História Operação: Mamãe Solteira (Dahmo) - Nada é tão ruim que não possa piorar

Com uma dor insuportável em sua cabeça, Momo enfim acordou. Sentiu um corpo agarrado ao seu e sem nem mesmo perceber começou a se desesperar

Ela havia bebido e isto era algo óbvio para Hirai e era exatamente por isto que agora ela estava prestes a gritar de pânico. Grito este que não foi preciso já que logo que Momo puxou a coberta pôde observar uma Sana totalmente desgrenhada lhe envolvendo como um coala

— Era só o que me faltava — Murmurou para si mesma — Sana... Minatozaki Sana! — Gritou ao não ser respondida, seu ato assustou a mais nova que por pouco não caiu da cama

— Por que está gritando como uma louca Hirai Momo? — Perguntou ao se colocar sentada enquanto coçava os olhos e assim como a morena sentia uma pontada de dor latejando em sua cabeça

— Por que está dormindo comigo? — Rebateu

— Porque fui eu quem te deu banho ontem a noite sua ingrata, eu devo ter pegado no sono logo depois — Se explicou — Quantas horas? E cadê a Mina?

— São nove e meia — A citada apareceu no cômodo soprando uma xícara de café e com um sorriso no rosto. Não parecia de maneira alguma como as outras duas deitadas — Eu ia acordar vocês mas estavam tão bonitinhas dormindo juntas, vocês realmente não são um casal?

— Credo

— Que nojo — Se afastaram juntas uma da outra enquanto discordavam com uma careta simultânea

— É melhor vocês se levantarem logo

— Você mesma disse que são só nove e meia, por que a pressa? — Sana perguntou deitando novamente na cama

— Não sei se vocês se lembram mas Momo ontem confirmou que iríamos em um almoço com uma amiga qualquer dela

— Um almoço?

— Você estava berrando no táxi enquanto mandava um áudio que dizia claramente que você iria e de brinde ainda nos levaria — Mina comentou de maneira suave já que não valia a pena se estressar, ainda mais pelos atos de uma Momo bêbada

— Ai que droga. Eu não estava sã quando disse aquilo, justo hoje que eu só queria ficar em casa e descansar — Resmungou a mais velha do trio enquanto à contra gosto se levantava

— Eu deixei dois comprimidos em cima da estante, vai ajudar com a dor

— Obrigada Minari — Ambas agradeceram a atitude da mais nova que logo tomou seu próprio rumo, saindo do lugar

— Vou tomar banho no banheiro de baixo e você pode tomar no meu, mas não é pra usar meus cremes Sana!

— Tá bom garota. Eu preciso de uma toalha limpa, roupas e calcinha também

— Você é bem da abusada né — Momo suspirou, até parecia que ela já não conhecia o jeito da amiga — Pois você que pegue dentro do armário, já é de casa mesmo

— Acho que eu gostava mais de você quando não nos conhecíamos direito — Murmurou fazendo a morena sorrir enquanto saia daquele quarto

Momo, Sana e Mina se conheceram no jardim de infância quando ainda moravam no Japão. Desde muito pequenas estabeleceram um laço muito improvável de uma amizade fortificada, visando que o trio tinha mais diferenças do que semelhanças

Sana era uma garotinha animada até demais, vivia fazendo palhaçadas e sempre foi a mais alto astral das três. Tinha um otimismo impressionante e mesmo não sendo a mais coerente, se tornava facilmente a mais amigável e divertida. Com seu jeito bobo e engraçado representava com facilidade a parte mais esquisita e alegre da amizade

Mina já era o completo oposto, não era de muitos amigos quando criança e isto se devia ao fato da mesma ser bastante reclusa e um pouco tímida demais. Seus hábitos não haviam mudado tanto depois de adulta, era a mais nova do trio mas conseguia se tornar a mais responsável sem muito esforço, tinha seus hábitos protetores e podia até ser a mais séria mas quando se juntava com aquelas duas se permitia ser um pouco mais extrovertida e risonha

Momo já era uma mistura das duas mais novas, ainda pequena, tinha seu lado divertido e mesmo sendo a mais velha era a que mais beirava a criancice do trio. Graças a adolescência um tanto quanto difícil, o seu jeito descontraído foi sumindo aos poucos e adulta se tornou a mulher séria e padrão que os pais haviam lhe obrigado a ser, não tinha total convicção de suas atuais escolhas mas sabia que daquela maneira continuaria sendo o orgulho e a filha impecável daqueles que haviam lhe criado

Aos seus dez anos, Momo se viu obrigada a abandonar o Japão e se locomover por tempo indeterminado para a Coréia, visando que seu pai pretendia expandir mais seus negócios. Entre meses tentando mostrar que aquilo seria importante e que sim, o trio precisava continuar juntos, Sana e Mina foram logo atrás da mais velha e junto aos pais se estabeleceram no novo país

Era uma amizade boa no fim das contas, onde cada uma ajudava a outra seja qualquer que fosse a situação

— Vocês querem sair pra tomar café? — Momo entrou na sala enquanto bocejava

— Eu quero comer, porém estou com preguiça o suficiente para não levantar deste sofá — E esta foi Sana que largada no sofá praticamente resmungou

— Se ela não vai eu que não vou comprar comida pra gente preguiçosa

— Qual é Momo? O que lhe custa? — Fez birra

— Pode fazer o que quiser, eu sou a prova de manhas e vozes fininhas

— Ué, mas não é assim que a Yura e o Kyung ganham tudo que eles querem?

— Oras sua-

— Eu vou! Parecem duas crianças credo — Mina anunciou sem nenhuma paciência para aquelas duas — Tentem não se matar até eu voltar

— Vou ter que fazer muito esforço — Disse Sana voltando seu olhar para a televisão ligada

Depois que Mina saiu da casa, Momo se aproximou do sofá retirando assim as pernas largadas de Sana para poder se sentar no local. A loira resmungou alto pela agressividade mas acabou se colocando sentada

— Você me ama mesmo não é?

— Eu?

— É, dois sofás vazios e você quer justamente se sentar ao meu lado — Reclamou com a morena

— Garota a casa é minha e eu sento aonde eu bem entender

— Que seja. Agora que estamos sozinhas eu quero te perguntar uma coisa

— Fale logo antes que eu me arrependa

— Você está gostando dessa tal Dahyun?

— O quê? Por que essa pergunta? — Perguntou ao lhe encarar confusa e até mesmo um pouco surpresa

— Quando estávamos voltando você ficava murmurando este nome e eu não sei se estava irritava com a garota ou consigo mesma

— Que loucura, é claro que não

— Nem mesmo um interesse sexual?

— Por que eu teria isto por ela? Dahyun é uma adolescente perto de mim, e além disto, é mulher — Sana lhe encarou feio, estava cansada daquilo

— Para com isso Momo, toda vez que falamos sobre este assunto você me dá esta desculpa de "ser mulher". Acha que isso é errado? Quero dizer, você me pareceu nunca se importar quando o assunto são as pessoas próximas mas toda vez que alguém diz ou deixa implícito que você poderia sim estar gostando de uma mulher você parece que fica louca

— Obvio que não! Eu só digo isto porque acho difícil pensar na minha pessoa gostando de outra do mesmo gênero, não quer dizer que eu sinto repulsa ou nojo da possibilidade de ser lésbica

— Isto é por causa do seu pai?

E então Sana tocou no ponto complicado. O pai de Hirai não era a pessoa mais pacifica e 100% descontruída que a mulher conhecia, na verdade o mesmo se demonstrava bastante rigoroso quando o assunto se tornava sua única filha

Momo se lembrava que nem sempre havia sido daquela maneira, na verdade quando criança seu pai era simplesmente seu verdadeiro herói. Só que tudo mudou do dia para a noite. Hirai estava entrando na adolescência quando presenciou pela primeira vez seu pai batendo em sua mãe, a cena destruiu seu pobre e jovem coração e aquele momento a fez perceber que os heróis as vezes podem se tornar os vilões com o  passar do tempo

Desde o dia que havia visto tal cena Momo se tornou uma garotinha medrosa, afinal, tinha medo que seu pai se voltasse contra ela e se isto acontecesse de fato o que ela poderia fazer? Tinha apenas dezesseis e ainda não tinha força o suficiente para se defender de nada. Momo então cresceu com medo, fazia todas as vontades do pai e tudo que ele achava o certo ela automaticamente também achava

Se o homem achava que o sonho de se tornar uma dançarina era algo bobo e uma perda de tempo, Hirai concordaria e faria algo melhor. Se o homem achava que demonstrar suas emoções era automaticamente ser alguém fraco, Hirai concordaria em não chorar mais. Se o homem achava que duas mulheres se beijando era um pecado horrível e algo repugnante, Hirai concordaria e nunca mais pensaria em beijar outra garota novamente

— Não — Respondeu Sana parecendo um pouco distante — É só estranho pra mim, se eu disse ou falei algo foi certamente devaneio meu

— Se você está dizendo — A loira iria continuar, sabia que a mais velha estava mentindo mas também tinha consciência que não era o momento para aprofunda-la em mais dúvidas — Mas saiba que, Mina e eu estamos com você pra qualquer coisa

— Eu sei que sim, vocês não viveriam sem mim de qualquer jeito mesmo — Fez graça fazendo a outra sorrir enquanto empurrava o ombro alheio

— Você se acha demais

— Eu tenho motivos né

— Tá eu tô arrependida de ter sido fofa com você — Falou Sana

— Crianças, a salvadora da pátria já está na casa — Mina adentrou o local causando um mini susto nas duas companheiras — A mamãe aqui trouxe pãezinhos e rosquinhas

— Normalmente sou eu quem fala isto — Momo sorriu em direção a mais nova

— Eu sei, mas você sabe que quando estamos nos três juntas eu sou a mais indicada para o cargo de mãe — Foi sincera — Agora se vocês querem comer venham logo antes que esfrie

Indo em direção a cozinha, Mina logo foi seguida pelas duas mulheres que quase corriam de empolgação. Comeram então em meio a conversas e risadas, não importava a situação ou o tempo que não se viam, elas sempre teriam histórias para se compartilhar

— E você não falou com ela?

— Eu não — Sana negou — Foi só um sexo sem compromisso, nós estávamos bêbadas e carentes

— Isto é horrível — Momo negou com a cabeça mas ainda sorria

— Eu paguei o motel, o café da manhã e ainda deixei dinheiro pro táxi... Isto é ser ruim? Foi uma noite divertida e foi gostoso mas eu não sou pra namorar

— Você é muito safada, Minatozaki, um dia você vai quebrar a cara — Mina avisou

— Melhor se arrepender do que passar vontade — Sorriu a loira — Aproveitando a pauta, quem é a amiga Momo?

— Surpresa — Disse e seu ato foi respondido com duas caretas — Vocês não conhecem, na verdade acho que a única que vocês já viram é Nayeon

— Ótimo, talvez eu tenha alguma chance então

— Não seja louca, minha amiga é muita areia pro seu caminhãozinho

— Querida eu posso virar o próprio Transformer se eu realmente quiser — O comentário atraiu as risadas das outras duas — Sua babá vai?

— Pelo que eu reli das mensagens, sim — Momo deu de ombros como se não fosse tão importante, mas por dentro estava quase falecendo de nervoso

-Então nós finalmente iremos conhecer a garota que Nayeon tanto elogiou!? -Mina mais afirmou do que perguntou

— E se for do jeito que Nayeon disse, talvez eu invista nela — Falou e piscou cúmplice para a mais nova do lugar que sorriu enquanto negava. Sabia que Sana estava apenas provocando Momo e pelo visto havia conseguido

— Não seja idiota, ela nunca veria você com outros olhos

— Como sabe disto? Vocês nem se conhecem direito

— Eu... Só sei, então nem pense em dar em cima da garota

— Se isto vai te deixar irritadinha desse jeito é melhor eu não me intrometer mesmo. Quero distância de casalzinho mal resolvido — O olhar repreendedor de Momo só fez com que Sana risse ainda mais

— Melhor nós nos arrumarmos, vou vestir uma roupa e depois levo vocês pra casa

— Acho ótimo, suas roupas são muito caretas mesmo — Sana disse demonstrando sua insatisfação

— É uma ingrata mesmo em

— Mas é verdade Momo. Lhe falta estilo — Mina defendeu a loira

— Mina você só tem roupa de anime e de jogo, não tem nem moral pra falar sobre as coisas que eu visto

— Eu prefiro as blusas de Naruto dela do que as suas — Sana comentou

— Vocês estão de complô contra mim? Olha eu vou me arrumar porque é a melhor coisa que eu posso fazer neste momento, vocês que lutem e se virem com a louça

Foi exatamente assim que Momo deixou duas japonesas que antes se apoiavam brigando por quem ficaria encarregada de tal tarefa

[...]

Assim que estacionou de frente ao lugar indicado pela mensagem, Momo adentrou o restaurante e procurou pela amiga

— Hirai

O tom um pouco mais alto chamou não só a sua atenção mas como a das outras duas que estavam junto a si. Momo sorriu e passou a caminhar até a mesa, já tendo uma visão privilegiada de Dahyun, Tzuyu, Nayeon e a própria Jihyo

— Eu não acredito — Sana quase sussurrou enquanto diminuía a velocidade dos passos, pensou em dar meia volta mas quando sentiu o olhar da garota sorridente chocar contra o seu já sabia que não tinha mais jeito

Assim que se aproximaram da mesa Jihyo as cumprimentou um tanto quanto em choque

— Eu espero não ter demorado tanto. O trânsito estava ruim — Momo sorriu — Enfim, estas são Sana e Mina

Escutando o pronunciar do último nome Dahyun levantou o olhar do cardápio podendo assim encarar melhor a mulher, esta mesma que também havia prendido seus olhos nos da ruiva

— Isto vai ser ótimo — Tzuyu comentou baixo ao reconhecer perfeitamente as três mulheres que haviam chegado

— Vocês não vão se sentar? — Nayeon foi quem cortou o silêncio

— C-Claro — Mina sorriu sendo a primeira a puxar a cadeira, sua ação foi repetida logo em seguida

— Já que eu lhes apresentei primeiro, estas são Jihyo, Tzuyu e Dahyun — Momo apontou para cada uma enquanto recitava os nomes

— Hum... Que maravilha! — Jihyo murmurou baixo

Se arrependimento matasse, era bem provável que Park Jihyo já se encontraria caída morta neste exato momento

De um jeito muito estranho o clima da mesa parecia ter ficado tenso e Nayeon era a única que se encontrava totalmente perdida naquele mar de climão que havia se instaurado no local

— Então... -Começou a mais velha — Tem alguma coisa que vocês queiram compartilhar na rodinha ou, vão real deixar as coisas mais estranhas do que já estão?!

— Você tem razão, não há motivos para nenhum espanto certo? — Jihyo questionou com um sorriso um tanto quanto irônico — E então, como você está Sana?

A loira que até então parecia em choque de rever a garota na qual havia dispensado a alguns dias atrás pareceu se despertar. Sorriu constrangida e então lhe respondeu:

— Estou ótima. Não sabia que era amiga da Momo

— E muito menos eu sabia que você era amiga dela — Retrucou, parecia um pouco mais irritada que o normal — Enfim, é ótimo poder revê-la

— E-Eu digo o mesmo -Se encolheu em sua cadeira

— Mina — A voz doce chamou — Acho que também devo dizer que é ótimo poder te ver de novo, já faz alguns meses

— Realmente — Disse a japonesa mais nova

— Vocês já se conheciam? — Perguntou Nayeon um pouco confusa

— Nós...

— Nós namorávamos — Dahyun completou a fala da outra e assim trouxe o olhar surpreso de Hirai para si

— Vocês duas? — Nayeon riu — Não é que os opostos se atraem mesmo em... Mas eu estou curiosa, onde se conheceram

— Na faculdade — Mina respondeu ainda um pouco nervosa por rever a ex mais rápido do que gostaria

— É estranho porque eu não sabia disto — A fala veio de Momo, assim como o olhar um pouco indignado em direção à Mina

— Foi na época que você estava com seus pais no Japão, quando você voltou teve todo o rolo com o Jaebum e nós terminamos depois de um tempinho — Esclareceu

— Ei — Tzuyu chamou a atenção da loira que ainda possuía um olhar cabisbaixo — Você não é a mulher de ontem a noite? Aquela do banheiro

— E-Eu?

— É, eu estava um pouco louca das ideias mas não foi difícil de esquecer seu nome — Sorriu tendo a certeza de suas convicções — Eu peço desculpas se Elkie fez você se sentir incomodada, mas é que ela é um pouco ciumenta e você estava dando em cima de mim né

— Tudo bem, não foi nada -Respondeu sentindo o olhar quente não só de Jihyo mas como o de Nayeon

— Bom, já que a noite passada foi citada... Eu gostaria de pedir desculpas para você Dahyun — Começou Hirai — Se em algum momento eu falei algo de ruim ou grosseiro com você, eu estava um pouco alcoolizada por isto não me lembro muito bem 

— Hum... É estranho quando nós sabemos que o álcool só nos dá coragem para fazer ou dizer aquilo que nós não faríamos sóbrios, mas tudo bem, eu aceito suas desculpas — Sorriu de maneira falsa a ruiva

— Certo, deixa eu ver se eu entendi. Jihyo e Sana já saíram juntas, Sana deu em cima de Tzuyu que por sua vez já está com alguém, Mina e Dahyun eram namoradas até pouco tempo atrás e agora Momo tá interessada na Dahyun — Nayeon comentou tudo enquanto apontava na direção das garotas — Cara, o mundo é mesmo muito pequeno vocês não acham?

— Minúsculo eu diria — Jihyo quase sussurrou enquanto virava uma taça de vinho

— E eu não estou interessada em ninguém Nayeon — Momo disse seriamente para a mais velha que apenas revirou os olhos, já estava cansada daquele discurso

— Acho que não precisaremos pedir uma sobremesa, já que pelo visto a torta de climão vocês já colocaram — Nayeon tentou uma piadinha para descontrair e ao não ver os resultados que queria resolveu deixar pra lá — Melhor que a gente só faça os pedidos mesmo

Logo depois que as comidas foram pedidas para o garçom a mesa novamente entrou em um silêncio ensurdecedor. Nayeon que era quem estava na ponta olhava para os dois lados percebendo uma troca intensa de olhares por parte de algumas das garotas. Sua tentativa de puxar algum assunto durou até a chegada dos pedidos, onde todas começaram a comer e pareciam esquecer da presença alheia, só parecia mesmo

— Então... Dahyun, Momo fala bastante de você — Sana iniciou

— Espero que sejam coisas boas e de preferência verídicas — Sorriu sem mostrar os dentes fazendo com que Hirai se sentisse incomodada

— Ah é claro, só coisas boas. Por isto estava ansiosa para lhe conhecer — Sorriu na direção de Dahyun

— Você já está interessada nela? Ontem à noite deu em cima de Tzuyu, agora me parece que está fazendo o mesmo com Dahyun — Jihyo comentou enquanto estreitava os olhos na direção da garota que suspirou

— Claro que não! Só estava interessada em conhecê-la pelo que Momo dizia — Querendo tirar a atenção dos outros de cima de si, Sana encarou Mina ao seu lado — Então ela era a garota por qual você chorava e me ligava todas as noites?

— Sana! — Mina pareceu um pimentão, estava envergonhada e apenas queria sair daquele lugar

— Sabe isto me deixou bastante curiosa, já que vocês são tão... diferentes — Nayeon comentou — Por que não nos contam mais sobre?

— Como Mina já disse nos conhecemos na faculdade, ela fazia Artes Visuais e eu Enfermagem. Os prédios eram próximos e tínhamos amigos em comum, nós saímos em grupo, depois sozinhas e então namoramos por um tempo... Terminamos quando Mina se graduou, não tínhamos mais tempo uma para outra e esta foi a melhor decisão a se fazer no momento — Dahyun contou tendo os assentimentos de Mina como confirmação

— Então está tudo bem?

— Claro — Responderam juntas

Dahyun falaria mais alguma coisa se não tivesse sido interrompida por Jihyo que como uma verdadeira mãe cuidadosa que era puxou delicadamente o rosto da ruiva, pegou um guardanapo e com sutileza limpou a boca da mais nova que sorria com o ato

Por outro lado, Momo encarava a cena achando tudo aquilo exagerado demais. Dahyun tinha duas mãos, por que ela não poderia usá-las para se limpar sozinha? Mina era outra que observava a interação das duas com estranheza, diferente de Momo ela não estava com uma crise de ciúmes e sim apenas achava tudo muito recente para se ver, afinal, Dahyun não havia sido superada de um dia para o outro

-Obrigada unnie -Agradeceu com um sorriso

—Não querendo atrapalhar o momento fofo de vocês duas... -Nayeon iniciou dramática como sempre -Qual foi o motivo para o almoço Jihyo? Além claro de ter nos proporcionado este reencontro maravilhoso

— Eu só queria conversar um pouco, já fazia tempo que não nos víamos com tanta frequência

— Fale por você, eu estou vendo essa mulher quase todo santo dia — Nayeon apontou para Momo — Se deixar é o dia inteiro me ligando e querendo que eu vá no escritório

— Não seja exagerada — Disse Momo — Eu achei essa reunião muito... Boa. Quem diria que no final todas nós éramos interligadas de alguma maneira em?!

— Acho que isso foi uma grande surpresa para todos — Mina comentou — Ah e Tzuyu, lembrei de você tem alguns dias

— Sério?

— Estava jogando Naruto: Ultimate Ninja Storm e era impossível não lembrar de como você perdia pra mim — Falou um pouco nostálgica com a ex-cunhada

— Só nos seus sonhos — Sorriu para a japonesa ao se lembrar — Eu queria jogar de novo mas Dahyun não compra o jogo pra mim

— Quando você merecer, quem sabe -Avisou a ruiva com um sorriso sarcástico

— Eu sou a melhor irmã de todas, é óbvio que eu mereço. Fora que eu irei provavelmente lhe incomodar de novo agora que Mina unnie me lembrou

— Obrigada mesmo em Mina — Dahyun agradeceu irônica a garota que acabou sorrindo. Sentia falta daquelas irmãs — Eu já disse não, você não pode achar que vai ganhar tudo na base de manha

— Credo Dahyun, é só um jogo bobo -Nayeon se intrometeu

— Ei! — Mina e Tzuyu foram contra o comentário

— Desculpa nerds, não se trata de um jogo e sim de um estilo de vida — O modo divertido que Nayeon disse tal coisa fez as demais rirem

— Sendo apenas um jogo ou estilo de vida a minha resposta continua sendo a mesma. Isto é algo bobo agora mas depois  a tendência é se tornar gigante

— Dramática — Tzuyu murmurou já totalmente se rendida

— Momo deveria aprender umas dicas com a Dahyun. Porque se continuar dando tudo que Yura e Kyung pedem, ela vai a falência rapidinho — Sana comentou rindo

— Eu não dou tudo que eles querem

— Você é uma mentirosa — Nayeon acusou

— Olha, eu apenas dou o necessário. Quero ver eles felizes — Explicou como se não fosse nada demais

— Você não pode comprar a felicidade deles com bens materiais, crianças precisam de carinho e atenção... Brinquedos são apenas objetos — Dahyun se intrometeu trazendo o olhar não apenas de Momo mas como das demais

— Isto vai dar uma "M" tão grande — Mina se encolheu em seu próprio banco. Se tinha algo que Momo definitivamente odiava era que alguém desmerecesse a forma que ela cuidava de suas próprias crias 

— Está insinuando que eu não dou atenção para os meus filhos?

— De maneira alguma, Hirai. Estou apenas dizendo que quando eles crescerem vão achar que tudo na vida se resolve com dinheiro, e nós sabemos que não é assim que funciona... Dinheiro não compra amor, você deveria saber disto. Quero dizer, você sabe não é?

Deixando a mais velha sem fala Dahyun foi a responsável por trazer novamente um clima ruim para a mesa e desta vez as demais pareciam realmente não querer fazer parte daquela intriga

— Se vocês me dão licença, eu acho que vou ao toalete — Momo se levantou, indo em direção ao banheiro do restaurante

— Dahyun!

— O que eu fiz?

— Você devia saber como Momo se sente em relação aos filhos, não deve fazer estes comentários — Jihyo lhe alertou

— Eu não disse nada demais -Revirou os olhos

— Talvez você ache isso, mas Hirai por mais que não demonstre é sensível — Disse Nayeon fazendo com que Dahyun se sentisse agora culpada

— Eu vou atrás dela — Falou simplesmente enquanto se levantava e traçava o mesmo caminho da outra

Encontrou a mulher apoiada na pia enquanto encarava seu próprio reflexo no espelho

— Você veio continuar com o que começou? Não foi o bastante a humilhação na mesa?

— Eu acho que fui um pouco insensível

— Um pouco? Olha, se você não fosse tão importante para Nayeon e Jihyo eu juro que você nunca mais pisaria na minha casa novamente — Disse com raiva enquanto passava a encarar a ruiva

— Eu realmente sinto muito, as vezes eu posso ser impulsiva e falar as coisas sem pensar

— Eu sei que deve estar irritada comigo pelas coisas que nem eu mesma faço ideia que fiz, mas isto não é motivo para criticar a minha postura como mãe

— Eu sei — Se aproximou até ficar de frente para a mais velha — Prometo que não vou dizer mais nada sobre isso, você faz o que bem desejar — Se curvou rapidamente em um sinal de desculpas

— Já disse que não precisa fazer isto, tá tudo bem — Suspirou. Era impossível ficar irritada com Dahyun fazendo aquela carinha — Agora sobre ontem a noite...

— Esquece isso, eu já entendi que você estava bêbada demais

— É, mas eu falei algo tão ruim?

— Não foi tão ruim assim, só que eu me senti meio estranha escutando

— Eu não sei se quero saber mas acho que não vou conseguir dormir se não souber

— Você disse algo sobre seu término recente, disse que não estava pronta para algo novo e que eu deveria entender que não tenho chances com você

— Ai meu Deus, eu... Apenas esqueça que eu disse isso certo? Eu não estava no meu estado mais sã e era provável que eu só diga loucuras — Momo falou um pouco envergonhada pela sua pequena gafe

— Então eu posso desconsiderar até mesmo quando você disse que eu não tenho chances — Perguntou Dahyun com um sorriso

— C-Como?

— É que desde que nos tornamos um pouco mais próximas eu venho pensado muito, até demais eu diria. Jihyo unnie disse pra eu deixar rolar e que não forçasse nada, mas eu não sei — Dahyun dizia tudo enquanto se aproximava da mais velha que ainda estava estática em seu lugar, no momento tentava processar tudo que acontecia — Eu quero muito entender de uma vez por todas o que é isso que eu sinto quando me aproximo de você

— Dahyun, eu não acho que...

Momo foi impedida de terminar sua fala, Dahyun havia grudado os lábios nos seus  e movimentava de maneira lenta, esperando que Hirai permitisse aquele contato

Os olhos arregalados da morena aos poucos se fecharam, suas mãos foram na direção da cintura de Dahyun e seus lábios se entreabriam dando a oportunidade de aprofundar aquele contato, até então novo

Momo não estava entendendo, fazia menos de cinco minutos que ambas estavam discutindo e agora ali estavam elas, trocando o primeiro beijo no banheiro de um restaurante japonês. Não era o lugar mais apropriado para Dahyun, mas ali havia surgido uma certa coragem desconhecida na ruiva e ela não poderia desperdiça-la de maneira alguma

As duas se separaram depois de alguns minutos, Hirai foi a primeira a abrir os olhos e ainda um pouco confusa afastar Dahyun. Suas mãos na cintura da mais jovem logo foram repreendidas e tiradas dali. Momo então encarou o rosto delicado da ruiva e levou suas mãos para o mesmo, acariciando o local e o aproximando mais do seu ainda de maneira recuada

Dahyun que encarava com desejo a boca de Hirai, pois estava certa que gostaria de repetir a dose foi surpreendida com o súbito afastamento da mulher, afinal, ela jurava que Momo estava pronta para lhe recompensar com mais um de seus beijos

— E-Eu, não posso

Disse unicamente. Seu erro foi ter olhado muito para Dahyun e deixado que seu cérebro falasse mais alto, naquele momento só sentiu um misto de déjà vu invadir seu corpo e o que deveria ser lembranças alegres não passavam nem perto disso. Lembrou-se de seu pai e em como suas mãos brutas apertavam seus braços e bochechas e a faziam querer chorar

E foi pensando no passado que Momo se afastou completamente de Dahyun e sem dizer mais nenhuma palavra saiu quase que correndo para fora, deixando a ruiva totalmente arrependida e mal consigo mesma por ter começado com isso

— Será que meu beijo é tão ruim assim?