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História One Last Breath - Mudança de Planos


Escrita por: Mila_Stark

Notas do Autor


Espero que gostem! Boa leitura!

Capítulo 14 - Mudança de Planos


Coloquei a pena de volta no tinteiro pela vigésima vez, sem sequer ter conseguido escrever uma palavra. Suspirei exausta. Desde a infância eu tinha adquirido o hábito de colocar no papel minhas ideias quando as mesmas encontravam-se caóticas, pra mim era a forma mais eficaz de colocar em ordem meus pensamentos, mas aquele pergaminho não se decidia se seria uma lista com prós e contras de aceitar o emprego no ministério ou uma carta pedindo um conselho para o Harry. Suspirei jogando minha cabeça pra trás curvando minha coluna contra o encosto da cadeira. Ao mesmo tempo em que queria dividir esse dilema com meu amigo, não sabia como dizer isso a ele. Sempre pensamos em seguir carreira juntos no ministério e agora isso não era mais possível. Queria conversar pessoalmente com ele, mas Harry estava em missão. Ele tinha me dito por carta que ficaria algumas semanas fora em uma investigação. E a verdade é que não me sentia pronta para voltar para a Inglaterra agora, ainda doía olhar pra trás, e vislumbrar o que tive de abrir mão. Tamborilei meus dedos na mesa. Aquele pergaminho em branco não iria se tornar nada por enquanto. Olhei para o relógio e ele marcava 3:44h. A conversa com Draco veio de novo a minha mente. E a pergunta que ele deixou no ar continuava martelando como um bate estacas na minha cabeça. Pensei novamente na possibilidade de trabalhar na Papillon. Sabia que poderia ser bom e que teria a certeza de que teria conseguido o emprego por seu próprio esforço. Era um lugar que permitiria ter uma boa experiência e pavimentar um pouco do caminho para talvez me tornar uma professora.

"Mas é isso que você quer?"

As palavras de Malfoy ecoaram novamente na minha cabeça, quase como se sua consciência tivesse adotado o timbre de voz dele. Além disso, eu não podia ignorar que a editora ainda iria fazer uma entrevista, não havia garantia de que eu seria contratada. Landreau, por outro lado, já está disposto a me contratar.

Bufei exausta e frustrada, olhei novamente o relógio que agora marcava quatro da manhã. Resolvi sair dali. Coloquei meu robe e decidi que precisava caminhar um pouco. No entanto ao sair do meu quarto, encarei a porta de Malfoy e não sei exatamente o porquê, mas de repente tive uma necessidade de falar com ele. Bati na porta e não obtive resposta. Bati novamente. Nada. Ele certamente estava dormindo, sem pensar muito abri a porta e apenas depois me toquei que estava passando dos limites e invadindo seu espaço, porém antes de ter tempo para me deter já estava dentro do cômodo e percebi que era a única pessoa lá dentro. Malfoy não estava em seu quarto. Fechei a porta e rumei para a biblioteca, que por algum motivo achei que seria onde o encontraria. Ao abrir a porta olhei para a mesa e não o vi. Por um instante achei que minha intuição tinha falhado, mas de canto de olho o enxerguei sentado na poltrona no canto da sala. Ele estava com um livro no colo e me observou com curiosidade.

— Não - falei olhando para ele - Não é o que eu quero.

— Jura? - Ele falou sarcástico esboçando um sorriso sabendo exatamente do que eu falava.

— Eu estou ficando maluca. Eu não sei o que fazer - disse andando nervosamente pelo cômodo.

— Por que não se senta? - falou indicando a poltrona a sua frente ao mesmo tempo que se levantou indo até o aparador - Aceita um vinho?

Assenti de leve e me sentei sentindo meu cérebro ferver enquanto o observava servir duas taças de vinho tinto. Ele se virou e parou no meio do caminho com as taças na mão.

— Ahn... Talvez você queira vestir outra coisa antes - comentou meio sem jeito.

E só então notei que ao sentar e cruzar minhas pernas meu robe tinha se aberto e meu conjunto de dormir era bem revelador, pra dizer o mínimo. No mesmo instante em que eu pensei em me cobrir, me repreendendo mentalmente pelo descuido a lembrança dele em seu quarto me veio a mente.

— Qual é Draco... Você já me viu com menos roupa do que isso - arqueei a sobrancelha ao repetir a frase que ele me disse naquele dia, me esforçando ao máximo pra manter uma postura indiferente, mesmo tendo uma parte de mim querendo desesperadamente me enfiar num buraco de vergonha.

Ele riu e balançou de leve a cabeça com um leve rubor subindo ao rosto. Acho que é a primeira vez que o vejo encabulado. Se aproximou me entregando a taça e deu um sutil toque nela com a taça dele.

Touché Granger - sentou-se me encarando com o olhar penetrante.

As iris prateadas me observavam com o desafio implícito em seu olhar. Eu senti os meus batimentos se acelerarem e de repente não pude mais sustentar meu olhar no dele e me dei por vencida puxando a barra do meu robe para cobrir as coxas expostas.

Ele riu em resposta e se recostou na poltrona.

— Sabe... quando você disse que estava pensando em trabalhar na editora, eu não pude deixar de ficar decepcionado - ele levou a taça de vinho aos lábios - Eu sempre achei que você estava destinada a grandes coisas. Imaginava você mudando leis e fazendo a diferença. Pensar em você analisando biografias e obras de outras pessoas, sabendo que aos dezoito anos você já é mais relevante que a maioria deles, me deixou um pouco desapontado.

Eu semicerrei os olhos.

— Você está me bajulando pra que eu escolha trabalhar no ministério, não é? – tentei soar afrontosa, mas não consegui disfarçar o humor na minha voz – Não parece muito com o Malfoy que eu conheço.

Ele disfarçou um sorriso e cruzou as pernas elegantemente com as mãos apoiadas nos braços da poltrona.

— Eu estou apenas tentando, de uma forma menos agressiva, te mostrar o quanto está sendo estúpida – falou com a entonação levemente arrogante.

— Ah... Aí está ele – disse com a voz carregada de ironia – Você me assustou, por um instante achei mesmo que você estava me elogiando.

— Não quero passar essa impressão – continuou já sem disfarçar o sorriso no canto dos lábios e não pude deixar de imitá-lo.

No entanto meu sorriso se perdeu quando novamente me peguei pensando no meu futuro.

— Acha que eu sou capaz? – ao fazer essa pergunta em voz alta percebi que essa talvez fosse minha maior preocupação. Será que eu consigo dar conta desse trabalho? Será que eu não estou dando um salto maior do que minhas pernas?

— Precisa mesmo que eu diga? – ele falou como se eu já soubesse a resposta do meu próprio questionamento, mas naquele momento parecia que eu necessitava de uma confirmação.

— Acho que preciso - eu me senti insegura como nunca. Não sei se era o vinho, mas não tinha receio de me mostrar vulnerável na frente dele.

— Tenho certeza que é completamente capacitada para a função – disse sério sem sinal de sarcasmo ou falsidade – Landreau com certeza também acha isso. Ele jamais te ofereceria o cargo se não acreditasse piamente que daria conta do trabalho. Ele viu em você o que eu vejo. Não deixe que aquela idiota da Rita Skeeter mexa com a sua cabeça.

Eu fiquei calada um instante e circundava a borda da taça com indicador tentando absorver isso. Malfoy não estava errado. Talvez eu tenha perdido a confiança em mim mesma, especialmente depois da conversa com Karhold. De repente um estalo na minha cabeça me fez lembrar que eu nunca cheguei a falar com Draco sobre isso.

— Tem algo que eu preciso te contar – olhei para ele incerta de como eu deveria começar – Karhold me procurou. Eu o recebi aqui para ouvir o que ele tinha a dizer.

— Eu sei – disse calmo sem desviar o olhar de mim.

— Claro... Vincent te contou – conclui o obvio.

— Contou sim – remexeu-se desconfortável na cadeira – mas eu também ouvi você conversando com ele.

— Você o que? – perguntei indignada com a revelação dele.

— Não foi intencional a principio – defendeu-se – e eu não ouvi toda a conversa.

— Ah isso é muito reconfortante – respondi sarcástica me levantando. Não tinha intenção de ficar ali.

— Espere – pediu ainda sentado – Me deixa explicar.

Olhei para ele considerando seu pedido. Ele não fez menção de que me impediria de sair, e por mais que eu estivesse com raiva por ele ter ficado escutando uma conversa particular minha, ainda assim queria ouvir o que ele tinha a dizer em sua defesa.

Sentei-me novamente na poltrona, dessa vez ereta e analítica com os braços cruzados. Não era mais uma conversa informal, e agora eu queria muito saber o que ele diria.

— Explique-se – falei séria, tentando parecer neutra.

— Eu voltei do chalé De La Forêt, minha mãe tinha insistido que eu voltasse pela rede de Flu, porque depois da guerra ela tem medo de aparatações e bem... ela prefere viajar de Flu e pediu que eu usasse e como não quis contraria-la decidi voltar pra cá dessa forma – ele respirou fundo – quando cheguei e fui em direção aos quartos, ouvi sua voz e a de mais alguém que me soou conhecida. Minha intenção era só passar pelo vestíbulo e seguir meu caminho, mas de relance eu olhei e vi com quem você conversava no hall – ele me olhou e deu de ombros – Me julgue se quiser. Sei que foi errado e te asseguro que em outras circunstâncias eu jamais teria invadido sua privacidade dessa forma, mas não consegui evitar, foi mais forte do que eu e acabei parando para escutar.

Eu o olhei e ponderei um instante. Por mais que eu me sentisse irritada por essa invasão, como ele mesmo disse, tentei me por no lugar dele e pensar o que eu faria se visse a pessoa com quem eu divido meu teto conversando com meu pior inimigo. Ao mesmo tempo minha consciência me lembrou que ontem mesmo eu havia escutado parcialmente a conversa dele com os Diux. Definitivamente o hall de entrada era um péssimo lugar para conversas particulares. E sendo honesta comigo mesma eu conseguia entendê-lo e de certa forma, ele foi valente ao me confessar, já que eu nunca saberia se ele decidisse guardar isso pra si mesmo.

— O quanto você ouviu? – ainda mantinha meu tom irritado apesar da minha auto reflexão.

— Só o final... você estava zangada por algo que ele tinha falado. O que ele disse pra te enfurecer daquele jeito?

Respirei fundo pensando se eu contaria. Ainda estava brava por ele ter espiado minha conversa, entretanto seria infantilidade da minha parte esconder dele algo que há dias queria lhe contar. 

— Ele me pediu para depor contra você e dizer em juízo que só me casei porque você me coagiu – senti minha irritação por ele se dissipando, conforme lhe contava da proposta de Karhold – em troca ele iria me dar o estagio no ministério.

Draco esboçou um sorriso.

— Agora entendo o porquê de você ter ficado tão brava. Aquele idiota já deveria saber antes de vir aqui que você jamais aceitaria esse suborno. Ele provavelmente ignorou que você deve ser uma das pessoas mais honradas da Grã-Bretanha.

Eu me surpreendi novamente. Malfoy estava de novo me fazendo elogios,  e ele sequer notava, o que me dizia que eram sinceros. 

— Aliás – falou depois de alguns segundos de silencio – preciso te agradecer.

— Pelo o que? – indaguei confusa.

— Por ter me defendido – ele me olhava com um sorriso admirado que era completamente novo pra mim – acho que ninguém nunca me protegeu da forma como você fez. Significou muito pra mim.

Fiquei em choque olhando pra ele. Suas palavras eram carregadas de sentimento. Nunca imaginei que Draco e eu desenvolveríamos uma cumplicidade e que um dia ele iria aparecer na minha frente dessa forma, totalmente desarmado.

— De nada – falei enfim – fui sincera em tudo o que eu disse a ele.

— Até na parte em que o chamou de abutre? – perguntou bem humorado.

— Especialmente nessa parte – eu ri me sentindo orgulhosa de ter dito aquilo.

Não dissemos mais nada. Ambos olhávamos o crepitar da lareira cujo a madeira vez ou outra estralava com o fogo. Malfoy terminou seu vinho e colocou a taça vazia na mesa entre as duas poltronas.

— Vou me deitar e tentar dormir um pouco – colocou o livro grosso de capa preta em seu lugar na estante – se precisar de alguma coisa me procure.

Ele deixou o lugar e eu ainda estava com minha cabeça fervilhando com as possibilidades, mas agora a ideia de trabalhar na editora parecia ter se eclipsado totalmente. Era evidente que eu já havia decido, só restava uma coisa a fazer. Rumei para o meu quarto e lá sentei-me na mesa, em instantes fiz a pena correr em uma escrita firme e decidida. Ao reler o conteúdo sorri satisfeita. O pergaminho que não decidia-se o que seria, virou rapidamente uma carta ao Ministro da Magia da França aceitando sua oferta e pedindo as instruções para que pudesse assumir meu novo cargo.


Notas Finais


Espero seus feedbacks 😉


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