História Orações Suicidas - Life Through a WINDOW

Jordan´s POV

Vejo Isabella e os seus pais a dirigirem se á porta de nossa casa, e corro o mais rápido que consigo até á porta. Espreito pelo pequeno buraquinho que quase todas as portas de entrada têm, e vejo os três, de modo que a “prepararem se” para entrar em nossa casa. Isabella tem os olhos ligeiramente vermelhos, e parece triste. Tanto a sua mãe como o seu pai parecem nervosos e desconfortáveis. Aí, Isabella toca á campainha a medo. Antes que Maria chegasse para abrir a porta e me apanhar a espiar pela pequenina janela redonda, a mãe de Isabella dá lhe uma cotovelada, o que a faz forçar um sorriso e endireitar as costas na hora.

- Então Jordan? Vais abrir a porta ou vais ficar aí a observar los?  - Maria dá uma gargalhada enquanto se aproxima.

- Não, estava só a ver quem era. – digo atrapalhado

- Luke! Os vizinhos chegaram!

Luke corre que nem uma criança para junto de nós ainda com o avental posto e sujo de molho de tomate, e faz um sinal positivo para que Maria abra a porta a Isabella e aos seus pais.

- Olá! – mal a porta abre, Isabella diz contente.

- Olá querida! Boa noite senhora e senhor Stuart, entrem, estejam á vontade.

- Boa noite... Ah! Tu deves ser o Jordan! Muito prazer. – A senhora Stuart estende me a mão, e faço o mesmo sem vontade.

- Bom, o jantar está quase pronto, venham á cozinha para tomarem um copo de vinho enquanto a comida acaba de cozer. – Luke parece bastante nervoso, como se a sua vida dependesse daquela família e daquele jantar.

- E tu Jordan, podias ir mostrar a casa á Isabella, tenho a certeza que não vão querer ficar aqui a ouvir conversas chatas de adultos não é?

- Hum... está bem...

Maria e Luke e os pais de Isabella vão todos para a cozinha, deixando me a mim e a ela sozinhos no corredor de entrada. Olho para Isabella, e ela tem o olhar feliz que sempre tem. Eu não compreendo... eu vi com os meus próprios olhos, esta rapariga a ser abusada pelo namorado, e a chorar em frente ao espelho. E agora vejo a mesma rapariga 1 hora depois, com o ar mais feliz de sempre. Tendo ignorar Isabella, e subo as escadas em direção ao meu quarto, onde me atiro para cima da cama. Apercebo me de que ela me seguiu, e entra no meu quarto aos saltinhos.

- Wau... belo quarto! – Ela olha á sua volta como se estivesse perante um arco-íris. -  Hum... não fazia ideia que gostavas de banda desenhada... Star Wars!? Adoro!!! – Ela remexe numa das revistas de banda desenhada dos Star Wars II, arrumada na minha estante de livros.

- Isso já aí estava quando cheguei. Nunca li banda desenhada. – dou de ombros

- Mas devias. E então, estás a gostar da Maria e do Luke? Vivi nesta a rua toda a minha vida, e desde há 6 anos quando eles se mudaram para aqui, que sempre foram impecáveis comigo...

- Não me digas. – respondo sarcasticamente

Depois de alguns minutos em silencio, enquanto Isabella continua a ver os meus livros com interesse, olho finalmente para ela. Desço os meus olhos desde o seu cabelo castanho, pelos seus olhos verdes distraídos com as bandas desenhadas, e pelo seu pescoço segurando um colar fino e discreto, até que reparo numa pequena marca vermelha perto do peito esquerdo de Isabella.

Ao fim de algum tempo, ela apercebe se que eu estava a olhar para ali, e tapa rapidamente a região do peito com o seu casaco preto de cabedal.

- Desculpa não era suposto eu estar a olhar...  Só reparei que parece que levas te um murro aí.

- Não! É só uma alergia chata. 

- Jordan! Isabella! O jantar está pronto! – oiço Maria a chamar nos entusiasmada.

[...]

Confesso que foi um jantar estranho. Tanto Isabella como os seus pais pareciam as pessoas mais bem-sucedidas e felizes deste mundo. Mas que raio! Será que eu vi mal?

Começo a arrumar a minha mochila com os livros poisados em cima da minha secretária, quando vejo a tal revista dos Star Wars II que Isabella vasculhara minutos antes do jantar. Pego nela para voltar a pô la na estante, quando um pequeno papel cai de dentro dela. Apanho o pequeno papel do chão, e apercebo me que têm algo escrito nele:

“Living through a window (vivendo através de uma janela)

Ass: P L E H”

Que raio...  Janela...? E quem é “o” ou “a” “Pleh”? Fico intrigado, por isso guardo o pedaço de papel quadriculado rasgado dentro da gaveta da secretária, e arrumo finalmente a revista de banda desenhada dos Star Wars II.

Antes de me deitar, olho pela grande janela do meu quarto, quando vejo outra cena bizarra a passar se no quarto de Isabella. Vejo o momento exato em que a sua mãe entra de relance no quarto, e começa aos gritos. Isabella está virada de costas para mim sentada na sua cama, e a sua mãe tira lhe algo da mão. Logo percebo que se trata de um pedaço de vidro bastante sujo com um liquido vermelho. Sangue? Aí vejo Isabella a esvair se em lágrimas, quando a sua mãe lhe dá uma valente bofetada, te tal forma violenta, que faz Isabella cair.

O que é que ela faria com vidro? Não me vão dizer que ela corta os pulsos. Isso é impossível! Hoje ela esteve cá em casa, e os seus pulsos pareciam perfeitamente normais, por isso tenho de riscar essa hipótese. Mas se realmente Isabella se estava a cortar, por que haveria a sua mãe ficar tão furiosa ao ponto de lhe bater? Enfim, eu não sei o que pensar. Acho que o melhor mesmo é eu desligar me daquela janela no quarto de Isabella, pois a minha vida já é miserável o suficiente para eu agora estar a viver os problemas dos outros.

“SCARS ON MY WRISTS,

  PAIN ON MY EYES,

  TRYING TO HIDE,

  FROM A LIFE FULL OF LIES.”