1. Spirit Fanfics >
  2. Opala - Narusasu >
  3. 03

História Opala - Narusasu - 03


Escrita por: Cyrox

Notas do Autor


boa leitura e nao esta revisado

Capítulo 3 - 03


Como eu já andava pisando em ovos com o meu irmão, decidi não falar nada sobre a janela quando ele ligou à noite para saber como eu estava. Rezava com todas as forças para que as estradas fossem desobstruídas e eu conseguisse chamar alguém para consertá-la antes que o Itachi voltasse para casa.

Odiava mentir para ele. E tudo o que eu vinha fazendo nos últimos tempos era mentir. Sabia que precisava abrir o jogo, especialmente sobre seu suposto namorado, Kisame. Mas como ter uma conversa desse tipo? Ei, Nii-san, nossos vizinhos são alienígenas. Um deles me transformou em um híbrido acidentalmente, e o Kisame é um psicopata. Alguma pergunta?

Certo, isso definitivamente não ia acontecer.

Pouco antes de desligar, ele insistiu mais uma vez na história de ir-a-um-médico-checar-minha-voz. Disse a ele que era só um resfriado, o que funcionaria por ora, mas o que eu ia dizer dali a uma ou duas semanas? Céus, esperava que minha voz estivesse curada até então, embora parte de mim soubesse que o dano podia ser permanente. Outra coisa para me fazer lembrar de… tudo.

Precisava contar a ele a verdade.

Peguei um pacote de macarrão com queijo instantâneo e estava quase ligando o micro-ondas quando baixei os olhos para minhas mãos. Será que eu tinha esse poder também, como a Karin e o Naruto? Meti o pacote no micro-ondas e dei de ombros. Estava faminto demais para arriscar.

Calor não era a minha praia. Durante os treinos com o Neji para aprender a manipular a Fonte, ele tentara me ensinar a criar calor — isto é, fogo —, mas, em vez de acender a vela, eu acabara ateando fogo às minhas mãos.

Enquanto esperava o macarrão ficar pronto, dei uma espiada pela janela que ficava acima da pia. Menma estava certo. Tudo havia ficado realmente lindo sob a luz do sol. O chão e os galhos cobertos de neve. As estalactites de gelo que pendiam dos beirais dos telhados. Mesmo agora que o sol já se fora, tudo continuava belissimamente branco. Senti vontade de sair para brincar.

O micro-ondas bipou. Comi meu jantar nada saudável em pé mesmo, imaginando que pelo menos assim conseguiria queimar algumas calorias. Desde que o Naruto me transformara numa aberração-humano-alienígena-híbrido-mutante, meu apetite se tornara voraz. Não havia mais quase comida nenhuma na casa.

Ao terminar, peguei meu laptop e me sentei à mesa da cozinha. Tinha andado muito aéreo a semana inteira, e queria verificar uma coisa antes que me esquecesse. De novo.

Digitei DAEDALUS no Google e apertei enter. O primeiro link que apareceu foi da Wikipedia e, como não esperava encontrar nenhum site tipo “Bem-vindo ao Daedalus: Organização Secreta do Governo”, resolvi abri-lo.

E me deparei com uma série de mitos gregos.

Dédalo ou Daedalus, em latim, era um inventor, tendo criado, entre outras coisas, o labirinto onde vivia o Minotauro. Ele tinha um filho, Ícaro, que morreu afogado depois de despencar do céu por se aproximar demais do sol, que derreteu as asas confeccionadas pelo pai. Ícaro ficou zonzo durante o voo e, conhecendo os deuses, isso provavelmente tinha sido uma espécie de punição passiva. Um castigo também para Dédalo, por ter criado para o filho uma engenhoca que dera ao garoto a habilidade divina de voar.

Bela lição, mas qual era o ponto? Por que o DOD daria esse nome a uma organização que estudava os humanos mutantes, em homenagem a um cara que…?

De repente, a ficha caiu.

Dédalo criava toda espécie de geringonças para ajudar o homem a se aprimorar, e essa história de poderes divinos era mais ou menos o que acontecia com os humanos transformados pelos Luxen. Uma lógica um tanto distorcida, mas, vamos lá, era de esperar que o governo fosse tão cheio de si a ponto de batizar uma organização em homenagem a um mito grego.

Fechei o laptop, levantei, peguei um casaco e saí para o jardim. Não sabia bem por que estava fazendo isso. E se houvesse outros oficiais nas redondezas vigiando? Minha fértil imaginação conjurou a imagem de um atirador de elite escondido em meio às árvores e um pontinho vermelho incidindo em minha testa. Legal.

Com um suspiro, tirei um par de luvas do bolso do casaco e abri caminho através da neve acumulada. Precisando de algum tipo de exercício físico para impedir que meu cérebro entrasse em curto-circuito, comecei a fazer uma bola de neve no jardim da frente. Tudo havia mudado em questão de meses, e mais uma vez em questão de segundos. Eu deixara de ser um garoto tímido e viciado em livros para me tornar algo impossível; alguém que havia se transformado não só em nível celular. Já não enxergava mais o mundo em preto e branco e, no fundo, sabia que também não operava mais segundo as regras sociais básicas.

Tipo, não dava mais a mínima para coisas como: não matarás e por aí vai.

Eu não havia matado Hyuuga Ao, o oficial subornado pelo Kisame para me entregar para o médico em vez de para o Daedalus, a fim de me usar como um meio de garantir que Naruto o transformasse, e não o matasse logo de cara. Eu, porém, havia desejado matar o oficial, e teria feito isso se meu vizinho não tivesse sido mais rápido.

A ideia de matar alguém não me incomodara nem um pouco.

Por alguma razão, ter matado os dois Arum, a raça alienígena maquiavélica, não me afetara tanto quanto a ideia de não ter problemas em matar um ser humano. Não sei bem o que isso dizia de mim, pois como Naruto afirmara certa vez, uma vida era sempre uma vida. De qualquer forma, não sabia como acrescentar as palavras “não tenho problemas com matar” no “sobre mim” do meu blog literário.

Quando finalmente terminei a primeira bola e passei para a segunda, minhas luvas de algodão estavam encharcadas. Essa história de me exaurir fisicamente não estava fazendo nada além de me deixar com as bochechas coradas pelo frio. Um tremendo fracasso.

Ao terminar, meu boneco de neve tinha três seções, mas sem braços nem rosto. Isso meio que refletia como me sentia por dentro. Eu tinha a maioria das partes do corpo, mas carecia dos detalhes vitais que me tornariam um ser real.

Definitivamente não sabia mais quem eu era.

Dando um passo para trás, corri a manga do casaco pela testa para secá-la e soltei um suspiro entrecortado. Meus músculos queimavam e minha pele ardia, mas permaneci ali até a lua surgir por entre as nuvens pesadas e projetar um raio prateado sobre a minha incompleta criação.

Eu tivera que lidar com um cadáver em meu quarto hoje de manhã.

Acomodei-me sobre um amontoado de neve no meio do jardim. Um cadáver — mais outro corpo para se somar ao do Ao, que havia caído próximo à entrada da garagem, e ao do Kanji, que despencara no meio da minha sala. Um pensamento que eu vinha tentando ignorar abriu caminho através das minhas defesas. Kanji morrera tentando me proteger.

O ar frio e úmido feriu meus olhos.

Se eu tivesse sido honesto com a Karin e contado a ela desde o princípio sobre o que realmente acontecera na clareira na noite em que havíamos lutado contra o Sakon, e tudo o que ocorrera depois disso, ela e o Kanji teriam sido mais cautelosos ao invadirem minha casa. Eles saberiam que o Neji era como eu, capaz de revidar um ataque com poderes semelhantes aos de um alien sob o efeito de esteroides.

Neji.

Devia ter dado ouvidos ao Naruto. Em vez disso, quis provar que estava certo. Optei por acreditar que o Neji tinha boas intenções, embora meu namorado tivesse sentido que havia algo errado com o garoto. Eu devia ter percebido que havia algo muito insano em relação ao surfista quando ele jogou uma faca na minha direção e me deixou sozinho com um Arum.

Mas será que ele era realmente insano? Acho que não. Neji estava desesperado. Louco para manter seu amigo Lee vivo e preso na armadilha de ser o que era. Ele teria feito qualquer coisa para proteger o Lee. Não porque sua vida estivesse ligada a do Luxen, mas por se importar de verdade com o amigo. Talvez por isso eu não o tivesse matado, pois mesmo naqueles momentos em que tudo se tornara um verdadeiro caos, eu podia ver um pouco de mim no surfista.

A ideia de matar o tio dele para proteger meus amigos não me incomodara.

E o Neji matara o meu amigo para proteger o dele.

Quem estava certo? Será que sequer havia certo nessa história?

Estava tão perdido nos meus devaneios que não prestei atenção ao arrepio quente em minha nuca. Levantei num pulo ao escutar a voz do Naruto.

— Gatinho, o que você está fazendo?

Virei a cabeça. Ele tinha parado um pouco atrás de mim, vestindo jeans e um suéter fino. Os olhos cintilavam sob as pestanas grossas.

— Estava fazendo um boneco de neve.

Seu olhar se desviou para minha obra-prima.

— Tô vendo. Estão faltando algumas partes.

— Eu sei — respondi sem muito ânimo.

Ele franziu o cenho.

— Isso não explica o motivo de você estar sentado na neve. Sua calça deve estar encharcada. — Fez uma pausa e o cenho franzido deu lugar a um ligeiro sorriso. — Espera um pouco. Isso significa que eu provavelmente vou ter uma visão melhor da sua bunda.

Eu ri. Podia sempre contar com ele para baixar o nível um ou dois pontos.

Naruto se aproximou de maneira fluida, como se a neve se abrisse só para ele passar, e se sentou ao meu lado, cruzando as pernas. Nenhum de nós disse nada por alguns instantes e, então, ele se inclinou e me deu um leve empurrão com o ombro.

— Agora sério, o que você está fazendo aqui? — perguntou.

Nunca tinha sido capaz de esconder nada dele, mas não estava pronto para falar sobre isso agora.

— O que está rolando com o Menma? Ele já se mandou?

Naruto me fitou como se quisesse insistir no assunto mais um pouco, mas pareceu desistir e simplesmente assentiu.

— Ainda não, porque eu o segui o dia inteiro feito uma babá. Estou pensando em pendurar um sininho no pescoço dele.

Soltei uma risada baixa.

— Duvido de que ele vá gostar dessa ideia.

— Não dou a mínima. — A voz traiu uma leve irritação. — Ir atrás da Honoka não pode terminar bem. Nós todos sabemos disso.

Sem dúvida.

— Naruto, você…

— O quê?

Era difícil colocar em palavras o que eu estava pensando, porque assim que fizesse isso elas se tornariam reais.

— Por que eles não vieram atrás do Menma? Eles devem saber que ele está aqui. Seria o primeiro lugar para onde ele viria se escapasse. E sabemos que eles andam nos vigiando. — Apontei para minha casa. — Por que eles ainda não vieram atrás do oficial? Da gente?

Naruto olhou de relance para o boneco de neve e ficou em silêncio por alguns instantes.

— Não sei. Mas tenho as minhas suspeitas.

Forcei-me a engolir o bolo de medo que se formou bem na minha garganta.

— Que suspeitas?

— Quer ouvir? — Ao me ver assentir, seus olhos se fixaram novamente no boneco de neve. — Acho que o DOD sabia dos planos do Kisame, sabia que ele pretendia libertar o Menma. E eles permitiram que isso acontecesse.

Inspirei superficialmente e peguei um punhado de neve.

— É o que eu acho também.

Ele me lançou um olhar de esguelha, os olhos escondidos atrás das pestanas.

— Mas a grande pergunta é: por quê?

— Não pode ser coisa boa. — Deixei a maior parte da neve escorrer por entre meus dedos enluvados. — É uma armadilha. Só pode ser.

— Estaremos preparados — retrucou ele, após alguns segundos. — Não se preocupe, Sas.

— Não estou preocupado. — Mentira, mas me pareceu ser a coisa certa a dizer. — Precisamos dar um jeito de ficarmos um passo à frente deles.

— Verdade. — Naruto esticou as pernas compridas. A parte de baixo do jeans adquirira um azul mais escuro. — Sabe como nos mantemos fora do “radar” dos humanos?

— Deixando-os putos e depois dando uma de alienado? — Ofereci-lhe uma risadinha irreverente.

— Há-há. Não. A gente finge. Fingimos constantemente que não somos diferentes, que nada está acontecendo.

— Não estou entendendo.

Ele se deitou de costas, os cabelos loiros espalhados sobre a neve branca.

— Se a gente fingir que está tranquilo com a libertação do Menma, que não vimos nada de suspeito nisso nem que sabemos que eles estão cientes dos nossos poderes, podemos ganhar tempo para descobrir o que eles estão fazendo.

Observei-o abrir os braços.

— Você acha que eles vão acabar cometendo algum deslize?

— Não sei. Não apostaria meu dinheiro nisso, mas de qualquer forma estamos com uma pequena vantagem. É o melhor que podemos ter no momento.

O melhor que podíamos ter era uma droga.

Rindo como se não houvesse nada com o que se preocupar, ele começou a abrir e fechar os braços e pernas, movendo-os como se fossem limpadores de para-brisas. Lindos limpadores de para-brisas.

Comecei a rir, mas a risada ficou presa na garganta ao sentir meu coração inchar. Jamais poderia imaginar o Naruto fazendo um anjo na neve. Por algum motivo, isso me deixou todo feliz e comovido.

— Você devia tentar — sugeriu ele, os olhos fechados. — Isso te dá perspectiva.

Eu tinha minhas dúvidas, mas me deitei do lado dele e comecei também.

— Verifiquei Daedalus no Google.

— É? E o que encontrou?

Contei a ele sobre o mito e minhas suspeitas. Naruto deu uma risadinha.

— Eu não ficaria nem um pouco surpreso… O ego por trás de tudo isso.

— Você pode dizer melhor do que ninguém.

— Há-há, engraçadinho.

Foi a minha vez de rir.

— De qualquer forma, como isso pode me dar alguma perspectiva?

Ele sorriu.

— Espera mais alguns segundos.

Esperei. Naruto parou e se sentou. Em seguida, estendeu a mão para mim e se levantou, me puxando junto. Espanamos a neve das roupas um do outro — ele se demorando um pouco mais do que o necessário em algumas partes. Assim que terminamos, nos viramos para nossos anjos na neve.

O meu era muito menor e menos uniforme do que o dele, como se eu tivesse o tronco mais pesado do que as pernas. O dele era perfeito — exibido. Cruzei os braços.

— Estou esperando a epifania.

— E vai continuar esperando. — Ele pousou o braço pesado sobre meu ombro, se inclinou e me deu um beijo no rosto. Seus lábios eram tão, tão quentes. — Mas foi divertido, não foi? Agora… — Me virou de volta para o boneco de neve. — Vamos terminar seu boneco. Ele não pode ficar incompleto. Não comigo aqui.

Meu coração pulou uma batida. Volta e meia me perguntava se o Naruto podia ler mentes. Ele parecia conseguir adivinhar as coisas quando queria. Apoiando a cabeça em seu ombro, imaginei como ele deixara de ser um cretino de marca maior para se tornar aquele… cara que ainda me deixava furioso, mas que constantemente me surpreendia e maravilhava.

Era por esse cara que eu havia me apaixonado perdidamente.


Notas Finais


narusasu nhonho na neve

é isso e ate outro dia


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...