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História One In A Million - Bechloe - Capitulo 10


Escrita por: itsbechloe

Notas do Autor


Capítulo pequeno, mas um capitulo. Obrigada por quem tem mandado mensagem pedindo por mais ♥

Capítulo 10 - Capitulo 10


Fanfic / Fanfiction One In A Million - Bechloe - Capitulo 10

Meus passos eram simétricos, de um lado para outro, de segundo a segundo. O relógio do corredor da ala cirúrgica parecia parado. Às vezes era uma droga ser adulto, temos que estar em lugares, fazer coisas, ter responsabilidades e não havia maneira de parar isso.

“Você pode sentar um pouco? Está me deixando tonta”. Chloe me encara.

Ser adulto também era saber a hora de parar.

“Desculpe!” Só então interrompo o movimento. “Eu queria estar lá”. Me sinto um pouco frustrada.

“Emma está em boas mãos, Kate, Emily e Aubrey estão cuidando dela”. Me acalma.

A encaro com um suspiro perdido. Ela tinha razão, eu só estava um pouco ansiosa. Me largo ao seu lado jogando meu corpo no sofá da sala de espera. Chloe estava um pouco abatida e quando solta um bocejo longo percebo quão tarde era. Não havia mais ninguém nos corredores.

“Você devia ir para casa descansar um pouco”. Analiso.

“Você também”. Está me observando.

“É um pouco inútil me pedir isso”, tento sorrir, “além do mais meu plantão começa daqui a algumas horas”.

“Vamos ser teimosas juntas, eu não vou a lugar nenhum Beca”.

Eu posso jurar que existe algo a mais na intenção daquela frase. E quando seu olhar se desvia de modo repentino eu tenho certeza. Ser adulto também é lidar com sentimentos e situações que nem sempre estamos preparados. Chloe fica rapidamente em primeiro plano e por mais que eu não deva pensar muito nela e no que aconteceu mais cedo, era um bom motivo para me distrair.

Eu devia tocar no assunto?

Ela se acomoda melhor, descansa as costas, apoia a cabeça e cruza os braços sobre o peito. Talvez não. Eu faço o mesmo movimento e o silencio está entre nós. A visão do teto é um pouco confortante. Eu quero descansar um pouco, mas ainda existem muitas coisas girando em minha cabeça e enquanto os próximos minutos correm eu tento não pensar. Mas é impossível. Eu continuo vendo flashes, eu fecho meus olhos e eu não sei porque preciso tanto tocar no assunto.

Eu não sei porque.

Chloe precisa me ajudar a entender o que não faz sentido.

“Eu posso ouvir sua mente trabalhando”, ela me tira da bolha com a voz baixa.

Eu viro a cabeça levemente para vê-la, seus olhos estão presos em mim e talvez estivessem me encarando por mais tempo. Eu volto a encarar o teto.

“A sua não está?” Instigo, talvez ela também estivesse pensando nisso.

“Um pouco, sim”. Confirma, mas existe um tremor em sua voz muito perceptível.

Eu viro a cabeça novamente, seus olhos estão baixos agora.

“Nós podemos falar sobre isso?”. Sou cautelosa, minha voz é tão baixa quanto a dela.

A espera para o seu movimento é um pouco agoniante. Eu esqueço como respirar. Eu volto a encarar o teto como se fosse mais fácil. O silencio continua. Eu tenho andando em uma linha estreita, eu posso senti-la atenta digerindo os prós e contras, mas mesmo com essa tensão no ar era incrível como a sintonia entre nós funcionava, como não é necessário pôr o assunto na descrição porque sabíamos exatamente o que era.

“Eu sei que você percebeu que é mais que receio”. Ela inicia, a voz rouca e temerosa. “Eu me sinto idiota as vezes, mas é difícil quando as pessoas se aproximam”.

A confissão estava ali, clara e nua como um véu. Eu levo um segundo para assimilar, girando minha cabeça em sua direção sem dizer nada. Eu vejo a agonia que há em seus olhos, os batimentos acelerados em sua garganta corroendo as palavras.

“Chlo”, o suspiro é quase um grito terno de aflição.

“Eu não sou perfeita, eu tenho mais problemas do que você pode imaginar, eu me fechei completamente para qualquer tipo de afeto eu...”, ela busca por ar, se recompondo do sofrimento que as palavras causam, um pouco de raiva se misturando. “Quando eu tenho o controle, é diferente, eu me sinto quase normal, mas quando alguém me toca ou se aproxima, eu sinto coisas que deixei para trás a muito tempo e não quero lembrar”. Seus olhos se abaixam. “É estúpido, você deve me achar louca, mas é quem eu sou”. A última frase está quase desaparecendo.

“Hey!”, Giro o corpo lentamente, o movimento me deixa um pouco mais perto dela sem que a toque. “Nada disso é estúpido ok? E eu nunca te pressionaria Chloe, eu respeito isso”.

Eu queria tanto trazê-la para perto, coloca-la em meus braços e dizer que nada daquilo importava, mas há uma voz dentro de mim me dizendo para segurar. Existe uma pausa, um suspiro lento e quase imperceptível que ela me encara fortemente. Eu queria saber o que se passava em sua cabeça naquele momento, mas as palavras tinham acabado. Então eu faço a única coisa que pode tranquiliza-la.

“Eu sei que tem coisas que você não está preparada para dividir comigo e eu não vou fazer nada que você não queira ou não esteja preparada”. Sussurro. “Nós combinamos em ir devagar, certo?” Ela suspira com um aceno. “Você só precisa confiar em mim, só um pouco”.

Meus olhos estão fixos em seu rosto e quando ela devolve na mesma intensidade meu corpo sofre um golpe quente e profundo.

“Eu sei disso, eu sei”, sua voz parece mais calma, mas a um pouco de tristeza. “Você tem sido incrível e paciente”, para um pouco, sua voz diminui. “Você me faz sentir coisas que eu achei que não existiam mais dentro de mim eu só, eu não, é....difícil”.

Chloe tinha uma marca muito profunda, ainda sangrava e ardia, talvez fosse recente, mas como todo machucado, depois de alguns pontos, se fechava. Só vemos o que queremos ver e acreditamos no que queremos acreditar. E isso funciona. Mentimos tanto para nós mesmos que, após certo tempo, mentiras começam a parecer verdade. Eu sei que ela não consegue notar a cicatriz, mas eu posso fazer todas as suturas que ela precisava para chegar lá.

“Nós podemos fazer um acordo”. Relaxo no sofá novamente e levo a conversa para um tom mais leve.

Chloe precisa se sentir confortável.

“Qual acordo?” Ela está atenta.

“Você dá o primeiro passo”, minha voz está rouca, mas continuo sem pausas, “e eu vou esperar, o tempo que precisar”.

Ela está tentando desvendar o que há por trás dos meus olhos, eu tento deixar claro todas as minhas intenções, eu quero que ela confie em mim.

“Porque você está fazendo isso?” É a pergunta que ela faz.

De tantas as coisas que eu pudesse imaginar que estava se passando na sua mente, aquela não era uma delas.

“Sinceramente, eu não descobri ainda”. O sorriso em meus lábios está ali. “Mas eu acho que você vale o risco”.

O peito de Chloe está se estufando perceptivelmente, a um misto de emoções em seu rosto e por um momento eu acho que ela vai desabar, mas o ar que está preso se solta lentamente e ela está concordo com meu plano. Era simples, era infalível. Eu estou sorrindo um pouco mais forte e ela retribui timidamente. Deus, seus olhos são os mais lindos que eu já vi e eu acho que já vi muitas coisas. Eu queria dizer e alcança-la de várias maneiras, mas existe um brilho se ascendendo em seu olhar. Algumas coisas Chloe simplesmente já sabe, não precisava ser verbalizado.

Eu me arrumo definitivamente no sofá voltando a encarar o teto, fecho os olhos e permito que Chloe possa absorver tudo. O pequeno sorriso continua em meus lábios, eu estava me sentindo confiante novamente. Emma ia ficar bem, Chloe ia ficar bem e definitivamente minha mente estava pronta para descansar. Quando acho que tudo está completo, eu sinto o movimento ao meu lado, o ombro de Chloe se apoiando no meu e sua cabeça caindo em meu ombro.

Eu abro uma fresta dos olhos para espiar os cabelos loiros caírem em meus ombros.

“Isso é bom!” Não consigo conter a sensação que passa por meu corpo.

“É, é sim”. Ela sussurra.

O toque é mais do que suficiente para compreender. Eu não sabia como explicar o que estava sentindo nesse momento. Meu corpo está quente com o contato, eu posso sentir o cheiro dos seus cabelos invadindo minha respiração e criando uma nova sensação. Chloe estava me deixando entrar, estando certo ou errado, não há frase que alcance. É como um oceano que precisa da areia ou como a lua precisa de estrelas. Se o mundo inteiro fosse perfeito dessa maneira, eu apenas queria ver suas cicatrizes. Nós podemos ter o nosso universo agora, mesmo sendo um pouco estranho e distinto, mas era apenas nosso.



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