História Operação: Mamãe Solteira (Dahmo) - Eu prometo não desistir de lutar por nós duas

Observando a movimentação que o tal homem fazia em seu quarto, Dahyun que havia acordado a poucos minutos esperava de maneira paciente pelo momento que pudesse finalmente falar algo 

Aos poucos suas memórias da noite anterior passavam como um flash lhe dando ainda mais dor de cabeça, por um momento tentou acreditar que tudo aquilo se tratava apenas de um sonho ruim, mas era nítido que seu pesadelo estava sendo real

Havia perdido Tzuyu pela segunda vez e estava bastante insegura sobre o que faria para consegui-la de volta, seus pais se mostravam bastante focados em ter a filha mais nova novamente e Dahyun sentia aos poucos sua força sendo arrancada de si mesma ao ter que lutar contra seus progenitores pela guarda total da irmã

Ainda sim sabia que não podia desistir. Não poderia de maneira alguma permitir que sua irmãzinha ficasse nas mãos daquelas pessoas, não quando tudo ainda era bastante misterioso e totalmente estranho. Dahyun não era burra e alertaria Jeongyeon assim que melhorasse sobre certos assuntos que talvez pudessem as ajudar de alguma maneira

— Senhorita Kim? — A voz do homem acabou lhe chamando a atenção e consequentemente despertou-lhe de seus pensamentos

— Hum?

— Eu estava perguntando como você está se sentindo agora, passou um susto enorme e aparentemente não tem mais nada de errado com você — Disse ao dar mais uma olhada no prontuário de Dahyun

— Eu me sinto bem. Acho que só estou um pouco cansada — Comentou com seus olhos pequenos que indicavam seu sono

— Isto acontece porque acabamos fazendo processos mais pesados para retirar toda a droga de seu corpo e é comum que seu corpo esteja sentindo o impacto de todos os procedimentos. Você realmente é uma garota forte, Dahyun — Sorriu sincero — E tem amigas que se preocupam demais com seu bem estar e segurança, foi graças a elas que conseguimos agir antes que o pior acontecesse

— Eu posso vê-las?

— Como há várias pessoas do lado de fora, vou pedir que entrem apenas duas de cada vez para mantermos a ordem no quarto, e é claro que não queremos que você acabe se agitando demais sem necessidades — Se aproximou da garota e mexendo em algum controle conseguiu a deixar um pouco mais sentada na cama — Assim está bom?

— Sim, obrigada — Agradeceu Jongdae com um sorriso fraco no rosto, mesmo que tal gesto não pudesse ser visto pelo homem por conta da máscara de oxigênio que ainda utilizava

— Vou tirar isto por um tempinho, acha que consegue respirar sem a ajuda de nada?

— Eu vou sobreviver — Riu baixinho ganhando um assentimento do doutor

— Qualquer coisa que precisar é só apertar o botãozinho do lado da cama que uma das enfermeiras vem correndo. Irei chamar suas amigas agora — Avisou e lhe direcionando um sorriso reconfortante, saiu deixando Dahyun sozinha

Kim já esperava os esporros, havia causado mais uma vez problemas e sabia que merecia aquela puxada de orelha que provavelmente levaria de Jihyo ou Nayeon

Sentia-se envergonhada e temia que sua recaída caísse nas mãos de seus pais, que com certeza apenas usariam daquele fator para lhe prejudicar ainda mais no caso. Dahyun só não pensou nas consequências no momento que havia feito o que fez, afinal estava limpa já fazia anos e ter quebrado a promessa que havia feito para si mesma sobre não se machucar mais lhe transmitia uma sensação horrível de se sentir incapaz

Tentando não pensar muito sobre a decepção que havia causado, levou sua mente para Momo e se perguntou se a japonesa também estaria ali por ela. Sabia que as coisas estavam estranhas e nada mais parecia como antes, mas detestaria ser um motivo de tristeza ou arrependimento para a mulher que tanto amava. Quem Dahyun gostaria de enganar? Como Momo confiaria em alguém como ela para cuidar de seus próprios filhos agora? Uma garota fraca que definitivamente não sabe lidar com suas próprias emoções e se deixa facilmente ser controlada por elas

Dahyun agora se culpava ainda mais e por uma questão de segundos pensou que talvez não deveria ter sido tão forte como o médico havia dito, talvez deveria ter simplesmente ido embora antes de machucar ainda mais as pessoas que só queriam o seu bem. Kim poderia sim ter tido uma segunda ou talvez sua terceira chance, mas esta recaída havia marcado o fim de uma luta que a coreana travava consigo mesma já fazia tempo

Dahyun havia aceitado sua derrota e com ela lhe atingindo em cheio pensou muito no que diria para Chaeyoung ao se lembrar de uma conversa que ambas tiveram a alguns dias atrás. Kim gostaria de poder dizer que a Son estava enganada, sentia que deveria alertar a mais nova que ela não era e talvez nunca pudesse ser comparada ao Sol como a mesma havia mencionado. Dahyun era uma eterna nuvem escura que carregava uma tempestade dentro de si mesma e não sabia ao certo como fazer chover e nem mesmo se teria forças o suficiente para conseguir realizar tal feito

Soltando um longo suspiro que lhe doía o peito, a garota de fios negros quis chorar e gritar contra o travesseiro mesmo que não tivesse forças para nada daquilo. Encarando a máquina que controlava seus batimentos cardíacos, Dahyun negou

— Por que você não para de uma vez? — Murmurou baixinho e antes que voltasse a se lamentar escutou a porta do quarto sendo aberta, percebendo primeiramente a chegada de Chaeyoung — Bro! — Dahyun sorriu fraco na direção da castanha

— Bro? Isto é tudo que você tem pra me dizer depois de quase ter morrido? — Questionou demonstrando um tom mais preocupado do que irritado — Sabe é bom mesmo que você esteja acordada, pois agora eu mesma vou fazer questão de matar você!

— Chaeyoung! — Mina que também havia acabado de aparecer, segurou a mais baixa antes que a mesma avançasse em Dahyun

— Tá tudo bem, Minari — Kim pediu com o olhar e então a japonesa simplesmente soltou o corpo de Chaeyoung que rapidamente se aproximou e contradizendo todas as suas vontades abraçou o corpo de Dahyun com força

— Eu tive tanto medo de te perder — Sussurrou sentindo seus olhos se encherem de lágrimas, abraçar Dahyun nunca havia sido tão aconchegante como naquele momento

— Ei, está tudo bem agora — Disse a Kim ao fazer um carinho gostoso nos fios claros de Chaeyoung — Mas se voce não quiser que eu morra mesmo precisa parar de me apertar, eu estou ficando sem ar

— Idiota — Separou-se ainda rindo da fala boba da outra — Como você se sente?

— Acho que estou bem

— Você nos deu um susto enorme, sabia?

— Sei disto, sinto muito por ter causado tanto trabalho pra vocês

— Não seja uma babaca, Dahyun! Sabe muito bem que o nosso maior problema foi ter que ver você nestas condições horríveis

— Me desculpe por isto também

— Pare de pedir desculpas! Eu detesto quando você faz isto o tempo todo, estou acostumada com seus comentários irônicos e ver você toda certinha me dá vontade de socar essa sua carinha bonita — Dahyun acabou sorrindo com o comentário e então assentiu antes que aquilo virasse um diálogo inacabável — Uma pena que você só acordou agora, perdeu toda a diversão

— Diversão?

— Mina e Momo deram um show de UFC exclusivo para todas nós — Chaeyoung riu ao dizer e trouxe o olhar matador de Myoui para sua direção — Uma chance para você adivinhar quem foi a que mais apanhou, neste caso a única

— Isto é verdade? — Dahyun encarou Mina que até então estava mais afastada e assim que percebeu a mulher desviar de sua atenção, suspirou como se não acreditasse em algo assim. Kim definitivamente não podia nem mesmo pensar na possibilidade de morrer que tudo já virava um enorme caos

— Valeu mesmo, Chaeyoung. Sua baixinha fofoqueira — Son que antes sorria divertida com o que contava rapidamente fechou sua expressão e cruzou os braços irritada

— Eu não sou fofoqueira! Apenas faço o meu trabalho de compartilhar as informações. Sou uma jornalista, você queria o que?

— Oras sua-

— Myoui — Dahyun lhe interrompeu e antes que dissesse algo, encarou Chaeyoung — Eu posso ficar um pouco sozinha com ela?

— Mas eu quero ficar conversando com você, Dahyun — Resmungou como uma criança emburrada

— Eu prometo que depois que conversar com todas as meninas nós ficaremos juntinhas, tudo bem? Eunwoo também veio?

— Está brincando? Aquele garoto foi um dos primeiros a chegar neste lugar

— Então assim que eu tranquilizar todos, nós três vamos compartilhar várias informações dos outros entre nós — Chaeyoung sorriu e acabou concordando, deixando o quarto logo em seguida com todo o seu clima mais estranho — Chae está mais grudada que o normal comigo

— Foi ela quem te encontrou em sua casa, acho que ela ficou traumatizada demais... Eu lembro que eu fiquei — Se aproximando lentamente da cama de Dahyun, Mina ia dizendo tudo com seu jeito suave e calmo

— Não era para ter acontecido isto

— Mas aconteceu, Dahyun e tudo isto é uma droga porque não sei nunca como reagir nestas situações

— Conhecendo Chaeyoung ela deve ter te ligado, não é mesmo? — Mina assentiu causando um sorrisinho em Dahyun — Eu sinto tanto por ter feito você passar por isto de novo, nunca quis que você descobrisse toda essa bagunça que eu sou

— Eu só detesto ver você se afundando neste mar de inseguranças e não ser nada mais além do que uma expectadora. Merda, Dahyun! Quando você vai entender que existe pessoas que se importam pra caralho com você? Uma recaída destas não deveria ter acontecido, ainda mais visando suas circunstâncias atuais

— Uau, não achei que o sermão viria de você

— Não se trata disto! — Aumentou o tom de voz e assim que percebeu a expressão assustada repentina de Dahyun tratou de se recompor — Eu não queria-

— Você tem razão, mas agora não posso mudar o que já aconteceu. Sei que estão todos chateados com o que eu fiz, mas podemos conversar sobre outra coisa só por hoje? Por favor — Com o assentimento fraco de Mina, Dahyun sentiu-se na liberdade de continuar com outro assunto — E então... como você está?

— Eu que deveria estar te perguntando isto

— Eu disse que estou bem e que agora é provável que eu apenas precise de repouso por um ou dois dias. Quero saber o por que da briga entre você e Momo

— Dahyun...

— Não faz sentido algum pra mim

— Eu acho melhor que a própria Hirai te responda esta pergunta

— Só me diga que toda esta confusão não foi por minha causa — Novamente Mina desviou o olhar e então sentiu o toque de Dahyun em sua mão — Minari... você tem que me dizer para que eu pelo menos tente entender tudo

— Nada disto importa. Você mesma disse que precisa de repouso e eu não vou te incomodar com este tipo de problema

— Se a briga de vocês envolve mesmo que indiretamente meu nome, acho que eu deveria sim saber e agora

— Não, Dahyun. Pare de ser teimosa e espere para saber de tudo quando for pra casa

— Momo vai mesmo me dizer se eu perguntar?

— Se ela não falar nada, pode ter certeza que eu direi com maior prazer depois — Mina apertou a mão de Dahyun e lhe encarou com um sorriso nos lábios — Sabe que eu sempre vou estar aqui pra você, não sabe?

— Claro que eu sei, Mina. Por que está dizendo isto agora?

— É sempre bom lembrar que existe pessoas que estão do nosso lado, aconteça o que for

— Sei que ainda está preocupada comigo, mas eu estou bem — Sorriu

— Dahyun... a gente se conhece já faz algum tempo e eu sei quando você finge esse sorrisinho pra mim, mas está tudo bem. Você passou por algo difícil agora e eu não estou pedindo para que você haja como se nada tivesse acontecido

— Não ter Tzuyu ao meu lado sempre foi meu ponto fraco e eu acho que meus pais descobriram isto

— Eu vou me certificar que ela esteja bem, cuidarei dela enquanto você não pode. Irei visitá-la no colégio todos os dias e também tentarei contato a noite

— Faria isto?

— Mais é claro que sim. Tzuyu também é muito importante pra mim e apesar de não conhecer seus pais, acredito em você quando diz que não confia neles

— Obrigada, Minari — A puxou para um abraço — Não sei o que faria sem a sua ajuda. Ter sua amizade me deixa tão contente e grata

— Hum... Eu tenho que ir agora, você ainda tem que ver as outras e aguentar toda a melosidade de Nayeon que está prestes a surtar antes de te ver — Separou-se do contato e sorriu sem jeito

— Tudo bem. Você pode dizer para ela entrar pra mim? Vou precisar de bastante força para escutar seus choros e aguentar todos os seus abraços

— Claro. E Dahyun...

— Sim?

— Da próxima vez que fizer isto, pelo menos avise a gente para não tomarmos um susto no meio da madrugada — Kim acabou rindo do comentário, mas assentiu prometendo que dá próxima vez deixaria todos cientes de seus atos futuros

Já do lado de fora, Sana era a única sentada ao lado de Momo que até então se mantia em um silêncio completo. Mina que havia passado agora por Hirai ainda lhe lançou um olhar irritado e seguiu até Nayeon e Jeongyeon, informando que agora elas quem deveriam entrar

Sana suspirou e percebendo que Myoui se encarregaria de ficar agora com Jihyo, focou sua atenção em Momo e assim que encarou a garrafinha de água fechada em suas mãos lhe estendeu sem dizer mais nada

— Obrigada — Disse Hirai ao aceitar a ajuda de Minatozaki

— Você deveria ir embora-

— Eu não vou, Sana. Já disse isto para Mina e não vou mudar de opinião

— Você pode deixar eu terminar de falar? Acho que deveria buscar as crianças, elas provavelmente devem ter achado toda a situação estranha e você conhece Jinwoo

— Eles entenderiam se eu apenas explicasse, então por que eu deveria trazê-los?

— Bastante provável que Mina tenha contado sobre a briga que tiveram mais cedo, ou enfrentou circunstâncias que a deixaram nesta situação. Dahyun pode te perguntar sobre a confusão e eu pensei que se as crianças estivessem com você, ela relevaria

— Por que está me ajudando?

— Porque eu sou burra o suficiente para ainda me importar com você... E também sei que depois que você contar tudo para Dahyun, ela talvez não vá mais querer te ver e isto pode incluir as crianças

— Nunca achei que ele faria algo assim — Se referiu ao pai e ganhou uma risada baixa que exalou ironia

— Por Deus, Hirai! Achou mesmo que Akira iria enviar um presente para Tzuyu?

— Eu acho que nem sei o que pensei no momento, meio que acabei agindo de uma maneira apenas mais imprudente

— Como sempre — Sana sorriu com sarcasmo, mas logo voltou com sua seriedade. Não brigaria mais com Momo, estava cansada de se desgastar tanto a troco de nada

— Você acha que algum dia Dahyun vai me perdoar por ser tão fraca assim? Acha que depois que eu contar ela ainda um dia vai poder me amar como ama agora?

— Eu acho que para conseguir isto de alguém, você precisa primeiramente se perdoar e se amar primeiro

— Não sei se consigo fazer algo assim. Todas as vezes que olho no espelho eu o vejo como minha sombra, estou tão cansada de tudo isto e não acho que tenha forças para confronta-lo nesta altura da vida

— Você é uma mulher forte, Momo e está mais no que na hora de mostrar para Akira que você não é mais aquela garotinha assustada de antes

— E se eu for? E se por acaso ainda existir em mim essa garota medrosa de antes?

— Você precisa enfrentar o seu passado de uma vez e só então vai poder se desligar dele completamente. Precisa de ajuda e precisa dela agora!

— Acho que isto não importa mais. Todos acham que eu sou um caso perdido, Mina tem razão

— Você ainda tem seus filhos, Hirai e precisa dar o exemplo de pessoa que eles tem que seguir no futuro. Eu conheço alguém que pode te ajudar com tudo isto, uma profissional de verdade e não apenas esporros meus ou de Mina

— Posso pensar um pouco? — Sana assentiu e então se levantou

— Queria te dizer que amanhã mesmo estou voltando para o Japão

— Hum? Por quanto tempo?

— Não sei, talvez alguns meses. Preciso resolver certas coisas e conversar com pessoas conhecidas... Também tenho que arrumar um novo emprego e sei de gente que vai me ajudar

— Mas e Jihyo?

— Ela já sabe disto e me apoia, quer apenas o melhor pra mim

— Se isto vai te fazer feliz — Momo sorriu fraco na direção de Sana, que agora a encarava um pouco preocupada

— Os momentos de conflito estão prestes a começar em sua vida, Hirai e eu não vou estar aqui desta vez para lhe ajudar em nada. Sinto que as coisas estão prestes a explodir e desejo de verdade que você seja mais forte do que nunca nesta situação, espero que você passe esse tempo refletindo e que amadureça como pessoa

— Não estou te entendendo

— Só se lembre do que eu te disse uma vez: Depois da tempestade, existe um arco íris pronto para guiar suas escolhas e por isto as faça com sabedoria desta vez

— Sana-

— Você tem um coração bom, Momo e conhecendo seu passado sei que nem tudo é culpa sua. Por isto estou lhe desejando o meu boa sorte e saiba que minha proposta ainda está de pé

— Proposta?

— Seja você mesma e então me terá de volta de maneira definitiva — Sorriu sincera na direção de Momo — Desde que você queira mudar e que faça isto de mente aberta, acredito que nada no mundo poderia mais te incomodar novamente. Quando estiver pronta para enfrentar tudo isto me mande alguma mensagem, afinal você ainda me deve uma viagem até Marte

— Você realmente nunca vai esquecer isto que eu te disse? Te prometi quando éramos crianças — Momo riu sendo acompanhada por Sana que rapidamente negou

— Promessas de infância são ainda mais valiosas, você não acha? — Perguntou e como não esperava uma resposta definitiva, se afastou de Hirai e se acomodou ao lado de Jihyo lhe enchendo de beijos. Momo ao encarar a mulher sorriu sentindo certa inveja da pessoa incrível que Minatozaki havia se tornado com o decorrer dos anos

Pensando ainda nas primeiras palavras que Sana havia lhe dito na conversa, sacou seu celular do bolso e discou rapidamente para Jaebum. Na ligação a japonesa pedia para que o homem trouxesse as crianças até o endereço que havia sido lhe mandado e que depois lhe explicaria melhor

Ainda sentada no banco mais afastado, Momo conseguia observar todos que entravam no quarto de Dahyun e pela primeira vez entendeu o quanto a garota era amada por todos, não que ela tivesse alguma dúvida sobre aquilo. Kim Dahyun era uma garota encantadora em todos os aspectos possíveis... Só que naquele momento a japonesa desejou que nunca tivesse a conhecido, desejou que ela não tivesse sido indicada, desejou que a garota não fosse estupidamente boa em tudo ao ponto de fazer seu bobo coração começar a disparar toda vez que a via e principalmente desejou não ser o motivo para trazer ainda mais dor para a coreana

Seus pensamentos vagaram tanto por Dahyun que Momo nem ao menos notou quando seus olhos ficaram mais cansados, se entregando ao sono por míseros minutos que haviam virado aos poucos horas naquela mesma posição

[...]

Acordando com o toque exaustivo de seu celular, Hirai espreguiçou-se na cadeira desconfortável do hospital e atendeu o telefone ao ler o nome de Jaebum. O homem pedia desculpas pela demora, mas também avisava que havia acabado de chegar e que estava esperando a presença da mulher para se despedir das crianças

Caminhando até a entrada do local, Momo logo avistou Jaebum e sorriu ao ter Kyung correndo em sua direção

— Mamãe! Você está doente? Por que está neste lugar — Perguntou demonstrando preocupação

— Eu estou bem, Dahyun quem está malzinha e precisa muito do nosso apoio

— Dahyun? O que aconteceu com ela? Algo muito grave? Ela estava bem! — Jinwoo disparou a dizer

— Calma, Jinwoo. Ela continua bem e tenho certeza que assim que ver vocês vai melhorar bastante

— Então o que estamos esperando? Vamos logo lá pra dentro — Disse o mais velho já puxando Yura que segurava sua mão para dentro do hospital

— Jinwoo! Obrigada por trazê-los Jaebum, depois eu te explico melhor tudo que aconteceu — Comentou soltando Kyung e agora tendo seus braços livres para pegar Minjun do homem

— Sem problemas. Gosto de passar meu tempo com as crianças, apesar de ter sido trocado por eles pela Dahyun — Sorriu

— Vai por mim, eles fazem o mesmo comigo

— Estou indo embora agora, se precisar de algo tem meu número — Momo assentiu e quando se virou para ir embora ainda conseguiu escutar a voz de Jaebum dizer — Meu advogado entrou em contato ontem com Nayeon, mas não recebemos retorno pelo e-mail e nem nada do tipo

— Vou conversar com ela depois, espere apenas mais algumas horas — Disse e desta vez se apressou para acompanhar os passos dos filhos deixando uma nota mental que deveria conversar com Nayeon sobre tal assunto dito

Depois de vários pedidos e carinhas de crianças adoráveis, Jongdae não pode negar a entrada de Momo e todas aquelas pessoinhas até o quarto de Dahyun

Kim que já havia se despedido de todos e que possuía várias marcas de batom pelo seu rosto dadas por Nayeon em mais um de seus excessos de carinho, ficou surpresa ao escutar novos barulhos na porta e ainda mais surpresa ao observar todos aqueles rostinhos lhe encararem com sorrisos fofos

Como se a felicidade de Dahyun estivesse garantida naquele instante, Kim ficou definitivamente ao ver suas crianças e por isto a primeira coisa que fez foi abrir seus braços e chamar todos para se aconchegar ao seu corpo

— Dahyun! — Em um coro feito de maneira manhosa, as crianças correram até a cama e se jogaram em cima da Kim

— Cuidado! Vocês vão machuca-la se continuarem deste jeito

— Está tudo bem, Momo — Sorriu com o carinho das crianças. Kyung e Yura estavam apoiados cada um em uma das pernas de Dahyun, enquanto Jinwoo abraçava a cintura da mesma e recebia um carinho em seus cabelos escuros — Eu estava morrendo de saudades dos meus pestinhas favoritos

— Unnie o que aconteceu? Você fez dodói?

— Foi só um sustinho crianças, eu estou muito bem agora e tenho certeza que poderia ter alta logo após essa visita que me deixou tão melhor

— Eu achei estranho você não ter ficado com a gente, mas não imaginava que estava doente. Por que não me disse nada? — Jinwoo comentou preocupado e encarou Dahyun com aqueles olhinhos irritados que facilmente lhe lembravam de Momo

— Me desculpe, foi algo de repente

— Eu descobri que era você quem estava aqui a dois minutos atrás e foram os piores minutos da minha vida

— Para de ser bobinho, Jinwoo! — Dahyun riu passando a acariciar o rostinho do garoto que ao encarar os olhos da mais velha lhe abraçou mais uma vez

— Não fique doente, mamãe. Não posso perder alguém como você — Sussurrou

— Eu prometo que vou me cuidar melhor, príncipe — Disse e então encarou Momo que sorria com a cena — Momo-

— Amanhã nós conversamos, Dahyun. Não acho que eles vão deixar você sossegada por agora — Kim assentiu e ao se virar para os menores acabou sorrindo assim que as várias perguntas eram feitas

A tarde com as crianças sempre foram momentos que passavam rápido demais na visão de Dahyun e naquele dia não foi diferente. Assim que o horário das visitas acabou teve que lidar com vários rostinhos tristes e incontáveis pedidos para que melhorasse logo. Kyung dizia querer uma revanche no jogo de cartas, Yura dizia querer mostrar para Dahyun como havia aprendido a dar voltinhas na piscina sem medo algum e Jinwoo não parava de comentar sobre um novo anime que havia começado a assistir onde a personagem principal era idêntica a própria mãe, dizendo também que estava ansioso para vê-lo com Dahyun... Até mesmo Minjun lhe presentou com outro pequeno murmurio ao chama-la novamente de “mama” e fazer a felicidade da Kim

Havia sido um dia bastante agitado e agora a noite, Dahyun só pensava em quando sairia daquele lugar e voltaria para Momo e todos os outros que amava. Estava ciente que algo acontecia e também estava disposta a assim que sair daquela cama, conversar com todos e entender o motivo para tanta preocupação além do normal

Virando-se para o lado, Dahyun fechou seus olhos e esperou que o dia seguinte fosse feito de respostas e não de mais questionamentos. Tentaria dormir e rezaria para esquecer logo de todas aquelas vozes em sua cabeça que não paravam de atormenta-la

— Yah! — O grito estridente e inesperado fez com que Dahyun abrisse seus olhos rapidamente e então focasse no corpo alto parado bem na frente de sua porta — Um dia, Kim Dahyun! Eu literalmente te deixo sozinha por menos de vinte e quatro horas e você já se mete em encrencas? Você tem certeza mesmo que é a minha irmã mais velha?

— Chewy — Se aproximando com as mãos no bolso de sua calça de uma maneira um tanto quanto despreocupada, Tzuyu fez careta ao observar algumas lágrimas já rondando os olhos da mais velha

— Olha se você for chorar de verdade já pode me avisar agora, porque eu não pretendo aguentar qualquer choradeira não em?!

— Como conseguiu me encontrar?

— Eu liguei por um orelhão para seu celular e como ninguém me atendeu acabei tendo que me recorrer a Chaeyoung. Ela me disse tudo que havia acontecido e eu decidi te fazer uma visitinha antes que você batesse as botas de vez — Tzuyu sorriu ao dizer e observando o estado ainda debilitado da irmã continuou a falar — Você realmente achou que morrendo se livraria tão rápido assim de mim, Kim Dahyun? Pois se por acaso você pensou algo assim eu realmente sinto muito em ter que ser aquela que lhe dá a notícia, mas você está bem viva

— Acho que sim. Eu deveria tentar de novo?

— Mesmo que consiga da próxima vez, você ainda sim não vai escapar de mim

— E por que não?

— Farei questão de lhe procurar até mesmo no inferno se for preciso, do meu lado você não sai nem se quiser — O sorriso que a garota de fios negros possuía em seus lábios se quebrou por um momento ao escutar a última fala de Tzuyu

— E como está sendo com nossos pais?

— Chato. Os velhos me perturbam demais sobre este tal julgamento e ao mesmo tempo também vivem me comprando coisas como se isto me fizesse repensar minha decisão de ficar com eles — A morena revirou os olhos em descrença e então encarou a irmã que tinha seu olhar um pouco mais cabisbaixo — O que foi agora?

— Eu quebrei nossa promessa, Tzuyu. Disse que não deixaria que eles te tirassem de mim e eu não pude fazer nada quando tudo realmente aconteceu — Olhou nos olhos da irmã e então se lamentou — Te decepcionei e não espero que você me perd-

— Pare com este drama! — Interrompeu a fala da outra com um soquinho em seu peito, o qual atraiu uma careta na mais velha — Eu estou sim decepcionada com você, mas não se trata sobre isto

— O que então?

— Você tinha me prometido que não iria mais voltar a beber estes remédios e chegar até este ponto, idiota — Voltou a socar o mesmo lugar e então resmungou ao escutar a tosse de Dahyun

— V-Você poderia parar de me bater? Respirar ainda é difícil no meu estado

— Hum... Você merecia bem mais

— Como conseguiu entrar no hospital e achar o meu quarto?

— Perguntei para Eunwoo o número e sobre entrar no seu quarto é melhor que você não saiba de nada

— Tzuyu...

— Tudo bem, eu te conto — Sorriu animada com sua própria genialidade — Primeiro que eu tive que entrar pela entrada de trás porque não queria ser vista por ninguém, quando fui tentar me esconder de alguns seguranças acabei entrando em uma salinha onde achei vários jalecos e crachás

— Você roubou um jaleco, Kim Tzuyu?

— Tzuyu não! Doutora Lee — Mostrou a identificação e então recebeu um olhar chocado da irmã — Não me olhe assim, eu precisava te ver e este é o único horário que posso fugir daqueles dois loucos

— Eu vou esquecer toda esta loucura apenas porque estou muito feliz que você está aqui

— Isto significa que não vou ganhar uma bronca?

— Por hora

— Beleza! Arraste para o lado

— Pra que?

— Bancar a médica me fez ficar cansada, quero deitar — Revirando os olhos para o comentário, Dahyun se afastou e logo sentiu Tzuyu se aconchegar ao seu lado

— Você é maluca

— Tudo pela minha irmãzinha — Tzuyu sorriu

— Você poderia ter se metido em encrenca

— Unnie, eu já disse que queria te ver e que pra isto estava disposta a qualquer coisa. Sei que foi só um dia, mas senti tanta falta de você e sua chatice — Abraçou o corpo da mais baixa e escutou a risada de Dahyun

— Vai ser por pouco tempo

— Eu sei. Ninguém pode separar a nossa dupla imbatível de irmãs super gostosas

— Exatamente

— Dahyun — Tzuyu chamou baixinho ao fechar seus olhos

— Sim, Chewy?

— Você me promete outra coisa?

— Claro

— Não quero que você desista de você mesma de novo

— Tzuyu-

— Eu não posso perder a minha única família, Dahyun. Por favor não me abandone também — Kim suspirou e assentiu

— Eu te prometo. Vou lutar por nós duas e fazer valer a pena no final — Beijou a testa da morena e então lhe deixou cochilar por alguns minutos em sua proteção, queria poder sentir o cheirinho da irmã o mais próximo possível antes de ter que mandá-la embora novamente