História Opostos Complementares (YoonMinABO) - Capítulo 6

Yoongi demorou dois segundos para reagir, mas sacudiu a cabeça, erguendo seu corpo da água e saindo da piscina no mesmo instante em que Jimin levantou também, dando alguns passos para trás. O alfa espalhou água pelo chão e a mulher olhou para ele, já desgostando de ver o filho naquela situação.

— O que faz aqui fora a esta hora, Yoongi?

— Eu estava estressado, por isso vim para a piscina. Jiminie apenas estava me fazendo companhia.

— E quem diabos é Jiminie? — Ela repetiu o apelido do ômega de forma forçada.

Jimin se curvou rapidamente para ela, abaixando sua cabeça mais do que deveria.

— Park Jimin, senhora. Me perdoe, eu não devia estar aqui, estou voltando para o anexo. Sinto muito.

— Espere aí, para o anexo? — questionou, e Jimin ergueu o olhar minimamente para ela. — O anexo dos empregados?

Jimin assentiu, timidamente e incerto.

— Por deus, um empregado estava com os pés na minha piscina?

— Mamãe… você nem nada. E qual o problema de Jimin entrar na piscina? Fui eu quem chamou, ele não está no horário de serviço.

— Então nem deveria estar no gramado. — Ela o mediu de cima a baixo e Jimin engoliu em seco. — Aliás, quem o contratou? Ele não está nem perto do padrão dos nossos funcionários? Jimin de onde?

— Park Jimin, senhora — ele respondeu, agora mais acanhado, temendo ser mandado embora.

— Não me importa seu nome ou sobrenome, só saia da minha casa.

Jimin olhou para Yoongi, quase desesperado e o alfa se colocou à frente dele.

— Não é pra tanto. Jimin só estava me ouvindo, porque eu mandei — disse Yoongi, mesmo que aquilo não fosse verdade. — Ele está cuidando das plantas da casa e da piscina e está fazendo isso bem, eu só estava me sentindo sozinho — concluiu.

— Pois ache outra pessoa com quem conversar quando estiver se sentindo sozinho. Compre um cachorro, algo do tipo. Ligue para Chaeyoung, ela é sua noiva, afinal. Deveria estreitar os laços com ela.

— Mãe.

— Não quero mais ouvir nada. E você — ela falou para Jimin. — Volte para o anexo e siga as regras, como eu tenho certeza que foi ensinado. Se quer continuar com o emprego, coloque-se em seu lugar, no de um empregado, e fique longe dos meus filhos, dos meus pertences, ou qualquer coisa que não seja sua.

Jimin assentiu, envergonhado, mas se curvou mais uma vez e seguiu para o anexo, como foi mandado. Yoongi ia pará-lo, mas sua mãe ergueu uma mão.

— O que acha que está fazendo?

— Você não precisava ter falado desse jeito.

— Não me diga como eu devo ou não falar com meus empregados, Yoongi.

— Eles não são seus empregados — Yoongi disse, pegando jogando os cabelos descoloridos para trás. — São pessoas, ainda que você não veja valor nelas.

— Tanto faz. Eu vi esse garoto no salão onde o jantar foi realizado. Como ele poderia estar aqui agora à noite?

O alfa deu de ombros, colocando as mãos na cintura.

— Eu não sei. Ele estava de folga.

— Então foi caçar um bico, é um desesperado.

— Deixe ele, não estava fazendo nada de mal.

— Ainda quero entender como alguém assim passou na seleção para estar em nossa casa.

— Assim como? — Yoongi perguntou, indo atrás da mulher que já tinha dado meia-volta e agora andava em direção à entrada.

— Como ele. Alguém sem educação, sem instrução e sem limites. — Ela soltou uma risada soprada. — Quem me garante que não roubar nossas peças do jardim a cada saída dessa casa?

— Está julgando ele sem nem o conhecer.

— E você também não o conhece — disparou para o alfa, olhando para ele. — Yoongi, você não é mais um garoto. Sabe das suas responsabilidades e, principalmente, das suas obrigações. Você jurou ao seu pai que honraria e protegeria o nome da nossa família, sabe quanta esperança e confiança ele depositava em você. Você é o nosso herdeiro, a pessoa que vai tomar a frente de tudo quando eu não estiver mais aqui, a pessoa que vai elevar ainda mais o nome dos Min no mercado internacional. Você nasceu para isso, filho, você prometeu que faria isso.

A ômega era firme e Yoongi se sentia pressionado, mas as palavras que vinham dela não eram nada que ele já não soubesse. Yoongi havia jurado a seu pai que cuidaria da família e dos negócios, e a palavra de um Min era algo muito sério, algo que não podia ser mudado.

Yoongi abaixou a cabeça, lembrando-se do momento em que falou com seu amado pai pela última. O homem mais velho estava acamado há algum tempo e ele havia chegado de uma viagem quando o alfa o chamou para dar a ele suas últimas palavras de pai para filho.

Yoongi havia escutado tudo com muita atenção e naquele momento ele sabia que aquele era seu destino e não tinha nenhuma objeção quanto a cumpri-lo, porém, naquele momento ele ainda não havia conhecido Jimin, não havia visto o ômega que mudaria tudo e todas as coisas relacionadas a ele.

 — Eu sei — ele disse. — Eu sei muito bem o que prometi ao papai.

 — Então — a mãe continuou —, não falhe, não deixe que  que uma paixão ou o desejo que sente por ele fique à frente do seu dever.

Yoongi balançou a cabeça, assentindo, ainda que sentisse o seu coração apertar.

 — Mandarei que o demitam amanhã pela manhã.

 — Não — Yoongi pediu, fazendo com que ela o olhasse com certo questionamento. — Não precisa, eu vou conversar com ele e explicar a situação, mas não deixe sem o trabalho ele precisa e é uma pessoa boa sua mãe ponderou seu pedido, mas vendo alfa manter-se firme à sua frente preferiu acreditar no filho.

— Tudo bem, mas não demore com isso. Se você quer levá-lo para a cama, apenas, faça logo, antes que esteja casado com Chae. Dê algum dinheiro a ele e o mande calar a boca.

 Yoongi ainda ficava chocado, mas entendia que aquela era a realidade, por mais que não fosse bonita, era como acontecia. Jimin não tinha os requisitos para ser um par adequado para ele e seu compromisso com Chaeyoung já era de anos.

Sua mãe deixou o gramado e entrou na mansão para subir para o seu quarto, ele ainda olhou para trás na direção do anexo, mas não viu nenhuma luz ligada naquela área, então imaginou que Jimin havia ficado chateado.

Não poderia falar com ele, não ainda, então o alfa seguiu para seu quarto e continuou lá depois de tomar seu banho e refletir sobre o que havia acontecido. Jimin tinha sido humilhado por sua causa, mesmo que Yoongi estivesse tentando dar a ele mais do que o ômega já tivesse sonhado.

Ele teria que dar um jeito, pois seu coração se recusava a deixar de lado o que estava sentindo, ainda que sua mãe tivesse razão no que falava, seu instinto mostrava o contrário. Queria ficar com Jimin, só não sabia como faria isso.

 No dia seguinte, logo pela manhã, Jimin já estava do lado de fora fazendo seu trabalho, agora bem mais dedicado do que sempre esteve, não queria dar motivos para que ninguém falasse algo sobre a qualidade do seu serviço.

 A senhora Min havia sido dura, mas ele também acreditava que estava errado, já que era só a primeira semana ali e se deixou levar pelo que sentiu ao estar junto com o alfa falar mais alto do que a sua prudência como empregado.

 Ele viu primeiro Yoongi sair em direção ao seu carro, mas o  de cabelos descoloridos foi até ele em seguida, com seu terno caro e a pasta de couro em sua mão.

 — Bom dia — ele desejou e o ômega o respondeu se curvando, educadamente. — Eu não posso pedir desculpas mais uma vez, mas é a única coisa que posso fazer no momento.

 — Ela vai me demitir, não vai? — Jimin perguntou, mas o alfa negou com a cabeça.

 — Não, mas não vou poder ficar muito perto de você por enquanto.

— Não deve ficar perto de mim mesmo, você está comprometido e ela tem razão. Eu sou apenas um empregado, não quero trazer problemas para você nem para sua noiva, também não quero sair prejudicado.

 — Eu sinto muito por isso, eu não queria que fosse assim, eu não o vejo dessa forma, Jimin. Eu — ele gaguejou, enrolado com as palavras, querendo colocar para fora tudo o que estava sentindo.

Jimin estava um pouco nervoso, mas ainda sentia seu coração palpitar de forma errada porque estava perto do outro. Tentava não deixar transparecer todo aquele nervosismo e nem a adrenalina que corria em suas veias ao sentir o cheiro do Alfa.

— Não precisa se desculpar, de verdade, não faça isso; eu vou me manter onde eu tenho que ficar, já é demais eu ter o anexo como lar, não vou passar dos limites da propriedade.

 — A minha mãe, às vezes, fala coisas que não deveria. Eu só quero que você entenda que eu não penso isso de você, eu jamais pensaria.

“Mas ela sim”, Jimin pensou.

 — Obrigado, mas eu acho que não importa tanto agora.

Yoongi notou sua expressão chateada e esperou que Jimin olhasse para ele, mas isso não aconteceu.

— Você acha que eu penso a mesma coisa? Jimin, eu o quis aqui porque eu senti verdade em você. Mesmo sem conhecê-lo, eu senti que podia confiar, senti no meu coração.

O ômega engoliu em seco. Não queria se deixar levar pelo tom manso e gostoso que a voz de Yoongi tinha, nem pelas palavras doces que deixavam sua boca.

 — Não; não sei, mas eu só estou aqui para fazer meu trabalho.

 Yoongi se sentiu um pouco triste e andou para o lado, se afastando de Jimin, estava confuso também e receoso do que poderia acontecer com o ômega caso sua mãe realmente criasse uma desconfiança grande com ele. Ele assentiu com a cabeça e foi embora sem dizer mais nada.

 Jimin o ouviu entrar no carro e soltou a respiração que prendia algum tempo sem saber. Era estranho pensar que chegou a cogitar a possibilidade de que poderiam ficar juntos de alguma forma, mesmo que numa possibilidade ínfima, ele pensou em ter o alfa ao seu lado.

 Ele voltou ao trabalho enquanto a manhã seguia tranquila, mesmo depois de tudo. A única tempestade acontecia dentro de seu próprio coração.

Taehyung apareceu na área da piscina mais tarde e, para a surpresa do Ômega, ele foi imediatamente falar consigo.

 — Olha só quem está aqui. Jimin, eu falei com você ontem à noite, mas você nem olhou para mim.

 O ômega piscou os olhos, confuso, pois não lembrava dele em meio a tanta confusão e sentimentos novos surgindo dentro de si, e aí então imaginou que o outro homem também estava na mesa, ao lado de Yoongi e de sua mãe e da noiva do irmão.

— Oh, sinto muito, mas eu acredito que não seja bom falar com você aqui também.

 — Ah, eu soube sobre o que aconteceu ontem entre você, mamãe e Yoongi. Desconfortável, não é? Às vezes a minha mãe passa dos limites, mas é porque ele já está com tudo acertado para o casamento com Chae, então ela está mais aflita por conta disso.

 — Ah, sim, o casamento — ele falou.

 — Mas não se preocupe, falar comigo não há problema nenhum; além do mais, nós só estamos nos falando, certo?

 Jimin fez uma careta e negou com a cabeça.

 — Para falar a verdade, eu não sei até onde é um problema, então eu acho melhor eu fazer com a senhora Min pediu e me manter longe de vocês e está tudo bem. Eu estou fazendo o que fui pago para fazer.

 — Isso quer dizer que você não quer nem ser meu amigo? — o alfa manhou, fazendo Jimin sorrir ao ver os olhinhos pidões direcionados para si. — Juro que ela não vai brigar com você se estiver falando comigo, diferente do meu irmão, mamãe nunca se importou muito com quem eu me envolvia.

Jimin pensou em tudo que a mulher havia dito para ele na noite anterior e de como se sentiu mal ao ser julgado tão pequeno e errado. Aquilo sim havia mexido com ele, não o fato de ter que se afastar de Yoongi.

Ainda que fosse pobre e tivesse menos recursos do que qualquer outra pessoa que conhecesse, Jimin  nunca tinha mexido em nada que não era seu, assim como nunca havia cogitado a ideia de usar qualquer vantagem que aquele trabalho ali dava para conseguir mais do que fosse justo e já tivesse sido acordado.

 Ele havia ficado minutos sentado em sua cama, refletindo em como aquelas palavras haviam reverberado dentro dele. Agora era algo pessoal e ele provaria todo o valor que tinha e todo zelo que dedicava ao que fazia.

 O ômega não era do tipo que gostava de impressionar as pessoas, mas sentia uma necessidade de provar para ela que estava errada quanto a ele.  Não ligava para como Yoongi o veria, necessariamente, mas acabava sendo algo subconsciente.

 Jimin tentava não pensar muito em como as palavras haviam sido duras, desconsiderando a forma como havia sido tratado para levar em conta tudo o que receberia no final daquele mês.  Ele sabia que às vezes as pessoas poderiam ser duras demais, às vezes até passando de certos limites, mas era algo sobre costumes e valores que nem todo mundo tinha. Sendo assim, ele — humilde como era — preferiu não absorver aquelas palavras, mas sim usá-las como gatilho para fazer melhor e ainda mais do que já fazia, assim além de impressionar a senhora Min, ele também manteria seu foco no que importava e não no alfa que mexia consigo.

 — Eu não sei — respondeu para Taehyung.

 — Vamos fazer assim — o alfa anunciou com ar determinado, mas ainda assim leve. — Se você não disser para ela, eu também não digo; nós continuamos sendo amigos e conversando. O que você acha?

Jimin continuou cortando os galhos da planta que estava podando e sorriu pequeno, dando de ombros.

 — Eu ainda não entendi qual a necessidade de querer ficar amigo de alguém como eu. Eu não tenho nada a oferecer para você.

 — E desde quando amizade é sobre oferecer algo? Eu também não estou oferecendo nada, apenas a minha companhia. Ah, qual é… eu sou um cara legal.

 Jimin olhou para ele e sorriu, porque de alguma forma gostava do jeito que ele falava. Talvez Taehyung fosse mesmo alguém solitário como ele, sem amigos, e também precisasse de alguém com quem pudesse conversar.

 — Eu vou acabar sendo demitido.

 — Não vai. Confiar em mim — ele pediu e Jimin negou com a cabeça, mas continuou sorrindo.

 O alfa mais novo foi para perto das espreguiçadeiras, onde colocou seus óculos e começou a ler um livro.  Jimin não sabia onde tinha se metido, mas sentia que muito ainda aconteceria.