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História Only Fools - Vkook - Tempestade


Escrita por: AluadeNetuno

Notas do Autor


Boa tarde ><
Os fatos vão ocorrer rápido nesse capítulo.
Espero que gostem.

Capítulo 10 - Tempestade


 A noite fez-se extremamente fria, dificultando a tarefa principal de Jungkook naquele momento: dormir. Seus pensamentos borbulhavam. Havia muitas coisas acontecendo de repente, como uma avalanche de fatos sérios demais para ocorrerem ao mesmo tempo. Gostaria de confortar Taehyung. Abraçá-lo e dizer que tudo ficaria bem. Gostaria de ajudar Jimin. Mostrar a ele que poderia superar aquela paixão. Contudo, não era tão simples dizer inúmeras palavras de apoio, tendo plena noção de que não iria realmente mudar a realidade.

Seus pequenos olhos vagavam pela visão da porta e da parede límpida. O som calmo da respiração de Park fazia-se presente, o que atraiu a atenção do mais novo. Jeongguk virou-se no colchão, buscando enxergar seu amigo. Alguns fios acinzentados caíam sobre o rosto, escondendo a careta amassada e sonolenta do rapaz. Então, após alguns suspiros, o moreno adormeceu.

 

-

 

Pequenos flocos de neve se acumulavam nas árvores despidas. O frio se instalara na capital, obrigando todos a usarem seus enormes casacos aveludados. Era manhã, Jeongguk aguardava pacientemente a chegada de Taehyung, sentado em um banco qualquer da praça.

-Demorei?–Viu o castanho se sentar rapidamente ao seu lado.

-Não. –Abriu um pequeno sorrisinho, feliz pela chegada do mais velho. –Está melhor?

-Sinceramente, acho que sim. –Suspirou, direcionando seus olhos para o garoto. –Minha mãe também.

Jungkook permaneceu um momento em silêncio, analisando a face de seu namorado –porque já tinha lhe dado o direito de chamá-lo assim. Os curtos fios marrons voavam para o lado e sua boca se mostrava ligeiramente ressecada pelo frio.

-Fico feliz com isso. –Segurou a mão do rapaz, apertando-a. –Podemos caminhar um pouco? Está frio.

Kim assentiu silenciosamente, dessa forma iniciaram um trajeto aleatório. A neve, aos poucos, formava um enorme tapete branco e fofo pelo chão.

-Eu senti sua falta. Senti falta de quando a gente saía por aí sem dar a mínima para as horas passando. –O mais alto quebrou o silêncio.

-Parece que as coisas mudaram de repente.

-Exatamente por isso que quero te agradecer. –Olhou-o e sorriu. –Você continuou comigo, mesmo vendo o quão complicado eu sou.

-Acho que a gente combina por isso. –Riu baixo, vendo-o fazer o mesmo.

Ambos os garotos continuaram falando sobre coisas que mudaram e que gostariam de fazer quando toda aquela tempestade passasse. No fundo, Jeongguk sabia que não seria fácil e que teriam de esperar muito, mas seu coração estava feliz. Faria o que fosse preciso para afastar as nuvens cinza e trazer de volta os bons momentos despreocupados que tinha com Kim.

Após um tempo, encontraram uma cafeteria, a qual adentraram. O local era singular, tinha um charme americanizado que agradava os olhares dos rapazes. Assim, escolheram uma mesa e fizeram os pedidos.

-Eu quero que prometa algo. –Disse sério, fitando as orbes do mais velho.

-Pode falar.

-Não importa o que aconteça, vai confiar em mim para ser seu refúgio, vai me deixar cuidar de você e te ajudar.

-Por que está dizendo isso? –Riu um tanto que confuso. –Eu só tenho você, Jeongguk..

-Eu te amo. –Falou, vendo o garçom se aproximar. Suas bochechas ganhavam um tom rosado, enquanto Tae ria baixinho pela vergonha do garoto.

Logo, as xícaras foram postas na mesa e o homem saiu, permitindo que continuassem sua conversa melosa.

-Eu também. –Sorriu outra vez, dando um gole no café.

 

-

 

A manhã seguiu, iniciando a tarde respectivamente. Não havia muitas mudanças climáticas, o que não denunciava a quantidade de horas que os garotos passaram juntos. Por desejo de Taehyung, ambos foram até os trilhos de trem, onde passaram longos minutos em uma realidade menos conturbada do que a que estavam vivendo.

O sentimento nostálgico os acolheu. Ambos equilibravam-se na pequena faixa de ferro, rindo e contando histórias que ouviram na infância. O frio, que antes os fazia encolher dentro das roupas, agora parecia insignificante, visto que estavam aquecidos pelo próprio amor.

E, quem sabe, aquele calor afastasse não só o frio, mas a tempestade em si.

 

-

 

-Finalmente voltou! –O platinado exclamou logo que viu o irmão abrir a porta e entrar.

-Desculpe, eu fui me encontrar com Taehyung e acabamos perdendo a noção do tempo.

-Entendo. –Sorriu pequeno. –Que bom que saíram. Isso mostra que ele está melhor, certo?

-Sim. Depois daquele ocorrido, parece que as coisas acalmaram.

-Ótimo! –Comentou, lavando suas mãos para provavelmente iniciar o jantar. –Sabe, já que seu namorado melhorou, poderíamos sair juntos outra vez? Hoseok reclamou do nosso sumiço.

-Realmente, não nos vemos há um tempão. –Falou, jogando-se no sofá. –Acho que a gente pode fazer isso sim.

Namjoon assentiu por fim, mantendo um silêncio confortável no recinto. Muitas coisas poderiam estar confusas para Jungkook, porém o relacionamento com seu irmão continuava agradável. Era complicado explicar como o platinado decidiu repentinamente mudar de atitude, mas não seria Jeon quem iria questionar ou reclamar. O amava muito e isso bastava como resposta.

-Espero que esteja com fome. –Comentou depois de um tempo. –Estou fazendo sua comida favorita. –Finalizou empolgado, limpando as mãos no avental.

-Posso saber de onde saiu esse humor? –Indagou com um sorrisinho.

-Ainda não posso te contar. –O mais velho respondeu, virando-se de volta para o fogão e ignorando quaisquer outras perguntas de seu caçula.

Repentinamente, o moreno sentiu o celular vibrar no bolso.

 

-Hey, tudo bem?

 

Era Jimin.

 

-Sim, e você?

-Também. Estava pensando se poderíamos sair. Eu, você e o Tae.

-Seria divertido. Posso convidar mais gente?

-Bom, acho que sim.

-Certo, nos falamos mais depois.

 

Finalizou a conversa com um sorriso animado, vendo Namjoon chamá-lo para comer. Desta forma, dirigiu-se a mesa e iniciou seu jantar.

 

-

 

O céu estava negro, sem muitas estrelas. A noite marcava uma temperatura razoavelmente “quente” para a época, o que possibilitou a saída dos amigos, que finalmente iriam se encontrar. Como de costume, Namjoon e Jungkook pegaram carona com Yoongi, que os levaria até uma balada conhecida de Gangnam.

-Caramba! Parece que faz séculos que não nos vemos. –Yoongi comentou, ligando o carro.

-Acho que nos concentramos demais no trabalho. Isso fora os problemas que apareceram. –O platinado pronunciou-se.

Aos poucos, os prédios simples do bairro foram formando borrões, mostrando o aumento de velocidade. Agora que haviam adentrado uma avenida, não tinha muito o que se ver, fazendo Jeon pedir por alguma música.

-Tenho uma que acho que vai combinar com a situação. –O esverdeado falou, apertando alguns botões no aparelho do painel. Rapidamente, uma música animada fez-se presente, deixando ambos mais eufóricos com o “reencontro”. –É um remix. Alessia Cara, caso não conheçam. Sou um apreciador de música americana.

-Se bem me lembro, você era quem me mostrava todas aquelas playlists no colégio. –O mais novo falou, recebendo algumas risadas como resposta.

Certo tempo se passou até finalmente alcançarem o nobre bairro Gangnam. Centro financeiro, lugar onde nunca falta o que ver e fazer. Os prédios e construções majestosas marinavam a visão do garoto, o qual visitara o local apenas algumas vezes durante a vida. As características luzes brilhavam, refletindo nas inúmeras janelas.

-Vai ser difícil achar vaga aqui. –Alguém o qual Jungkook não prestou atenção comentou. –Talvez demore.

-Tudo bem, pelo menos dá tempo de todo mundo chegar.

-Concordo. –O moreno falou, enviando uma mensagem para seu namorado.

 

-Estamos procurando por alguma vaga. Já chegou?

-Estou chegando com Jimin e Jin. O metrô não está muito cheio, então não acho que vamos demorar.

-Certo.

 

-Taehyung e Jimin estão vindo! –Disse afobado. –Eu estou muito empolgado com isso. Vocês são todos muito importantes pra mim e estarmos nos juntando para ir a uma balada é tão legal!

-Não vou te julgar porque estamos simplesmente indo para um paraíso de bebida, música e muitas pessoas ricas, dispostas a tudo. –Yoongi falou rindo. –Tem sorte de me ter como amigo, porque se não fosse por mim não iria entrar.

-Como assim? –Indagou. –É dono dessa boate também?

-Não, mas sou amigo do dono, o que significa que será maior de idade por mais uma noite.

-Só não faça nenhuma idiotice, ok? –Namjoon se pronunciou, fitando-o sério. –Não estou a fim de me preocupar com você lá dentro.

-Pode ficar tranquilo. Seu irmãozinho não é tão imbecil assim ok? –Jeongguk olhou-o com uma expressão repreensora, rindo em seguida.

Depois de um período de avisos e comentários sobre as regras do local, finalmente encontraram um lugar seguro para estacionar o Porsche impecável de Yoongi.

-Certo, hora de acharmos nossos cúmplices! –O esverdeado falou entusiasmado. –A noite é nossa!

Desse modo, saíram pelas extensas calçadas, à procura da balada e dos outros garotos. Um sentimento estranho preenchia Jeon naquele instante. Não sabia exatamente o que era. Tratava-se de uma euforia, uma vontade de que aquilo nunca acabasse e que pudesse viver naquela noite para sempre.

Os passos largos logo acharam o recinto onde entrariam, juntamente com os outros garotos que fariam parte da noite, vulgo Hoseok, Jimin, Taehyung e Jin. Todos, assim que os avistaram, abriram um sorriso largo, indo de encontro aos mesmos.

-Que bom que veio. –Sem pensar duas vezes, Jeongguk abraçou seu namorado, apertando-o entre seus braços. –Hoje é muito importante para mim.

-Vamos entrar logo nessa porra? –Yoongi falou. Era engraçado como sempre se expressava utilizando xingamentos.

Depois de alguns minutos na fila, todos entraram no recinto, logo sendo atingidos pela onda de música alta e calor. Pessoas dançando e bebendo preenchiam todo o recinto, enquanto luzes piscavam freneticamente. Antes mesmo que pudessem perceber, Yoongi, Hoseok e Namjoon se esgueiraram para um lado, lembrando Jeon das regras.

-Bom, vocês já sabem o que fazer! –Jimin falou, correndo para o meio da pista de dança.

Rapidamente Taehyung puxou Jungkook, que o acompanhou sorrindo. O rapaz, apesar de ser apenas alguns centímetros mais alto, pôde observar perfeitamente o mais novo dançar livre, olhando-o.

Não demorou muito para que Kim se envolvesse no som. Era, obviamente, uma música sexy e ele não iria perder a chance de aproveitar aquilo com seu namorado. Acompanhava as batidas graves movendo o quadril e mordendo os lábios. Um sorriso diferente surgiu em sua face, Jeon conseguia ver claramente suas intenções e não se incomodava nem um pouco. Então, quando finalmente o drop chegou, o moreno sentiu sua cintura ser puxada ao encontro de Kim. Suas respirações ofegantes mesclaram-se minimamente antes do encontro necessitado de lábios.

Taehyung segurava seu rosto com maestria, apoiando a outra mão em sua cintura. Jeongguk não sabia exatamente o que fazer, seu peito parecia explodir. Só conseguia segurar a camiseta do mais alto com força, sentindo seu lábio inferior ser puxado pelos dentes alheios.

-Eu te amo, sabia? Nunca se esqueça disso. –Os olhos continuaram conectados, seguindo a vibe que a música lhes proporcionava.

Músicas e mais músicas passaram até que os mais velhos os chamaram para um local um pouco mais silencioso, o qual lhes permitia ouvir uns aos outros perfeitamente.

-Agora que estamos todos juntos, vamos fazer um jogo. –Hoseok falou, observando atentamente o rosto de cada um. –Sei que temos muitos laços afetivos aqui, mas hoje termos de ignorá-los para cumprir corretamente o jogo, ok?

-Lá vem. –Namjoon riu soprado.

-É simples: O objetivo é cumprir ao menos 1 desafio que for proposto. Cada um terá direito a falar um, desse modo outro terá de cumprí-lo. Deu pra entender?

-Quem vai falar primeiro? –Jin perguntou após todos concordarem.

-Eu! –Yoongi se pronunciou. –Meu desafio será fácil: Tomar uma garrafa inteira de vodka.

Todos ficaram em silêncio, aguardando alguém o qual iria se dispuser a ficar bêbado em um piscar de olhos.

-Certo, eu faço isso. –Seokjin se levantou.

-Ora ora, quem diria que o caladinho é rebelde. –Riram em conjunto, vendo-o caminhar até o balcão e pegar uma garrafa, esta que ficou vazia rapidamente.

Como esperado, ninguém ali conhecia esse lado do rapaz, já que era “novo” no grupo. Seus rostos mantinham a mesma expressam de surpresa, vendo-o voltar para seu lugar como se nada houvesse acontecido.

-Próximo. –Tentando parecer durão, sorrindo torto, já sentindo os efeitos da bebida.

Sem muitas palavras, continuaram jogando, os desafios seguiam relativamente comuns, isso até Hoseok se pronunciar.

-Chega de babaquice, isso aqui tá muito monótono. Vamos fazer um desafio de verdade. –Sorriu malicioso, dando um outro gole na garrafa de soju. –Acho que essa noite devíamos convencer Taehyung a emprestar seu namoradinho para alguém, huh?

-C-como assim emprestar? –O moreno perguntou receoso.

-Eu estou fazendo um desafio direto para você Jungkook. –Semicerrou os olhos. –Quero que beije... Deixe me ver... –Encarou todos da roda por um instante. –Park Jimin!

-O QUE? –Taehyung gritou. –Sem chances!

-Aish... –Estalou a língua, suspirando. –Vou escolher outra pessoa então. –Um risinho escapou dos lábios de Jung Hoseok, que fitou concentrado a multidão, parando seus olhos em uma garota. Ruiva, alta e bem-vestida. Ela era a escolhida.

-Ali. –Apontou. –A ruiva de vestidinho. –A convença a te beijar. Apesar de que com esse rostinho não será tão difícil. –Brincou.

Engolindo seco, o menino se levantou devagar, olhando para o namorado de forma receosa. Taehyung sabia bem que era um desafio idiota, então tratou de manter-se em paz com isso.

Jungkook nunca tinha beijado uma garota antes. Nunca tinha tido uma conversa decente com alguma, o que fazia suas mãos suarem à medida que se aproximava.

-O-oi. –Falou, vendo a menina olhá-lo.

-Quem é você?

-Jeon Jeongguk. –Sorriu tímido. –E seu nome é?

-Não acho que dizer meu nome vá ser muito útil agora, você só quer me beijar, não é?

Uma expressão confusa com um quê surpreso fez-se presente. Será que já jogavam aquele tipo de jogo ali ou ela simplesmente só recebia esse tipo de abordagem? As perguntas voaram em sua mente durante alguns segundos, até que assentiu.

-Ok. –Sorriu. –Você pelo menos é gatinho. –Puxou-o, pondo a mão do garoto na própria cintura.

Respirou fundo, olhando nos olhos da menina. Não podia negar que era linda, mas por Deus, estava sendo forçado a beijá-la e nem se quer a conhecia. Somente um desafio poderia fazê-lo encará-la daquela maneira. Por fim, conectaram ambos os lábios, movendo-os sutilmente. O rapaz adentrou com sua língua timidamente, percebendo a garota entregando-se ao ato, como se aquilo significasse algo. Foi aí que notou a hora de parar.

-Bom. –A menina limpou o canto da boca com o polegar, sorrindo. –Até que para um gay, você conseguiu me satisfazer.

Os olhos pequenos do garoto esbugalharam-se.

-Ei, calma! –Riu. –Acha que não o vi dando amassos naquele rapaz? –Apontou com a cabeça para Taehyung, que se recusava a assistir a cena. –Ele é bem bonito também, não quer desafiá-lo a vir aqui?

-Também sabe do jogo? –Perguntou ainda mais desconexo.

-Eu sou a dona daqui. Sei de tudo e todos, inclusive conheço seus amigos. Hoseok e Yoongi vêm aqui há um bom tempo. –Despejou todas aquelas informações, fazendo Jeon sentir-se um tolo. –Então não se preocupe, é tudo pela diversão dos meus clientes. –Sorriu travessa, sumindo na multidão.

O menino suspirou fundo, absorvendo a chuva de verdades que foram jogadas em sua cara.

-Eaí, como foi? –Indagaram assim que os alcançou.

-Não foi nada, esqueceu que é a droga de um desafio? –Demonstrou irritação com todos aqueles olhares curiosos, como se ele tivesse ido espontaneamente.

-Tá, tá, será que podemos continuar com essa droga? Não quero que meu namorado decida que agora gosta de garotas.

Todos os presentes riram inclusive Jeon. Kim sempre fora uma gracinha com ciúmes, mesmo que tentasse parecer sério.

-Não acredito que está duvidando do meu bom gosto! –Riu. –Você é muito mais bonito ok?

-Sei muito bem disso. –Fez uma careta convencida. 

Os sete já estavam um tanto que chapados. Não sabiam exatamente o que estavam falando então era plausível desconsiderar tudo, visto que nem iriam se lembrar de nada depois. Por ser tarde da madrugada, muitas pessoas já tinham ido embora.

Yoongi, que ficara responsável por eles durante aquela noite, tratou de mantê-los acordados. O problema era que não caberiam todos no carro e, logicamente, não tinham a mínima condição de voltarem para casa sozinhos.

-Estou vendo que ficou de babá hoje, Min. –A mesma ruiva apareceu, olhando-os deitados de forma estranha nos bancos.

-Infelizmente, tive de me segurar hoje. –Suspirou, vendo-a sorrir.

-Eu também. –A mulher fez um “hum” sonoro. –Trouxe garotos muito bonitos hoje. Uma pena ter desafiado só um. –Riu maliciosa.

-Continua a mesma, não é?

-Sem dúvida, eu detesto desperdiçar um rostinho bonito. –Puxou-o pela gola da camisa, fixando o olhar em seu rosto por alguns instantes. –Enfim... –Suspirou, desvencilhando-se. –Precisa de ajuda com eles?

O rapaz assentiu. Assim, ambos pensaram em uma forma de cuidar de todos eles, chegando a uma decisão pouco depois.

-Já que mora logo aqui, vou deixar Jeongguk e Taehyung a seus cuidados. Eles são namorados, haverão de se entender.

-Imagino até como.

-Você é muito poluída. –Riu soprado. –De qualquer forma, o resto dos garotos caberá em meu carro facilmente. Obrigado pela ajuda.

-Fica como pagamento pelo beijo do garoto. –Piscou, ajudando-o a levar os meninos até o respectivo quarto.

Apesar da extrema dificuldade em transportar os dois meninos de um andar para o outro, Yoongi e sua amiga conseguiram acomodá-los rapidamente. Desse modo, o esverdeado foi embora, deixando um bilhete para ambos se situarem quando acordassem.

 

-

 

Uma dor de cabeça incomodava Kim, que a movia de um lado para o outro, tentando aliviar-se. Esticou os braços, espreguiçando, sentindo que havia alguém ao seu lado.

Os pequenos olhos abriram, vendo um Jungkook completamente apagado. Seu rosto ostentava uma expressão de completa paz. Certamente não estava com a mesma ressaca que o namorado.

-Ei. –Cochichou, tocando-lhe a ponta do nariz.

O mais novo fez uma careta engraçada, abrindo os olhos em seguida. Um sorriso formou-se nos lábios do garoto, arrancando um suspiro de Taehyung. Sem dúvida, sentia-se honrado por poder ter aquele sorriso matinal somente para si.

-Bom dia. –Sentou-se na cama, logo olhando em volta. –Onde estamos?

-Não faço a mínima ideia. –O castanho mantinha a mesma expressão interrogativa.

-Ali. –Apontou, levantando-se e pegando o papel nas mãos. –Infelizmente, meu carro não pôde expandir para levar vocês, então deixei-os sobre os cuidados da ruiva –o nome dela é Hana. Boa noite, Min Yoongi. –Leu em voz alta o conteúdo, olhando para o namorado.

-É sério? Ele realmente deixou a gente na casa de uma estranha?

-Bom, ele a conhece pelo menos.

Kim e Jeon passaram alguns minutos diminuindo a aparência sonolenta que tinham, saindo do quarto em seguida. Andaram pelos corredores até alcançarem a sala, onde Hana encontrava-se sentada, lendo um livro qualquer.

-Oh. –Abriu um sorriso. –Bom dia garotos, como dormiram?

-Muito bem. –Kim respondeu, fazendo um breve agradecimento.

-Estão com fome? O que querem comer? –A garota se levantou, indo para a cozinha.

O casal se olhou, dando um risinho pela impulsividade da menina, seguindo-a.

-Na verdade, queremos apenas ir embora. Não achamos a saída. –Jungkook falou.

Hana olhou-os por um instante, parecendo pensar em respostas.

-Tudo bem. Vou mostrá-los o caminho. –Levou-os até a porta, falando uma última coisa antes que saíssem. –Espero que tenham se divertido ontem, sei que me comporto meio mal, mas é tudo uma questão de sobriedade, ok? –Sorriu divertida.

-Tudo bem. –Riram. –Até a próxima, Hana!

Finalmente, Taehyung e Jeongguk voltaram para casa, após um tempo refletindo sobre a noite anterior dentro do metrô. Fora uma madrugada a qual, apesar do desafio e do final estranho, desejavam não esquecer e repetir inúmeras vezes.

Por fim, apesar de todos os bons momentos que estava passando com seu namorado, Jeon não se sentia completamente feliz e em paz com tudo o que estava acontecendo. No fundo, sentia que toda aquela felicidade era apenas momentânea.

 

-

 

Muitas semanas haviam se passado desde aquele dia. Kim e Jeongguk estavam próximos como nunca e saíam todos os dias, ás vezes acompanhados. O inverno era rígido, fazendo-os optar muitas vezes por irem a um café.

Taehyung estava se sentindo feliz com tudo aquilo. Estranhava o fato de sua mãe não ter tido problemas até então, no entanto, mantinha-se seguro de que nada iria estragar aquele momento tão precioso de sua vida. Então, em um dia qualquer, após sair com seu namorado pela quinta vez na semana, decidiu visita-la.

O vento gelado agitava as madeixas castanhas, envoltas de um capuz. O rapaz caminhava com pressa sob um céu nublado. Graças a atua estação, poucas pessoas caminhavam pelas ruas. As mãos do garoto permaneciam encolhidas dentro do casaco escuro. Logo, avistou o familiar muro descascado de sua antiga casa.

Suspirou fundo, observava os detalhes de uma residência a qual havia lhe pertencido, enquanto adentrava. Tudo estava quieto, até um som estridente assustá-lo. Kim correu para dentro de casa, procurando por sua mãe. Seguindo os sons, que cada vez ficavam mais altos e constantes.

-Não ouse gritar! –Ouviu enquanto aproximava-se da porta. –Acha mesmo que seu filho idiota virá aqui? Ele não dá a mínima para você. –Notou que o homem de que se tratava era seu pai. Um nó se formou em sua garganta, enquanto ainda mirava a cena.

-Ele é seu filho também. –A mulher tentou argumentar, vendo outro objeto ser arremessado contra a parede.

-CALE A BOCA! –Cambaleou, mostrando estar completamente bêbado. –Você não passa de uma vagabunda, Taehee. Como ousa sair por aí contando a todos sobre nossas vidas? Acha que terão pena?

Kim permanecia estático. Seus olhos eram preenchidos com lágrimas ao mesmo tempo em que relembrava de sua infância. Era como um dejavú. Sentia-se impotente, fraco, da mesma forma de anos atrás.

-Sabe o que mulheres como você merecem? –Continuou, aproximando-se da esposa. –A morte! –Sorriu sádico, segurando o pulso de Taehee e prensando-a contra a parede. –Eu mesmo lhe farei esse favor!

Sua mão ergueu-se, desferindo um soco forte no rosto da mulher. Logo, outros golpes eram depositados no corpo frágil que nem se quer se movia. Kim não conseguia se mover. Seu rosto estava completamente ensopado, juntamente com o coração pulsando forte, como se fosse escapar pela boca.

 

“Não...”

 

“...Isso não pode acontecer outra vez”

 

“Eu não posso deixá-la.”

 

Num sopro de coragem, o rapaz empurrou a porta com força. Sem dar tempo de qualquer reação, jogou seu pai contra a parede, golpeando-o. Seus olhos encaravam os dele, ali enxergando todos os anos ao seu lado. Anos infelizes estragados por ele. As orbes negras do homem pareciam vazias, como se não transmitissem nenhum sentimento.

Taehyung sentiu ódio por vê-lo tão indiferente.

-POR QUE VOCÊ É TÃO IMUNDO?! –Esbravejou, soltando-o. –ESTRAGOU A VIDA DE MINHA MÃE POR ANOS E NÃO SENTE ABSOLUTAMENTE NADA? –Andava em direção ao mais velho, que apenas o encarava sorrindo de lado.

-Eu não ligo para sua mãe, Kim Taehyung. –Tossiu sangue, devido ao soco desferido pelo filho anteriormente. –Não ligo para nenhum de vocês.

A expressão do castanho mudou. Um misto de dor, mágoa e fúria invadiram seu coração, fazendo-o pegar o primeiro objeto a sua frente e cravar contra a barriga do pai. Notou um líquido vermelho manchando a camiseta do homem e escorrer entre seus dedos. Taehyung soltou-o, vendo seu corpo deslizar pela parede e juntar-se ao chão, onde a garrafa quebrada se encontrava.

Sem forças, Kim caiu de joelhos, gritando. Só conseguia chorar desesperadamente, murmurando palavras de arrependimento. Não tinha como descrever o que sentia naquele instante. Sentia-se louco, como se houvesse diagnosticado a própria psicopatia. Era inaceitável até para si que havia feito aquilo.

-Filho. –A voz melodiosa da mãe chamou-o.

-Não. –Sussurrou, sem retirar o olhar das mãos ensanguentadas. –Eu não mereço ser chamado assim.

-Kim Taehyung, por favor.

-Monstro. É exatamente o que sou. –Direcionou seus olhos a mulher, que tentava se aproximar, revezando olhares entre o corpo e o rapaz.

Sem mais palavras, o garoto se levantou. Correu pela casa, à procura de um local onde pudesse limpar as mãos. Pegou um recipiente com água, despejando-a em seguida nas mãos sujas. Ao longe, ouviu as palavras de sua mãe ao telefone, pedindo ajuda ao pronto-socorro.

-O que foi que fiz? –Sussurrou para si mesmo, entrando em seu antigo quarto e sentando no chão.

Lágrimas corriam por sua face assustada. Secou as mãos na blusa, que ficou ainda mais suja. Seus pensamentos o condenavam. Taehyung nunca havia experimentado tamanha dor.

 

“Me perdoe.”

 

“Por favor.”

 

Não conseguia se desculpar. Sua consciência martelava-o com a culpa e um peso gigante se instalou em seus ombros. Precisava sair dali, fugir.

Então, após desculpar-se mentalmente com sua mãe, o garoto discou um número e rezou para que o dono dele atendesse.

 

-Hyung... Preciso de sua ajuda. 

 


Notas Finais




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