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História One Less Lonely Girl - Chorar não vai adiantar


Escrita por: Haroldinha

Notas do Autor


Espero que gostem!
Gente, esse capítulo na verdade contêm dois capítulos juntos. O site excluiu o capítulo 3 da fic por motivos que eu não sei quais são, mas para não deixar a história sem sentido, coloquei tudo junto, ok?

Capítulo 2 - Chorar não vai adiantar


– Jess, me escuta, por favor! – Falei desviando da "coisa’’ que ela havia jogado em minha direção. Jessie tinha raiva no olhar e chorava muito, o que fez eu me sentir a pior pessoa do mundo.

– E ainda tem a cara de pau de vir se desculpar? - Ela disse irônica, com lágrima escorrendo pelo rosto. - Eu devo ser muito idiota mesmo pra ter confiado em você. Some da minha frente!

Tudo bem, ela falava como se a culpa fosse toda minha. De fato, vendo pelo lado dela, é muito mais fácil acreditar que a sua amiga pode se jogar para o seu namorado do que acreditar que seu namorado agarrou a sua amiga.

– Não, não! Eu não tive culpa - Soltei um gemido angustiado. - Eu sei que, por ora, é difícil que você acredite em mim, mas... Jessie, foi ele! - No momento e que terminei a frase, ela tornou a arremessar objetos em mim. Graças ao senhor eu conseguia desviar com meus poderes de ninja. - Me recuso a aceitar que você fique do lado dele. Eu sei que no fundo você sabe, só não admite, que você nunca foi a única pro Brian. E dessa vez o alvo dele fui eu, e eu não tive nem um por cento de culpa!

 Acho que só piorei as coisas, afinal, sinceridade demais às vezes machuca. Mas eu peço: me deem um desconto, né! Eu estava desesperada, tentando não ser morta por um abajur que vinha direto em meu rosto.

Ela me olhou enraivecida, tipo, muito enraivecida. Suas pupilas se dilataram de tal maneira que me fizeram recuar, temendo que de uma hora para a outra ela decidisse que fazer justiça com as próprias mãos seria mais eficaz.

– Acho que o melhor que você tem a fazer é sair daqui antes que eu arrebente essa sua cara de vadia – Falou pausadamente, descendo da cama onde estava sentada. Preciso dizer que quase vomitei meu coração quando ela começou a andar devagar, igual a Samara de O Chamado, vindo em minha direção? Saí imediatamente dali, afinal, sem querer, joguei na cara de Jess que ela era uma corna mansa, e isso foi grave demais.

Eu perderia minha amiga por causa daquele idiota, já estava quase conformada... Eu disse quase. Contudo, eu não teria muito o que fazer, porque ser canalha é uma escolha do Brian, mas também, tentar resolver as coisas não custaria nada... Quer dizer, eu já estava completamente fodida, o que mais de ruim poderia acontecer?

Desci os degraus da escada o mais rápido que pude, ou melhor, o mais rápido que minhas pernas permitiam, pois elas tremiam feito varetas em um vendaval. Avistei Brian e Sam conversando na cozinha, o que fez meu sangue entrar em ebulição dentro de meu corpo.  Brian era repugnante; agia como se tudo estivesse bem. 

De relance pude ver Logan vindo atrás de mim em passos largos, assim como os meus.

– Olha aqui seu imbecil, trate de ir lá em cima e assumir toda a culpa porque eu não vou ficar implorando por piedade sendo que a vítima da história sou eu – Falei em tom autoritário, mesmo sabendo que sou tão assustadora quanto um filhote de pinguim. - Não vou perder a minha amiga por sua causa,

– Assumir a culpa? Ta falando do que, garota? Já disse que não fiz nada do que você não quisesse - Disse ele, pondo a mão sobre o peito dramaticamente.

Ele provocou demais. Eu daria uns belos tapas naquela cara deslavada dele se Logan não tivesse me segurado.

– Não faz isso – Ele sussurrou em meu ouvido. Logan era um cara bonito e atraente, e eu certamente teria me arrepiado com o hálito quente dele batendo na minha nuca, mas não nesse momento. Foco!

Brian levantou e saiu da cozinha normalmente, enquanto eu me remexia tentando sair do aperto que Logan me prendia, e o desgraçado parecia saber que o ocorrido não afetaria em nada em relação a ele. A mais pura verdade era que Brian continuaria tendo uma namorada mesmo que não a merecesse, e ainda assim trairia ela, enquanto eu ficaria com fama de fura olho e vadia. Revoltante, não? E eu não podia fazer nada. Apenas o segui com o olhar, vendo ele entrar no quarto de Jessie. Sam, que assistia tudo em silêncio, me olhou, digamos que com um olhar piedoso e pela primeira vez se pronunciou.

– Não esperava isso de você, Anne - Falou, torcendo os lábios e abaixou a cabeça.

Eu fiquei incrédula. Aquelas palavras doeram em mim mais do que um xingamento e fiquei ainda mais surpresa com sua declaração do que quando Brian me beijou. Ela realmente achava que eu tinha me jogado para cima do Brian?

Sam seguiu o mesmo caminho que o cafajeste/imbecil/canalha e tudo mais, enquanto eu continuava sem acreditar no que ouvi.

Como eu disse antes, tudo, exatamente tudo estava dando errado naquele dia. Simplesmente perdi as forças, tendo Logan como apioio, que me abraçou forte em resposta ao meu ato. E logo as lágrimas que eu evitei desde o princípio começaram a cair sem nenhum pudor. Nessas horas eu odeio ser sensível.

 

 ***

 

Perdi a noção do tempo. Realmente não tinha ideia de quanto tempo fiquei chorando, e perguntava a mim mesma de onde vinham tantas lágrimas.

– Logan? - Minha voz saiu fraca.

– Sim?

– Você sabe que eu não provoquei aquilo, não é? Por favor, diz que acredita em mim - Pedi, ainda chorando como uma criança.

– É claro - Ele sorriu para mim, me deixando um pouco mais tranquila. - Essas garotas são bestas demais. Por que que nessa horas elas não lembram que Brian nunca aceitou o fato de ter sido rejeitado por você? - Ele disse, dando um sorriso de canto. - Agora faz um favor pra mim e vai pro seu quarto. Toma um banho, lava essa cara porque você ta horrível! – Falou tentando me fazer rir, e conseguiu.

– Nossa, Logan, ótima maneira de animar uma mulher que acabou de perder seus amigos. Valeu pela força - Falei ironicamente, fazendo um 'joinha' na direção dele.

– Realmente espero que vocês possam conversar decentemente depois e colocar os pingos nos i's.

– Esperar por isso eu também espero, mas não acho que vá acontecer. – Tentei sorrir. - Obrigada, Bro.

– Não por isso – Logan deu um sorriso confortante, beijou o topo de minha cabeça, logo liberando-me de seus braços para que eu pudesse ir para o quarto.

Durante o caminho, lembrei das vezes que dei foras em Brian antes de ele começar a namorar com a Jess, logo quando nos juntamos para morar na mesma casa. Eu não o conhecia direito naquele tempo, mas simplesmente não conseguia olhar para ele de outra forma. Quero dizer, Brian não fazia meu tipo, e não que eu tenha um tipo específico de garotos, porque eu não tenho... De qualquer maneira isso não era motivo para ele fazer o que fez.

Eu me sentia culpada, mesmo tendo consciência de que não era. Ou seja, minha cabeça estava um turbilhão.

Cheguei no quarto e só joguei uma água no rosto. Se eu tomasse banho agora eu dormiria, e no momento eu preciso pensar e não dormir.

Preciso pensar no porquê de estar me sentindo tão culpada. Eu realmente não sei. Talvez por estar vendo minha amiga sofrer. E também pelo fato de minha melhor amiga não acreditar em mim. Isso foi o que mais doeu.

Pensava em muitas coisas a mesmo tempo, mas no final não conseguia chegar à uma conclusão. Droga! Depois de um longo tempo refletindo comigo mesma, o cansaço se apoderou de meu corpo já cansado, e acabei caindo no sono.

 

***

 

Fiquei no quarto durante o sábado, esperando que alguém viesse falar comigo. Ninguém me procurou. E eu não iria correr atrás de ninguém. Também não pediria desculpa por algo que não tive culpa. Sou orgulhosa, e mesmo que a situação envolva uma amiga, meu orgulho permanece firme.

Samantha foi minha maior decepção. Minha melhor amiga, que sabe das galinhagens de Brian, e mesmo assim não acredita em mim. Nem Logan que me deu forças ontem se preocupou em ver como eu estava. E Emily? Na hora da discussão ontem não vi nem a sombra dela. Grandes amigos eu tenho, ou melhor, tinha.

No domingo decidi sair. Fiquei muito tempo trancada no quarto e realmente precisava de ares novos. Levantei cedo, tomei banho vesti uma roupa qualquer, decidida a sair daquela casa para respirar ar puro. Precisava disso urgentemente.

Não ficaria deprimida pelo resto da vida. Todos da casa deviam ter saído ontem e provavelmente estão de ressaca. Só acordarão lá pela tarde. E dessa vez não vão ter a mim para cuidar deles como eu sempre fazia quando alguém tomava um porre. Já que todos me abandonaram, com exceção de Logan (até por ali), vou abandonar eles também.

Saí e fui a uma cafeteria, onde comprei praticamente todos os cupcakes da vitrine para me empanturrar como há muito tempo não fazia. Comer é como uma terapia para mim.

Na hora do almoço senti necessidade de comer o frango frito do Nando’s, até porque é lá onde tem o melhor frango frito de Londres, se bem que eu nunca provei os frangos de outro lugar. Frango sendo um de meus vícios, me deixou calma.

A tarde foi, digamos que, agradável. Pelo menos até a parte que andei sem rumo pelas ruas, tendo a única certeza de que eu, depois do dia de ontem, já podia me considerar como uma pessoa solitária. Perdi meus amigos, estou longe da minha família, não tenho mais ninguém, literalmente. Tenho que rever meus conceitos sobre ''Amizade'' .

E mais uma vez minha maior decepção voltou a rodear meus pensamentos.

Samantha me ajudou desde que eu vim para Londres, me deu abrigo, me ajudou a arranjar emprego, sempre esteve ao meu lado e confiou em mim. E agora... Puft! Em um estalar de dedos ela vira as costas para mim como se eu não fosse nada. Sempre tentei ser a melhor amiga que pudesse existir. Talvez não fosse o suficiente, mas também não sou perfeita. Ninguém é, e isso está bem explicito em várias músicas, pois é.

Coisas desse tipo permaneceram em minha cabeça durante o resto dia. Já era tarde da noite e eu continuava andando. Sentei em um banco em uma praça, começando a escutar música na tentativa de distrair-me um pouco.

Começou a tocar True Friend da Hanna Montana.

Letra combinada com melodia... Comecei a chorar de novo.

Amigos verdadeiros... Acho que nunca tive.

Botei em minha cabeça que deveria parar de chorar, afinal, estou sofrendo mais que qualquer um lá naquela casa sem ao menos ter culpa do acontecido, e eles provavelmente devem estar rindo de mim nesse momento. Realmente não merecem um pingo de consideração.

"Você devia era ganhar um prêmio pela sua idiotice! Para de chorar, Anne!"  – Essa era minha mente super gentil xingando a si mesma.

Uma sensação de não estar sozinha me invadiu de repente, e eu senti que alguém se aproximava. Certo, confesso que senti medo, pois estava um tanto escuro. Logo escutei uma voz que vinha da parte mais escura da praça.

– O que uma garota faz sozinha à essa hora da noite?

Meu sangue gelou. A voz não parecia intimidadora, mas de qualquer forma, continuava sendo uma voz vinda do além e não identificada; motivos suficientes para eu entrar em pânico.

Olhei para o lado e avistei um garoto me olhando, com os olhos semicerrados, e se aproximava sorrateiramente. Engoli em seco, indo parar no outro lado do banco. Ele percebeu que eu estava cada vez mais intimidada e sentou ao meu lado, sem ao menos pedir permissão.

– Ei, não chore. Não gosto de ver garotas chorando.

 

 

 

 

Capítulo 3: Doritos X Amigos

 

– Ei, não chore. Não gosto de ver garotas chorando...

Se eu achei fofo? Sim! Não. Não, é fofo. Ele pode ser outro tarado!

Me senti um pouco desconfortável com o modo que ele me encarava, mas não dizia nada. Eu deveria sair correndo, mas o garoto parecia triste por eu estar chorando.

– Você parece triste - Ele observou, tombando a cabeça para o lado. -  Por que está chorando? Aconteceu alguma coisa? Se quiser pode falar para mim, sou um bom ouvinte

Que garoto insistente, para que tantas perguntas?

– Quero muito conversar com alguém, mas não com um estranho – Falei olhando para ele com um olhar desconfiado.

– Não seja por isso – Me estendeu a mão. – Me chamo Niall Horan. E você?

Fiquei mais aliviada, afinal, um estuprador não diria seu nome, e o garoto definitivamente não era um estranho. O nome, os cabelos loiros... Me recordava dele, pois já ouvira muito esse nome pelos corredores da escola, e mesmo sem ter reparado muito no famoso "loiro que nunca ficou com garotas da escola", eu tinha quase certeza que ele era o mesmo garoto que fazia aula de biologia laboratório comigo mas que nunca havia trocado uma palavra. O Niall Horan da escola era assim, cobiçado por todas pelo simples fato de ser bonito e pela sua fama de "santinho". Se fosse mesmo ele, botei em minha cabeça que não estava correndo perigo.

– Sou Annelise Russel, mas prefiro que me chamem de Anne – Disse tentando parecer o mais simpática possível, dando um jeito de disfarçar minha desconfiança. Não apertei a mão dele.

Sim, Niall é praticamente um desconhecido. Mas quando você está mal, você acaba desabafando com a primeira pessoa que esteja disposta a te ouvir. E Niall tem um rosto tão angelical, me parece confiável e muito provavelmente não irá me agarrar ou fazer coisas que eu não queira. Ele é tão... não consigo achar uma palavras para descrevê-lo. Aparentemente ele não é perigoso.

Niall sorriu, mostrando seus dentes levemente tortos, o que o deixavam ainda menos intimidador. Tive certeza que ele não era um estuprador, mas não custava nada perguntar.

– Quem me garante que você não é um tarado maníaco do parque que está se fazendo de bonzinho para depois abusar de mim? – Falei tentando parecer séria.

– Eu pareço um?

– Hum, não – Ele riu da minha cara, me fazendo rir junto. Que risada gostosa a dele. Nossa, que lindo, ele ri de mim e eu rio junto... Fiquei doida, só pode!

– Consegui fazer você sorrir. Isso é um bom sinal - Ajeitou-se no banco. - Mas agora pare de enrolar e me conte o que aconteceu. Alguém te bateu?

– Não! - Falei exasperada. - Ok, vou contar só para você não ficar pensando bobagens.

As palavras simplesmente saíram da minha boca. Expliquei toda a confusão, desde os foras que dei em Brian até o acontecido de anteontem para ele. A cada palavra Niall fazia expressões cômicas e eu me controlava para não rir. Quando terminei, ele me parecia surpreso.

– Esse cara merece uma bela surra - Ele disse sério, me fazendo rir. - E essa tal de Sam? Você chama isso de amiga? - Ele parecia indignado. - Meu Deus, e eu achando que tinha amigos ruins... - Ele comentou. - Mas enfim, pelo menos você esta bem agora, e... Se precisar de um amigo eu estou a disposição.

Fiquei sem graça.

– Obrigada, Niall - Falei secando as últimas lágrimas. - Mas e você, o que faz sozinho por aqui?

– Ah... é que... eu discuti com meu amigo – Falou, passando a mão nervosamente em seus cabelos loiros.

– Hum... aposto que tem uma garota envolvida - Cutuquei ele com o cotovelo, com uma certa intimidade. Apenas me senti confortável ao conversar com ele.

– Na verdade não - Ele riu envergonhado. - O motivo é bem mais idiota... Sabe, eu sou meio egoísta em relação à comida e ele... Poxa, ele comeu meus doritos!

– Só pode ser brincadeira! – Falei rindo exageradamente.

– Não ria! Sei que foi por besteira. Estou pensando em ir pedir desculpas...

– Deve ir mesmo.

– Eu não preciso de broncas, tá! - Ele fez bico. - Agora por favor, chega de problemas. Me conte alguma coisa sobre você que não seja uma história mirabolante sobre morar com um tarado.

Notei que Niall é bem exagerado. Brigar por doritos? Quem me dera eu tivesse discutido por isso.

– Bem... meu nome você já sabe. Tenho dezesseis anos. No próximo domingo farei dezessete. Sou daqui de Londres mesmo, mas morei muito tempo no Brasil e eu acho que você deve ter notado meu sotaque - Ri levemente e Niall apenas assentiu, gesticulando para que eu continuasse. -  Meus pais moram lá. Tenho descendência brasileira e italiana. Hum, o que mais posso dizer?... Sou fotógrafa, e estudante, claro. - Fiz uma pausa. - Acho que é isso. Agora sua vez.

– Ok, vamos lá - Niall ajeitou-se no bando, apoiando uma perna no assento. -  Também tenho dezesseis anos. Sou de Mullingar, Irlanda. Trabalho em uma loja de instrumentos musicas, e uma das coisas que mais gosto de fazer é cantar. Estou no último ano da escola e como pode ver, gosto de conhecer pessoas novas. Sou muito sociável, sabe...

– Então você é um Irish boy... Seu sotaque é bonitinho - Fiz uma cara fofa.

– Pra uma brasilian girl você fala inglês muito bem.

– Depois de quatro anos morando aqui, falar bem o inglês é o mínimo... Me considero uma verdadeira inglesa.

 

Devo dizer que nossa conversa foi ficando bem empolgante. Niall me fazia rir e por alguns minutos me esqueci do motivo pelo qual eu estava ali, sozinha. Até esqueci que era tarde da noite, e eu teria que voltar para casa. Tinha mas não queria voltar, sinceramente.

– Vem, vamos dar uma volta, ai você me conta mais sobre você, já que quem fala mais sou eu... Me desculpe por isso, todos dizem que sou falante demais – Niall disse um pouco constrangido, estendendo-me a mão.

– Vamos!


 

*Niall Horan*

 

Annelise, um nome diferente que eu levei algumas horas para aprender a pronunciar. Anne como ela prefere, e é bem mais prático. Me partiu o coração ver ela chorando. Alguns me chamariam de louco por andar com uma estranha, mas quem disse que eu ligo para o que falam sobre mim? Ela realmente precisava conversar com alguém e eu até me sinto orgulhoso por ter a encontrado e a feito parar de chorar. Depois que fiquei sabendo o motivo pelo qual ela chorava, vi que minha briga com Liam havia sido desnecessária. Poxa vida, ele comeu meus doritos e eu fiquei furioso, mas passou.

Enquanto caminhávamos pelas ruas vazias, íamos conversando, fazendo comentários toscos sobre qualquer coisa. Anne parecia melhor, de vez em quando eu conseguia arrancar um sorriso dela com minhas piadas sem graça (realmente não sou bom no quesito piadas). Ela é legal, bastante simpática, apesar de eu rir um pouco de seu sotaque que às vezes ficava bem evidente. E também reparei, mesmo com a pouca luminosidade da noite, que ela não era pálida como as garotas da Inglaterra. Exteriormente ela era diferente, nada que chamasse muita atenção, mesmo assim era bonita.


 

– Eu moro aqui – Falei apontando para minha casa. – Quer entrar?

Ela pensou antes de responder.

– Por que não? – Respondeu meio incerta. Ri, abrindo a porta e pelo silêncio que estava, supus que todos estivessem dormindo.

Não contei a ela que moro com dois amigos, acabei esquecendo. Se Liam e Zayn vissem ela aqui, provavelmente pensariam bobagem, conheço bem aqueles dois.

– Casa bonita – Anne olhava para os todos os lados.

– Quer comer alguma coisa?

– Não, obrigada!

Pelo menos ela não vai comer meus doritos - pensei.

Sentei no sofá e a chamei para sentar-se ao meu lado, ligando a televisão, a toa, por que ficamos conversando durante um tempo e a televisão ficou para segundo plano.

As horas passaram rápido sem ao menos eu perceber. Pensei que, com a confusão que aconteceu na casa de Anne, ela não iria querer voltar para lá, então decidi não falar que já era tarde e que ela deveria ir embora. Ela está bem aqui comigo. Eu acho. O problema seria solucionar o problema. Digo, que garota gostaria de dormir em uma casa sabendo que um tarado esta no quarto ao lado? Se eu fosse uma garota, dormiria em qualquer beco mas não voltava para casa.

Com esse pensamento, peguei uma almofada e a coloquei em meu colo.

– Vem, deita aqui – Falei chamando-a. Ela bocejou, parecia cansada e não protestou, para minha surpresa.

– Sabe, Niall... Eu passei a tarde toda pensando e tinha tomado uma decisão de nunca mais confiar demais em alguém - Ela disse sonolenta, e eu comecei a prestar atenção no que ela falava. - Mas acho que você me fez mudar um pouco de opinião. Você me ouviu, me ajudou, sem ao menos saber quem eu realmente sou. Isso fez com que, por ora, eu confiasse em você - Ela me olhou e sorriu. - Mas será que eu posso confiar tanto assim em alguém que acabei de conhecer? Digo... É uma novidade pra mim pensar desse jeito, mas eu gostaria que fosse, tipo, uma novidade boa, entende? - Ela esperava uma resposta.

– Posso garantir que é – Respondi dando um sorriso mínimo, e recebendo outro em troca.

Comecei a acariciar seus cabelos macios enquanto ela ria de alguma coisa que passava na televisão. Depois de algum tempo percebi que ela havia dormido, pois tinha parado de rir. Ela ri demais, reparei nisso.

Mas e agora? Como vou sair daqui? Se eu me mover ela vai acordar, e não quero que ela acorde.

Pensa, Niall, pensa!

Procurei meu celular e liguei para Liam. Ele poderia me ajudar.


 

– Niall, onde você está? Comprei mais doritos, caso você tenha ligado para me xingar...

– Não, Liam, até queria pedir desculpas por ter brigado por besteira. Estou aqui na sala, será que poderia vir aqui um pouquinho? Preciso da sua ajuda.

– Estou indo.


 

Pude ouvir os passos apressados de Liam descendo pelos degraus e chegou rapidamente, parando em minha frente. Seu olhar foi diretamente para a garota deitada no sofá.

– Quem é ela? – Ele perguntou meio desconfiado.

– Longa história - Suspirei. - Preciso que a pegue e leve-a para o meu quarto. Se eu me mover ela vai acordar.

– Para o seu quarto? - Ele riu malicioso. Eu assenti, rindo, e acabamos rindo juntos. -  Tudo bem – Ele a pegou no colo e a levou em direção ao quarto enquanto eu fui tomar banho.

Quando voltei Liam ainda estava parado olhando para ela.

– Que foi? – Perguntei, notando o jeito curioso que ele a fitava.

– Nada – Liam disse simplesmente e tomando postura.

Anne começou a resmungar algo.

"Me beija logo, Zac, antes que a Sam atrapalhe de novo!’’

– Acho que está sonhando - Liam disse. Concordei. – Ela é uma mendiga?

Por Deus! Fiz cara de poucos amigos.

- Olha bem para as roupas dela. Parece uma mendiga? - Liam negou, sorrindo envergonhado. – Ela estava chorando em uma praça aqui perto. Você sabe, eu a vi e...

- O coração do Horan derreteu ao ver uma garota chorar - Ele caçoou de mim. Eu fiquei quieto porque era a mais pura verdade. – Vou dormir, Niall, mas amanhã quero saber mais detalhes sobre isso. E não sei por que, mas tenho a impressão de que já a vi em algum lugar, como você disse que ela não é uma mendiga, na rua que não foi.

– Sério? - Ignorei ele ter falado mendiga novamente. - Bom, amanhã você pergunta a ela. Vamos dormir

– Boa noite, Niall.

– Noite - Respondi educadamente. - Durma bem e sonhe comigo.

Viadagens são normais entre nós. Isso não significa que sejamos gays, não mesmo. Liam deu risada, e enfim saiu do quarto. Eu finalmente pude ir para cama.

Deitei ao lado de Anne, que dormia tranquilamente com uma expressão serena. Procurei ficar o mais distante possível; vai que ela acorda no meio da noite e me vê perto demais? Aí sim acharia que eu eu sou um tarado.

E no final tudo fui recompensado. Fiquei sem meus doritos, mas ajudei alguém. Deveria existir mais Niall's no mundo, não é mesmo? Ta, parei com o convencimento.

Brigar com Liam hoje até que valeu a pena.

Foi a última coisa que pensei antes de começar a sonhar com batatas voadoras.


Notas Finais


O que me dizem?


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