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História Opala - Narusasu - 17


Escrita por: Cyrox

Capítulo 17 - 17


Tempos depois, tentei me esticar e, ao falar, minha voz soou abafada contra o peito do Naruto.

— Não consigo me mexer.

Ele afrouxou o abraço, a risada reverberando por todo o meu corpo.

— É assim que se fica de chamego.

— Acho melhor ir pra casa. — Bocejei, sem a menor vontade de ir embora. Estava tão relaxado que não conseguia sequer sentir os dedos dos pés. — Itachi vai chegar daqui a pouco.

— Você precisa ir agora?

Fiz que não. Tínhamos talvez uma hora, mas eu desejava preparar o jantar, de modo que isso me dava uns trinta ou quarenta minutos no máximo. Naruto ergueu meu queixo com a ponta do dedo.

— Que foi?

Seus olhos perscrutaram os meus.

— Queria conversar com você antes que vá.

Fui tomado por uma leve ansiedade.

— Sobre o quê?

— Domingo — respondeu ele, e a ansiedade aumentou. — Sei que você acha que meteu a gente nisso, mas não é verdade, ok?

— Naruto… — Podia ver muito bem qual seria o rumo da conversa. — Chegamos a esse ponto por causa das decisões que eu…

— Que nós — corrigiu-me ele com delicadeza. — As decisões que nós tomamos.

— Se eu não tivesse resolvido treinar com o Neji e tivesse dado ouvidos a você, nada disso teria acontecido. Kanji estaria vivo. Karin não me odiaria tanto. Kisame não estaria desaparecido fazendo sabe lá Deus o quê. — Fechei os olhos com força. — Eu podia continuar com a lista, mas você entendeu.

— E se você não tivesse tomado nenhuma dessas decisões, não teríamos recuperado o Menma. Foi uma idiotice inteligente.

Soltei uma risada seca.

— Pelo menos isso.

— Você não pode continuar carregando essa culpa, Sas. — O colchão afundou quando ele se ergueu num dos cotovelos. — Vai acabar que nem eu.

Olhei para ele.

— Como assim? Um alienígena extremamente alto e insuportável?

Naruto sorriu.

— Só insuportável. Eu culpei a mim mesmo pelo que aconteceu com o Menma. Isso me mudou. Ainda não consegui voltar a ser como era antes. Não deixe que o mesmo aconteça com você.

Mais fácil falar do que fazer, mas assenti com um menear de cabeça. A última coisa que eu queria era que ele se preocupasse com futuras contas de terapia. Estava na hora de abordar o que eu sabia que ele desejava falar.

— Você não quer que eu vá domingo.

Ele inspirou fundo.

— Apenas me escuta, tá? — Fiz que sim e ele continuou: — Sei que você quer ajudar, e sei que pode. Já vi o que é capaz de fazer. Você pode ser um garotinho bastante assustador quando fica puto.

Você não faz ideia, pensei com sarcasmo.

— Mas… se alguma coisa der errado, não quero que esteja envolvido. — Seus olhos se mantiveram pregados nos meus. — Quero que esteja em algum lugar seguro.

Eu entendia a preocupação dele e desejava tranquilizá-lo, mas ficar de fora não era algo que eu pudesse fazer.

— Não quero que você se envolva, Naruto. Quero você em algum lugar seguro, mas não estou te pedindo para ficar fora disso.

Ele franziu as sobrancelhas.

— É diferente.

Sentei e comecei a alisar os vincos do cardigã.

— Diferente como? Se disser que é porque você não quer que eu me machuque, vou te dar uma porrada.

— Vamos lá, gatinho.

Estreitei os olhos.

Ele suspirou.

— É mais do que isso. Eu tenho experiência. Simples assim. Você não.

— Certo, o argumento é válido, mas eu já estive dentro de uma daquelas jaulas. Sabendo como é, tenho mais motivo do que você para não ser capturado.

— Mais uma razão para eu não querer que faça isso. — Seus olhos azuis faiscaram intensamente. Um indicador seguro de que ele estava prestes a assumir uma postura irritantemente protetora. — Você não faz ideia do que passou pela minha cabeça quando te vi naquela jaula… quando escuto sua voz ainda arranhar sempre que fica empolgado ou chateado. Você gritou até…

— Não precisa me lembrar — rebati, e, em seguida, soltei uma maldição por entre os dentes. Lutando para controlar a raiva, pousei a mão sobre o braço dele. — Uma das coisas que eu amo em você é esse seu jeito superprotetor, embora ele também me enlouqueça. Você não pode me proteger para sempre.

Seu olhar me disse que podia e tentaria.

Soltei o ar com força.

— Eu preciso fazer isso… tenho que ajudar o Menma e a Honoka.

— E o Neji?

— O quê? — Olhei para ele fixamente. — De onde veio isso?

— Não sei. — Ele puxou o braço. — Não importa. Posso…

— Espera um pouco. Importa, sim. Por que eu ia querer ajudar o Neji depois do que ele fez? Neji matou o Kanji! Eu queria matá-lo. Foi você quem achou que a gente devia, sei lá, virar a página.

Eu me arrependi assim que as palavras saíram da minha boca. Ele fechou a cara imediatamente.

— Desculpa — falei com sinceridade. — Sei muito bem o motivo de você ter optado por… não matar o Neji, mas eu preciso fazer isso. Vai me ajudar a superar os problemas que causei. Tipo corrigir meus erros ou algo assim.

— Você não precisa…

— Preciso.

Naruto virou a cara, trincando o maxilar.

— Não pode fazer isso por mim? Por favor?

Senti o peito apertar, porque para o Naruto pedir por favor, o que era raro, significava que a coisa realmente o incomodava.

— Não posso.

Vários segundos se passaram. Ele tencionou os ombros.

— Isso é uma estupidez. Você não devia participar. Vou ficar o tempo inteiro me preocupando com a possibilidade de você se machucar.

— Viu? Esse é o problema! Você não pode ficar sempre se preocupando com a possibilidade de eu me machucar.

Naruto arqueou uma sobrancelha.

— Você está sempre se machucando.

Meu queixo caiu.

— Não estou nada!

Ele riu.

— Repete isso de novo.

Dei-lhe um empurrão, mas foi como tentar mover uma parede sólida de músculos. Furioso, pulei por cima dele, e fiquei com mais raiva ainda ao detectar o brilho de humor em seus olhos.

— Deus do céu, você sabe me irritar.

— Bom, pelo menos consegui que você…

— Não ouse terminar essa frase! — Peguei a meia-calça e as meias. Comecei a pular num pé só para tentar calçá-las. — Argh, eu te odeio às vezes.

Ele se sentou com um movimento fluido.

— Não faz muito tempo, você disse que me amava, me amava de verdade.

— Cala a boca. — Calcei o outro pé. — Vou com vocês no domingo. Está decidido. Sem mais discussão.

Naruto se levantou.

— Não quero que vá.

Rebolei para suspender a meia-calça, fuzilando-o com os olhos.

— Você não manda em mim, Naruto. — Peguei uma das botas, imaginando como ela havia parado tão longe. — Não sou aquelas garotinhas frágeis e incapazes rezando para sere9 resgatadas.

— Isso não é um livro, Sas.

Calcei a outra bota.

— Não, jura? Merda. Estava torcendo para pular até o final e ver como a história acaba. Adoro um spoiler.

Girando nos calcanhares, saí do quarto e desci para a sala. Claro que ele estava bem atrás de mim, uma sombra gigante. Já estávamos na varanda quando Naruto me deteve.

— Depois de tudo o que aconteceu com o Neji, você disse que jamais duvidaria de mim de novo. Que confiaria nas minhas decisões. E agora está fazendo a mesma coisa. Se recusando a escutar tanto a mim quanto ao bom senso. O que espera que eu faça quando isso explodir na sua cara de novo?

Ofeguei e recuei um passo.

— Isso… isso é golpe baixo.

Ele apoiou as mãos nos quadris.

— É a mais pura verdade.

Meus olhos se encheram de lágrimas. Levei uns dois segundos para conseguir proferir as palavras seguintes.

— Sei que a sua intenção é boa, mas não preciso ser amigavelmente lembrada de que meti os pés pelas mãos. Sei muito bem. E estou tentando consertar isso.

— Sas, não estou tentando ser um babaca.

— Eu sei, é apenas o seu jeito. — Um par de faróis subindo a rua brilhou em meio à névoa. Ao falar, minha voz soou rouca: — Preciso ir. Meu irmão chegou.

Desci correndo os degraus e cruzei o congelado caminho de cascalho que separava nossas casas. Antes que eu alcançasse minha própria varanda, Naruto surgiu na minha frente. Parei de supetão e cuspi:

— Detesto quando você faz isso.

— Pense no que eu falei, Sas. — Lançou um rápido olhar por cima do meu ombro. O carro do meu irmão já estava quase diante da casa. — Você não precisa provar nada a ninguém.

— Não?

Naruto repetiu que não. Mas não era o que parecia quando ele próprio esperava que as coisas explodissem na minha cara de novo.

...

Fiquei revirando na cama; fritando bolinho; meu cérebro se recusando a desligar. Não parava de repassar tudo o que havia acontecido desde o momento em que congelara o galho diante do Neji até encontrar o relógio do Kiba na caminhonete dele. Quantos indícios ele me dera de que era mais do que dizia ser? Muitos. E quantas vezes Naruto havia se metido e tentado me convencer a parar de treinar com o surfista? Muitas.

Virei de barriga para cima e fechei os olhos com força.

O que será que ele quisera dizer ao mencionar o Neji? Será que o Naruto achava que eu realmente queria ajudá-lo? Com que propósito? A última coisa que eu desejava era ter que compartilhar o mesmo ar que o surfista. Meu namorado não podia estar com ciúmes. Não, de jeito nenhum. Se fosse esse o caso, seria obrigado a lhe dar um tabefe. E depois chorar, porque se ele duvidava de mim…

Não conseguia sequer pensar nessa possibilidade.

A única coisa boa que resultara de toda essa confusão tinha sido o Menma. O resto… Bem, era o motivo de eu não poder ficar sentada sem fazer nada.

Virei de lado e soquei o travesseiro, forçando meus olhos a se manterem fechados.

Só peguei no sono quando o dia estava quase amanhecendo e, mesmo assim, me pareceram alguns poucos segundos, pois logo em seguida o sol começou a penetrar pela janela do quarto. Frustrado, me forcei a levantar da cama, tomei um banho e me vesti.

Uma dor surda havia criado raízes atrás dos meus olhos. Quando por fim cheguei à escola e peguei os livros no armário, ela ainda não havia desaparecido como eu esperava. Assim que entrei em sala para a aula de trigonometria, chequei o celular pela primeira vez desde a noite anterior.

Nenhuma mensagem.

Soltei o telefone de volta na mochila e apoiei o queixo entre as mãos. Sakura foi a primeira a aparecer.

Ela franziu o nariz ao me ver.

— Credo, você está com uma cara péssima.

— Obrigado — murmurei.

— De nada. Hinata pegou a gripe aviária ou algo parecido. Espero que você não tenha pego também.

Quase ri. Desde que o Naruto me curara, eu não tinha sequer soltado um espirro. Segundo o Kisame, uma vez tendo passado pela mutação, a pessoa não ficava mais doente, motivo pelo qual ele havia tentado forçar meu namorado a transformá-lo.

— Pode ser — respondi.

— Provavelmente na tal boate que você foi. — Ela estremeceu.

Um arrepio quente subiu por minha nuca e, como um belo covarde, desviei os olhos enquanto Naruto se acomodava na carteira às minhas costas. Sabia que seus olhos estavam fixos em mim. Ele não disse nada por cerca de sessenta e dois segundos. Contados.

De repente, senti a familiar cutucada nas costas com a caneta.

Virei-me para ele com uma expressão impassível.

— Ei.

Ele arqueou uma sobrancelha.

— Você parece bem descansado.

Ele, por outro lado, estava com a mesma cara de sempre. Sobrenaturalmente perfeito.

— Dormi pra caramba na noite passada. E você?

Ele prendeu a caneta atrás da orelha e se inclinou para a frente.

— Dormi por cerca de uma hora, eu acho.

Baixei os olhos. Não fiquei feliz por ele ter tido uma noite ruim também, mas pelo menos isso significava que estivera pensando sobre a nossa conversa. Fiz menção de perguntar, mas ele fez que não.

— Qual é o problema? — indaguei.

— Não mudei de ideia, gatinho. Esperava que você tivesse.

— Não — respondi, e o sinal tocou. Com um último olhar significativo, virei-me de volta para o quadro-negro. Sakura me fitou com uma expressão estranha, e dei de ombros. Não era como se eu pudesse explicar o motivo de estarmos trocando apenas umas poucas sílabas hoje. Essa seria uma conversa bastante interessante.

Quando o sinal tocou de novo, cogitei a hipótese de fugir correndo de sala, mas reconsiderei ao ver um par de pernas vestidas com jeans em minha visão periférica. Mesmo zangado com ele, não consegui evitar a cambalhota no estômago.

Eu era um verdadeiro idiota.

Naruto não disse uma palavra ao sairmos de sala e seguirmos para lados opostos, mas após cada aula ele surgia do nada. O mesmo aconteceu antes da aula de biologia, e ele subiu a escada comigo, os olhos perscrutando a multidão.

— O que você está fazendo? — perguntei por fim, cansado do silêncio.

Ele deu de ombros.

— Apenas pensei que devia ser um cavalheiro e te acompanhar até a sala.

— Ã-hã.

Como não obtive resposta, lancei-lhe um olhar de esguelha. Seus olhos estavam estreitados e os lábios pressionados numa linha fina, como se houvesse acabado de comer algo azedo. Ergui-me na ponta dos pés e contive um palavrão. Neji estava recostado na parede ao lado da porta, a cabeça inclinada em nossa direção e um sorrisinho afetado estampado no rosto.

— Detesto esse garoto com todas as forças — murmurou Naruto.

O surfista descolou da parede e veio em nossa direção.

— Vocês parecem animados demais para uma sexta-feira.

Naruto bateu com o livro na coxa.

— Você tem algum motivo para estar parado aqui?

— Tenho aula nessa sala. — Apontou com o queixo para a porta aberta. — Com o Sasuke.

Naruto deu um passo à frente e olhou para o Neji de cima para baixo. Ondas de calor irradiavam de seu corpo.

— Você adora forçar a barra, não é mesmo?

Neji engoliu em seco, nervoso.

— Não sei sobre o que você está falando.

Meu namorado riu, provocando uma série de calafrios em minha espinha. De vez em quando eu esquecia o quão perigoso ele podia ser.

— Por favor, eu posso ser um monte de coisas, algumas delas não muito lisonjeiras, Nana, mas burro e cego definitivamente não sou.

— Certo — intervim, mantendo a voz baixa. As pessoas estavam começando a nos encarar. — Hora de fingir que vocês são duas pessoas bem-educadas.

— Concordo. — Neji correu os olhos em volta. — Mas isso aqui não é um teatro.

Naruto arqueou uma sobrancelha.

— Se não quiser fingir, Ned, podemos congelar o povo e começar a brincar aqui e agora.

Ah, pelo amor dos bebezinhos órfãos do mundo, isso não era necessário. Fechei os dedos em volta do braço do Naruto, rígido de tensão.

— Para com isso — sussurrei.

Após um longo e arrastado segundo, durante o qual uma descarga elétrica passou do braço dele para o meu, Naruto se virou lentamente para mim, abaixou a cabeça e colou os lábios nos meus. O beijo foi inesperado — profundo e feroz. Chocado, fiquei parado onde estava, mordendo o lábio inferior.

— Você é delicioso, gatinho — dizendo isso, se virou, plantou a mão direita no ombro do Neji e o empurrou de encontro a um dos armários. — A gente se vê por aí — disse com um sorrisinho presunçoso.

— Jesus — murmurou o surfista, empertigando o corpo. — Ele definitivamente tem problemas para controlar a raiva.

As pessoas que nos fitavam de boca aberta pareceram sair de foco.

Neji pigarreou e passou por mim.

— Acho melhor você entrar.

Fiz que sim, mas quando o sinal tocou novamente, eu ainda estava parado no mesmo lugar, pressionando meus lábios com os dedos.


Notas Finais


olha so quem apareceu 😋

cap nao revisado

agr vao dormir


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