História Opostos Complementares (YoonMinABO) - Capítulo 32

O falecimento de Chaeyoung caiu como uma bomba na mídia.

A jovem, que havia se acidentado, era uma herdeira de uma família rica e bem sucedida, mas o que chamou a atenção dos repórteres foi a ausência do patriarca Park no local onde a cerimônia de despedida aconteceu e também a falta de lágrimas da parte de Min Yoongi, que até então, era considerado o alfa de Chaeyoung.

Apesar de comparecer à cerimônia para cumprir as formalidades e deixar que o filho — que ainda não entendia bem o que estava acontecendo — pudesse se sentir mais confortável no lugar.

Seohyun estava com eles também, prestando algum apoio à senhora Park, mas Yoongi sabia muito bem que a mãe não fazia nada daquilo sem um motivo.

Provavelmente, já imaginava que sem Chaeyoung, sua influência sobre Hanbin seria ainda mais podada. Ter a outra avó do garoto do seu lado seria sua única alternativa, agora que o Park mais velho estava sendo investigado pela polícia.

— Eu tenho certeza que aquele ômega disse algo a ela que prejudicou seu estado de saúde — disse Seohyun assim que retornaram à mansão.

— Até quando vai insistir nisso? Chaeyoung estava em um quadro muito grave, um choque como o que ela teve não é nada estranho devido à situação — retrucou Yoongi.

Hanbin brincava em seu colo, sem estranhar o fato de não ter estado com a mãe durante todos aqueles dias. Yoongi preferia que fosse assim e acabava sendo grato por isso.

— Foi no mesmo dia, Yoongi! Você não quer enxergar o que está na sua frente! — bradou, impaciente e irritada.

O alfa apenas olhou para ela.

— Curioso me dizer isso. Eu sei que agora é o momento em que eu consigo ver melhor cada coisa, cada pessoa e cada intenção.

Ela bufou.

— Você é um tolo, Yoongi.

— E você está tentando acabar com a minha paciência, mas isso não vai acontecer.

Ele seguiu para a escada, levando Hanbin consigo.

Não era apenas com sua paciência que Seohyun queria acabar, mas com a reputação de Jimin também. Tudo o que ele não precisava era ser acusado de ter qualquer envolvimento no acidente de Chaeyoung enquanto o processo contra o Park estivesse acontecendo.

Ele colocou o filho para dormir, brincando com o garoto por alguns minutos até que o pequeno pegasse no sono.

Depois, ligou para o irmão, que estava viajando, mas sabia que poderia contar, ainda que de longe.

— Você sabe que Jimin não faria algo desse tipo, Yoongi. Sei que vocês passaram anos afastados, mas Jimin não mudou. Não quanto a isso.

— Não estou duvidando — ele respondeu, sentando-se perto da cama. — Sabe, depois de tudo isso, eu venho tentando me redimir, tentando fazer o que eu não fiz antes.

— Mas sempre tem um “mas”. O que é desta vez? — Taehyung perguntou.

— Eu não acho que Jimin faria algo contra Chaeyoung, fisicamente, nem contra Hanbin, nem mesmo contra nossa mãe. Mas eu penso na empresa, nos negócios. Eu não sei se conheço esse lado dele. Não tenho medo, nem desconfio dele, eu só queria entender, onde ele quer chegar com isso.

Yoongi ouviu a respiração pesada do irmão do outro lado e sabia que Taehyung estava pensando.

— Jimin ainda é o mesmo, hyung. Ele sabe mais sobre investimentos e também é menos ingênuo agora, mas ele não é um golpista, ele nunca foi. Está magoado, mas não fará nada de realmente grave.

— Às vezes eu duvido um pouco disso. — Yoongi lembrou-se da forma como Jimin disparou suas armas contra eles quando foi àquela reunião.

Ao mesmo tempo em que sabia do que Jimin sentia por ele, não sabia se o sentimento que ainda vivia dentro dele seria o suficiente para fazer tudo se arrumar.

Jimin podia amá-lo e ainda preferir estar longe dele. Ele sabia que o ômega tinha forças para fazer isso.

— Talvez seja a hora de parar de duvidar. Você é cabeça-dura, hyung. Isso é bom, às vezes, mas em outras não.

Yoongi mordeu o lábio, soltando um suspiro vencido.

— Você tem razão. Está certo. É que eu já errei tanto em confiar nas pessoas, agora eu sinto que preciso estar o tempo todo desconfiado.

— Nada está tão perdido que não possa ser encontrado, hyung. Se você olhar bem, talvez o caminho que procura esteja bem à sua frente.

Yoongi concordou, então se despediu do irmão, encerrando a ligação para ir descansar também.

No entanto, uma mensagem brilhou em seu telefone.

Número Desconhecido:

Boa noite, Yoongi.

É Park Jimin.

Jimin, quer dizer.

Enfim, sou eu.

Sei que o momento não é muito bom, mas eu preciso falar com você.

Chaeyoung me fez um pedido quando a visitei, eu pretendo cumprir com ele.

Estarei amanhã na empresa, me avise se puder conversar.

O alfa permaneceu olhando para o celular, sem entender exatamente a mensagem. Desde quando Jimin cumpria os desejos de Chaeyoung?

Automaticamente, seus olhos foram para Hanbin, que dormia tranquilamente em sua cama.

[🧡]

Yoongi o chamou para conversar no momento em que pôs os pés na empresa.

O ômega foi até sua sala e o cumprimentou formalmente antes de se sentar. Era como se o que aconteceu dias antes não tivesse acontecido.

— Como você está? — Jimin perguntou. — Não sei como está sendo. Você tem que lidar com a empresa e com uma criança.

— Eu já fazia isso antes, Jimin, então estou bem — respondeu calmamente. — Me surpreendi com a sua mensagem. Achei que não quisesse falar comigo.

O ômega ergueu uma sobrancelha.

— Eu estava esperando para falar, na verdade. — Desviou o olhar. — Ficamos de conversar, mas tudo aconteceu de repente.

Yoongi sorriu minimamente, ao menos Jimin queria falar com ele. Parecia bem menos restrito consigo.

— Podemos falar agora — disse o alfa, vendo o mais novo olhar para ele, impaciente.

— Não sobre nós… acho que há algo mais importante.

— O processo? — Yoongi perguntou, desapontado, mas Jimin negou.

— O pedido de Chaeyoung. Bem, acaba tendo a ver com o processo também, mas é mais com relação a Hanbin.

Yoongi crispou os lábios, olhando para ele.

— Pode me explicar o que meu filho tem a ver com a situação?

— Tudo — Jimin falou, mas era manso, como decidiu que seria quando se tratasse do menino. — Hanbin vai ficar numa situação complicada quando tudo vier à tona. Estou fazendo de tudo para não envolvê-lo nisso, mas eu sinto que ele vai acabar se frustrando quando descobrir que eu sou o motivo dos Park terem perdido parte de sua fortuna.

O alfa ponderou, era algo quase inevitável.

— Isso te incomoda tanto?

Jimin assentiu.

— Hanbin é a última parte da minha família. Eu queria poder ter uma boa relação com ele, mas com Chaeyoung… droga, isso vai soar estranho. Mas com Chaeyoung viva, isso seria basicamente impossível.

Yoongi continuou ouvindo e quanto mais Jimin falava, mais ele se lembrava de quem o ômega já fora um dia.

— Ela me pediu para cuidar dele. Não sei dizer exatamente as suas intenções, mas eu também serei o parente, depois da avó, que mais estará em condições de cuidar do futuro dele, pelo menos do lado dos Park.

— Não precisa se preocupar com isso — Yoongi assegurou. — Desde que eu soube de Hanbin, tudo o que tenho feito era para garantir a ele uma vida boa. Mesmo que você quisesse tomar tudo dos Park, ele ainda teria a minha herança.

— Eu sei — Jimin falou. — Sei disso, mas eu quero, eu gostaria mesmo de participar, de estar perto e fazer parte da vida dele, mas eu entendo que isso não cabe apenas a ela, também é algo que eu preciso pedir a você. — Jimin sentiu os lábios tremerem, mas olhou para o alfa antes de prosseguir. — Sei que não me deve isso, sei que fui grosseiro e arrogante com você, mas é algo que eu gostaria muito de ter, um laço com ele, algo bom depois de tanto sofrimento.

Jimin entendia que fazer aquilo por Hanbin também era uma forma de compensá-lo pela perda da mãe. Ao menos ajudá-lo a ter um bom horizonte, como ele gostaria de ter.

— Está tudo bem por mim, e se foi um pedido de Chaeyoung, os Park terão que aceitar também.

O ômega soltou o ar, aliviado.

— Eu agradeço tanto — falou, vendo Yoongi balançar a cabeça.

Alguns segundos de silêncio encheram a sala, mas eles se negavam a terminar aquela conversa, um não querendo sair, o outro não querendo que um deixasse aquele espaço.

— E quanto a nós dois? — Yoongi perguntou.

Jimin olhou para ele.

— Nós dois?

— Não vou fingir que não sinto nada — afirmou o alfa. — Eu ainda amo você e quero você. O que aconteceu no parque, eu sei que você me quer também.

O ômega não tinha como negar, mas também não concordou.

— Algumas coisas não dão certo só porque eu quero, Yoongi — disse Jimin, depois de menear a cabeça e olhar para ele. — Algumas coisas precisam mais do que apenas querer para que deem certo.

Ele quis Yoongi no passado, ele pensou. Assim como queria no presente. Mas havia muito mais do que apenas aquilo para que funcionassem.

— Eu quero você — declarou, vendo o alfa acender. — Mas querer você nunca o manteve ao meu lado.

Yoongi olhou para ele, pensando sobre coisas que já tinha refletido durante aqueles dois anos.

— Podemos começar do jeito certo — sugeriu. — Você mudou, eu mudei, mas ainda há algo, então… podemos começar de novo. Com meu novo eu, com um novo você.

Jimin esperou antes de respondê-lo, então assentiu positivamente. Não tinham como apagar o passado, mas com certeza poderiam reescrever um futuro, se quisessem.