Point of View: Olioti.
Exatamente 08:07 de manhã. Por que eu acordei a esta hora, senhor?
Mal me levantei e ja ouvi os berros de Alex, meu irmão caçula do outro lado da porta me atormentando como sempre. Tem sido cada dia mais insuportável viver na presença dele, um garoto de 17 anos completamente infantil, sem educação e – principalmente – responsabilidade alguma.
Vesti minha roupa calmamente ao som repetitivo da minha porta sendo violentada por um ser do outro lado. Já vi que mais uma vez vou precisar tomar café da manhã fora de casa pra nao precisar ouvir a voz dessde garoto me importunando desde que cheguei aqui.
Abri a porta e me deparei com o moreno esbranquiçado a minha frente e tive a intençao de rumar à cozinha ir de encontro com meus pais, até o mesmo me impedir.
— O que foi dessa vez, Alex? – perguntei ríspido e desviei do mesmo descendo as escadas.
— Maninho...Já vai sair logo cedo? Estava apenas te esperando para contar a boa notícia que eu...
— Eu nao estou interessado. – o cortei sem remorso algum recebendo olhares de repreensão dos mais velhos sentados a minha frente.
Alex mais uma vez, encenou a sua melhor atuaçao dramática para eu receber uma certa chamada de seus queridos pais.
— Lucas, não foi essa educação que te demos, meu filho! Seu irmão apenas queria lhe contar sobre a fase nova de sua vida, não é filho? – Vera disse entusiasmada enquanto gesticulava tentando ser mais clara o possível.
— Alex conseguiu seu primeiro emprego, deveria fazer o mesmo ao inves de ignorar seu irmão como vem feito desde qu...
—Paschoal, não retornaremos a essa conversa novamente...– reprendeu o homem de cabelos morenos que usava óculos, o suficiente para Alex sorrir disfarçadamente com o ocorrido.
"Calma, Lucas. Você já aguentou tanta coisa, isso nao é nada perto do que voce passou...Ta tudo bem e mantenha o controle"
Suspirei e disse calmo me direcionando a Alex tentando manter minha postura de – falso– orgulho de meu irmãozinho.
— Parabéns, eu fico feliz por você. Espero que se dê bem em seu novo trabalho. – sorri e o consolei com tapinhas nas costas. – Bom, eu já vou indo...Desculpe não ficar para o café em família mas eu tinha...E-eu tinha combinado...Ontem...Isso, ontem com um colega meu de muito tempo. – você é um péssimo mentiroso – Benção mãe, pai. Tenham um bom dia.
Ufa...Eu realmente precisava sair de lá. A verdade é que alguns meses atrás, descobri ser o adotado da Família Olioti, e quem me presenteou com essa esplêndida notícia, foi ninguém menos que meu querido irmão.
Fui adotado ainda recém nascido. Com a explicaçao de meus pais, minha mãe teve dificuldade ao engravidar após um aborto que havia feito (resolvi nao aprofundar neste assunto, pois ainda percebi ser doloroso para ela). Desde que me conheço por gente, nunca houve nenhum tipo de rejeição da parte de ambos, pelo contrário, fui amado intensamente e criado com todo a dedicaçao e amor do mundo. Aos meus 5 anos de idade, me lembro de nossa pequena comemoração, Vera havia engravidado e eu ganharia um irmão que tive a oportunidade de dar palpite de "Alex", e o nome foi adorado pelos dois assim o batizando com o mesmo que indiquei.
Voltando aos tempos atuais, começaram as indiferenças da parte de meu pai. Nunca dei motivo para nenhum dos dois sempre os ajudei como pude, inclusive em questões de moradia, não trabalho mas o pouco da herança – de meus pais biológicos – ajudo a manter a casa como posso.
Eu venho me controlado ultimamente, nao quero decepciona-los e muito menos jogar na cara sobre meu passado, nem nada do tipo, afinal, foram eles que sempre cuidaram de mim e eu sou eternamente grato por isso.
***
Cheguei na cafeteria na qual costumo frequentar em dias turbulentos ou só para sair e refletir um pouco.
Já faz algum tempo que nao vejo meus amigos ou me relaciono com alguém. A questão de meus amigos é de minha parte, nao curto muito ir a baladas e beber como eles, sou bem na minha, digamos assim. Já aos meus relacionamentos...Ainda fico um pouco com o pé atrás com meus pais por conta da minha sexualidade. Nunca me faltaram com respeito mas para meu pai é um pouco difícil de lidar comigo levando garotos – como amigo e raros com qual eu tenha algum tipo de crush ou quedinha. Alex é diferente, sempre recebendo sermões de educação sexual e o mesmo sempre cagando para isso, levando a cada semana garotas para transar e importunar minhas noites de sono com gemidos completamente altos e horríveis, até mesmo de algumas prostitutas que ele levava enscondido de meus pais.
Faço meu pedido e vejo que meu café de extremamente quente, passa para a temperatura ambiente. Levo meu copo a altura da minha boca e beberico olhando por cima do mesmo um lindo ser atravessando aquela porta em minha frente.
Repouso minha mão e o copo sobre a mesa e o observo se sentar algumas fileiras de mesa ao lado da minha e encaro aqueles olhos verdes intenso, comparado a uma esmeralda brilhante polida.
Rio com meu pensamente de ir até lá e dizer o quão bonito aquele rapaz é, então resolvo me desafiar – um estúpido passatempo que gosto de realizar. Peguei uma caneta e um pedaço de guardanapo da mesa e começo a escrever um pequeno texto a ele.
Observei a aproximação do garçom ao ver que eu havia terminado minha refeição pronto para tirar os objetos recém usados de minha mesa e o chamei.
— Oi, por favor – chamei a atençao do homem que segurava a bandeja em uma das mãos – Quero que leve este bilhete até ele, aquele moço de olhos claros...E leve um capuccino de chocolate acompanhado por marshmallows à ele, ponha na minha conta. – Pedi observando tal indivíduo que me chamara atençao.
E assim o faz, ele entregou meu bilhete junto a pequena xícara. Observei atentamente a cena e vi o mesmo agradecer ainda meio confuso e sorri com teu ato. O belo moço abriu o bilhete lendo ali o que eu havia escrito naquele pedaço de guardanapo amassado – que por sorte tenho uma estranha mania de guardar canetas. Ele entregou a xícara ao garçom e agradeceu novamente procurando inutilmente por uma pessoa 'suspeita' a ter enviado o bilhetinho.
A voz do outro preencheu meus ouvido me tirando daquele bom transe.
— Senhor, o mesmo recusou seu pedido à ele mas permaneceu com seu recado.
Senti-me ruborizar pela negaçao. Até parece que ele aceitaria de estranhos um café...Inteligente...Se fosse eu, com certeza aceitaria. Assim que ele me viu meio constrangido logo tratou de falar algo novamente.
— Se te deixa menos preocupado, não foi contigo e sem com seu pedido – riu simpático e eu franzi o cenho tentando achar alguma boa explicaçao sobre isso a mim mesmo – Ele é alergico a lactose, fez questão de me pedir para explicar-se a ti...Pediu tambem mil e uma desculpas por isso mas que alegrou-se muito com sua atitude. Acho que está interessado em saber seu pretendente secreto.
— Tudo bem, muito obrigado.– o garçom se retira da mesa com um simples sorriso voltando ao balçao onde atendia uma cliente frustrada.
"Calma Lucas, você vem frequentemente por aqui, pode esbarrar-se com ele a qualquer momento"
"E se eu o convidasse para um café da manhã...Oras, nao seria tao ruim assim a ponto dele recusar, ou seria?"
Porra.
Sinto um enorme nervosismo tomando conta de mim.
Decido me levantar e ir até ele como se não quisesse nada. Pergunto a ele se viria aqui amanhã e logo saí tentando fingir ser a pergunta retórica e casual como qualquer morador daquela região. Ele era tão simpático e divertido que me encantei em apenas alguns minutos de conversa.
Tratei de ir pra casa fazer todas as mesmas coisas que faço todos os dias até a hora de dormir, e o dia inteiro pensei nele. Meu sono foi aparecer mais tarde do que pretendia, nao conseguia esquecer um minuto daqueles olhos e a barba ruiva. Ele era simplesmente lindo!
No mesmo horário do dia seguinte...
Cheguei e me sentei no mesmo local de ontem, o avistei e ele se encontrava com fones de ouvido mexendo em seu cabelo loiro como se tivesse algum tipo de toc.
Acho que ele percebeu meu olhar sobre sí mas disfarçou olhando discretamente pra mim com pequeno sorriso e logo se voltando ao seu celular retirando seus fones de ouvido, como se estivesse me esperando. Era exatamente esse gesto convidativo que eu precisava.
Fui até ele dando passos lentos e o coração foi acelerando cada vez mais que eue aproximava de sua mesa vazia, vi seu sorriso tímido e logo disse receoso.
—Oi...Sente-se – fiz como pedido e sorriu se ajeitando em sua cadeira – Foi tu que conversou comigo ontem, sim?
— É, sou eu mesmo...Ahm, bom dia – rimos pela situaçao em que nos encontrávamos.
— E por acaso também foi tu que mandou aquele...bilhete p-para mim ontem?
— Se eu disser que sim, voce vai sair correndo? – sua expressão suavizou e me aliviei ao ver diverimento no seu rosto ao negar – Então foi eu sim.
— Confesso que me senti envergonhado pelo ocorrido, me descu... – o interrompi educadamente dizendo que entendia sua situaçao e que estava tudo bem. – Okay, voce tambem me envergonhou com os elogios, mas enfim...Qual o seu nome, moço misterioso?
— Me chamo Lucas, Lucas Olioti, moço dos olhos bonitos. – respondi no mesmo tom.
— Uau! Também me chamo Lucas. Lucas Feuerschutte. Difícil, se quiser pode me chamar de Luba, um apelido de infância...Temos mais coisas em comum Lucas Olioti?
— Eu não sei Luba, seria um prazer conhecer mais sobre você...
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