Se revirando pela quinta vez em sua cama apenas naquela noite, Dahyun suspirou ao saber que seria mais um daqueles dias onde seu sono seria desperdiçado.
Já fazia algum tempo que Kim não dormia muito bem. Eram raras as horas que acabava se entregando ao sono, e isto acontecendo muito pouco tempo antes de escutar o seu despertador lhe acordar com seu típico som irritante de sempre.
Desde que havia parado de frequentar a casa de Momo, Dahyun acabou procurando outros meios de conseguir pagar as contas, pois sabia que era questão de poucos dias até que um novo mês começasse. A ajuda acabou vindo de Jihyo, que a ofereceu um cargo na confeitaria até que a garota pudesse arranjar alguma outra coisa que fosse mais do seu agrado. Kim acabou tendo que aceitar mesmo ainda um pouco chateada com toda a situação criada anteriormente com Hirai, que querendo ou não acabou envolvendo alguns nomes a mais que as únicas duas que deviam fazer parte de todo aquele rolo.
O momento confuso da coreana estava sendo resolvido por ela mesma, queria um pouco de espaço de tudo e todos depois da avalanche de sentimentos que a atingiu em apenas um único dia. No momento apenas tentava manter um contato um pouco maior com Jeongyeon, que ainda lhe ajudava com o caso de sua irmã e fazia o possível para dar algum tipo de retorno para a garota.
Kim sentia saudades de Tzuyu, queria a irmã por perto pois sabia que ela era a única que poderia servir de base em um momento ruim como o que estava vivendo, mas com o caso até então ainda paralisado graças aos recentes acontecimentos, isto era um pouco impossível de acontecer.
Nas noites que passava em claro, Kim tentava compreender os motivos que haviam levado Momo a participar de algo assim. Era certo que Dahyun entendia que aquilo tudo se devia ao trabalho e suas obrigações, mas por que raios Hirai havia permitido continuar a se envolver, se pretendia apunhalar a mais nova pelas costas daquela forma?
Se amaldiçoando por novamente estar pensando demais, a coreana se levantou e se aproximou da janela de seu quarto. O barulho da recente chuva que havia começado lhe deixou um pouco frustrada, era o momento perfeito para que pudesse descansar e sua cabeça infelizmente não parava de imaginar mil e uma possibilidades de Hirai Momo não ser a única culpada. Talvez o amor realmente deixasse as pessoas cegas, ou só talvez, Kim sabia que lá no fundo a japonesa ainda tinha um pouco daquela mulher por quem havia se apaixonado perdidamente.
Decidida a fazer um chá em uma certa tentativa de acalmar os nervos, Dahyun saiu em direção a cozinha e estacou-se bem no meio da sala ao escutar o toque em sua porta. Kim encarou o relógio na parede e até mesmo estranhou a visita de repente, ainda mais sem ser comunicada pelo porteiro.
Ao abrir a porta teve que arregalar os olhos em sinal de surpresa ao observar uma versão molhada de Jinwoo. Os lábios do mais novo tremiam e suas roupas encharcadas eram responsáveis pelo rastro de água no piso do andar do prédio.
— Jinwoo? — O chamado fez o garoto subir o seu olhar para encarar a mulher, que parecia um tanto quanto preocupada.
— Dahyun. — O sorriso evidente do mais novo fez o coração da coreana se aquecer, fazia tempo que não era presenteada com um daqueles gestos adoráveis de Jinwoo.
O Hirai abriu os braços e antes mesmo que pudesse chegar perto da outra, recuou seus movimentos, ele ainda estava molhado e não queria de jeito nenhum incomodá-la. Kim percebeu as intenções de Jinwoo e acabou o puxando para um abraço mesmo assim, envolveu o corpo frio do garoto e tentou esquenta-lo da melhor maneira que conseguia.
— O que aconteceu?
— Eu estava com saudades. — Disse apertando o corpo da mulher contra o seu.
— Meu Deus, Jinwoo... Olha só para o seu estado garoto! Venha tomar um banho e depois você me explica tudinho, tudo bem?
Os assentimentos em confirmação do Hirai fizeram Dahyun trazê-lo para dentro de seu apartamento. Kim teve que fazer tudo com o menor grudado em sua cintura, desde que o mesmo se negava a todo custo se desfazer do abraço.
Jinwoo soltou Dahyun apenas quando chegaram no banheiro, a mais velha prometeu preparar algo para que ele pudesse se alimentar e enquanto isto o próprio deveria tomar um banho quentinho para evitar um possível resfriado.
Kim estava completamente confusa, o que Hirai Jinwoo fazia na porta de sua casa tão tarde assim? E o mais importante, Momo sabia onde o filho mais velho estava? Dahyun quis muito acreditar que tudo aquilo era feito com o consentimento de Hirai, mas quem ela gostaria de enganar? Conhecia Jinwoo muito bem para saber que o mesmo deveria apenas ter saído escondido.
A coreana preparou um rápido prato de massa, já que não fazia idéia de quanto o garoto poderia estar com fome. Esperava que fosse do agrado de Jinwoo, e que isto lhe incentivasse a começar a falar sobre o por que raios ele estava andando na rua a esta hora da noite.
— Dahyun... — O chamado baixinho e um pouco tímido fez a mais velha o encarar com um sorriso amigável em seu rosto.
— Venha, Woonie. — Estendeu a mão para o garoto e o observou se aproximar. Kim o abraçou e sorriu ao sentir o doce cheirinho de shampoo que seus cabelos possuíam.
— Você deve estar confusa... Vai querer me fazer perguntas agora? — Perguntou ao levantar seu olhar e dar de cara com a feição sorridente da coreana.
— Sim, mas por enquanto, apenas coma um pouco. Eu fiz macarrão e é melhor que prove dele enquanto está quente... Espero você na sala. — O assentimento de Jinwoo fez Dahyun se afastar, não sem antes deixar um beijo carinhoso na testa do mais novo.
Jogando-se no sofá do cômodo, Dahyun suspirou e agarrou o novo celular adquirido, desde que o antigo havia se estraçalhado na parede em seu pequeno surto. Kim notou as várias mensagens do número ainda não salvo de Mina e revirou os olhos.
Dentre todas que haviam a magoada, Myoui era uma das que havia realmente lhe chateado. A mais nova sabia que ambas possuíam um laço mais afetivo, e por isto, a maneira que Mina mentiu ao decidir ocultar algo de si lhe doía tanto. Dahyun não queria nem comentar o fato de que a japonesa havia se descontrolado ao partir para violência, e ainda mais por um problema que estava longe de ser da conta dela.
Claro que a Kim agradecia todo aquele cuidado que Myoui tinha com a sua pessoa, mas ainda sim não achava certo a maneira que a outra havia escolhido para lhe defender.
De qualquer maneira, a coreana fez uma nota mental para responder as mensagens da mulher no dia seguinte. Deixaria que Mina se explicasse, pois sabia que era exatamente isto que ela buscava em cada mensagem mandada. Kim decidiu então que era hora de encarar tudo e todos, não podia se esconder pra sempre e nem queria ficar brigada com as pessoas que amava por tanto tempo.
Assim que viu Jinwoo se aproximando, bloqueou o aparelho e sorriu para o menor na esperança de lhe passar conforto. Acabou sorrindo ainda maior ao observa-lo se aninhar em seu colo e lhe abraçar como se fosse um filhote de coala.
— Woonie...
— Ela não sabe.
— Saiu escondido?
— Nós brigamos e então eu decidi fugir de casa. — Disse simples, fazendo Dahyun arregalar os olhos em surpresa.
— Jinwoo?
— Momo te machucou. Ela me contou tudo que fez e eu acho que não consigo mais aceitar isso... Estou cansado dela e de suas desculpas bobas, mamãe. — O coração da coreana se acelerou. Já fazia tempo desde a última vez que havia sido chamada daquela forma e céus, como sentiu falta daquela palavrinha. — Quero ficar com você.
— As coisas não funcionam assim.
— Você... não gosta mais de mim?
— Hum? Claro que gosto! Jinwoo eu te amo como se realmente fosse meu filho, mas nós dois sabemos que isto não seria possível de maneira alguma.
— Por que não?
— Oras, você é um Hirai, príncipe. — Kim disse como se isto fosse motivos suficientes para Jinwoo desistir daquela ideia totalmente louca. — Hirai Momo, queira você ou não, é quem você deveria chamar de mãe.
— Mas isto são besteiras! É apenas um sobrenome bobo. — Deu de ombros ao agora encarar a mais velha de frente. — O que acha de Kim Jinwoo? Não parece ter um tipo de tom sonoro até mais leve? Eu gostei.
— Jinwoo... — Dahyun acabou rindo, o garoto não fazia nem ideia do quanto isto era bem mais complicado do que ele imaginava.
— Eu quero você, Dahyun. Porque eu sei que você sim não vai me machucar.
— Eu não te machuquei quando fui embora sem dizer nada?
— Na verdade, eu fiquei confuso. Não entendi os motivos que fizeram você se afastar dos meus irmãos e de mim, mas eu não consegui me chatear. — Disse um tanto quanto pensativo. — Eu tentei, mas acho que lá no fundinho eu sabia que você deveria ter tido bons motivos para ter feito o que fez.
— E como sabia?
— Isto eu não sei... Talvez nós temos uma ligação importante, acha que isso faz algum sentido? — Riu baixinho.
— Faz sim. Mas você sabe muito bem que não posso deixar você ficar aqui sem antes avisar sua mãe sobre seu paradeiro, o que você fez deve ter a deixado preocupada.
— O Jaebum vai me ajudar nisso. Eu pedi para que ele avisasse minha mãe onde eu estou e sei que ela não vai tentar vir me buscar de jeito nenhum. — O comentário dito de maneira mais esperta do que realmente parecia, fez Dahyun encarar o garoto agora mais seriamente.
— Isto não é certo, Jinwoo. Eu acho que você tem sim que voltar pra casa.
— Não quero! Quero ficar com você!
— Mas eu preciso que você tome conta de sua mãe por mim, Woonie. — Disse Dahyun enquanto segurava e acariciava o rosto do mais novo com suas mãos. — Cuide dela pois eu acho que não posso mais. Pode fazer isto pra mim? Por favor?
Jinwoo suspirou. Não entendia nada sobre aquele mundinho adulto e todas as suas dificuldades, muito menos os motivos de Dahyun ainda parecer se importar tanto.
— Ainda ama a mamãe? — A pergunta fez Kim parar para pensar por minutos.
Ela ainda amava Hirai Momo?
A resposta veio em forma de algumas lembranças. Lembrou-se dos lábios cheinhos de Momo tocando os seus, da forma como eles eram macios e faziam com que a coreana se sentisse nos céus. Kim também se lembrou dos olhos da mais velha, que eram com toda a certeza mais brilhantes que qualquer outra estrela no céu. Dahyun até mesmo sorriu ao se lembrar das bochechas adoráveis da japonesa, das pintinhas em seu nariz, da forma que ela sempre se arrepiava quando a mais nova sussurrava em sua orelha e lhe deixava uma mordida no final de cada frase... Ou talvez quem sabe o jeitinho que Momo se entregou completamente na noite em que fizeram amor várias vezes, do modo erótico e sonoro que os lábios gemiam o nome de Dahyun. Kim nunca esqueceria o rostinho suado e vermelho de Hirai quando a mesma chegava em seu máximo, de seu jeito envergonhado ao pedir por mais e dos vários sorrisos trocados. Mas além de tudo isso citado, Dahyun não esqueceria daquelas três palavrinhas ditas naquela noite.
A coreana soube depois de alguns dias que passou bastante pensativa sobre tudo que envolvia a mais velha, que Hirai podia ter mentido sim em outras diversas ocasiões, mas aquele “eu te amo”... Ah... Aquilo havia sido verdadeiro! Aquela era a voz do coração de Momo, que pela primeira vez deixou que falasse mais alto.
— Eu a amo. — Dahyun sorriu ao dizer e então encarou o rostinho confuso do mais novo. — A amo daqui até a lua, com cada mínima partezinha de mim. Mas no momento, não foi o suficiente, Woonie.
— Por que?
— Sua mãe era a mulher certa, só que no momento errado. Eu sei que pode parecer bobo ou clichê, mas não vejo outra maneira de nos descrever...
— Eu não entendo.
— Nem eu. — Riu baixinho ao começar a acariciar as costas do garoto. — Eu acho que Momo precisa de um tempo, ela tem tanta coisa pra resolver na vida dela e eu sinto que isto aos poucos está acabando com a pessoa incrível que eu sei que ela é.
— E tem o vovô... Eu tenho certeza que ele é um dos principais culpados!
— Momo sabe disso, claro que sabe. Só que às vezes a gente só não quer admitir algo assim sabe? Ela viveu todos estes anos tentando conseguir a aceitação do pai, que tipo de pessoas horríveis nós seríamos se decidíssemos apedrejá-la apenas por querer ser amada pela própria família? Eu sei que ela está tentando fazer diferente, ela quer mesmo se desprender do pai e está lutando todos os dias contra o que sua vida toda, achou ser o certo. Ela vai conseguir, Hirai Momo é uma das garotas mais fortes que já conheci na minha vida... Eu não sei muito sobre o passado dela ou nada demais, mas basta você tirar alguns poucos segundos de seu tempo para perceber que aqueles olhos escondem várias dores.
— Nunca parei pra pensar nisso.
— Você ainda é só uma criança, Jinwoo.
— Mas e quanto à você?
— O que tem eu?
— Se a ama, porque foi embora?
— Eu disse que Momo precisa de tempo e eu também preciso. Acho que quero resolver meus próprios problemas, não quero me desgastar com relacionamentos ou muito menos com seu avô.
— E quando isto tudo passar?
— Eu estarei aqui. — Sorriu e o puxou para se recostar sobre seu peito, apenas para sussurrar no ouvido do garoto. — Irei esperar por ela. Irei esperar pela Momo que conheci.
Jinwoo sorriu ao escutar a fala da mais velha, isto significava que nem tudo estava tão perdido assim. Dahyun ainda amava Momo e o Hirai sabia muito bem que a mãe também a amava.
Tempo. Era tudo que precisavam.
[...]
— Ele está com Dahyun. — Jaebum disse assim que adentrou a casa de Momo.
Era um novo dia e Hirai era coberta por olheiras devido a sua noite mal dormida. O sumiço de Jinwoo lhe deixou em pânico e sua única solução foi ligar para o ex-marido bem cedinho no dia seguinte, este que foi rápido ao aparecer na frente de sua casa com um café expresso para a mulher abatida e diversos bolinhos e pães para as crianças.
— Como?
— Ele me disse que pegou o endereço na sua agenda e procurou por rotas de ônibus que o levaria até o apartamento. — Estendeu o copo para a japonesa, que agradeceu pelo gesto e logo deu uma boa golada no líquido.
— E agora? O que eu faço?
— Ele quer ficar com Dahyun... Sabe disso, não sabe?
— Eu imaginava. — Apertou os olhos em uma tentativa de se manter acordada.
— O que você acha?
— Tudo bem. Ele está chateado e eu tenho culpa por tudo isso, não quero irrita-lo mais ao ir contra um desejo seu.
— Kim disse que vai ser apenas por uma semana, ela não acha certo o que ele fez e até pediu desculpas em nossa ligação.
— Falou com ela? E como ela está?
— Eu não sei dizer apenas pela voz, mas acho que está bem. Ela disse para você não se preocupar com Jinwoo, disse que vai cuidar dele enquanto você não está.
— Eu sei. Ela sempre fez isso bem melhor do que eu mesmo. — Momo sorriu fraco e suspirou. — Você levaria uma mochila com roupas para o Jinwoo? Ele saiu com uma, mas não acho que são suficientes para uma semana fora.
— Por que não vai você?
— Jaebum... Não acho que seria uma boa ideia encontrar com ela, agora. Nem sei se ela deixaria eu subir até seu apartamento.
— Vai ter que descobrir sozinha. Eu sei que consegue, fighting. — Sorriu e conseguiu o que queria ao observar a curva dos lábios da mulher formarem uma risadinha. Hirai o empurrou de lado e passou a pensar sobre.
— Você cuida deles enquanto eu dou uma passadinha por lá? Leva eles para o colégio só por hoje pra mim?
— Claro, mas antes você precisa comer um pouco e tomar um banho.
— Está dizendo que estou fedida?
— Estou dizendo que você não pode encontrar a garota que ama sem antes tomar um bom banho, que tipo de reconciliação você pretende desse jeito? — Revirou os olhos como se fosse algo óbvio demais para ter que ter algum tipo de explicação.
— Não é como se eu fosse tentar algo ainda hoje, mas eu irei seguir seu conselho e irei tomar um banho. Eu como depois.
— Vou chamar as crianças.
Trocando assentimentos, Hirai foi quem subiu primeiro. Foi rápida ao ter que se despir e enfim entrar em seu banho.
Estranhamente se sentia muito nervosa, pois nunca havia ficado tanto tempo sem ver Dahyun desde o dia que se conheceram. Fora uma semana complicada, Momo sentia mais falta da coreana do que poderia imaginar e isto era péssimo.
E como se todo aquele sentimento de culpa já não fosse o suficiente, Hirai ainda tentava lidar com várias outras pendências com pessoas diferentes.
Sana ainda lhe mandava uma vez ou outra algumas mensagens, mas sempre parecia ocupada demais para manter uma conversa. Jihyo recusava todas as suas ligações, mas ainda lhe mandava alguns dos bolinhos de sua confeitaria que a japonesa e seus filhos tanto gostavam. Mina era um caso um pouco mais delicado, ainda não havia tido coragem de mandar alguma mensagem ou fazer uma ligação, sabia que seria ignorada. Nayeon por outro lado conseguia ser a mais próxima, ia algumas vezes na empresa visitar a amiga e sempre ficava por alguns bons minutos por ali apenas bebendo seu café e conversando sobre casos de clientes... Momo sabia que não era a mesma coisa, mas agradecia por Lim não ter lhe deixado sozinha totalmente.
Akira vivia trancado em seu escritório, parecia mais irritado que o normal e só em uma semana havia demitido três dos seus funcionários, Momo estava curiosa, mas não ousaria questionar as atitudes do pai. Hana estava um pouco sumida, esbarrou com a irmã umas duas vezes durante toda a semana e nem mesmo foi recebida por algum tipo de piadinha ruim, a mais nova com toda certeza parecia planejar alguma coisa.
Na semana que havia se passado, Hirai pensou seriamente sobre o cartãozinho antes esquecido em seu escritório. Talvez devesse marcar uma consulta com a tal terapeuta que Sana havia lhe indicado e deixar todo aquele preconceito de lado, não fazia ideia de como aquilo poderia lhe ajudar de alguma forma, mas pensaria a respeito.
— Onde está Yura? — Momo perguntou assim que desceu já devidamente pronta e notou a ausência da filha.
— No quarto dela. Ela não quis saber de descer de jeito nenhum e olha que eu tentei de tudo mesmo em... Aconteceu algo que a deixou chateada? — Jaebum questionou.
— Eu não faço a mínima ideia. Vou lá ver a ferinha e depois te conto. — Avisou e beijou os cabelos de um Kyung sonolento antes de voltar para o andar de cima e bater na porta da garotinha.
— Eu não quero! — Resmungou baixinho já cobrindo o rosto com o edredom. Momo se aproximou e sentou-se do lado da filha.
— O que houve, princesinha? — Ao ouvir a voz da mãe, Yura revelou os seus olhinhos.
— Eu não tô me sentindo bem. — Disse e isto foi o suficiente para deixar Momo em sinal de alerta. — O meu corpo tá dodói.
Hirai puxou a coberta para baixo e tocou levemente no rosto da mais nova, notando a temperatura mais quente. Tomando cuidado para não machuca-la, Momo a pegou no colo e enquanto descia as escadas, acariciava as costas da pequena.
— O que houve?
— Yura está se sentindo mal e está com febre. Acho que vou levá-la para o médico.
— Ela não estava assim ontem. Não precisa se alarmar tanto, você tem remédio pra febre?
— No armário.
— Então não precisa levar ninguém para o médico. Você vai fazer o que tem que fazer e eu cuido dessa garotinha. — Disse Jaebum agarrando a garota do colo de Momo assim que deu a ideia. — Se caso ela não melhore com os remédios, eu a levo para o hospital.
— Tem certeza? Yura não costuma ficar amoadinha assim...
— Ela só deve ter comido algo que não fez tão bem assim ou talvez uma gripe esteja chegando, não seja uma mãe tão neurótica.
— Tudo bem. Mas qualquer coisa você me liga que eu volto correndo.
— Que tipo de papai você acha que eu sou, Hirai Momo? Yura não poderia estar em mãos melhores do que as minhas. — Gabou de si mesmo e recebeu um revirar de olhos da outra como resposta.
— Onde você vai? — Kyung perguntou confuso com um bigodinho de leite, que Hirai fez questão de limpar com um sorriso antes de se abaixar na frente do garoto.
— Mamãe precisa resolver algumas coisinhas na empresa.
— Então hoje você não vai levar a gente pra escola?
— O Jaebum vai levar você, acho que vai ser o único que vai hoje. Tudo bem?
— E o Woonie?
— Ele foi passar uns dias na casa de um amigo dele, Kyung. — Jaebum foi rápido ao dizer e Momo o agradeceu por isto. — Agora sua mãe precisar comer e ir logo para a empresa.
— Eu como depois. Preciso arrumar as roupas do Jinwoo e depois já vou direto até o apartamento de Dahyun. — Disse baixinho e mesmo com a careta do homem, Hirai deu de ombros e resolveu deixá-lo de lado.
Arrumou rapidamente peças de roupas e pegou alguns livros do colégio que o garoto não havia nem feito questão de levar junto com ele. Encarando todo o quarto de Jinwoo, Hirai suspirou ao pensar se deveria levar mais alguma coisa que serviria de entretenimento para o mesmo, se contentou em agarrar os primeiros objetos que viu pela frente.
Despedindo-se das crianças e do mais velho em sua casa, Hirai apressou o passo até a casa de Dahyun. No caminho pensou que detestaria ser uma intrusa ou incomodar a coreana de alguma forma, sabia com toda a certeza que Kim ainda estava magoada e ver Momo naquele momento definitivamente não iria lhe fazer bem.
Hirai ficou cerca de dez minutos na frente do prédio da mais nova, pensando se deveria realmente ser tão cara de pau assim e dar as caras de uma vez. Jaebum não sabia nem mesmo o que falava, por que raios havia ouvido uma sugestão dele?
Mas isto não importava muito agora. Ela já estava ali de qualquer maneira e o máximo que poderia conseguir, era que Dahyun nem lhe deixasse entrar em seu apartamento, de resto pouco se importava.
— Olá. — Um pouco sem jeito, sorriu na direção do porteiro do prédio. — Eu queria falar com Kim Dahyun.
— Qual é o nome da senhorita? Irei ver se ela autoriza sua entrada.
— Hirai Momo.
O homem assentiu e foi em direção ao interfone do local, disse tudo que Hirai havia dito e demorou mais que o necessário na linha com Dahyun. Momo teve que respirar fundo ao vê-lo lhe analisar de cima a baixo e logo em seguida concordar para qualquer coisa que a garota havia dito.
— E então?
— Ela pediu pra você esperar aqui, Kim vai descer pra ver você. — Avisou e ouviu o agradecimento da japonesa.
Ao menos Dahyun não havia lhe pedido para ir embora, isto já era algo bom, não era?
Hirai parecia um tanto apreensiva para rever a garota, e tal fato só se comprovou ainda mais quando viu os longos fios negros saindo pela porta do elevador.
Seus olhares logo se cruzaram e Momo sentiu sua boca secar de repente. Assim como ela, Kim também não parecia ter tido ótimas noites de sono, mas aquela energia boa que a coreana facilmente transmitia ainda estava ali presente e fazia o coração de Hirai quase pular pela boca.
O tempo no qual passaram separadas só serviu para que Momo soubesse o quão linda Kim Dahyun era. Tudo naquela garota fazia a japonesa repensar toda a sua vida, ela queria a mais nova de todas as maneiras que poderiam ser possíveis e se culpava por ter sido a única culpada por acabar com a sua própria felicidade.
— Momo? — A voz agora tão perto fez a mulher voltar a consciência. — Veio aqui pra levar Jinwoo?
— Eh? Claro que não! Eu só vim para trazer algumas coisas, você disse que uma semana seria o suficiente... Achei que devia trazer mais roupas e os livros da escola.
— Oh, entendo. Jinwoo vai ficar feliz por você ter deixado ele ficar aqui comigo. — Ao dizer aquelas palavras, Dahyun desviou do olhar da mais alta e encarou a mochila nas mãos alheias. Hirai logo a estendeu os tais pertences e pareceu se lembrar de algo.
— Eu também trouxe outra coisa, ficou no carro. Eu já volto. — Correndo para fora do prédio, Momo deixou Dahyun sozinha por poucos minutos antes de voltar com a case da guitarra de Jinwoo em mãos e estende-la para que a Kim pudesse pegá-la.
— Hum?
— Ele não fica um dia sem tocar isso, acho que uma semana sem lhe deixaria louco. Só achei que deveria trazer junto com as outras coisas...
— Obrigada. — Kim sorriu e como se fosse automático, Hirai repetiu seus gestos.
— Eu que devo agradecer por cuidar de Jinwoo. Fiquei tão aliviada quando soube que ele estava bem e com você. — Foi sincera e escutou a risada tímida da mais nova.
— Eu me surpreendi de início, mas fico feliz que ele tenha vindo até mim e que nada de ruim tenha acontecido. Disse que a atitude dele não foi muito legal e ele está bastante comprometido a te pedir desculpas quando for pra casa.
— Eu não o culpo por isto, tivemos uma conversa um pouco... dura. — Revelou e Kim assentiu já sabendo de tudo aquilo.
— Como era só isso, eu acho que vou subir agora. — Comentou depois de alguns segundos de um silêncio constrangedor.
— Espera! Eu... antes de você... posso te dar um abraço? — Pediu com receio.
— Eu não acho que seja-
— Eu sei que não seria. — A interrompeu, sabia o que viria depois daquilo. — Eu só preciso de um abraço, Dahyun. Depois eu vou embora e você pode voltar a fingir que eu não existo de novo...
Kim suspirou. Meu Deus! Por que era tão difícil negar algo para aquela mulher?!
Deixando os itens trazidos em um banco próximo, Dahyun se aproximou aos poucos de Momo e a sentiu lhe envolver em seus braços. Com o rosto repousado no peito da mais velha, a menor conseguiu sentir o exato momento em que o coração de Momo começou a bater em um ritmo mais acelerado e suspirou muito forte quando também sentiu a ponta do nariz de Hirai tocar em seu pescoço.
— Eu senti tanta falta do seu cheiro. — A voz rouca da japonesa lhe atingiu em cheio e seu aperto na cintura da mais alta se tornou mais firme. — De sentir você pertinho de mim e até mesmo da maneira que nos encaixamos naturalmente. Eu sinto sua falta, Dahyun. E eu sei que não posso ter o luxo de ter você pra mim agora, mas eu prometo que vou fazer de tudo pra merecer você de novo... Juro que desta vez irei fazer a escolha certa e eu quero que saiba que a coisa mais certa em minha vida, é você.
Tudo foi dito em um quase sussurro e a coreana absorveu cada palavrinha dita pela mais velha. Kim foi solta depois de mais um tempinho naquela posição e sentiu falta do calor do corpo de Momo.
— Eu vou indo. Desculpe por qualquer incômodo e pelo Jinwoo, ele ama você e agiu de forma inconsequente ao não imaginar que você também tem uma vida. — Falou um pouco sem graça.
— Tudo bem. — Respondeu ainda um pouco abalada pela recente aproximação da outra.
— Tchau, Kim. — Acenou para a garota e aos poucos foi se distanciando, ainda olhando algumas vezes para trás apenas para se certificar que Dahyun ainda lhe encarava.
Sentindo sua respiração voltar ao que é considerado normal, Dahyun se praguejou no mesmo instante que perdeu Momo de vista.
Kim descobriu que sentia mais falta da mulher do que imaginava, e naquela manhã, sentiu uma imensa vontade de beija-la.
Caralho! Kim Dahyun era realmente uma péssima pessoa quando o assunto se referia ao tempo e sua importância.
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