando para ela apenas um palmo de largura para se deitar.

Pois bem, não cabia nem metade de seu traseiro ali.

Lu deu dois tapinhas sobre o colchão sinalizando que querendo ou não a ruiva deveria deitar-se ali e assim passar a noite. A mesma o fez se sentindo desconfortável com a intimidade tão repentina.

Um choro sofrido foi ouvido por ela, o que fez seu coração derreter e vazar pelo chão do quarto. Virou-se encarando a morena com muita preocupação.

— Lu, você está chorando?!

— Não... — disse entre gemidos e soluços de tamanho sofrer. — Você... Você me desculpa? — disse tentando engolir seu choro.

— Não precisa se desculpar, você tinha uma promessa e teve que cumprir... Acontece.

Os trovões ficaram mais intensos e inúmeros. Luna contorceu-se mais ainda e chorou em desespero.

— Ei... Ei... ‘Lu! Olha pra mim. — a ruiva segurou seu rosto enquanto a morena desenterrava o mesmo das dobras dos lençóis.

Ambos os palmos de Kovalenko foram pressionados contra os olhos da Cabello-Jauregui.

— Agora está tudo escuro, Alih. — a menina murmurou manhosa.

— É porque você está invisível e nada vai poder te machucar. Continue com os olhos fechados.

Alina pegou o cobertor da menina e cobriu ambas com ele, ligou a lanterna de seu celular causando um surto de luminosidade particular entre as duas. Alina pôs suas mãos na reta da luz e cruzou alguns dedos.

— Abra os olhos agora. — mandou.

Luna abriu com lentidão seus olhinhos verdes vendo projetado em seu lençol a sombra de um de seus animais favoritos. Alina moveu os dedos freneticamente.

— É uma libélula! — Luna falou animada.

— É sim... Bonito, não? Também sei fazer um coelho... — o fez. — E o cachorro... — também o fez. — E... Monstrinhos das cócegas!! — exclamou atacando os quadris da morena com seus dedos.

Contorceu-se entre gargalhadas, riu alto e sem medo de acordar os outros. Nem dos trovões tinha medo. Alina ria com suas reações. E só pensava em quão linda era essa baixinha, de como era especial e adorável. Esqueceu-se das cócegas e ficou a encarando enquanto se recuperava do ataque de risos.

— Você é linda... — a ruiva murmurou sem se dar conta.

Todos os alvoroços cessaram-se.

A baixinha poderia devolver o elogio. Não era o momento para reações. O necessário seria uma ação.  

O corpo de Lu ansiou, o nó em sua garganta parou sua respiração e a imagem dessa mulher maravilhosa em sua frente, deitada ao seu lado levou junto todos os últimos suspiros.

Luna pressionou seus lábios contra os de Alina!

Eram macios e quentes, sentiu sua cintura ser envolvida pelo braço de sua enamorada do momento. Suas pernas se entrelaçaram, seus corpos foram pressionados assim como suas bocas. A língua da ucraniana pediu passagem e Lu não a impediu. Deixou com que sua parceira explorasse sua boca por completo.

Assim como quis envolver a língua dela com a própria também.

O mundo poderia até não ouvir o que Luna Michelle ouvia. Esse era um problema dos outros. Havia um violino lhe subindo aos ouvidos, uma harpa para acompanhar, uma bateria bem branda, tambores avassaladores, um piano em tons agudos e toda uma melodia existencial para o momento.

Esse beijo era uma música erudita completa.

Sentiu borboletas, libélulas, mariposas e todo inseto inquieto em seu estômago. Era deliciosamente proibido.

O beijo foi quebrado com Alina sorrindo e Luna divagando sem crer em quão maravilhosa essa experiência foi.

— Eu quero mais um... — a menina pediu acanhada.

Alina riu a acariciando o rosto.

— Mais um e depois dormimos.

— Abraçadas?

— Abraçadas, eu prometo.


Notas Finais


Fiquei meio deprimida esses dias e atrasei um pouco, desculpem! Mas está aí!
O lance das fanarts é sério, gostaria de ver fanarts Lina simplesmente porque sim. Elas são perfeitas!

DEIXEM SEUS COMENTÁRIOS! É importante saber se estão gostando e... Tenho certos planos para essas duas...

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Desculpem qualquer erro e até a próxima<3


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