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História One Last Breath - Uma Visita Suspeita


Escrita por: Mila_Stark

Capítulo 12 - Uma Visita Suspeita


Respirei fundo analisando a lista em minhas mãos. Quase todas as empresas ali listadas já tinham recebido um “ok” em tinta vermelha escrito por mim. Agora eu finalizava a carta para Latifi Company, a maior fabricante de poções da França. Selei a carta e entreguei a coruja de Malfoy, para que ela pudesse levá-la. A pobrezinha deve estar exausta, já que não lhe dei sossego desde que comecei com as cartas.

Coloquei a pena no meu tinteiro. Havia se passado dois dias da visita de Karhold, desde então, passei a por em prática meu plano.

Nesse instante uma coruja acinzentada pousou no parapeito da varanda do meu quarto. Fui até ela e peguei a carta endereçada a mim. O remetente era Paul M. Latroix e o lacre de cera possuía um emblema com um ornamentado “P”. Abri pra descobrir que se tratava da editora Papillon. Eles tinham respondido minha carta agendando uma entrevista de emprego na semana seguinte. 

Levei a mão a altura do peito para segurar apertado entre meus dedos o pingente dado por Luna. Em pouco tempo ele já tinha se tornado uma espécie de amuleto pra mim. Redigi uma resposta curta, porém educada aceitando os horários para a entrevista.

Devia ser um sinal, já que foi justamente a editora Papillon minha primeira tentativa nas inúmeras cartas que enviei. Após uma breve pesquisa percebi que realmente não tinha me enganado e descobri que sua sede ficava em Marselha, não muito longe de minha atual residência. Peguei o endereço e enviei uma carta pedindo um emprego juntamente com meu currículo. Seria bom trabalhar na editora que consagrou Batilda Bagshot, além de ser uma grande experiência para no futuro quem sabe poder lecionar em Hogwarts, ou talvez Beauxbatons. Decidi que iria refazer meus planos e que não deixaria um idiota como Karhold me derrubar.

Fiz um cafuné no Bichento que estava deitado sobre uma almofada na cadeira ao meu lado, ele se espreguiçou e como de costume voltou a cochilar. Alonguei meu pescoço sentindo um estralo comum de quando eu permanecia muito tempo sentada. E com suspiro resolvi sair um pouco do quarto. Meu estômago reclamava de fome, o que era um bom sinal já que andei sem apetite nenhum nos últimos dias. Fui em direção das cozinhas e encontrei Mary Ann empenhada nos afazeres.

Bonjuour — disse me fazendo notar.

Bonjuour Madame Hermione — cumprimentou ao me ver colocando a tampa no caldeirão que borbulhava em cima do fogo.

Sorri satisfeita. Foi uma verdadeira batalha conseguir que a velha senhorinha se acostumasse a não me chamar de “Madame Malfoy”.

— Teria algo para comer, Mary Ann? Estou faminta.

Oui Madame — se apressou indo ao forno – Acabei de preparar esses croassaints e também fiz esses pães doces se a senhora quiser.

— Quero os dois – coloquei um par de cada num prato e sentei-me.

Sem demora a mulher de idade avançada e cabelos grisalhos, pôs a minha frente uma jarra de suco, café, queijo e uma bandeja de frutas. Fiquei em silencio me deliciando com o meu café. Estava ótimo como de costume, comi um cacho de uvas e enquanto comia notava que a mulher era muito ativa e fazia diversas coisas ao mesmo tempo. Terminei de comer e levei os pratos até a pia e quando eu me preparava para lavá-los a esponja sozinha já fazia o trabalho.

— Não se preocupe, Madame — anunciou a senhora do outro lado do cômodo – tenho tudo sob controle – e sorriu de forma amável. 

Eu gostava da velha senhora. Era uma das pessoas que lhe serviam em seus aposentos, e embora detestasse essa vida de aristocrata sabia que ela esforçava-se para tornar mais suportável.

Saí das cozinhas e ao passar pelo hall que antecedia as escadas principais da casa ouvi vozes diferentes.

— ... É uma pena - dizia uma voz feminina - esperávamos conhecer a sua esposa adoraríamos que vocês nos acompanhassem.

— Minha querida, obviamente o Mounsier Malfoy está ocupado  - retrucou a voz de um homem que agora aparecia no campo de visão de onde eu estava. Do segundo andar pude ver que se tratava de um casal. Uma jovem loira e atraente e um senhor de meia idade também atraente, mas com uma calvície aparente que denunciava a grande diferença de idade entre os dois.

A frente deles estava Malfoy. Desde que ele tinha ido a Paris eu não o via. Devia ter chegado há pouco tempo, já que a mala que ele havia levado estava próxima de seus pés.

— Seria um prazer aceitar esse convite, mas como eu já disse, no momento minha esposa está indisposta - Malfoy respondeu de forma evasiva. Já conhecia ele o suficiente pra notar quando tenta se livrar de algo e nesse instante ele tentava a todo custo esquivar-se daqueles dois - quando ela estiver recuperada teremos o prazer de visitá-los. 

Era muita audácia dele me usar pra dispensar aqueles dois. Talvez fossem trouxas, e por isso os estivesse evitando, ou então fossem bruxos de alguma família importante. Pareciam muito elegantes, tinham jeito de ser da alta sociedade e talvez por isso Malfoy estivesse tão relutante em apresentar sua esposa nascida trouxa a eles. Apertei de leve o parapeito do hall que contornava o andar de cima e sem pensar muito, com o único intuito de irritar Malfoy eu comecei a descer as escadas.

— Recebendo visitas, Draco? - perguntei amável fingindo costume ao me aproximar. Ele olhou por cima do ombro sem conseguir disfarçar o desconforto ao me ver descer as escadas. Parei ao seu lado e sorri ao casal - não vai me apresentar aos seus amigos, meu bem?

Draco se chocou tanto com a forma como me dirigi a ele, que demorou alguns longos segundos pra se recompor. O nosso visitante pareceu ter percebido e se adiantou me cumprimentando de forma educada.

— São nossos vizinhos - Malfoy disse enfim -  Mounsier e Madame Diux. A propriedade deles faz fronteira com a nossa.

— Claude, Madame. Ao seu dispor - apresentou-se com um aperto de mão - e essa é minha esposa Vivianne.

— É um prazer Madame Malfoy - ela falou com um sorriso gentil, mas notei que ambos pareceram um tanto surpresos com minha chegada - pensei que não nos conheceríamos hoje. Mounsier nos disse que estava repousando.

— Eu estava, mas me sinto melhor agora - afirmei - acho que foi somente uma enxaqueca.

— A que ótimo - alegrou-se a mulher - então poderão aceitar nosso convite pra um chá em nossa casa. Seu Marido estava relutante em ir sem você.

Draco pigarreou de leve.

— Agradeço o convite, mas... - começou em tom de recusa.

— Será um prazer - cortei a sua frase enganchando o braço do meu marido, vendo-o ficar estupefato.

Em  poucos instantes estávamos caminhando pelos jardins da mansão indo em direção do bosque que a rodeava. Madame Diux disse que era uma caminhada adorável e estava mais do que empolgada em conversar comigo. Os dois homens ficaram um pouco atrás conversando, e o mais velho dizia o quanto o ramo da construção civil, onde ele atuava, era complicado. Eu notei que Draco estava bem incomodado, o que me deu certa satisfação. Não sabia ao certo o porquê de eu estar agindo assim, mas era mais forte que eu. Quando chegamos ao limite da propriedade um pequeno rio dividia as duas terras e passamos por uma pequena ponte que segundo madame Diux foi feita pelos donos originais que eram irmãos. 

Madame Malfoy, quero lhe mostrar a gruta que há aqui ao lado. É um dos motivos pelos quais insisti com Claude em comprar essa casa - ela falou me puxando por uma trilha estreita.

— Me chame de Hermione, por favor - pedi enquanto me deixava ser guiada. Ela sorriu e continuou o caminho enquanto os outros dois permaneceram na trilha principal e Mounsier Diux mostrava algo a Draco perto do rio.

Andamos por alguns metros por uma trilha fechada rodeada de pedras cobertas de musgo. Pouco antes de chegarmos a gruta que a minha acompanhante queria mostrar, pisei em falso e torci meu tornozelo em uma pedra solta da trilha e involuntariamente soltei um grito. Senti uma dor intensa e caí no chão.

— Você se machucou, Hermione? - Madame Diux perguntou de imediato

— O que aconteceu? - Draco surgiu na trilha com a agilidade de uma pantera, provavelmente alarmado pelo meu grito.

— Não foi nada - apressei-me em dizer - eu torci meu tornozelo.

Draco se ajoelhou ao meu lado onde Madame Diux estava antes, fazendo-a dar alguns passos pro lado indo até seu marido. A torção foi dolorosa, mas com um feitiço simples se resolveria. Fiz menção de alcançar minha varinha no meu bolso, no entanto Draco segurou meu pulso e quando o olhei com irritação, vi em seu rosto uma expressão preocupada e ele balançou a cabeça negativamente de forma quase imperceptível. Soube pelo olhar dele que havia algo além do que eu estava vendo. Ele correu os dedos pela minha panturrilha e tocou de leve meu tornozelo.

— Consegue andar? - ele falou após um instante avaliando o local da dor.

— Acho que não - constatei ao tentar sem sucesso movimentar a articulação. Ele se moveu com uma rapidez impressionante e sem a menor dificuldade me carregou nos braços. Ia retrucar, mas novamente fui calada por seu olhar.

— Temo que nosso chá ficará para outra ocasião, Mounsier Diux - Draco falou com firmeza - tenho que voltar para minha casa e cuidar de minha esposa.

— Ora não seja tolo rapaz - respondeu o homem - claro que deve cuidar de Madame Malfoy. Acompanharemos você de volta.

— Não é necessário - Draco adiantou-se - conheço o caminho.

— De forma alguma - Madame Diux falou irredutível - foi por minha culpa que ela se machucou, se eu não tivesse insistido em vir até aqui isso não teria acontecido. 

— Não foi culpa sua - falei tentando tranquilizá-la - eu é que não notei que aquela pedra estava solta.

— Mesmo assim, o mínimo que podemos fazer é acompanhá-los pra garantir que nada irá acontecer no caminho - ela retrucou ainda mantendo a sua opinião.

Sem poder impedi-los Draco foi em frente me carregando, enquanto Madame Diux nós seguia pedindo desculpas incessantemente. Não que fizesse tanta diferença. Parei de ouvi-la depois de alguns minutos, já que não pude deixar de reparar em Draco. Ele estava andando rápido para alguém que estava carregando uma outra pessoa nos braços. Sua expressão era séria e seu olhar era decidido, parecia que ele estava determinado a chegar a nossa casa o mais rápido possível. Durante esse tempo pude analisar um pouco a situação e algo não estava certo. Draco fez de tudo para evitar a presença dos Diux, e prestando bastante atenção, o sotaque deles não era parecido com de nenhum dos que conhecia. Poucos minutos depois, chegamos as escadas da mansão.

— Peço desculpas por não convidá-los para entrar, mas devo cuidar de Hermione agora - falou de forma educada.

— Não precisa se desculpar Malfoy. Logo poderemos nos encontrar novamente - afirmou Mounsier Diux e após uma breve despedida Draco subiu as escadas comigo em seu colo. Fiz um movimento sair de seus braços no momento que entramos, mas sem me dar atenção Draco me segurou com mais firmeza e foi para o segundo andar. Entrou no meu quarto e me colocou na cama.

— Espere - ele tirou a varinha de suas vestes e conjurou um feitiço de cura - Está melhor? 

Movimentei o meu pé sem dificuldade.

— Sim - concluí ao notar que ele estava realmente preocupado, pois sua expressão se aliviou de imediato.

Ele foi até a janela e afastou de leve a cortina. Fui até onde ele estava. Seu olhar era duro e com frieza encarava os nossos vizinhos saindo dos jardins em direção ao bosque.

— Eles não são quem dizem que são, não é? - perguntei ao notar seu semblante fechado.

— Não sei - respondeu sem tirar os olhos dos dois que afastavam-se - mas apostaria metade da minha fortuna que eles são espiões do Ministério Britânico - ele respirou fundo deixando a janela - ou do Ministério Francês. Ambos tem motivos pra plantar esses dois aqui.

Ele se encaminhou para a porta e por um momento achei que ele sairia, mas ao invés disso ele a fechou. Ficou por um instante de costas pra mim com a mão no trinco da fechadura, depois de um longo suspiro ele me olhou por cima do ombro.

— O que deu em você? - ele estava irritado e parecia que se segurou muito para não transparecer até agora - onde estava com a cabeça?

Olhei pra ele sem acreditar.

— Era só o que me faltava... Está me culpando por ter dois espiões atrás de você? Se tem alguém que é culpado disso é você mesmo, não acha?

— É óbvio que sim - Ele me encarou sem se deixar abater pelas minhas palavras - mas não é disso que eu estou falando. Por que resolveu fazer aquele teatro?

A pergunta dele me pegou de surpresa.

— Eu... - comecei sem conseguir continuar. Não queria dizer a ele que achava que ele ficou com vergonha de mim - não sei exatamente. Acho que só quis te irritar um pouco.

— Bem... Você conseguiu - Ele caminhou até onde eu estava, e me direcionou um olhar severo como de um pai decepcionado com sua filha adolescente. Ele sentou ao meu lado e correu os dedos pelos fios dos cabelos loiros parecendo exausto - tem idéia da situação que você nos colocou? Eu estava uma pilha de nervos e quando você gritou eu... - ele parou de falar um instante.

— Achou que ela tinha me matado? - perguntei surpresa e ele concordou com a cabeça. Me senti horrível naquele momento. Eu fui uma idiota. Ver o estado de estresse que Draco estava agora, fez com que eu me sentisse a pessoa mais imbecil do mundo - Me desculpe - falei enfim - não sei o que deu em mim. 

E de fato não sabia. Nunca fui de provocar ninguém, mas por algum motivo Draco despertava nela esse instinto.

— Espero que se comporte melhor na presença do Ministro - ele falou me surpreendendo - ele e Blasio virão jantar aqui hoje. Eu esperava que se juntasse a nós, aliás eu realmente gostaria que estivesse lá.

— Hugo Landreau vem aqui? - fiquei genuinamente surpresa - faz parte dos protocolos pra aceitarem nosso casamento?

— Duvido que o ministro da França cuide pessoalmente desses detalhes - ele falou olhando pra mim - além do mais, tudo que era relacionado ao casamento já está resolvido.

— Então o que ele quer conosco?

Malfoy deu de ombros sem dizer nada, mas não pude deixar de notar que ele parecia estar me escondendo algo.

— Bom... Preciso cuidar de uns assuntos - ele se levantou e deixou o quarto.

Fiquei um instante absorvendo essa novidade. Hugo Landreau era provavelmente um dos bruxos mais relevantes da Europa. Em outra época eu estaria em êxtase por conhecê-lo, mas saber que ele acolheu ex comensais pra que eles pudessem escapar de suas sentenças me fazia ficar menos empolgada em encontrá-lo. Por outro lado me sentia ainda mais estúpida pelo papel que eu desempenhei mais cedo achando que Draco se envergonhava de mim, afinal, ele disse que gostaria muito que eu lhe acompanhasse para recepcionar o bruxo mais importante da França. Respirei fundo. Independente do motivo pra esse jantar, não acho que seria capaz de adivinhar aqui de dentro do quarto. Saí de minha cama e fui ao guarda roupa procurar algo adequado pra receber essa ilustre visita.



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