E lá estava o loiro, perdendo seu tempo com coisas banais como sempre. Por quê estava fazendo aquilo? Nem ele mesmo sabia o motivo. Normalmente ele nem liga para os outros e sempre ria quando alguém caía.
- Hey, Katsuki. Pode entrar. - o ruivo o chamou, tirando-o de seus pensamentos inacabaveis.
Se levantou de só Deus sabe aonde e andou juntamente com Eijirou até a sala de treinamento de sua banda. Sero tocava algumas notas aleatórias do baixo, Mina estava jogada no sofá jogando em seu celular e Jirou parecia estar afinando as cordas de sua guitarra.
- Aqui é onde nós treinamos. Normalmente nos encontramos todas as segundas, quartas e sextas, além dos finais de semana. - explicou para o outro com um sorriso, parecia que ele nunca parava de sorrir. Katsuki soltou um suspiro, ele teria que treinar juntamente aos outros —algo que odiava—.
- Não tem alguma sala mais separada? - perguntou. - Eu odeio ter que treinar com os outros, é um saco.
- Sinto muito mas se você não quer treinar conosco sugiro que você vaze daqui. - Kyoka falou sem olhar para o garoto. - E por quê você não quer treinar com os outros? Você se acha melhor que os outros, é?!
- Eu tenho meus motivos, dos quais não te interessam. - franziu o cenho. Parecia que ele se irritaria muito com a arroxeada enquanto ficasse por essas bandas.
- Bom, nós temos um quarto aqui. Se quiser treinar lá... - disse tentando amenizar a situação e entrou no meio de ambos, impedindo-os de se olharem.
- Pode ser. - colocou as mãos nos bolsos e se virou para a parede atrás de si. - Eu já vou treinar então. - pegou a guitarra que estava na parede, aparentemente a sua. A colocou nas costas e caminhou até o quarto que Eijirou havia falado.
- Ainda não apoio você ter deixado ele entrar na banda. - a arroxeada disse ao se aproximar do ruivo.
- E por quê você acha isso? - continuava a olhar para o caminho que o outro havia ido.
- Ele não é meio... bipolar? - levantou uma sombrancelha, olhando para o ruivo. - Ontem ele estava agindo como um verdadeiro filho da puta, xingando e berrando. Mas hoje ele está tão pacífico, entende?
- Você só está dizendo isso porque não gostou dele. - sorriu levemente. - Eu, pelo contrário adorei Katsuki. Ele é muito engraçado e mesmo que seja muito irritado ele é uma gracinha. - disse com uma carinha apaixonada, tudo saiu em um suspiro involuntário.
- Mano, tu é gay? - Sero sorriu. Sempre que Kirishima demonstrava gostar de algum garoto ele fazia essa piada.
- Eu não, tu que deixa. - retrucou o sorriso de Hanta. - Enfim, sendo sincero, aquele garoto me prendeu a atenção desde o dia em que nos encontramos na detenção. Que droga! Como que um delinquente que nem delinquente é se apaixona pelo líder do clube do livro?! Eu ODEIO os clichês e estou vivendo um. Alguém me mata.
- Não podemos te matar ainda, você tem que comer o Suki. - ainda mexendo no celular e mastigando um chiclete, Ashido se intrometeu na conversa. - E sim, eu posso chamar ele pelo seu apelido já que eu sou a melhor amiga da melhor amiga dele. - deu um sorriso. Por um único momento, ela fez Kirishima querer ser ela por um dia.
O ruivo deu um claro suspiro de inveja e raiva. Ignorou solenemente a garota e caminhou lentamente para a bateria para tocar em um treino em conjunto. Todos se levantaram e pegaram seus instrumentos para tocarem, seria difícil fazer algo muito bom já que Denki não estava mais nos treinos e foi substituído pelo cara antissocial que estava treinando em uma sala separada.
•••
Katsuki ao chegar na sala, colocou sua guitarra no canto ao lado da porta. Se jogou no sofá também no canto do quarto, estava cansado mentalmente o suficiente para não treinar por alguns minutos, se duvidar até horas. O que raios ele estava fazendo? Ele estava gastando seu tempo que poderia ser gasto com estudos, com uma banda de um garoto punk que ele nem conhece! O quão estúpido ele estava sendo? Ficara assim por mais um bom tempo, tentando descansar a cabeça e tirar toda a culpa que sentia.
Depois de descansar por mais ou menos uma hora, ele finalmente se levanta do sofá. Tentaria treinar mesmo que um pouco, só para tirar a ferrugem de seus dedos cujos quais fazia um bom desde que não tocavam. Pegou a guitarra e a tirou da caixa. Olhou seu instrumento por alguns instantes, apenas apreciando a beleza de sua guitarra, afinal fazia anos desde a última vez que vira ela. A ajeitou em seu corpo e a dedilhou. Rapidamente ele começou a tocar uma de suas antigas músicas, era algo simples, a primeira música que criara então ela não era tão boa, mas era muito especial.
As notas eram graves e a voz era suave, uma combinação perfeita e tudo que ele precisava para sua música. Por costume, ele tocara de olhos fechados. Ficara tocando/tirando a ferrugem de seus dedos por alguns bons minutos. Ele adorava de tocar, infelizmente no passado ele teve que deixar esse seu amor pela música por motivos de: família.
Terminou suavemente a música. Abriu os olhos e com eles um sorriso também. Correu seus olhos pela sala e um garoto de longos cabelos vermelhos o surpreendeu. O ruivo, ao perceber que Katsuki o vira, deu um grande sorriso.
- Você toca muito bem. - se levantou do banco que estava sentado e se aproximou de Katsuki. - E canta também.
- Já não era pra você ter saído daqui? - disse sem o olhar. Olhava para baixo ou para o lado, olhava para tudo menos nos olhos do ruivo à sua frente. - Já deve ser umas 7 horas.
- Eu ia te chamar para irmos embora mas você estava tocando tão bem e tão concentrado... eu não tive coragem de te interromper. - coçou a nuca envergonhado.
- Eu já vou indo. - guardou sua guitarra e a colocou nas suas costas.
- Espera! - Kirishima deu um leve grito, chamando a atenção do garoto. - B-bem... já tá tarde e os ônibus vão demorar muito pra chegar... e-eu posso te levar pra sua casa de moto. É melhor do que ficar esperando pelo ônibus..
O loiro pensou um pouco, de certa forma Eijirou estava certo. Ele não poderia ir andando pra casa sozinho por motivos de assaltos, e nem poderia ir de ônibus pela demora deles a chegar. Ele não gostava muito de motos mas não podia fazer mais nada além de ir com ele.
- Parece que é a minha única opção. - olhou para ele e cruzou seus braços. - Eu vou com você, mas se fizer algo errado ou bater a moto eu juro que eu te mato no dia seguinte.
- E se você morrer?
- Eu te assombro até você não aguentar mais e se matar.
Kirishima soltou um leve riso com a rapidez que o loiro havia respondido.
- Eu prometo. Não quero ser assombrado pelo resto da minha vida. - disse ainda sorrindo.
O loiro o acompanhou até a sala principal do lugar. Pelo visto onde eles estavam treinando era uma antiga garagem abandonada, bem típico de uma squad.
- Toma, coloca isso. - o deu um capacete e colocou o seu. Katsuki fez o mesmo.
Eijirou subiu na moto primeiro, se ajeitou e abriu o portão da sala com o controle. Ligou a moto e deu leves batidas no lugar atrás de si, chamando o loiro para se sentar ali. Mesmo ainda com receio, o loiro se aproximou da moto, deu um tapa na mão do ruivo que ainda estava no lugar onde iria sentar, e subiu. Fazia algumas décadas desde a última vez que andara de moto então ele estava mais preocupado com sua segurança do que com qualquer outra coisa, somente subiu e passou seus braços envolta da cintura do maior que mesmo ele não vendo o seu rosto, pôde saber que esse estava vermelho. Resolveu ignorar e só continuar agarrado ao ruivo daquela maneira. O ruivo pareceu recobrar a consciência e então deu a partida. Tirou o que mantinha a moto de pé e finalmente saiu da garagem, fechando a mesma após isso com o controle.
O vento balançava o cabelo solto de Kirishima e ao mesmo tempo dava um frio na barriga de Katsuki. Ele tirou o tempo que estava atoa naquele momento para analisar superficialmente o corpo do ruivo do qual ele estava agarrado. Os cabelos dele eram muito grandes realmente, quanto produto será que ele gasta para deixá-los assim?
Sua cintura... seu corpo em si era bastante cheio. Ele com certeza se se tornasse pai, seria chamado de "Papai Urso", ou até Teddy Bear, e muito provavelmente ele mesmo se colocaria esses apelidos.
Seu estilo de 'garoto punk' combinava muito com ele, o suficiente para fazer Katsuki não conseguir o imaginar em roupas fofas, e se conseguisse imaginar, ficaria rindo por muito tempo.
Mas, sendo sincero com sigo mesmo, o estilo e o jeito de Kirishima, era totalmente o tipo de Bakugou.
•••
- Uau, sua casa é demais, mano! - Kirishima disse ao finalmente chegar na casa do loiro.
- Dá pro gasto. - tirou o capacete. - Você vai levá-lo de volta pra garagem? - se referiu ao capacete em suas mãos.
- Não tô muito afim. - sorriu indiferente. - Você pode ficar com ele, que tal? Assim eu posso te buscar e te levar pros treinamentos, e assim, ter total certeza que você não vai faltar! - riu.
- Eu não iria faltar de qualquer jeito, idiota.
- Se precaver nunca é de mais! - sorriu novamente.
- Tá, tanto faz, eu fico com ele. - colocou em baixo de seu braço. - Eu já vou entrar, até amanhã.
- Boa noite, Suki! - disse acenando para ele que já andava para a porta de sua casa.
- ...boa noite... - respondeu quase que em um sussurro, mas foi o suficiente para que o ruivo ouvisse.
#
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.