*DUAS SEMANAS DEPOIS*
— Então está me dizendo que você só ainda não pediu divórcio por depender financeiramente dele?
— Sim... Ainda não consegui arranjar um emprego. – Chris, uma mulher que nesse momento, derramava lágrimas sem parar, explicava sua situação para Park – Ele não me deixa pegar no celular dele, pra onde vai tem que levar o aparelho. Acho que ele deve pensar que eu ainda não descobri sobre as muitas mulheres com quem ele conversa. – Jimin murmurou um ‘’Hum...’’ pensativo e pôs a mão no queixo, acompanhado de seus dedos segurando uma caneta.
— Bom, há mais algo que lhe oprime tanto no relacionamento de vocês? – perguntou, se sentindo até um pouco ‘’indelicado’’.
— Bem... – a mulher que dizia ter um marido viciado em pornografia descruzou as pernas e fungou audível, parando de chorar um minuto – Pode ser um pouco vergonhoso para mim falar isso mas... Não tem problema, eu acho – ela respirou fundo – N-não temos mais relações sexuais já faz dois meses, desde que voltamos a morar juntos. – o psicólogo arqueou uma sombrancelha, meio confuso com a arfimação, que achou um tanto quanto desnecessária porém, precisa, ao mesmo tempo.
Ele piscou algumas vezes — O que disse? – ele quis dizer ‘’por quê?’’.
— Ele se tornou muito violento. – respondeu ela – Quer me xingar e me agredir durante o sexo, e eu não gosto disso... – Jimin sentiu uma leve pontada em sua região sensível, deu um discreto puxão em sua calça e aproveitando o movimento, trocou as posições das pernas, colocando agora, a esquerda sobre a direita, contendo um sorrisinho ladino com o assunto que a mulher ‘’iniciou’’ – Você não acha isso muito... ‘’exagerado’’? – ela mesma fez aspas com as mãos.
— Senhora Woon, já lhe expliquei que meu trabalho aqui não consiste em dizer ‘’o que eu acho’’. – disse calmamente, gesticulando com as mãos – O que importa é o que você acha. Sou eu quem estou lhe avaliando, não o contrário.
A mulher recostou-se na poltrona e forçou a garganta, ficando meio envergonhada.
Jimin apenas prosseguiu com a consulta, se pronunciando — Vou ser franco: Sua fraqueza está empoderando seu marido. – disse firme, colocando seu tablet em cima de sua mesa – Como você não tem atitude firme e se sujeita a tudo isso, acaba dando ainda mais ‘’poder’’ ao seu esposo. – ela riu sem humor, provavelmente se sentindo uma completa idiota – Entenda, Chris: Você precisa cuidar de si mesma. Você pensa que está em um casamento, mas na verdade está sozinha e sem amparo. Você tem uma filha pequena, e se esse comportamento agressivo dele piorar, o que, desculpe a sinceridade, mas pode acontecer e você está bem ciente disso, pode acabar afetando sua filhinha também de alguma forma.
— E-eu não sei o que fazer...! – e a voz chorosa voltou – Me dê um conselho, doutor, por favor! – parecia desesperada. A loira cobriu o rosto avermelhado com as mãos e começou novamente, a chorar.
— Não é bem um ‘’conselho’’... – Jimin olhou o relógio de pulso e viu que a sessão já havia acabado e se pôs de pé, estendendo a mão para a paciente – Você sabe o que tem que fazer, mas está presa em uma esfera de puro medo. – a mulher o escutou e ergueu o rosto, pegando em sua mão e ficando de pé á sua frente – Aja como uma mulher e mãe, digna e madura agiria e livre você e sua filha de uma pessoa como aquela de uma vez por todas. – por fim, sorriu sereno – Por hoje é só, até a próxima senhora Woon.
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Jimin saiu de seu escritório ainda ás 11h da manhã. Teve apenas duas breves sessões pela manhã e não estava cansado; O certo seria dizer preguiça mesmo.
Andava de vagar e sem pressa. Lembrava que tinha deixado uma ‘’criança’’ dormindo sozinha em sua casa, mas não se esquentou quanto á isso. Apenas seguiu seu caminho tranquilamente, até chegar em sua residência.
Quando entrou na sala, viu logo em seu balcão, embalagens de salgadinhos e caixinhas de suco e logo depois, ouviu o barulho do chuveiro ligado.
— Voltei! – avisou, certo de que não tinha avisado ao garoto que sairia.
Não obteve resposta, mas nem esperava alguma. Jungkook parecia bem mais concentrado em cantar em voz alta, uma música que Jimin não conhecia, enquanto tomava banho.
Caminhou vagarosamente pelo corredor, enquanto ao mesmo tempo, afrouxava sua gravata preta e desabotoava alguns de seus botões de sua camisa social, quando o barulho de água cessa e este escuta a portado banheiro se abrir e passos atrás de si.
Virou-se.
— ‘Tava aonde?
E então, assim como sua imagem desnuda, coberto apenas da cintura para baixo, por uma mísera toalha branca, o suave som de sua voz ecoou no corredor meio estreito, chegando até os tímpanos de Park Jimin.
— Esqueci de avisar você. Trabalho. – respondeu e desceu suas mãos até seu cinto, onde abriu a fivela e passou a andar novamente até seu quarto – Acordou que horas? – disse em tom alto, para o garoto que agora, entrava no quarto vizinho, escutasse.
Com ambas as portas abertas, cada um se despia tranquilamente, praticamente, um do lado do outro, enquanto conversavam – Sei lá. Não faz muito tempo. Só comi uns ‘negócio ali e fui tomar uma ducha. – Jungkook falou, enquanto procurava uma cueca em sua gaveta.
— E o que eu já te expliquei sobre deixar sujeira no meu balcão? – repreendeu o mais novo, enquanto retirava sua calça e a dobrava, levando até sua cômoda.
— Ah você sempre fala que eu sempre fui assim, então eu sempre vou ser assim. – revirou os olhos – Para de ser tão chato com esses ‘bagulho de limpeza, que saco. – terminou de pôr uma bermuda folgada e uma camisa simples, jogou sua toalha em cima da cama e deu dois passos até o quarto de Jimin, se encostando, na beira da porta – Aí – chamou o loiro que se virou rapidamente num espanto – Eu vi–-...
— Lisença! – atirou um travesseiro no moreno e pegou seu edredom, enrolando-o em sua cintura, cobrindo suas pernas e sua box azul claro, na qual estava vestido – Sabe que eu acho estranho...
— Estranho? – tombou a cabeça – O que é estranho? – Jimin o encarou brutalmente – Por que você sempre diz essas coisas quando vou te ver sem roupa? A gente se conhece desde pequenos e você nunca se acostumou comigo?
O menor engoliu em seco, tentando pensar no que ia falar — Não... Não é isso, Jeongguk-ah... – suspirou – É só que eu sou bem reservado, sabe? Eu não deixava nem você me ver sem roupa. Tenho essas ‘’coisas’’.
— Tem essas ‘’viadagens’’ – o ‘’corrigiu’’, debochando e fazendo uma careta de tédio – Grande merda! – se jogou em sua cama, e Jimin o olhou – Mas eu também sou homem, cara. O que você tem eu tenho. O pau que você tem... Tipo, acredita que eu também tenho?! – Jimin quase riu, isso senão tivesse levado seus pensamentos curiosos para outro tópico.
‘’Posso saber o que diabos Jeon Jungkook está discutindo sobre poder ou não me ver pelado?’’
Mas, claro que Jimin não seria tão imaturo em se deixar inebriar-se com pensamentos tão...
‘’Néh?’’
E também, existe o fato dele ser apenas um adolescente de 16 anos.
‘’Uma criança! Nada a ver mesmo... Não vale a pena pensar nessas coisas.’’
— Cara eu sei que você não gosta que eu xingue, mas puta que pariu, tu não me deixa no vácuo! YAAH! – foi ‘’brutalmente expulso’’ de seus devaneios ao ouvir os berros de Jeon Jungkook, este que já se encontrava sentado em posição de índio em cima de sua cama e seus braços cruzados. Jimin apenas piscou e o fitou – Porra!
— Para de falar tanto palavrão. – entrou em seu banheiro dentro de seu quarto e encostou a porta, tirando toda sua roupa e inclusive, seu edredom de sua cintura – E o que você estava falando mesmo? – escutou alguns grunhidos irritados e passos ao longe, porém nenhuma resposta – Jungkook? – a porta do quarto ao lado foi ouvida batendo com força, o que fez Jimin rir e negar com a cabeça.
O garoto era uma figura e tanto, Jimin concluira. Era autêntico, engraçado, um tanto quanto ‘’imoral’’, bem boca suja e muito, mas muito mesmo, esquentadinho.
Sempre saía cuspindo mil e um tipos de palavrões e faltava desmoronar aquela casa com suas batidas de portas, quando acontecia algo que não o agradasse, totalmente o oposto de Park, que era sempre tão calmo e compreensível.
Os dois se davam bem no final da história. Jimin aos poucos ia o descobrindo cada vez mais e aprendendo a lidar com o garoto.
Vez ou outra, ele lhe perguntava coisas sbre seu passado, que Jimin gaguejava ao responder, por não saber muito bem o que dizer ao mais novo, mas no final, Jungkook sempre o ouvia atentamente, se mostrando verdadeiramente interessado sobre sua vida antes de perder suas memórias, o que deixava o coração de Jimin um tanto inquieto e angustiado e até inseguro quanto a decisão que resolveu tomar.
‘’Não se diz respeito á mim, mas sim, a vida de uma pessoa que eu sequer conheço. Eu sinto que não tinha esse direito mas, ele parece tão ‘’bem’’ vivendo sob um teto, que todas as minhas vontades de acabar com isso somem, simultaneamente.’’
Essa estava sendo uma das únicas vezes que a Insegurança tivera encarado Jimin. E ele se preocupava com isso. Preocupava muito.
Mas...
Mas...
Sempre tem um ‘’MAS...’’
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