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História One More Night - Amo?


Escrita por: Yukye

Notas do Autor


Hey Creampuffs!
Como estão? Por aqui esta a maior chuva.
Bom sem enrolar né. Partiu ONE MORE!!!

Capítulo 21 - Amo?


Fanfic / Fanfiction One More Night - Amo?

O vento era gentil, mesmo que gelado, de alguma forma ele era revigorante, parte do vale era em branco puro, restos da avalanche, a estrada escura e úmida ladeada dos trilhos do trem e a floresta, uma calmaria se instalava dentro da loira apoiada as costas de Carmilla a guiar a moto. Laura apertava um pouco mais os braços no tronco da piloto; sendo sincera, não conseguiu resistir a se apertar mais nas costas da outra, a sensação do corpo próximo a si acalmava seus pensamentos e, a três dias era o que mais precisava.

Desde a morte da mãe, tomara inúmeras responsabilidades para consigo; descansar não era algo comum para sua cabeça. Aquele vento no rosto lhe lembrou da primeira cavalgada, quase caiu do pônei disparado e, sua mãe a alcançou num corcel branco como a neve.

- O que foi cupcake? – Perguntou Carmilla.

- Nada... só estou pensando...

- Bem que senti cheiro de fumaça – Riu da pensadora em suas costas – Não liga, eles são idiotas, eu sei que você não fez nada.

- Vai me contar?

- Você não me conta o que estava pensando...

- Nada de mais, só na minha mãe... eu lembro dela as vezes, mas não lembro do rosto dela... – A fala incomodou a vampira, não se faziam necessárias mais palavras, assim como o jovem Guto, pais ou qualquer ente querido somados a palavra guerra explicavam tudo. Carmilla ficou em silencio somente com o som do motor a encher os ouvidos delas – Tudo bem, arrumei um rosto substituto.

- Substituto?

- Sim, imagino meu pai com uma peruca longa e trancinhas, daí tenho uma mãe.

A motorista gargalhou e junto levou a loira ao riso, ambas riram muito na estrada, falando as maiores asneiras e, tudo começou com Sherman Hollis de peruca, daí só foi aumentando.

***

Laura desceu da moto, esperando Carmilla estacionar. Uma estrada fora dos mapas as trouxe até aquele ponto deserto entre as montanhas. A vampira bateu o pé num degrau, o inicio de uma escadaria de pedra antiga, invisível pela neve. Subiram por mais ou menos meia hora.

- Não vai pedir pra descansar? – Virou-se para a galega.

- Não. Por quê? – Disse passando a motoqueira – E então aonde vamos?

- Você vai ver – A vampira tomou a frente.

O caminho era estreito, as arvores invadiam os degraus de raízes e, os galhos afinavam a passagem, a temperatura decaia pela altura; chegaram a um patamar com algumas pilastras, ruínas do que um dia fora o anfiteatro dos poetas “greco-austriacos”. Laura ficou maravilhada do lugar ambientado-as na Grécia antiga.

- Uau!

- Anda, ainda tem mais um pouco – Chamou Carmilla subindo os andares da plateia.

Subiram até o final, passando por entre duas pilastras a formar um portal grego, a trilha desembocava em uma abertura de frente com o fim da montanha. A vista emudeceu a loira.

- Agora eu esperava um “uau” – Disse Carmilla, mas não escutou nenhuma resposta – Laura?

- Eu?

- É você, ta tudo bem?

- Tá, é que isso é lindo, como ninguém nunca me contou desse lugar?

- Provavelmente porque todo mundo que conhecia esse lugar ta morto.

- Mas enh?! – Um momentâneo assombro se mostrou, porém sacudiu a cabeça para ordenar os pensamentos – Alias, vamos falar! Agora você tem de me contar, o que houve naquela noite, aquelas coisa, o incêndio!

- Acho que eu preferia quando você tava muda.

Carmilla a encarava de uma maneira que faziam suas pernas tremerem, mas se manteve firme frente a morena. Sentaram num banco de pedra frente a vista do vale.

- Então! Desembucha! – Intimou. A vampira suspirou olhando a jornalista de soslaio.

- Olha, eu sei que agora não tem como mentir, mas você quer mesmo saber? Se você parar agora sua vida vai seguir muito mais fácil. Saber mais será pisar em espinhos numa floresta escura – Disse a sombria Carmilla.

- Esperei três dias naquele quarto pra saber, acha que eu vou parar agora, vou até o fim, quero a verdade! – A vampira sorriu.

- Bom, então pergunte, três perguntas – A voz soava com uma diversão nostálgica.

- Aquelas coisas, eram lobisomens né?

- Isso mesmo.

- Mas eles não tinham orelhas.

- Nah, longa historia isso, mas eram lobisomens sim.

- Foram eles os responsáveis pelo incêndio?

- Totalmente, fizeram isso por minha causa, esvaziar a cidade pra me pegar.

- Te pegar? Mas e o trem?

- Grandes, burros, exagerados e, tiro ao alvo.

- Três perguntas cupcake. Espero que esteja satisfeita – Disse Carmilla dando as costas para sua acompanhante.

- Nem perto disso! – Laura puxou a morena pelos ombros deitando a cabeça dela em seu colo – Tenho mais um monte de perguntas. Disse que falaríamos disso quando acordássemos – O olhar delas se prendeu, o cabelo dourado rodeou o rosto da vampira – Onde você foi naquela noite? E o que tem entre nós que...

- Quer mesmo saber? – O olhar de Carmilla mudou, como se a explicação do desastre não se comparasse ao que viria a seguir.

- Sim, mas que coisa, por que você pergunta tanto isso, quantas vezes tenho que confirmar? – A impaciência e curiosidade consumiam a jornalista. 

- Ao menos mais uma vez cupcake... o que você quer saber pode dar um nó no seu cérebro;e; pode mudar tudo... tudo entre nós.

Laura desviou o olhar erguendo o rosto para o vale, o tom da morena era muito desconcertante. Um pouco de medo escalou o peito da loira, porém a falta de respostas amedrontava ainda mais. Carmilla se pôs sentada mirando as montanhas no horizonte com as mãos agarrando o banco.

- Me sinto agoniada de não lembrar do rosto da minha mãe, uma única falta como essa já é muito ruim. Sinto o mesmo entre nós Carm, parece que você me conhece, e eu também sinto que te conheço, mas por que eu não me lembro? É como se faltasse algo na minha cabeça – As mãos delas se encontraram sobre o banco – Essa duvida esta acabando comigo, por favor, então, me conte tudo... – Laura se virou para olhar Carmilla e, esta já fitava seu rosto.

- Como eu posso começar? Fica difícil pra mim te contar, se você soubesse de tudo o que aconteceu. Pior que isso, eu não sei como você pode reagir – A morena fechou os olhos com pesar na voz.

- Por quê? Não vai me dizer que nós... – A loira encarou os próprios pés de olhos arregalados, tentando de forma inútil controlar a imaginação aguçada nos lençóis da cama.

Carmilla se manteve em silencio, mantinha os olhos no vazio do vale como se tudo o que Laura quisesse saber estivesse passando com o vento.

- Laura – Chamou e a loira se concentrou totalmente no chamado – E se de repente tudo o que você conhece fosse mentira? E se o que você acredita que é, não é...

A jornalista embora acostumada aos enigmas viu-se confusa com as propostas existenciais da morena. “Ser ou não ser?”.

- Que tal você me contar o que houve naquela noite, eram lobisomens e... acho que você não é muito humana...

- Pra uma enxerida você é bem esperta cupcake. É, ah eu não sei por que estou enrolando tanto pra falar, no fim é a te melhor que você saiba. Essa ignorância que mata os homens. Você esta certa, eu não sou humana, sou... – Carmilla fez uma pausa, a verdade parecia enroscada na garganta – ...uma vampira, mas pode ficar tranquila que; eu não quero só o seu sangue – Se achegou, fazendo a loira corar sem nem saber o porquê, isso deu a deixa para a parte mais difícil – Por favor não surta, ta bom. Realmente falta alguma coisa na sua cabeça, uma parte da sua memória. Umas semanas atrás o terceiro tribunal Valaquia veio atrás de uns boatos sobre ataques e, por um grande azar eles acharam que fui eu a responsável, como punição tiraram a memória de todos os que me conheciam na cidade... sobre tudo a sua. Aqueles lobos estavam atrás de mim por causa dessa bagunça, pois no final descobriram que eles eram os monstros a causar os problemas.

A galega permaneceu estática, fazia todo sentido, ou nenhum. Apertou a mão da outra encarando o olhar escuro entre os fios negros.

- Como é que é?! Alguém entrou na minha cabeça?! – Ela se desesperou, mas em menos de um segundo voltou a sanidade – Espera, quer dizer que eu não to maluca?

- Hm?

- Quer dizer que realmente nos conhecíamos, e é por isso que não te tiro da cabeça?

- O que?

Elas caíram do banco quando Laura abraçou Carmilla.

- Quer dizer que eu não to louca! – Repetia feliz abraçando a outra no chão – Você é minha amiga, por isso pensava tanto em você!

- Amiga? – O tom da morena tilintou triste.

- É não é? – O silencio fora a resposta e, a vampira levantou saindo do abraço encarando o nada – Eu enh, que foi?

- Nada... – Respondeu rápido.

- É errado te achar fofa você assim enfezada? – Carmilla devolveu um olhar confuso e Laura deixou o riso escapar nas costas da mão – Eu to brincando.

- Brincando do que?!

- Desculpa, eu só fiquei com medo, não sabia... bom... se nós, mas pela sua cara agora...

- Vem aqui! – Esbravejou para a piadista.

Carmilla puxou a loira para si, elas se atracaram em uma luta livre, rolando de um lado a outro tentando vencer a oponente – certo que a vampira brincava de fazer força – Laura prendeu os pulsos da morena ao chão, com as pernas ladeando o tronco da mesma. Encararam-se, sentindo a respiração fora de compasso, o coração disparado e, distancia entre elas acabando.

- Carm... – Disse aproximando o rosto.

- Shhh... – Pediu quase na boca da outra.

O halito da morena aquecia os lábios de Laura que, foi fechando os olhos, uns poucos milímetros mais e...

- Você não tem jeito enh? – Uma voz corou no ar – Sempre foi assim, sempre gostou das virgens – As duas garotas no chão olharam e, uma garota de cabelos alaranjados aterrissava sobre o banco.

- Sophia – Bufou Carmilla extremamente desgostosa do encontro. Laura analisou a garota, era magra, muito magra, usava um vestido longo e leve, o cabelo estava preso em um coque bem firme, expondo por completo os ombros e pescoço, os olhos eram verdes quase amarelos de tão claros, a pupila fina como uma agulha evidenciando a não humanidade.

- Qual o seu nome linda? – Perguntou com a voz fina e adocicada, engatinhando sobre a loira. Num movimento a vampira arrancou Laura da escamosa a lamber os beiços de desejo.

- A língua dela! – Berrou Laura ao ver a ponta bifurcada.

- O que você quer Sophia?

- Ai credo isso jeito cumprimentar a ex?

- Ex?! – Sibilou a loira incrédula.

- Sim, significa que a gente namorou – Explicou entrelaçando as próprias mãos frente ao peito.

- O que? – Laura perguntava desacreditada.

- Ai cala boca sua cobra tarada! O que você quer caramba?! – Vociferou Carmilla.

-Você nua no meu quarto mais tarde seria ótimo mas... – Disse calmamente deleitando a vista nas pernas de Laura e, subindo o olhar em cada curva – ...mas que desperdício, eu gostaria dela também, seria uma noite a três maravilhosa, não acha Mircalla? – Os olhos de Sophia pularam quando Carmilla a agarrou pela garganta.

- Veio aqui só pra me irritar? Fala que sim pra eu te matar agora.

- Você sempre me acendeu com essa carinha e, sempre teve bom gosto, mas eu vim te avisar sobre o filé ali – Carmilla apertou mais a garganta da magrela – Ela é uma Off – Cuspiu para elas. A vampira a soltou.

- Eu sou o que? – Perguntou Laura se aproximando.

- Ai, larga ela e vamos pro minha casa – Disse a víbora puxando as mãos da morena sobre sua cintura.

- Sim vamos – Respondeu, enquanto Laura sentia um nó se formar na garganta com a proximidade das duas. De todas as formas o que incomodava era o “ex” junto do nome de Carmilla.

O trio calafrio foi para a estrada. Carmilla puxou Laura para moto arrancando sem esperar Sophia.

- Espera, e ela?

- Ela se vira – Respondeu Carmilla aborrecida – Cupcake preste muita atenção. Eu sei que esta muito rápido, mas agora você tem de colaborar, vai dizer sim pra tudo o que eu disser, me promete, por favor.

- Ta bem – A loira não entendia muito do que estava acontecendo, mas pelo tom da vampira era sério e a “ex” – PERA AI ELA É SUA EX?! E estamos indo pra casa dela?

- Laura! É serio!

- Awww você fica linda brigando; você também Mircalla – Comentou Sophia a largos paços quase flutuando ao lado da moto em alta velocidade.

- Cala a boca e mostra o caminho cobra! – Rosnou Carmilla. A magrela correu frente a motocicleta – Pode ir mais rápido ou te atropelo – Assim que a garota se afastou o bastante para que não pudesse escutar a vampira começou as instruções – Não imaginei que você seria escolhida pra isso. Te escolheram como Off, um bode expiatório para as bagunça deles. Vão te entregar como culpada, assim terminam as perguntas ou investigações.

- Deles quem? Mas, ela é sua “ex”?

- Vão te dar pra fazer o que quiserem de você, nós estamos indo encontrar com o governador da Styria, ele é um basilisco de três mil anos muito mal humorado.

- Basilisco?! – Uma serpente fantástica varrera todos os pensamentos da jornalista a deixando extremamente animada.

- Você não deveria estar preocupada? De qualquer forma, só faz o que eu mandar tá e, principalmente, não olhe nos olhos dele.

***

Um antigo castelo era a casa de Sophia, ficava numa parte remota do vale, quase do outro lado da montanha. Foram recebidas por um homem magro de bigode grisalho e, uniforme de mordomo.

- Madame – Disse o mordomo em sua voz monótona ao cumprimentar Sophia chegando por ultimo – Em que poderia ser útil?

- Me trás vinho – Resfolegou a ruiva descabelada – Que corrida boa, mas na próxima quero ir na garupa como ela.

Era um castelo digno da realeza, quadros de molduras douradas, com duques e condes em tinta óleo. Um piano enfeitava a lateral do grande saguão, com duas escadas em curva terminando em uma mesa ébano ao centro do salão. O piso verde ornava com o corrimão em forma de cobra. Era muito diferente o ar da residência, não era humano, o que fazia o peito da jornalista bombear como se estivesse no mundo mágico de Alice.

- Fica perto de mim – Sussurrou Carmilla apertando a mão de Laura

- Stuart onde esta meu pai?

- No escritório madame.

- Obrigado. Leve vinho pro meu quarto e o meu baú de brinquedos, vou brincar mais tarde – Disse devorando a morena com o olhar – Papai não vai gostar, mas vem – Ela as guiou subindo as escadas passando dois corredores de quartos até uma grande porta enfeitada de uma serpente de metal escurecido, com espinhos abrolhando nas bordas. As dobradiças giraram em grande ranger, tão agudo quanto giz no quadro negro. Laura cobrio os ouvidos até o barulho terminar.

- Papai cheguei – Cantarolou Sophia indo direto para a mesa da sala de estar ao lado do escritório.

- Como se atreve a trazê-la aqui? – Disse Midas Brandsnake sentado na cadeira atrás da mesa.

- Vish, e eu que queria ser educada – Suspirou Carmilla olhando para o chão.

- Não sou de simpatizar com servos de sua mãe nem traidoras, mas se questiona a educação. A que devo o desprazer da visita Mircalla?

- Ela não é minha mãe, e acredite em mim, ela me traiu antes, mas não é de Lilita que vim falar. Vim aqui pra reclamar de uma falta no seu comando – Midas deve ter arregalado os olhos, porém nenhuma das duas enxergaria tal vislumbre – Você escolheu minha humana como oferenda dos homens, desrespeitando as regras.

- Hahaha! Sua? – Riu-se – Que respeito pode haver com você? Uma traidora, desgarrada e renegada de Lilita, juro que não te mato unicamente, porque não terminarei com o trabalho de sua mãe.

- ELA NÃO É MINHA MÃE! – A vampira respirou fundo censurando a raiva – Ela me traiu assim que a conheci. Renegada ou não, ainda sou uma noturna reclamando meu direito de posse, Laura é minha, você não pode oferecê-la como se não fosse de ninguém, ou o honrando lorde Brandsnake vai ferir a lei mais absoluta entre nós?

Um silêncio arrebatador comprimiu a sala, Laura estava falhando em manter os olhos longe do lorde, reparou na fisionomia semelhante a da filha, as roupas com babados nas mangas, os botões em feixes de ouro, os cabelos alaranjados amarrados por uma fita na ponta e deixados sobre o peito.

- É verdade o que diz ela minha jovem?

A loira quase o encarou, mas Carmilla apertou sua mão antes que o olhar passasse a boca do homem.

- Sim, eu sou dela – Laura desvinculou a mão da morena, apenas para entrelaçarem os dedos e, pode escutar o abafado riso da outra com a mudança.

- Mircalla, não farei segredo quanto a meu desprezo por você, mas ainda sim respeitarei a lei do nosso povo. Então, sabe como são os homens, não acreditam em nada que não possam ver e tocar. Te dou um dia para encontrar um substituto melhor que sua humana para oferecer a eles.

- Feito.

- Leve a oferenda para o Norbert, mandarei uma mensagem a ele dizendo para espera-la.

- Obrigada e também não gosto de você – A vampira foi puxando Laura para a porta.

- Sophia ira com vocês.

- Não pode ser o senhor? – Perguntou Carmilla. Sophia saltou para o lado livre da vampira e pegou sua mão sorrindo, o que encheu a boca da jornalista de chamas e, seu coração de chumbo.

***

Laura segurava a barriga enjoada com a brincadeira de medico de Carmilla. Alguns quilômetros da hospedaria na montanha, na tumba dos rosnadores servindo de retalhos.

- Ideia boa – Ria Sophia perto do buraco embaixo das arvores.

A vampira remendava braços e pernas a mais dos cadáveres em um único tórax, o cheiro de podre com a disforme criatura impulsionavam as voltas do estomago da jornalista, toda via nada se comparava a repulsa e ranger de dentes ao presenciar as indiretas de Sophia, os olhares, toques e piscadas, era agonizante, por mais que a morena não desse a mínima trela, eriçava os pelos da loira.

- Sai Sophia – Disse a morena evitando um selinho.

Laura deu as costas para o casal e caminhou chutando o chão para não escutar mais aquilo.

- Ah vai amor, que graça tem estarmos juntas se não posso te tocar?...ai! – Sophia se afastou apertando a nuca – O que é isso? Vai me maltratar?...AI! – A cobra caiu de cara nas raízes.

Carmilla apanhou no chão um pedregulho e mirou Laura de costas um tanto distante. Sophia ergueu o rosto, falou alguma coisa sobre algemas e levou outro cascalho no meio da testa.

- Vamos indo – Chamou a vampira carregando a centopeia nazista.

***

Não foi surpresa o desdém de Norbert, mas eram as ordens do governador, Sophia também ajudou a inventar a história da centopeia demoníaca. Os homens iam acreditar, ninguém contestaria um bicho com quatro pernas, seis braços e cabeça carcomida, fedendo meias de defunto.

- Amor, não esta esquecendo de nada? – Disse Sophia dedilhando os lábios.

- Não – Carmilla ligou a moto e chamou Laura – Sobe logo, por favor – Pediu.

A loira montou na garupa circundando a cintura da vampira. Elas voltaram ao Punkt, Carmilla correu para o chuveiro, pois trinta e oito matadouros agarravam suas roupas. Laura ficou no quarto da vampira, arrumando a mala.

- Eu devia ter atirado uma pedra maior – Sugeria para si apertando uma bolinha de papel, a atirou certeira na quina da janela, ricocheteando para a lixeira. Fitou a rua do lado de fora, as luzes acendendo e, o dia sumindo. Sentou na cama e se deparou com um dos livros de Carmilla no escravo mudo, o apanhou e começou a ler.

- Quer tomar banho também? – Entrou Carmilla no quarto secando o cabelo.

- Quem é Ensom? – Perguntou a curiosa loira.

- Quem? – A expressão foi de espanto.

- Ensom, o rei sombrio, não pera esse foi o Breus, Ensom foi o leão negro. Essa história é demais, quem escreveu?

- Pera você consegue ler?

- Claro, é um livro.

- Bom pode levar se quiser, você vai tomar banho aqui? Ou... – Carmilla vestia outra jaqueta de Garu.

- Não, tomo um na hospedaria, agora não tem problema eu voltar né.

Não haveria problema mesmo, a essa hora a monstruosa centopeia era a protagonista do desastre e culpada de tudo que os homens poderiam chamar de azar. A vampira se aproximou da galega fechando o livro, o deixando de lado na cama.

- Cupcake... – As duas se posicionavam, afim de terminar o que teria começado na montanha, que com certeza teria sido maravilhoso no finalmente, a jornalista sentia a respiração da outra em sua boca.

- Carm...

Ambas fecharam os olhos...

- Amooor – Sophia metia a cabeça para dentro do quarto – Ei não comecem sem mim – Ria passando porta adentro.

- O que você quer? Já terminamos tudo – Rosnou a vampira.

- Ai linda, você não vai me acompanhar até minha casa? Daí aproveitamos pra por a conversa em dia, ou melhor em noite.

- Você pode ir sozinha, sabe se cuidar, ou então corra – Carmilla se levantava.

- Ai para de fazer essa cara, eu não suporto – A cobra falava apertando o vestido e juntando os joelhos – Você tem de me levar amor, não estou bem das pernas – Ela ia subindo a peça de roupa.

- Chega disso! – Bramiu a vampira e, Laura passou pelas duas saindo para o corredor.

- Vem eu te levo – Carmilla saiu batendo a porta.

Em poucos minutos Laura estava no pé da montanha, a vampira se despediu de maneira rude, parecia bem irritada, mas a jornalista também não estava nada gentil com a situação e, achou melhor tudo acabar logo, ao menos por hoje naquele tchau com gosto de erro, do que tentar empurrar o alvoroço.

***

Por incrível que fosse todo o balde de informações de hoje, vampiros, basiliscos, noite, a fizeram ficar feliz por confirmar suas suspeitas dos elfos azuis nas florestas e, os duendes que pregavam peças em seus pais e vizinhos. Jurava ter visto eles adorarem escapamentos de carros, alias ela também se sujava da fuligem imitando os nanicos, os venerando como dragões. Desde pequena, desde sempre, suspeitava que esse mundo tinha mais do que aparentava, sentia como se fosse a única a enxergar, a diferente, por isso buscava respostas de perguntas que ninguém nunca fizera.

Essa diferença sempre a separou das outras crianças sendo taxada de estranha, mas isso nunca diminuiu sua sede do desconhecido, mais, mais e, havia mais. Agora entendia por que Carmilla chamara tanto sua atenção – sexto ou sétimo sentido – a vampira atestava todas as suas mais absurdas teorias.

“Vampira” – Pensava a jornalista com o rosto esquentando. Estava ela de volta ao 307 da hospedaria. Carmilla tinha voltado a cidade, tinha de levar Sophia para casa – a cobra dizia ter quebrado o tornozelo falsamente – os pensamentos da loira tornaram-se violentos, mas decidiu arrumava o quarto um pouco bagunçado, os moveis fora do lugar, pelo solavanco da avalanche e, as roupas jogadas quando saiu as pressas para despistar o grupo de linchamento atrás dela.

Estava complicado não pensar numa fogueira com cobra assada, ou uma garrafa tamanho família, cheia de vinagre para prender a serpente e exibi-la. Laura fechou a gaveta de roupas, mirou o teto esbaforindo o embolo entalado na garganta, pegou-se quase chorando. Quando percebeu já estava a molhar o chão de lagrimas.

- Mas o que é isso, nem tem nada entre a gente, pera tem... mas não lembro, por que eu to chorando, será que é por que eu... amo? – Laura sentou na cama – Dormimos juntas, mas ainda não, pera será que... será que a gente já? – Alguém bateu na porta e, pela força era urgente. Ela secou as lagrimas nos ombros rapidamente antes de atender a porta.

- Oi Laura, esta tudo bem? Só vim ver como você estava – Explicou Danny entrando no quarto.

- Eu to bem sim, não se preocupa e, você, tomou outra bronca do Norbert?

- Ele já devia estar acostumado comigo, não vou ficar parada com alguém em perigo e, você estava chorando? – A lenhadora aproximou-se tocando os cabelos louros da baixinha.

- Não é nada...

- Sabe que pode me contar qualquer coisa – Disse a lenhadora segurando o rosto de Laura entre as mãos – Qualquer coisa.

A jornalista se sentiu o calor vindo da outra, imaginando o que dizer, Danny se curvou nivelando o rosto ao da loira. A janela rangia com o vento nas dobradiças, o sopro de neve da avalanche a cobrir metade hospedaria, o quarto estava aquecido da lareira acesa.

- Danny o que você ta fazendo? – Perguntou a jornalista ao ter o rosto puxado.

- Nada, desculpa – Danny afastou-se com o rosto avermelhado e foi para a porta apressada – Boa noite, nos falamos amanhã!

Laura deu um boa noite quando a porta havia fechado. Voltou seus pensamentos e ao que acabara de acontecer, lembrou-se de Sophia e, se a cobra estivesse agora na mesma posição com Carmilla. O pensamento a enfureceu, porém a acalmou quando imaginou se não poderia ser ela e a vampira nessa posição, sem cansaço as acorrentando ao sono, não que dormir com ela fosse ruim, mas preferia estar acordada, queria poder fazer mais, chegar mais perto, queria poder beija-la. A jornalista estava da cor de morangos, o rosto ardendo e as mãos suando, apertando a roupa nervosamente.

Mais uma vez alguém batia a porta. Laura sacudiu a cabeça na tentativa de se recompor. Pousou a mão sobre a maçaneta, girou o trinco e, tudo foi muito rápido, sentiu o calor de antes vezes mil, mãos puxando sua cintura, as curvas da outra se encaixando com seu corpo, quando percebeu já estava se entregando ao urgente beijo de Carmilla. A vampira puxou seu corpo, o que as obrigou a avançar cruzando o corredor e, pressionando o quadril da morena na balaustrada, o contato ruidoso, estalava a cada curto intervalo sem se afastarem. A loira não tinha o controle das mãos, perdendo a noção de onde estavam.

- Boa noite cupcake – Disse Carmilla num sorriso descarado saltando a balaustrada. Laura viu a vampira escorregar no pouso, mas levantar num pulo e ligar a moto. De longe a loira jurou ter escutado um grito de alegria que, jurou ser pelo beijo que mais queria.


Notas Finais


My God, e então como fomos? O que acharam? Foi bem? (foi bem mal?) Desculpe, piadas de quem não deveria fazer piadas, gomen ne. Obrigado mesmo chegar até aqui, um abraço de lobo e, até o próximo cap. de One More Night!!!


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