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História One In A Million - Bechloe - Capitulo 4


Escrita por: itsbechloe

Capítulo 4 - Capitulo 4


Fanfic / Fanfiction One In A Million - Bechloe - Capitulo 4

Depois do acontecimento no elevador eu fiquei esperando que ela aparecesse. Não tinha certeza se ia acontecer novamente, mas a cada canto, em cada corredor eu procurava por aquela desconhecida. Depois de um tempo eu comecei a pensar que era minha imaginação, no dia em questão eu estava tão exausta que podia ter sonhado.

Até que algumas semanas depois, enquanto eu corria para uma cirurgia, eu tive a surpresa de vê-la outra vez. Foi muito rápido, mas eu tinha certeza que era ela. O desenho do seu queixo era muito característico, eu podia ler de longe. Estava frustrada por não poder parar por algum tempo, mas depois disso na sala de cirurgia, eu peguei pela primeira vez em um coração humano.

Literalmente.

A sensação foi inexplicável, era como segurar a própria vida nas mãos.

Eu considerei tudo como meu dia de sorte.

Mais tarde no almoço enquanto conversava com Emily sobre a experiência, eu a vi novamente. Dessa vez, parada perto de uma janela, de braços cruzados olhando atentamente o que acontecia lá fora, até que Aubrey Posen aparece ao seu lado e elas começam uma conversa agitada.

“Hey, você sabe quem é aquela garota com Aubrey?”

Emily está lendo e desvia por um segundo seu olhar até elas.

“É a irmã mais nova da Dra. Robinson”. Volta a atenção ao livro. “E antes que você diga que eu sou stalker, eu escutei isso no corredor da fofoca”.

Então, ela conhecia Aubrey e era a irmã mais nova da Dra. Kate? Naquele momento eu não julguei Emily, apenas agradeci a informação, explicava muito sobre suas visitas frequentes ao hospital.

“Não é a primeira vez que a vejo”. Comento despretensiosamente.

“Aparentemente ela já morou aqui, mas está em Atlanta um bom tempo. Foi assim que Aubrey foi indicada. Elas se conheceram na faculdade”.

Eu não sei se ficava feliz por saber que ela era real e não estava apenas em minhas alucinações, ou triste por estar ligada ao sargento dos residentes.

Depois daquele almoço, minha rotina acabou correndo como um trem desgovernado sobre minha vida. Eu não tive tempo e nem forças para pensar em mais nada a não ser cirurgias, cirurgias e mais cirurgias.

Os plantões noturnos eram meus favoritos, não tinham pessoas no corredor a todo instante, o silencio era absoluto por causa das regras e mesmo que o trabalho fosse cansativo, tinham brechas que me permitiam descansar. Então, no momento que vi uma maca no corredor vazio, eu me sentei nela descansando as costas contra a parede. Em alguns minutos eu já estava acomodada e relaxada pronta para a primeira fase do sono.

Naquela noite em particular eu estava mais exausta do que nunca. Meus ombros estavam tensos, minhas pernas doíam e até minha cabeça latejava um pouco. Eu diria até, que estava ficando um pouco gripada. Minhas pálpebras logo se ajeitaram confortavelmente na pouca luz do corredor, já podia sentir a segunda fase chegando. Meu corpo está relaxado e dormindo, mas minha mente ainda está atenta.

Eu realmente amava o silencio do plantão noturno.

Mas, aquele momento prazeroso acabou quando eu senti passos de outra pessoa no corredor. Eu abri os olhos e encarei a lateral para ver quem era o ser humano capaz de interromper meu momento.

Para a minha surpresa, era ela.

“Desculpe, eu não quis te acordar”.

A voz bateu contra meus ouvidos de uma maneira sensível demais. Por um instante eu não soube o que fazer, mas depois de um clique do cérebro eu parecia acordada e fiquei de pé rapidamente.

“Não tem problema”. Respondo e encaro sua aproximação.

“Você é medica?” Ela pergunta.

Existe uma ingenuidade no tom.

“Aparentemente, sim”. Olho para o meu uniforme marotamente. “Você está machucada?”

Meu instinto nessa hora, sempre é maior.

“Talvez”. Ela dá de ombros interrogativa.

Eu a encaro um pouco confusa, mas o que me prende é o movimento seguinte que ela faz com os lábios, apertando-os um contra o outro e formando um pequeno sorriso lateral. Era quase o mesmo movimento, o pequeno que ela deu no corredor no dia em que a vi no elevador.

“Ok, você pode sentar aqui?” Indico a maca que estava a pouco.

Ela se acomoda em seguida, eu me aproximo e me coloco a sua frente. Por um segundo eu não sei o que fazer.

“Você vai me examinar?” Ela pergunta tamanha minha demora.

“Ah sim, é claro”. Pigarreio e tiro o estetoscópio do pescoço.

Com minhas habilidades voltando ao normal, eu coloco o diafragma em seu peito sobre a principal artéria do coração. Os batimentos estão acelerados e eu conto por trinta segundos. A sensação é estranha, não havia nada de errado, mas parecia combinar com a minha própria pulsação.

“Eu subi pelas escadas”. Justifica percebendo a própria palpitação.

“Isso explica a sua frequência, sua pressão está normal, mas você precisa controlar sua respiração”, a encaro rapidamente, “respire fundo”.

Ela faz. Eu logo desvio o olhar, mas posso sentir ela me encarando. Eu me concentro no ar entrando e saindo até seu coração estar no ritmo normal. Meu próximo movimento é natural, como em qualquer exame inicial busco minha lanterna clínica para examinar suas pupilas, mas vejo o erro no momento que encaro os profundos olhos azuis. Naquele momento eu esqueço o que estou fazendo e a sensação de Feeling volta a invadir as células do meu corpo. Eu tento não desviar o olhar para o resto do seu rosto, mas aquele era o momento em que eu podia encará-la pela primeira vez desde os momentos de longe e que desejei vê-la completamente. Eu não faço, me concentro na pequena cicatriz no meio da testa, desvio um pouco de volta até seus olhos, mas me perco neles, porque são muito azuis e profundos. Quando percebo que estou me comportando estranhamente, desligo a lanterna com um clique.

“Você não vai pedir que eu abra a boca agora?” Ela pergunta.

Sua expressão está se transformando em uma gargalhada enquanto a minha está confusa.

“Eu não...Oh! Você está brincando comigo não é?”  

“Você percebeu mais rápido que os outros”. Ela ainda está rindo um pouco.

“Não teve muita graça”. Eu retruco, mas estou com vontade de rir.

“Você estava me encarando no elevador outro dia, eu precisava ter certeza que não é uma stalker”.

“Você percebeu?” Me sinto um pouco envergonhada, mas ela não parece chateada com o fato.

Ao contrário, improvisa uma careta em resposta, torce os lábios no mesmo movimento anterior e depois sorri.

“Eu estou procurando minha irmã, Dra. Kate”. Explica o real motivo do porque está ali.

“Eu sinto muito, mas ela está em uma cirurgia, acredito que você tenha que esperar um pouco”.

“Eu estou acostumada com isso”.

“Posso”? Aponto a maca ao seu lado.

“Você parece exausta”. Abre espaço para que eu possa me sentar ao seu lado.

“Muita coisa aconteceu hoje”. Me acomodo melhor encostando as costas na parede, na mesma posição que estava antes de ser interrompida.

“Sabe, eu estou acostumada com dramas médicos”.

Ela se inclina para trás e me encara. Finalmente eu posso vê-la completamente sem parecer suspeito. A primeira coisa que eu analiso é o queixo alongado e pontudo, os olhos azuis já estavam gravados na memória.

“Eu não vou ser a próxima a te contar histórias estranhas e sangrentas”.

“Eu não me importo”. Sorri levemente e me encara por um momento. “Posso esperar Kate aqui? O resto do hospital parece assombrado”.

“Claro”. Aceno. “Se você quer saber, uma vez eu posso ter visto um paciente passeando pelo corredor, o estranho é que ele tinha morrido na noite anterior”.

“Oh meu deus! Não me diga que foi no 8º andar?” Estou assentindo antes que ela termine a frase. “Eu tenho várias histórias, principalmente no plantão noturno...”

Quando ela começa a citar alguns acontecimentos estranhos sobre suas visitas ao hospital atrás da irmã e da melhor amiga, eu me concentro na entonação pacífica da sua voz, era tão calma, tão suave, como um calmante relaxante fazendo efeito em poucos segundos. Eu me concentrei nisso mais no que nas histórias de terror e quando me dei conta, estava voltando a etapa dois do sono.

Respiro fundo inspirando seu perfume, meu cérebro reconhece e sem me dar conta, fecho os olhos e relaxo. Eu chego a etapa três, onde o sono é mais profundo, os músculos relaxam completamente e o corpo fica menos sensível a estímulos externos, como movimentos ou barulhos. Minha mente se desligou involuntariamente e, por isso, cai em um mar escuro e sem sonhos tentando recuperar as pequenas lesões do dia.

Quando abri os olhos, pareceu apenas um instante, mas quando dei por mim, estava sozinha.

No outro dia eu estava irritada.

Meu humor era como uma montanha russa, mas estava sempre no ponto mais alto e radical. Parte era por estar cansada, já a outra, bem... A outra parte era por um motivo bem diferente.

“Eu acho que dormi no meio de uma conversa”. Bufo depois da pressão insistente de Emily.

“Você acha? Oh meu Deus isso é embaraçoso”. Ela está rindo.

“Será que eu ronquei?” A pergunta não era para ser verbal.

“Não se preocupe, eu nunca escutei você roncar, então é um bom sinal não é?”

“Não vejo como”, faço uma careta.

“Eu não entendo porque você está tão preocupada, qualquer medico em algum ponto da carreira já fez isso, aposto que ninguém se importou”.

Eu gostava de conversar com Emily porque em nenhum momento ela pressionava por saber detalhes da conversa. Ela sabia que se era importante eu falaria, por isso não revelei que a outra pessoa era na verdade, a irmã da Dra. Robinson. O status de desconhecida tinha mudado a pouco, mas aquela mulher continuava sendo um mistério.

Eu não tinha nem perguntado seu nome tornando a história toda um pouco louca se eu fosse pensar sobre.

“Todos estão falando em ir a Taverna hoje à noite...”

“Nem pensar Emily”. Estou cortando antes que ela termine.

Eu sabia o que viria a seguir.

“Por favor! Nós precisamos ver pessoas diferentes, socializar, botar para fora a nossa alma jovem e humana”.

“Você sabia que só vão médicos nesse bar certo?”

Ela pensa por um momento.

“Não importa, o hospital é enorme, a gente não conhece um terço das pessoas que trabalham aqui”.

Eu reviro os olhos.

“Além do mais, amanhã é nossa folga, você pode dormir no balcão, na mesa, no meio de uma conversa, onde quiser...” Ela começa a rir e eu estou imediatamente empurrando ela para longe.

De três coisas eu tinha certeza absoluta, ‘O negativo’ é considerado doador universal, a segunda, eu ia matar Emily e a última que não sabia ainda, eu não estava preparada para o que estava por vir.

“Cadê você?” Eu grito através do telefone tentando driblar o barulho estridente do bar.

“Eu nã-mas eu-e-não-f-braba-com-go”.

O que consegui distinguir daquela frase, engoli com álcool. Eu estava em fúria. Mais tarde eu recebo uma mensagem de texto de que Emily tinha ficado presa em uma cirurgia com a Dra. Robinson. Mais cedo, ela tinha solicitado deliberadamente a minha presença naquele bar, que entre nós, eu odiava.

E eu permanecia ali e ela não.

Estava na metade de um drink tentando fazer o tempo passar, ouvindo ao fundo vozes gritantes e agudas demais para qualquer situação. Minha cabeça chegava a latejar.

Mais um gole.

Será que se eu fosse embora agora estava tudo bem?

Pensando bem, pelo menos a bebida estava saborosa e um pouco de álcool no sangue não fazia mal a ninguém. Na minha corrente sanguínea, a quantidade que eu já tinha ingerido serviu para relaxar alguns músculos tensos no ombro.

Eu não gostava dos dias de orto. Eu era muito pequena para colocar ossos no lugar.

Está bem, eu não podia culpar Emily por ter ficado mais algumas horas na sala de cirurgia, eu teria feito o mesmo. Distraidamente começo a passar o indicador pela borda do copo e encarar o movimento. O barulho a minha volta diminui um pouco quando meus pensamentos bagunçados voltam a se colocar no lugar, eu tinha um grande poder de concentração. Antes que eu pudesse trazer algo para o primeiro plano outro acontecimento chama minha atenção.

“Você não vai dormir aqui, não é?”

Eu sinto claramente o movimento, eu absorvo a voz ao meu lado como se estivesse conectado a um fone de ouvido. E quando eu viro o rosto para encarar, meus olhos piscam na pouca luz do balcão para encarem o mar azul e brilhante.

“Hey!” Comprimento um pouco surpresa demais, então limpo a garganta para começar de novo. “Nós continuamos se encontrando em situações estranhas”.

Ela sorri daquele jeito que já está fixo em minha memória.  

“Espere, você é a stalker que estava me encarando no elevador e que dormiu enquanto conversávamos?” Ela está sorrindo marotamente. “Isso parece muito mais normal”.

Eu não pude deixar de perceber que a proximidade entre nós era pequena, entre um banco e outro, ela estava no meio.

“Desculpe pela outra noite, não foi minha intenção”.

Ela parece pensar um pouco, me encara por um instante como se avaliasse e eu quase posso sentir toda essa energia chegando até mim.

“Ok, eu posso te dar outra chance”. Olha em direção ao garçom. “Uma soda por favor”.

Depois disso, se move para sentar ao meu lado. A oscilação carrega o ar com seu perfume.

“Se eu tenho mais uma chance, vamos começar direito”, estendo a mão em sua direção, “eu sou...”

Beca Mitchell”. Ela me corta gentilmente alcançando minha mão.

Estão quentes, o toque é firme.

“Oh, quem é a stalker agora?”

Ela dá um sorriso e aponta o olhar até meu crachá que ainda estava pendurado.

“Muito prazer doutora”. Ela sorri e balança levemente nossas mãos antes de soltá-las. “Eu sou Chloe, Chloe Anne Beale se quiser pesquisar no Google”.

Eu estou rindo sem me dar conta. Meu cérebro trabalha muito rápido recolhendo as novas informações. Essa era a mulher que atraia meu olhar sempre que passava em qualquer ocasião. Que tinha o rosto delineado, o queixo mais pontudo e desenhado que eu já tinha visto, que tinha grandes olhos azuis e cabelos loiros e compridos. Me parecia muito mais divertido desvende-la assim do que em uma pesquisa na internet.

“Estou curiosa, o que te faz ser a pessoa solitária nesse bar?”

Ver pessoas diferentes, socializar, botar para fora a minha alma jovem e humana”. Cito as palavras de Emily de mais cedo.

“Um pouco profundo eu acho”. Faz uma careta.

“É apenas a forma que minha amiga Emily me convenceu para estar aqui, mas eu acho que não sou muito sociável”.

“Eu posso citar alguns motivos, dormir no meio de uma conversa é uma delas”.

“Você nunca vai deixar eu esquecer isso não é?”

“Não. Minha memória é muito boa”. Logo sua soda chega e ela toma um pequeno gole.

“De qualquer forma, parece que fiquei para trás”.

Ela suspira consentindo.

“Sei bem como é, parece que Kate teve uma cirurgia de última hora”. Dessa vez, o gole é um pouco maior.

“Emily ficou no hospital por causa dessa cirurgia”. Levanto o copo em sua direção.

Ela ri enquanto brindamos.

“Parece que Dra. Robinson nos deve uma noite”.  

“Ou devemos agradecê-la”. Me encara por um momento.

Sorrindo. Um pouco envergonhado, quem sabe? Eu não tinha certeza. Talvez estivesse pensando se eu era mesmo uma perseguidora. Logo sua expressão relaxa, nossos olhos se mantém até eu não conseguir sustentar tanta intensidade.

Chloe Beale era uma pessoa vibrante.

“Então, quanto tempo você está em Hopkins?” Pergunta.

Foi uma noite diferente. Eu não esperava que as próximas horas passassem tão rápido, que a conversa fluísse tão facilmente, que fosse tão simples criar assuntos aleatórios que não tinham nada a ver com medicina e ainda, me divertir com isso. Que eu não precisasse, em nenhum momento, fingir ser alguém que eu não era. Que o riso saísse tão naturalmente que minhas bochechas estavam doloridas.

Desde que cheguei a Hopkins sempre foi difícil manter uma conversa por mais de cinco minutos sem me sentir entediada ou sem graça, nas outras vezes, ofendida pelo receptor. Emily era a única pessoa. Mesmo assim, eu não me importava, minha vida foi vazia por muito tempo então era quem eu era.

A garota solitária do bar.

Eu me dava bem com a solidão, com o silencio, com meus próprios pensamentos. Então não, eu não estava preparada para gostar daquela conversa, de querer saber mais sobre aquela mulher que continuava sendo um mistério. Era como um labirinto extenso e denso, eu precisava encontrar caminhos para chegar ao centro. Chloe deixava muitas pontas soltas, mas eu era uma boa leitora e consegui descobrir alguma coisa.

Ela morou em Atlanta a alguns anos, por exemplo, mas não ficou por muito tempo. Conheceu Aubrey na faculdade, mas não cursou medicina. Kate Robinson era sua meia irmã, por isso o sobrenome diferente. Em nenhum momento, no entanto, Chloe citou detalhes da família. Foi o primeiro caminho sem saída.

Eu podia entender qualquer drama familiar, eu mesma tinha um então foi natural não falar sobre. Continuei desvendando tudo que podia, nos mínimos detalhes. O seu sorriso característico foi outra descoberta, eu percebi que era como uma mania, tão natural quanto a facilidade que ela tinha para falar sobre qualquer coisa. Chloe era inteligente, falava polidamente, até citava alguns dos meus autores favoritos. Calculei que ela gostasse de ler, de café e dias de chuva. Sua voz era sempre doce, seus gestos eram sempre suaves. Não pude deixar de reparar nos dedos finos e longos, no detalhe da sua mão delicada e comprida enquanto ela levava seu drink aos lábios.

Mais tarde, quando eu volto de uma ida ao banheiro, observo seu perfil distraído. Ela parece desviar a atenção para outro lugar e depois de tanta conversa, eu queria saber para onde.

“Você parece um pouco preocupada”. Arrisco me sentando novamente.

“Você avalia as pessoas com frequência?” Me olha marota.

“Eu acho que é um superpoder”. Dou de ombros um pouco convencida.

Apesar disso, eu não pressiono, eu nunca faço. Cada pessoa tem seu tempo, seu momento e eu sinto que aos poucos eu ganho um pouco de confiança. Para a minha surpresa, ela solta um longo suspiro e assente para as minhas suspeitas.

“Eu tenho que tomar uma decisão, mas não é tão simples”. Encara o copo quase vazio.

“Decisões não foram feitas para serem fáceis e se te faz pensar, talvez vale a pena o risco, seja lá qual for”.

Ela olha um pouco intrigada, me faz pensar que eu tinha dito algo errado.

“O que?” Minha voz é divertida.

“Nada”. Balança levemente a cabeça sorrindo. “Você gosta daqui? Hopkins? Baltimore?”

“Eu consigo ajudar muitas pessoas aqui”. Confirmo.

“Isso não responde a minha pergunta”.

Eu reformulo porque sinto que ela precisa de uma resposta mais concreta, mais profunda.

“Não é o lugar eu acho, é sobre as pessoas, o que te mantém aqui, sabe?” Ela está prestando muita atenção em mim agora. “É sobre me sentir bem também, eu me sinto bem aqui”. Confirmo com um aceno de cabeça. “Além do mais eu adoro o café da esquina e a comida me lembra um pouco de casa”. Sorrio em sua direção. “Você só precisa dar uma nova chance”.

Ela sorri de volta, parece entender o que eu quero dizer e isso me intriga um pouco mais.

“Oh meu deus, está tão tarde”. Ela olha o celular realmente assustada com as horas. “Eu estou totalmente atrasada para pegar um voo”.

Eu tentei não parecer decepcionada com a informação.

“Eu te acompanho”. Pego minha jaqueta e estou levantando.

Em seguida, deixo alguns dólares no balcão para pagar a conta.

“Ah me desculpe”, ela parece tão distraída que percebe depois o que eu tinha feito, “a próxima é por minha conta”.

“Eu vou cobrar”. Sorrio em sua direção feliz com a possibilidade de vê-la outra vez.

Chloe me encara por um segundo a mais. Novamente, eu tenho a sensação que está me analisando. Depois caminhamos até a saída em silencio, ela já está parando um táxi com um aceno.

“No final das contas, sua amiga tinha razão”, olho um pouco confusa, “você conheceu uma pessoa diferente”, aponta para si mesma, “até socializou”, depois ri. “E eu descobri que você não é uma perseguidora, na verdade, é bem jovem e humana”.

A sintonia das nossas risadas preencheu a calçada vazia.

“Sua memória é realmente boa”. Concluo.

Ela se aproxima do carro.

“Obrigada por não dormir”. Ela está entrando agora, mas fica apoiada rapidamente para me olhar.

Eu reviro os olhos sorrindo, colocando as mãos no bolso da jaqueta.

“Foi um prazer, Chloe Anne Beale”.

O último sorriso que ela deixa é aquele, um pequeno e inclinado. Meu corpo se arrepia por um momento, mas eu digo a mim mesma que está ligado a rajada de vento que vem na sequência.

A caminhada de volta ao loft foi a mais agradável que eu tive a tempos, mesmo sendo poucas quadras. O vento apesar de gelado estava agradável e leve deixando literalmente minha cabeça um pouco fora do corpo.

Talvez eu não deveria ter bebido o segundo drink.

“Onde você estava?” É a primeira coisa que ouço quando atravesso a porta.

Eu olho na direção a uma Emily de pijama.

“No bar?”

“Você estava me esperando até agora?”

“É claro que não Emily, na verdade isso me lembra que eu estou furiosa com você”.

Ela levanta as mãos em rendição.

“Você tem razão, mas eu não podia perder uma Revascularização do Miocárdio com a Dra. Robinson”.

Eu penso um pouco sobre.

“Ok, eu te perdoo”.

Ela sorri agradecendo. Por um momento me analisa enquanto eu fico parada sem saber meu próximo passo.

“Isso quer dizer que a sua demora tem a ver com alguém?” Eu posso sentir a animação por trás da sua voz.

“Não Emily, acabei encontrando a irmã da Dra. Robinson”, explico, “acabamos conversando e não vimos o tempo passar”.

É nítido o movimento dos seus ombros relaxando desapontada.

“Ela é uma pessoa legal?” Pergunta interessada.

“Eu acho que sim”. Respondo um pouco duvidosa.

“Deve estar no sangue”. Conclui, dá de ombros e coça os olhos em seguida. “Eu vou dormir”.

Às vezes eu tentava entender o que se passava em sua cabeça, mas eu começava a achar que era impossível. Logo mais eu mesma vou até meu quarto, tomo um banho e finalmente experimento uma longa noite de sono.



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