História Onna no Chikara: Kunoichis em ação - Tayuya

Hinata pulou cuidadosamente de galho em galho, sempre mantendo os olhos de lua bem abertos e focalizados em Shikamaru e Naruto, que estavam a cerca de cinco minutos de distância. Dado pelo movimento dos corpos, eles pareciam discutir com dois ninjas do som, sendo o mais forte deles o que carregava Sasuke numa espécie de caixa selada.

A apreensão da jovem Hyuuga era latente, uma vez que pequenas e incessantes descargas de adrenalina estavam fazendo seu coração bater mais rápido. A garganta seca revelava a incapacidade dela de emitir qualquer som, apenas torcia silenciosamente para tudo ficar bem.

O ar frio e molhado daquela floresta escura soprava as medeixas dela para trás, propulsionando o moinho de devaneios que era a mente da mesma.

Logo atrás da Hyuuga, TenTen seguia implacável. A cada salto, a cada suspiro, mais energia era acumulada, Incitada pela vontade de fogo das suas três amigas. Como líder do grupo de garotas, se sentiu encarregada de representar cada uma delas diante de Shikamaru.

Subitamente, Hinata parou, fazendo a kunoichi do time Gai voltar suas atenções para ela, esperançosa quanto às palavras. Sempre que havia uma interrupção súbita no percurso, era um sinal que algo tinha sido visto por meio do byakugan.

— O Naruto-kun se dividiu do Shikamaru. Ele seguiu para a direção oposta , perseguindo o inimigo que está com o Sasuke em mãos. — explicou a garota de olhos perolados, fitando TenTen em busca de uma solução.

— Você já sabe o que devemos fazer, certo? — Tocou no ombro dela, sorrindo logo seguida. — Confio plenamente nas suas habilidades. Lembre-se de que você é:  a princesa dos Hyuuga, e mostre ao mundo o seu progresso. Você não é um fardo, muito menos um caso perdido! É Hinata Hyuuga, kunoichi de konohagakure! 

— O-obrigada! Eu não vou desapontá-la! — respondeu meio corada com os elogios, mas incentivada pelo discurso da companheira. — O Shikamaru está dois minutos à frente.

— OK! Acredito no seu potencial. Dessa forma, até logo! — Concentrou chakra na planta dos pés e seguiu inabalável, com o coração tranquilo. 

[...]

— Tenten? — perguntou Shikamaru confuso, olhando a garota dos pés à cabeça. Não esperava a presença de mais ninguém fora os quatro que havia recrutado. — Por que você veio?

— Por que eu não viria, Shikamaru? — respondeu irritada, colocando a mão na cintura. — Não só eu vim, como também todas as outras meninas da nossa geração vieram. Me diga, por que você excluiu todas nós? Nem mesmo a Ino, integrante da lendária formação Ino-Shika-Chou , foi chamada.

O Nara engoliu seco assim que visualizou o tamanho do problema que teria de enfrentar. Primeiramente, seria responsabilizado pela morte de qualquer Genin ali presente. O peso do cargo caiu bem sobre seus ombros , como se estivesse carregando o mundo.

Como diz o velho ditado que o garoto tanto gosta, "Nada está tão ruim que não possa piorar".

— Não me diga que a Hinata veio também? — inquiriu fechando os olhos, e massageando as têmporas em seguida para aliviar a tensão. A situação estava cada vez mais problemática.

— Claro que sim. Por que ela deveria ficar de fora? O Sasuke no fim das contas é da mesma vila que todas nós, sabia? — Inquiriu satisfeita, sentindo a torrente de palavras ácidas massagear a própria língua. Ele merecia ouvir umas boas verdades.

— Você não entende… Essa é uma missão de alto risco. Qualquer deslize e custará nossas vidas… — disse num tom baixo, analisando todas as possibilidades. — Se a Hinata morrer aqui, teremos um problema diplomático com o clã Hyuuga. Se o mesmo acontecer com a Ino, meu tio Inoichi me odiará. É problemático, mas minhas opções estavam limitadas.

— Me desculpe, Shikamaru. Porém, eu me recuso a acreditar nesse papo furado. Todos sabemos que o Hiashi não se importa nem um pouco com o bem estar da filha. Ele próprio chegou a afirmar isso à Kurenai. — Revidou TenTen, expelindo as palavras que saíram afiadas da boca.

— Não leve para o lado pessoal , mas não me resta escolha a não ser explicar minhas motivações de forma clara. Taticamente, nenhuma das kunoichis da folha teria algo significante a oferecer para a missão. A maioria é fisicamente mais fraca do que os demais e as habilidades inferiores aos 4 escolhidos por mim. Hinata é essencialmente a mais inadequada: uma versão menos obstinada do Neji. Ele é muito mais talentoso usando o byakugan do que a prima. Além disso, tem habilidades de combate muito mais efetivas. Se eu a trouxesse, iria ter de trabalhar junto com Neji e ele perderia o foco da batalha para protegê-la. — Coçou a cabeça tentando organizar as idéias. — A Sakura não é forte fisicamente e não tem nenhuma habilidade especial. Ainda por cima, ela estava emocionalmente afetada no momento. Pode-se dizer dentre todas as opções, ela era a pior. — disse calmamente, seguindo uma linha de raciocínio distante de critérios emocionais. — A Ino, por um momento, eu até pensei em convocar. Realmente nosso combo Ino-Shika-Chou é poderoso, mas considerei que tal hora precisaríamos nos separar… E ela é extremamente fraca num combate 1 vs. 1. Isso fica claro no fato dela não ter sido capaz de derrotar nem mesmo a Sakura na prova Chuunin. — Focalizou o próprio colete Chuunin em busca de inspiração. — E por último, temos você. Hummmmmm, como posso dizer isso… Você tem habilidades de combate razoáveis, mas não te escolhi por já ter shinobis excelentes no meu time. Eu também não vi você fazendo muita coisa nesses anos, fora perder para a Temari.

O elogio mascarado de crítica fez TenTen querer saltar no pescoço do garoto. Como ele era capaz dizer dizer tais coisas? O discurso racionalmente fundamentado a fez duvidar das próprias motivações por um segundo. Ele tinha uma linha de pensamento totalmente linear, capaz de conduzir qualquer um a aceitar tais falácias. Sem contar o timbre calmo e impassível com que tudo foi explicado.

— Não vou negar a veracidade dos fatos que você mencionou, Shikamaru. — Sorriu irritada, segurando com força um dos seus pergaminhos. — Entretanto, sua estratégia é falha. Para todo ninja ofensivo, deve haver um defensivo. Dessa forma, um pode cobrir as fraquezas do outro. Um time de futebol composto apenas de atacantes sem sombra de dúvidas é ineficiente. As meninas irão te surpreender, assim como estrelas cadentes no céu estrelado.

"Nossa, que problemático…" Murmurou.

— Como queiram. Reforço é bom de qualquer forma, desde que não corram riscos desnecessários. — respondeu ele, se virando em seguida para a oponente da vila do som.

— Belo showzinho, idiotas. Confesso que estou emocionada… E, a garota tem razão. — Sorriu Tayuya. — Poderia ter acabado com a vida de vocês enquanto conversavam, mas tinha algo para mencionar antes de tocar a última melodia que irão ouvir.

TenTen e Shikamaru cerraram as sobrancelhas e pressionaram os dentes, visivelmente incomodados com as provocações.

— Você é o líder do grupo, não é? — prosseguiu a ruiva apontando para o Nara. -—Você acha mesmo que enviando aquele anãozinho de cabelo loiro vai resolver alguma coisa? O Kimimaro é o mais forte de nós todos. Além disso, pense no que aconteceu com a sua equipe até agora…Você teve que sacrificar um membro cada vez que enfrentou um obstáculo, para poder seguir em frente. — Sorriu sarcasticamente. —  O que tem de tão especial nesse tal de Sasuke afinal? Quantos você vai perder só para salvar este Shinobi insignificante? Você é muito burro para um líder… — Deu um riso abafado, mas amargamente debochado.

Shikamaru fechou os olhos e sorriu de volta, revelando seu estado de calma natural.

— É, você tem razão. Essa missão é minha primeira como líder de equipe. É péssimo ver meus companheiros sofrendo assim… Para ser sincero, agora que fui confrontado pela minha colega de vila, não sei se as decisões que tomei foram certas.

Tayuya permaneceu fitando o garoto com estranheza e uma pontada delgada de interesse no olhar.

— Como líder de equipe, sou responsável pela segurança dos meus homens. Eu arrisquei as vidas dos meus quatro companheiros de equipe por um cara que foi feito prisioneiro. Definitivamente é uma missão muito perigosa e o mais sensato seria ter recusado desde o começo…

— É mesmo, então por que você não fez isso? — inquiriu num tom firme, encapotando a curiosidade que sentia bem no fundo do coração. Por que uma pessoa se arriscaria tanto assim por alguém que considera insignificante?

— É engraçado, mas neste mundo nem sempre se deve ir pela sensatez. Pessoas do tipo que ignoram um companheiro raptado , deixando de lutar em prol da própria segurança… Não tinha ninguém desse tipo na minha equipe. Preferimos sacrificar nossas vidas do quê agora assim.

A garota do som mordeu os lábios estarrecida. Seu olhar tremeu em sintonia com o seu subconsciente colérico. A expressão facial no rosto jovem da ruiva era de inveja mascarada por ódio, uma vez que nunca teve a oportunidade de ter um sentimento de pertencimento assim. Os ninjas de Konoha sempre transpareceram um espírito tão autêntico de comunidade e companheirismo, semelhante a um só corpo. Totalmente diferente de tudo que a garota havia vivenciado nos últimos anos em Otogakure. O quarteto, ou quieto, do som nunca havia tido vínculos afetivos tão profundos assim. Pelo contrário, nem se consideravam colegas, apenas se usavam em prol de cumprir as missões terríveis dadas por Orochimaru. Não houve um deles que derramou uma única lágrima quando Jirobo morreu. Eram quase como demônios sem sentimentos, servos de uma energia maligna suprema.

A garota momentaneamente sentiu falta da sua humanidade perdida.  Ela ainda se lembrava do mundo visto pelos olhos de uma criança.Foi apenas mais uma jovem que teve a inocência roubada por Orochimaru, sem tempo para brincar. Lentamente estes sentimentos tão belos foram nublados pelo o que era conhecia agora -Dor e sofrimento.

Onde tinha ido o seu coração? Queria desesperadamente ao tempo que acreditava em tudo e não sabia da malevolência do mundo real.

Ver TenTen defendendo veementemente as amigas a corroeu por dentro com uma mistura ácida de desgosto e remorso. 

— Sinceramente, sou praticamente um preguiçoso que gosta de ficar vendo as nuvens e que não está pronto para ser líder ou dar ordens. — levantou a cabeça para encarar a imensidão azul celeste, que era visível naquele ponto da floresta. — Mas, tem uma coisa que eu prezo muito nos meus companheiros de equipe: Eu posso acreditar e confiar neles. E você, pode dizer o mesmo dos seus capangas? — Sorriu misteriosamente.

— O que isso tem haver? — retrucou irritada.

TenTen observou tudo calada, absorvendo com atenção cada uma das palavras da ruiva. Não tinha byakugan, mas seus olhos comuns puderam ver tristeza no fundo da alma dela.

— Eu não acho que sacrifiquei meus companheiros, pois acredito que eles não estão mortos. — disse Shikamaru, elevando o tom de voz com confiança pela primeira vez. — A propósito, não permitirei que fale deles assim.

Tayuya engoliu seco, e olhou para o Nara com desinteresse.

Seguidamente, o garoto fez um selo manual.

A ruiva do som também fez o mesmo. Primeiramente, ativou o primeiro nível do selo amaldiçoado. A partir do ponto no pescoço da garota, linhas retas em padrão irregular de ziguezague se espalharam pelo corpo. Seguidamente, ela mordeu o polegar e levou até o tronco grosso da árvore à qual estava de pés.

Três criaturas monstruosas surgiram no campo de batalha. Os olhos e ouvidos das invocações terríveis estavam cobertos, e suas bocas cobertas. A primeira besta usava uma roupa escura de corpo inteiro, enquanto o cabelo cor de cobre cobria a face inteira, escorrendo para a frente como algas marinhas pútridas. Este empunhava um porrete, semelhante a uma taco de baseball gigante, com espinhos cravados na ponta do mesmo. Ele tinha uma postura tumular, costas envergadas para a frente tal qual uma palmeira prestes a cair.

TenTen observou o primeiro monstro levemente incomodada com o chakra sombriamente pesado que o mesmo emanava. A aparência bárbara, somada aos cabelos que cobriam a face eram uma fusão medonha. O interior da kunoichi do time Gai insistiu em emitir alertas de perigo por meio de pontadas no estômago, que ela preferiu ignorar valentemente. 

A segunda invocação não tinha cabelo, e seu crânio era preenchido por veias saltadas, que pulsavam uma espécie de líquido roxo. Logo abaixo do queixo, uma barbicha triangular se mostrava irregular, entrando em harmonia com os lábios costurados por linhas de aço. Ele não usava camisa, e tinha um corpo robusto, preenchido por músculos sólidos. A venda nos olhos que passava pelas orelhas mantinha o padrão das criaturas monstruosas. Sua arma eram garras protéicas, posicionadas sobre os dois braços e amarradas por bandagens desgastadas.

O último era o mais tenebroso. Tinha toda a parte superior do corpo coberta por ataduras, sem o formato de braços perto ao ombro. Era totalmente reto, semelhante um cachorro sem as patas frontais. A cabeça estava numa posição desconfortável, como se fosse imobilizada propositalmente para deixar o rosto virado para o céu. Agulhas estavam cravadas ao pescoço, semelhante a um colar medonho de dor.

No total, haviam três demônios. O bárbaro, o lutador e a múmia.

Tayuya então prontamente começou a tocar a flauta. Seus lábios finos alcançaram o instrumento, tocando uma melodia aguda.

O bárbaro saltou velozmente na direção de Shikamaru e TenTen, empunhando seu porrete com precisão. Revelando reflexos apurados, os dois de Konoha saltaram para lados opostos. A arma se chocou com o galho grosso da árvore, destruindo-o em pedaços. Julgando pelo estrago feito à árvore milenar, tinha uma força bruta desumana.

Na direita, Shikamaru sentiu o coração sair pela boca quando notou o demônio múmia saltar na sua direção. Este era indubitavelmente mais rápido que o anterior, mas corria de uma forma estranhamente desengonçada dada a ausência de membros superiores. Ele saltou em cima do Nara, preparado para dar um chute potente.

"Este tem pernas mais fortes que os outros dois" Analisou precisamente. Em seguida, concentrou chakra na planta dos pés se impulsionou para trás, aterrizando dentro de uma moita. Precisaria ganhar tempo para pensar.

TenTen por outro lado foi alvo do lutador. Ele não era tão rápido quanto o de corpo vendado, muito menos um bom manipulador de armas quando o do porrete.

Subitamente, a garota lembrou-se do treinamento de Gai. As palavras do seu sensei soaram vivas na sua mente "A melhor maneira de derrotar um usuário de técnicas corpo a corpo é atacando de longe. Por isso, sua presença no nosso time é essencial". Tudo nunca fez tanto sentido feito antes: ela só precisaria manter a distância e atacar com suas armas. Dessa forma , teria vantagem. O maior problema seria o enfaixado sem braços, que era tão veloz que provavelmente não daria a ela o intervalo de tempo necessário para usar os pergaminhos.

Prontamente, a kunoichi deu uma cambalhota para trás, retirando um dos seus pergaminhos da caixa de ferramentas ninja. Com a mão direita, segurou o papel, esticando-o na horizontal com a esquerda.

Uma rajada de kunais bomba foi lançada a partir do pergaminho.

Em resposta, Tayuya tocou uma melodia avassaladora, que moveu as invocações para trás.

A explosão destruiu ainda mais a vegetação ao redor. Um estrondo fechado e alto ecoou ali.

Isso era tudo que garota de coques queria: manter distância.

Shikamaru saiu da moita e  se posicionou ao lado de TenTen.

— Até que você é boa. Ataca espalhando esses três em perfeita sincronia. Praticou bastante, não foi? — Inquiriu o Nara fitando Tayuya satisfeito. — Me parece ser uma melodia muito complicada

— Uau. Você logo descobriu que eles são controlados pela flauta. — respondeu ironicamente. — Entender a complexidade dessa melodia não é nada não para um miserável como você… entretanto, não tem como você ter compreendido os detalhes da mesma.

— É verdade, eu não entendo dessas coisas chamadas de artes. — Assentiu Shikamaru.

"Mas, se é aquele flauta que controla eles… deve haver um padrão de arranjos e sequências, onde ela controla as ações individuais deles. Eu tenho muita confiança no meu potencial de análise… Mas desta vez a situação é bem perigosa. Terei de contar com a TenTen também" analisou mantendo um semblante sério.

“Muito bem, relaxa...” Disse Tenten a si mesma, tentando manter a calma. Em seguida, inspirou e expirou lentamente, deixando o ar puro refrescar seus pulmões.

A ruiva do som deu um riso abafado, satisfeita com a expressão atenta dos dois de Konoha.

— Não há ninguém que tenho ouvido essa melodia e sobrevivido. — Passou o lábio sobre a flauta. — 9° verso da última canção: Revolta do inferno! — Mexeu habilmente os dedos sobre o instrumento, emitindo uma melodia docemente sombria.

O som fino e agudo pareceu com o grito de almas desesperadas presas a grilhões. Reagindo ao estímulo sonoro, as três criaturas infernais avançaram vorazmente na direção de TenTen e Shikamaru.

Os dois saltaram para trás, focalizando as invocações que pareceram expelir um tipo de enguia transparente a partir da boca. Estas tinham pequenas bocas repletas de dentes por todo o corpo. 

As três enguias rastejaram pelo céu, como minhocas velozes na terra. Uma delas foi rápida o bastante para morder dele leve o braço de Shikamaru.

O Nara sentiu parte da sua energia ser sugada, e então suas teorias se concretizaram: as cobras poderiam absorver o chakra do inimigo.

TenTen jogou uma kunai nelas, mas o objeto metálico atravessou as criaturas finas como se elas nem existissem. Seriam aquelas coisas fantasmas vindos do submundo?

Prontamente, Shikamaru plantou selos bombas na árvore que estava e se afastou lançando uma bomba de fumaça. Uma névoa roxa surgiu ali então,e ele se escondeu novamente ao lado de TenTen.

As enguias fantasmas ficaram atordoadas, se movendo de um lado para o outro atrás dos alvos.

"Usando de uma vez o pouco que tenho de explosivos e bombas de fumaça finalmente consegui me esconder…" disse ele, dentre suspiros pesados de cansaço.

— Tenten, aquelas coisas transparentes comeram parte do meu chakra. Fora isso, suas kunais passaram por elas como se fossem seres sem matéria. Aquilo é uma substância quase sem massa, apenas um chakra com apetite. Sua maior composição certamente é de energia espiritual, e por isso precisam se alimentar de energia corporal para se manterem estáveis… — Olhou para o próprio braço preocupado. — Se continuarmos a lidar com as enguias famintas por muito tempo, vamos ficar sem chakra nenhum.

— Isso é verdade. Se minhas armas são inúteis contra, como deveremos proceder? — perguntou interessada.

— Aquela kunoichi é do mesmo tipo de shinobi que eu, que cria chakra especializados. Sem dúvidas é um ninjutsu…— A mente do Nara estava trabalhando à mil, com um turbilhão de emoções e pensamentos diferentes se cursando simultaneamente. — Devemos deixar aquelas coisas brancas de lado e atacar quem as controlam. Obviamente, o modo mais simples seria nos aproximados da que manipula a flauta. Entretanto, sob essas condições, aproximar-se dela é impossível. Outra opção seria prender as três inovações com o meu kagename no Justu e você atacá-los com uma de suas técnicas. Você realmente pode garantir do dano bruto?

— Com certeza. — assentiu ela. — Mal posso esperar para mostrar o que eu posso fazer.

— Isso é bom, mas se eu perder apenas um serei atacado diretamente e então tudo estará acabado. — Cerrou as sobrancelhas apreensivo. — Nossa oponente não possui nenhuma brecha. Nem no ataque nem na defesa…

"Ela deve ser boa no Shogi" pensou dando um sorriso preocupado.

Mais distante, Tayuya permanecia tocando sua melodia tenebrosa.

"Esse miserável não tem para onde fugir. Mais cedo ou mais tarde será despedaçado.”

Primeiramente, Shikamaru lançou uma kunai carregada com papel bomba num ponto estratégico atrás de Tayuya. Desta forma, a ruiva teria uma distração.

Secretamente, TenTen lançou outra faca ninja na direção central, deixando-a cravada próxima à copa da árvore. O objeto metálico tinha um pingente circular atrelado.

Como foi calculado, o papel bomba explodiu, forçando a kunoichi do som e seus monstros a desviarem para a frente ao som da sinfonia da morte.

Fazendo bom uso da oportunidade perfeita, a garota do time gai fez um selo manual que permitiu o pingente circular explodir. A pequena esfera emitiu uma rajada de luz incandescente, que bloqueou o campo de visão de Tayuya momentaneamente.

Shikamaru e TenTen então saltaram na frente das bestas demoníacas que estavam atordoadas pela luz forte.

O som da movimentação forçou as invocações a avançarem na direção deles. Porém, a iluminação fumegante permitiu com que Shikamaru manipulasse suas sombras com mais facilidade.

— Merda! Ele vai usar a luz para estender a sombra. — gritou Tayuya sobressaltada.

— Jutsu de possessão da sombra! — vociferou o Nara. A sua sombra então rastejou perfeitamente e prendeu as três criaturas do submundo.

— Esse é o momento de eu mostrar do que sou feita! — Exclamou TenTen. Primeiro, ela colocou os dois pergaminhos em posição vertical no chão. Seguidamente, os liberou, fazendo-os voar e girar ao redor de si mesma, simulando dois dragões de fumaça. A garota saltou no ar, trazendo consigo o conjunto de papéis que a circundaram como fitas de ginástica artística. 

A partir de cada centímetro dos pergaminhos abertos foram invocadas e lançadas armas como uma barragem poderosa. Ela controlou os instrumentos por meio de linhas quase invisíveis de metal.

Impossibilitados de se mexer, os três manipulados por Tayuya foram atingidos em cheio pelo vórtex de armas afiadas. Imediatamente, desapareceram numa nuvem de fumaça.

— Idiotas, Q-que dano é esse? — Inquiriu a ruiva engolindo seco , vendo as centenas de armas cravadas no tronco das diversas árvores do local.  Se fosse atingida pela mesma técnica, seria fatal. — Que combinação abominável!

— Eu tenho centenas de ferramentas ninjas para usar. Por qual você gostaria de ser executada? — respondeu TenTen esbanjando um sorriso confiante no rosto. Iria mostrar a todos que também era uma aluna brilhante Maito Gai.

— Agora é a minha vez! — vociferou a ruiva irritada. Logo depois, tentou se mover, mas se viu aprisionada. Todos os seus músculos estavam paralisados e ela viu as armas cravadas nos troncos toldados se moverem vorazmente na sua direção.

— Esse é o fim! — disse TenTen manipulando as ferramentas metálicas por meio do fio semi transparentes os quais estavam atrelados.

“Gai-sensei, posso não ter tão forte fisicamente como o Lee ou ter um doujutsu incrível como o Neji. Entretanto, eu nunca aceitei ficar para trás comendo poeira! Descobri algo que também sou boa: armas ninjas”

Tayuya não tinha outra opção a não ser ativar o segundo nível do selo amaldiçoado. A medida que sua pele era tomada por uma tonalidade pálida de café, seu cabelo crescia, perdendo a coloração ruiva característica.

Com o poder exponencialmente aumentado, ela quebrou o jutsu de Shikamaru, e se moveu para trás desviando das armas de TenTen.

— Ter que o usar o segundo nível do selo numa situação como essa é vergonhoso. Mas, eu reconheço que vocês são umas escórias impressionantemente malditas. — Seu rosto foi tomado por fúria mais uma vez. Os dois adversários de Konoha pareciam se completar nas habilidades e confiar piamente um no outro, algo que ela jamais teve no quarteto do som. Sempre teve que cobrir as próprias fraquezas e lutar por conta própria, dependendo único e exclusivamente de si mesma.

— O que é isso? — questionou Shikamaru alarmado, vendo chifres nascerem na cabeça da ruiva.

— É verdade que você tem um raciocínio rápido, mas a partir de agora não sairá como você planejou!!!! — Vociferou sobressaltada, num tom macabro e assustador. Odiava ver o trabalho em equipe dos dois.

— Não cante vitória antes do tempo. — disse TenTen mordendo o lábio. Em seguida, invocou uma kusarigama*.

*Igual à última imagem da capa do capítulo

A arma japonesa tradicional consiste em uma foice ligada a uma corrente de peso. Com a mão esquerda, a kunoichi do time gai segurou a parte afiada. Com a outra girou na corrente em círculos tão velozes que fizeram um som baixo de ar sendo cortado. “Vuuuu, Vuuu”

Tayuya tocou mais uma vez sua trilha sonora de filme de terror. As notas agudas e aleatórias se moveram como ondas sonoras em direção aos ninjas de konoha.

TenTen colocou a corrente giratória na frente do próprio corpo, e transferiu chakra para a mesma, aumentando assim a frequência das rotações. Com isso, impediu a passagem da técnica inimiga. Entretanto, Shikamaru não teve a mesma sorte. Com os olhos arregalados, ele caiu de joelhos no tronco da árvore e abriu os braços, semelhante a uma pessoa sendo crucificada.

O som agudo invadiu os tímpanos do garoto, dando uma sensação de que iam explodir a qualquer segundo em uma enxaqueca truculenta. A dor ecoou pela cabeça e o fez emitir um grunhido. Seus olhos almejaram saltar da face em ressonância com os tons infernais.

 

Conforme as notas perturbadores eram tocadas, a paisagem foi se desfigurado. Primeiro tudo pareceu ser envolvido por uma caixa de água, que tinha em si diversas ondas circulares nas extremidades, como o efeito de gotas de chuva num lago.

 

Em resposta, Shikamaru lançou uma kunai, que acabou acertando uma das árvores.

 

— Acha mesmo que uma mera kunai vai parar meu jutsu? — Sorriu ela, aumentando a intensidade da canção diabólica.

Logo , o céu ficou vermelho, como se fosse feito de sangue. As árvores desapareceram, sendo substituídas por agulhas gigantes.

 

O Nara, de braços abertos, tentou se mexer, sentindo uma pressão estranha no corpo. Era como se todos os pontos estivessem sendo pressionados pelas ondas sonoras, que se assemelhavam à Tsunamis vorazes prontos para engolir qualquer um presente. Ele arregalou os olhos em desespero, contemplando a lamúria de ter o próprio baço derretido como ferro numa fornalha. Sua pele se esvaiu, restando apenas ossos que também sucumbiram.

— Quando estou no nível dois, os genjutsus sonoros da flauta ficam muito mais perigosos. Fico admirada com o fato de você conseguir repelir minha música com um mero equipamento. Entretanto, parece que seu companheiro não teve a mesma sorte. — Sorriu, provocando TenTen com um tom irreverente. — O que fará agora?! - Correu impetuosamente na direção de Shikamaru. No meio do caminho, pegou a kunai que ele havia errado por conta do genjutsu.

A acastanhada de coques se viu num dilema mortal: se parasse de impulsionar sua kusarigama também cairia no genjutsu, mas se não parasse o companheiro morreria bem diante dos seus olhos. Ela engoliu seco, sentindo um nó na garganta.

Prontamente, virou o olhar para o lado,e percebeu o dedo mindinho do amigo quebrado. Talvez se fosse em outra ocasião, aquela cena lhe daria calafrios, dado que o osso da unha estava curvado em noventa graus. Entretanto, a cena fez Tenten dar um suspiro aliviada, dado que o companheiro claramente tinha quebrado o genjutsu por meio da dor. A partir deste momento entendeu que tudo não passava de uma estratégia, e iria prosseguir a encenação também.

Quando a ruiva estava prestes a acertar a garganta do Nara com a kunai, ela teve todos os músculos do corpo paralisados novamente.

—  Xeque mate . — Sorriu Shikamaru satisfeito.

— O quê?! Tudo foi uma encenação?! — Retrucou a ruiva sobressaltada. — Como você quebrou meu genjutsu supremo?

— Isso só me custou um dedinho. — Respondeu confiante. — Quebrei por meio da dor e agora quebrarei você do mesmo jeito.

Todo seu corpo tremia, vista a força que tinha de fazer para manter uma usuária da marca da maldição de Orochimaru no segundo nível sob o jutsu estrangulamento da sombra.

TenTen empunhou a foice da sua kusarigama e golpeou com força o tórax da inimiga, lançando-a a metros de distância.

— Parece que finalmente acabou.— disse a garota de coques, fechando os olhos e dando um suspiro aliviada.

- É, isso foi bastante problemático. — murmurou o Nara. — Perdemos muito tempo já. A essa hora o Naruto já deve ter pego o Sasuke.

— Vamos voltar e ajudar os outros. Talvez eles ainda não tenham tido a mesma sorte que nós tivemos.

Subitamente, os dois ouviram se propagar no ar a mesma melodia atordoante de antes. Ficaram estáticos, sem saber como reagir. Tinham plena certeza que a batalha estava acabada após o golpe final de TenTen. 

"Como é possível?" Shikamaru arregalou os olhos.

Prontamente, uma silhueta já conhecida surgiu no campo de batalha. A mulher de cabelos loiros balançou seu leque gigante e lançou uma rajada de ar que não só impediu a aproximação do genjutsu, mas também serviu de ataque.

O vento forte de Temari uivou, como um tornado feroz. A potência da técnica cortou todas as árvores ao redor como se fossem folhas de papel. No fim do trajeto, atingiu Tayuya. A flauta da garota se partiu automaticamente com o impacto e a rajada de ar aumentou ainda mais o corte na barriga.

— Quem é você, maldita?! — Vociferou a ruiva irritada. Todo seu corpo tremia em dor.

— Sou aliada de Konoha… Ninja da Areia! — respondeu Temari em seu tom forte e imponente costumeiro.

— Que garantia temos que podemos confiar em você?! — Inquiriu TenTen um tanto quanto receosa, tendo memórias amargas da prova Chuunin borbulhando na cabeça.

— Eu ouvi dizer que nossa aldeia tinha se acertado com os traidores da areia, TenTen.—- Anunciou Shikamaru mordendo o lábio. — Mas não esperava que vocês trocassem de lado tão depressa. — Fitou Temari.

— Nós não atacamos a aldeia da folha porque queríamos. Foi uma ordem, só isso. Como estamos fazendo nessa missão. — Virou o rosto, fazendo uma expressão intimidadora como sempre.

"Entendi. A Godaime Hokage os mandou." Analisou o Nara precisamente.

— A propósito, você parece muito mais retardado do que da última vez que nossos caminhos se cruzaram, Shikamaru. — Provocou a loira num tom ácido. — E , TenTen, você parece ainda mais fraca. Não largou essas armas ainda?

Tanto o garoto do time Asuma quanto a kunoichi do time Gai esbanjaram expressões irritadas no rosto.

TenTen cerrou os punhos na tentativa de controlar um ímpeto de raiva.

— Shikamaru, vai desistir desta vez também? — Sorriu confiante, prosseguindo com as provocações. — Julgando pelo seu estado deplorável ,parece que essa batalha durou mais do que a nossa na prova Chuunin, não foi garota de coques?

— Eu não vou desistir tão fácil. Um homem de verdade não deixa uma mulher lutar por ele. — respondeu o Chuunin num tom sério.

— Haha, ainda com essa conversinha machista de homem e mulher? Somos iguais no campo de batlaha. — Riu Temari sarcasticamente. — Tudo bem, senhor machão. Será protegido não só por uma mulher, mas por duas então. Vamos TenTen! — Abriu o leque novamente.

— Vamos impulsionar minhas armas com seu fuuton e acabar com esse combate de uma vez por todas. — Solicitou TenTen, já posicionando um pergaminho de cada lado. Fez alguns selos manuais e os papéis foram liberados, girando uns sobre os outros no ar envoltos por fumaça. Uns diziam que a técnica era semelhante a luta entre dois dragões chineses, outros que era a estrutura de DNA.

A Garota saltou novamente no meio dos pergaminhos, rodopiando no ar e invocando armas de cara centímetro das folhas. Quando acumulou suficientes, lançou-as na oponente da vila do som numa sucessão rápida.

Temari então moveu seu leque, impulsionando a força e voracidade com que as ferramentas foram ejetadas. O ar uivou carregado consigo os metais afiados, como um temporal caindo de uma nuvem carregada.

Tayuya foi atingida em cheio pelo combo, padecendo alí mesmo. Não havia escapatória, e teve o corpo perfurado por ferramentas metálicas das mais diversas formas e tamanhos.

TenTen aterrissou no chão e encarou Temari satisfeita.

— Mandou bem, chinesa. — Sorriu Temari com um olhar de aprovação.