Era quinta-feira. Ou melhor, o dia da social na casa de Bae Joohyun.
Era o assunto do dia; enquanto estava na faculdade, tudo que podia ser ouvido era o burburinho de várias pessoas conversando sobre de que horas chegariam, o que usariam ou quem queriam pegar, coisas do tipo, e estava todo mundo claramente animado.
Jeongguk não estava exatamente naquele estado. Animado era uma palavra muito forte, estava... nervoso? Sem motivo aparente, mas, por algum motivo, uma estranha ansiedade lhe invadia toda vez que pensava na social — não exatamente nela, mas em quem estaria nela. Em específico Kim Taehyung, que não saía de sua mente desde que tiveram aquela estranha conversa dias atrás na cafeteria.
Por falar em Kim Taehyung, vinha notando o olhar analítico dele sobre si desde então. Era como se ele também tivesse ficado intrigado com a conversa que tiveram, então ele estava frequentemente lhe analisando com aqueles olhos intensos, observando sua postura, seus movimentos e suas reações. E tudo sem deixar aparente a conclusão que ele chegava, porque Jeongguk não conseguia ler nada que se passava por trás daquelas orbes escuras, e merda, aquilo estava lhe enlouquecendo!
Queria conseguir ler o Kim. Queria saber o que diabos ele estava pensando e também o motivo para toda aquela análise, ou o que quer que aquilo fosse! Mas, mais importante, queria saber por quê caralhos aquilo lhe afetava tanto.
Colocou a culpa na sensação de ameaça, é claro. É, só podia ser aquilo. Então estava praticamente levando aquilo como um desafio, e seu foco no momento era flagrá-lo na própria mentira.
Era só uma questão de tempo até que ele ficasse com algum ômega, tinha certeza.
— Ei, Koo! — Jimin gritou de algum canto na casa, a voz soando abafada, provavelmente por estar no próprio quarto.
— O que?! — gritou de volta do seu, ainda ocupado procurando por sua loção na gaveta de meias que estava sempre bagunçada.
Em alguns segundos, Jeongguk pôde escutar os passos pequenos de Jimin se aproximando com rapidez, e logo pôde sentir o cheiro característico de avelã dele quando ele surgiu na porta do seu quarto, entrando sem pedir permissão, como de costume.
— Você acha que o Minjae também pode me dar uma carona? — ele perguntou, atraindo sua atenção enquanto se jogava na sua cama.
Ele já estava pronto para a festa. Os dois estavam. No momento, estavam no dormitório compartilhado (que dividiam com mais dois caras) na ala masculina dos alfas, e eram colegas de quarto desde que Jeongguk havia entrado na faculdade. Jimin, jogado em sua cama, estava com os cabelos negros repartidos ao meio de modo charmoso, usando uma regata branca quase transparente — que deixava à mostra sua tatuagem na costela, Nevermind em letras charmosas — e calças pretas bem apertadas, como ele gostava, junto com um cinto de corrente e coturnos pretos. Parecia ter se produzido bastante — até gloss havia colocado, e talvez um pouco de delineador —, e é claro que Jeongguk sabia que ele havia feito aquilo para impressionar um certo ômega ranzinza.
— Você não conseguiu chamar o Yoongi hyung? — perguntou, vendo o amigo suspirar e agarrar seu travesseiro, fazendo um bico.
— Não tive coragem — ele respondeu em um muxoxo.
— Pensei que vocês tinham conversado — franziu as sobrancelhas.
— Sim, a gente conversou e tudo, até saímos pra jogar, você sabe como ele fica sanguinário quando compete — ele suspirou bobo, como se aquilo fosse uma característica adorável. — Mas eu não consegui soltar as palavras "ei, quer ir comigo pra a festa?", sabe? Fiquei com medo dele fugir de novo se percebesse que estava tentando flertar.
— Foi mal, Ji — falou, empático, tentando mostrar simpatia para o amigo. — Você sabe como o Yoongi é, toda a história dele com alfas, eu acho que ele está constantemente numa luta consigo mesmo para vencer esse lado dele, e eu tenho certeza que ele gosta de você.
— Agora ele provavelmente vai com Kim Taehyung — Jimin resmungou, ainda com um bico nos lábios. — Eu não entendo, ele tem um pé atrás com alfas mas deixou um que acabou de chegar se aproximar fácil assim! Qual é, o que torna esse cara tão diferente dos outros? O que fez o Yoongi hyung se abrir tão fácil assim com ele ao invés de qualquer outro alfa?!
Jeongguk engoliu em seco ao lembrar que, de fato, o Kim estaria na festa. Aquilo lhe deixava ansioso por algum motivo.
Andou até em frente ao espelho, se observando. Os cabelos relativamente longos e sedosos estavam soltos, charmosos, as orelhas cheias de piercings, e havia arriscado até um leve gloss de cereja nos lábios. Usava uma camisa de tecido leve de cetim azul clara e cintilante, de mangas longas e botões, que caía como uma luva em seu corpo, enfiada para dentro da calça preta apertada e com alguns rasgos, que marcava sua cintura e coxas malhadas, segurada por um cinto.
Estava bonito, sabia que sim. Havia feito um certo esforço para aquilo, por mais que não soubesse o porquê, e tentar pensar na resposta lhe deixava aflito.
A única tatuagem visível no momento era a de seus nós dos dedos. Conseguia avistar letrinha por letrinha, pintadas em preto em sua pele leitosa, alfa, e aquilo tinha um estranho peso.
Não tinha se produzido por nenhum motivo aparente, disse para si mesmo. Só estava com vontade, isso.
Não estava ansioso que estaria na mesma festa que Kim Taehyung e ele lhe veria. Não mesmo.
E o motivo para se importar tanto com a presença dele era que queria desmascarar aquela mentira de araque dele, e aquela festa era a perfeita oportunidade para aquilo.
Isso!
— E então? — Jimin lhe tirou de seus pensamentos e, ao olhá-lo pelo reflexo do espelho, pôde vê-lo agora sentado em sua cama, lhe encarando com expectativa.
— O que? — perguntou, piscando algumas vezes os grandes olhos negros, um tanto perdido.
— A carona? — o Park lembrou, lhe olhando com uma sobrancelha erguida.
Ah, é. Carona. Com Minjae. Ele quem ia levá-los para a festa.
— Acho que sim — deu ombros, saindo de frente do espelho e tentando esquecer o sentimento esquisito de outrora. E, por falar em Minjae, sentiu o celular vibrar em seu bolso traseiro, indicando uma mensagem. — Acho até que ele já chegou, vem, vamos.
Pegou o celular para checar se era mesmo Minjae lhe mandando mensagens enquanto saía do quarto e era seguido por Jimin. Logo viu o nome do namorado na barra de notificações e a mensagem "já estou aqui embaixo", indicando que era mesmo ele.
Pegou a carteira e as chaves, passando pela pequena sala de estar onde Jongin, um de seus colegas de dormitório, estava sentado no sofá falando no celular.
— Amor, eu já disse, eu amo você, não aconteceu nada naquela noite, essa sua amiga está mentindo pra você! — ele disse contra o telefone, sôfrego, na discussão diária com a namorada. — Jennie, bebê, eu não estou chamando sua melhor amiga de mentirosa, ela talvez só tenha visto errado, eu tava com você, lembra?
Eles estavam sempre indo e voltando, e presumiu que aquela fosse uma das vezes. Era natural que vissem o alfa de cabelos negros, grande e de olhar ameaçador, praticamente com o rabo entre as pernas pela ômega, falando com ela pelo celular.
— Ei cara, estamos indo, ok? — Jimin, ao seu lado, avisou, chamando a atenção do alfa mais velho, que afastou suavemente o celular do rosto para lhes olhar.
— Certo, divirtam-se! — ele sorriu.
— Tem certeza mesmo que não quer ir? — Jimin perguntou.
— Nah, eu estava pensando em ver um filme com a Jennie depois que resolver esse negócio — ele explicou, indicando o celular com a cabeça, calmo, como se coisas daquele tipo fizessem parte da sua rotina. E logo ele ergueu as sobrancelhas quando a namorada disse algo do outro lado da linha. — O que? Não, são os meus colegas, Jeongguk e Jimin...! No dormitório, onde mais eu estaria...? Não, não vou pra nenhum lugar, eles me chamaram, mas tinha aquele filme que eu queria ver com você... ah, eu te amo, amor!
Jeongguk e Jimin se entreolharam com as sobrancelhas franzidas, estranhando, mas logo deram de ombros, resolvendo sair do apartamento. O casal parecia estar se resolvendo, como de costume.
Desceram as escadas do bloco, de vez em quando passando por um ou outro alfa que lhes cumprimentava, então finalmente chegaram na saída, avistando o carro de Minjae e o dito cujo do lado de fora, apoiado no Renault usado (que costumava ser do pai dele, mas ele o deu de presente de dezoito) e sorrindo de canto ao lhes ver.
Ele estava charmoso como sempre, os cabelos negros penteados para trás e uma leve maquiagem no rosto — conseguia ver uma sombra marrom esfumaçada no canto dos olhos de onde estava. Ele usava uma camiseta preta de gola alta, sem mangas, mostrando os braços magros e, no momento, cruzados; a camiseta estava por dentro da calça cintura alta, também preta e apertada, marcando seus traços bonitos e chamando a atenção de vários alfas por ali, que paravam para observá-lo com olhos arregalados.
Minjae era bonito, sem sombra de dúvidas, isso era inegável, mas Jeongguk se perguntava se era talvez por estar acostumado com a presença dele que não tinha a mesma reação que os outros alfas quando o via.
— Oi meninos — Minjae disse, girando a chave do carro nos dedos. — Jimin, querido, vai com a gente?
— Se puder — Jimin sorriu amarelo, coçando a nuca. — Eu tô sem carona.
— Sem problemas, pode vir! — o ômega sorriu largo, se dirigindo à porta do motorista e a abrindo. — Vamos logo sair daqui, esse dormitório me dá nos nervos.
Jeongguk abriu a porta e logo se sentou no banco do passageiro, sentindo o cheiro agradável de damasco do ômega impregnado no local, por ser o carro dele. Recebeu um selinho do dito cujo, que colocou o cinto de segurança e encostou rapidamente o nariz em seu pescoço para sentir seu cheiro de canela, murmurando satisfeito e logo voltando à postura correta enquanto Jimin entrava na parte de trás e deslizava para o banco do meio.
— Quem era sua carona, querido? — Minjae perguntou para o Park enquanto dava a partida no carro, olhando para o alfa mais baixo pelo retrovisor.
— Ah, bem, eu ia pedir para ir com o Yoongi hyung, mas... — ele se parou, mordendo o lábio inferior de forma levemente constrangida.
Minjae fez um biquinho em simpatia, mesmo que o Park não pudesse ver o rosto dele enquanto ele manejava o volante.
— Você não conseguiu chamá-lo?
— Não — Jimin suspirou. — Fiquei nervoso demais.
— Não se preocupe querido, ele vai estar na festa, você ainda pode tentar algo com ele lá — o ômega tentou consolar, e àquele ponto a mente de Jeongguk já havia voado para outro canto, não ouvindo os desabafos de Jimin para Minjae sobre o ômega amado.
Não conseguia parar sua mente de pensar que Taehyung estaria na festa. E talvez aquele fosse o único motivo de realmente querer ir.
Quer dizer, não que estivesse animado ou coisa assim! Logo ele? Querer estar numa festa só por causa de outro alfa? Pfft! Grande bosta! Mas o ponto é que estava curioso, acima de tudo. Taehyung havia lhe dito que a festa era uma boa oportunidade para ficar com alguém, e não podia deixar de sentir uma ansiedade crescer em seu peito para confirmar que as coisas que ele dissera eram mentira.
Ele disse que não gostava de ômegas. Mas não conseguia imaginar um alfa como ele, um alfa que realmente podia ser uma ameaça para si, ficando com alguém sem ser um ômega. Quer dizer, se ele gostava de betas, por que não gostaria de ômegas também?
A frase dele parecia suspeita demais, mentirosa demais.
E faria questão de desmascará-lo naquela noite.
— Aqui estamos! — Minjae exclamou, tirando Jeongguk de seus pensamentos, e teve que arregalar os olhos ao constatar que já haviam chegado.
Quer dizer, a casa de Joohyun não era longe, mas havia ficado tão preso assim em seus pensamentos para nem notar o caminho passando?
De qualquer forma, não tinha tempo para se preocupar com aquilo. Minjae já saía do carro, seguido por Jimin, então decidiu dar ombros e fazer o mesmo, fechando a porta atrás de si e finalmente olhando para a casa da ômega — a maldita era rica, a construção tinha dois andares, piscina, um jardim imenso e portas luxuosas de vidro, que no momento evidenciavam a festa que estava acontecendo lá dentro, mostrando as inúmeras pessoas juntas.
— Ei, Jeongguk chegou! — alguém gritou quando entraram pela porta, e logo um coro de heeey's bêbados e felizes. Claro que sorriu de volta, erguendo os braços para cima para anunciar sua presença.
Era bem querido. É claro, era o líder.
— Seu egocentricozinho de meia-tigela — uma voz familiar disse e, antes que pudesse se virar, já se viu sendo atacado pela garota, que jogou um braço ao redor do seu pescoço e com a outra mão esfregou seus cabelos, arrancando uma risada sua.
— Noona, eu demorei meia hora para colocar esse cabelo no lugar! — reclamou para Joohyun ainda sorrindo, tentando se esquivar do aperto, mas a ômega era forte.
— É claro que sim, seu bebezão, eu nunca vi ninguém cuidar do cabelo como você — ela sorriu, irônica, e finalmente lhe soltou, se colocando em frente a si e a Jimin e Minjae.
Ela estava linda, como sempre. Os longos cabelos negros presos num rabo de cavalo alto, o batom vermelho contrastando com a pele branca e um vestido preto e colado no corpo esguio. A ômega realmente chamava muita atenção e com razão, ela era deslumbrante e exalava confiança.
— Ainda bem que vocês chegaram, já estavam quase me matando perguntando onde você estava, Jeongguk. E acho que só não começaram os jogos de bebida porque você ainda não tinha chegado, Jimin, todo mundo sabe que você é o rei desses trecos — a Bae disse e o Park sorriu, num orgulho estranho por aquele fato. Ele era, sim, o melhor naqueles jogos, porque tinha resistência forte a bebidas e amava encher a cara, um verdadeiro pinguço. — Enfim, sejam bem-vindos, as bebidas estão na cozinha, é só se servir, e podem ficar à vontade. Eu...-
O que quer que ela fosse falar, foi interrompido pelo som de algo de vidro — algo caro — se espatifando em algum canto da casa. Ela virou para o lado, indignada, e gritou:
— Ei! Se alguém derrubar mais alguma merda eu juro que vai pagar, e vocês não iam querer isso! — e logo ela se afastou em passos pesados, apontando com o indicador de forma ameaçadora para alguém que Jeongguk não soube identificar, desaparecendo na multidão.
Não queria, mas não se impediu de olhar ao redor. É claro, procurando algum sinal de Kim Taehyung.
Passou os olhos pelas inúmeras pessoas, pela área das bebidas, pelos sofás, pela porta de vidro que dava para a piscina, por todo canto que conseguia olhar de onde estava. E se estivesse prestando mais atenção no próprio namorado ao invés de procurar o outro alfa, notaria que ele fazia exatamente a mesma coisa que si.
— Eu, hm, vou procurar o Wooshik, ok? — Minjae começou, chamando sua atenção. Ele logo lhe deu um breve beijo na bochecha e começou a se afastar. — Divirta-se!
Assim ele desapareceu na multidão, lhe deixando sozinho ao lado de Jimin e ainda procurando o outro alfa com olhar, não dando muita importância ao que o ômega fazia ou deixava de fazer — não era da sua conta de qualquer forma, não tinha qualquer interesse de privá-lo de fazer algo, não era aquele tipo de alfa que achava que tinha o direito daquilo.
Bufou, frustrado, ao não achar nenhum traço de Kim Taehyung. Até tentou buscar pelo aroma característico de café com o olfato bem desenvolvido, mas naquela área havia cheiros demais misturados.
— Será que o Yoongi hyung já chegou? — Jimin questionou ao seu lado, segurando suavemente na barra de sua camisa. — Você acha que ele veio com Kim Taehyung?
— É o que estou querendo saber — respondeu o amigo, ainda olhando em volta.
— Ah! — Jimin exclamou. — Eu estou vendo ele!
— Kim Taehyung? — Jeongguk arregalou os olhos.
— O que? — o Park franziu as sobrancelhas. — Não! Yoongi!
Foi quase evidente a forma como Jeongguk murchou. Mas é claro, tentou não demonstrar, afinal, nem motivos tinha para ficar decepcionado! Se Kim Taehyung não viesse, seria uma vitória, não é? Em suma, ele estaria obedecendo ao seu pedido, assim cedendo ao seu domínio!
— Ele está ali, perto de Jin e do Hobi, viu? — Jimin apontou, começando a andar até eles, porém se parando ao ver Jeongguk permanecer onde estava. Ele ergueu uma sobrancelha. — Você vem?
— Ah, hm... daqui a pouco — pigarreou. — Vou primeiro falar com algumas pessoas e já vou até vocês. É a sua chance de descobrir se o Yoongi hyung veio com Kim Taehyung ou não.
E, se ele realmente viera com o Min e não estava perto dele, significava que ele estava em algum canto daquela festa.
Jeongguk não soube dizer o porquê daquela ansiedade estranha invadir o seu corpo. Engoliu em seco e fechou as mãos em punhos, determinado – notando brevemente que suas palmas estavam úmidas de suor. Então, respirando fundo, se enfiou no meio daquele amontoado de corpos excitados, bêbados e suados, determinado a encontrar o alfa novo.
— Jay kay! — um grupinho de caras exclamou alto ao lhe ver, todos gritando um aê! e erguendo as garrafas de bebida em sua direção, comemorando sua chegada. — Vem beber com a gente, alfa!
— Mais tarde, talvez — respondeu, ouvindo um coro de vozes decepcionadas em seguida.
— Está dirigindo? — um outro alfa qualquer lhe perguntou (Jeongguk não o reconhecia por nome, apesar dele falar consigo como se fosse um grande amigo, o que não se importava muito, não tinha problema), virando o boné que usava para trás e dando um gole longo numa garrafa do que parecia ser cerveja. — Qual é, líder, já não basta ter que cuidar do território todo dia, relaxa um pouco enquanto está aqui!
— Aposto que a vida dele não é nada difícil com Minjae do lado dele — um dos betas soltou uma risada cúmplice para si, malicioso, lhe empurrando amigavelmente com o cotovelo. — Sorte a sua que seu ômega só quer o melhor, porque Chanyeol aqui é o maior imbecil por ele, se seu namorado ao menos falasse um a pra ele, ele ia correndo que nem um cachorrinho!
O grupo de amigos deu risada e o alfa citado, um cara alto e magro com as orelhas grandes (o conhecia de vista, ele era bastante popular, apesar de desengonçado), arregalou os olhos e virou para o amigo que havia dito aquilo, incrédulo.
— Não é verdade! — ele disse, exasperado, então virou-se para si quase em desespero. — Eles estão brincando, Jeongguk-ssi, não é verdade, você tem que acreditar em mim!
— Calma, calma! — sorriu, erguendo as mãos para tentar acalmar o outro alfa. — Eu acredito, não se preocupe!
— E outra, se ele tivesse que se preocupar com alguém, não seria com você, Chan! — um outro alfa riu, jogando um braço por seus ombros e lhe puxando mais para perto enquanto ainda olhava para o tal do Chanyeol. — Você só tem altura! Alguém como aquele cara novo, Kim Taehyung, é bem mais ameaçador!
O sorriso de Jeongguk vacilou e ele quase engoliu em seco, sentindo o corpo ficar tenso.
É, Kim Taehyung era, de fato, uma ameaça. Os outros também notavam aquilo. E talvez por isso seu corpo reagisse daquele jeito apenas de ouvir o nome dele.
De qualquer forma, empinou o nariz, tentando se manter otimista. Se ele era uma ameaça, tudo que tinha que fazer era se livrar dele e pronto, ele não seria mais. Talvez o intimidando, estava acostumado a entrar em duelos com quem ameaçava seu território, era bom com os punhos, então não seria um problema caso tivessem que partir pra briga.
A tatuagem nos nós dos dedos pareceu pesar mais uma vez, lhe lembrando de quem era. Um alfa.
Não tinha como se dar o luxo de perder, tinha que sair vitorioso.
Como um verdadeiro alfa.
— Por falar nele, vocês sabem se ele veio? — perguntou finalmente como quem não quer nada, enfiando as mãos nos bolsos da calça, tentando parecer calmo e descontraído, disfarçando a bagunça que ocorria em sua mente naquele momento. — Essas coisas de boas vindas aos novatos e tudo.
— Ele ainda não provou o nosso copo batizado, não é mesmo? — um dos alfas disse alto, rindo, e arrancando risadas também dos demais. Era um costume idiota que costumavam pregar nos calouros (apesar do Kim não ser exatamente um calouro, mas bem, não havia provado a mistura mortal deles, praticamente um rito de passagem). — Ele chegou sim, da última vez que eu o vi ele estava perto da escada.
Jeongguk pareceu se iluminar no mesmo segundo, algo dentro de si se revirando — nervosismo, ansiedade, perigo, não sabia — enquanto engolia em seco e o coração batia mais rápido dentro do peito.
Então ele estava ali. Realmente havia ido. E, estranhamente, não sabia como aquela informação lhe fazia sentir.
— Eu vou atrás dele — decretou, decidido.
— Quando o achar, traga-o aqui! — um dos caras pediu, ainda com o braço ao redor do alfa Chanyeol, que observava tudo ainda um tanto tímido pela exposição. — Jaebum, quer fazer as honras de preparar a bebida?
O dito cujo sorriu largo, se animando.
— Pode apostar que vou caprichar bem!
Jeongguk se despediu dos caras rapidamente, tentando manter um sorriso natural, quando na verdade o coração começava a bater mais forte no peito. Kim Taehyung estava realmente ali. E, enquanto se aproximava de onde disseram que ele estava — a escada —, repassou em sua mente o motivo de estar o procurando.
Ver ele ficando com um ômega. Isso. Pegá-lo na mentira, se lembrou. Talvez brigar com ele. Não devia ser difícil, certo? Certo.
Respirou fundo e continuou seu caminho, se enfiando por entre todas aquelas pessoas, procurando seu alvo com os olhos inquietos. Era difícil com aquela quantidade de gente junta, aquilo até lhe frustrou um pouco, lhe deixando impaciente e lhe fazendo se perguntar droga, vale a pena mesmo estar passando por essa merda apenas para encontrar aquele maldito?
Até que teve que parar bruscamente quando suas orbes cor de ébano, por fim, o acharam.
E quase engasgou.
Ele estava lá, encostado na parede ao lado da escada, os braços cruzados e a postura relaxada, enquanto sorria para alguém, ouvindo calmamente a pessoa que conversava com ele — que Jeongguk não se importou nem em saber quem era no momento, sequer pensou em identificá-la, com os olhos presos no outro alfa —, balançando suavemente a cabeça em concordância para o que quer que a companhia falasse.
Ele parecia diferente de quando estava na faculdade. É claro, ele já chamava atenção naturalmente, mas agora ele usava calças escuras e apertadas que se modelavam perfeitamente nas pernas longas e esguias até acima dos quadris, onde era segurada por um cinto bonito. Por trás dele, parcialmente dentro da calça, estava a camisa de tecido leve e escuro, estampado, com dois ou três botões abertos, mostrando o início do peitoral moreno e as clavículas marcadas, lhe fazendo engolir em seco enquanto subia o olhar pelo pescoço grosso e alcançava o rosto.
Droga, por que ele tinha que ser tão... tão... merda, sequer conseguia pensar numa palavra! Não enquanto se via preso no rosto dele! Os cabelos ondulados e escuros caíam de forma charmosa sobre a testa; os olhos estavam presos na pessoa em frente a ele, felinos e intensos como de costume, tão intimidantes que lhe faziam hesitar mesmo sem ser encarado diretamente; o sorriso canteiro nos lábios bonitos e avermelhados, mostrando todo o seu charme só de estar ali de braços cruzados e apoiado suavemente contra uma parede.
O jeito que ele sorria de canto, extremamente charmoso — com aquele ar de flerte que ele costumava portar naturalmente, mas talvez até um pouco mais —, os olhos escuros focados e intensos, intimidantes, a língua passando ocasionalmente pelos lábios bonitos para umedecê-los...
Estava ali para pegá-lo no flagra, se lembrou em um ímpeto de consciência. Flertando com um ômega.
E por falar nisso, voltando a focar no que realmente importava, percebeu que, de fato, Kim Taehyung não estava sozinho.
Porém, antes que sequer pudesse pensar em ver quem era a outra pessoa com quem Taehyung falava tão intimamente, sentiu uma mão tocar em seu ombro e logo estava sendo virado, dando as costas ao alfa novato.
No mesmo segundo, sentiu todo o seu humor cair e sua face se contorcer em uma carranca ao ver quem estava ali.
— Hyungsik — praticamente cuspiu, franzindo o nariz.
O alfa sorria largo, debochado como de costume, e mantinha o peito estufado e aquele estúpido nariz afilado para cima, com sua costumeira pose de superior.
— Ora, ora, o que temos aqui — ele disse, a voz arrastada soando carregada de ironia enquanto ele mostrava a arcada dentária perfeita e mordia levemente o lábio inferior. — Se não é nosso querido líder.
Kim Hyungsik era insuportável. Um alfa que não conseguia superar que Jeongguk era mais forte que ele, constantemente querendo brigar pela liderança — mesmo que não fosse nem de longe um bom candidato para líder — e nunca aceitando a derrota.
Ele era popular. Não tanto quanto Jeongguk, é claro, mas ele era bonito com os cabelos castanhos jogados para trás, o rosto anguloso e o sorriso charmoso. E ele era, como pode-se dizer, um completo idiota, o que parecia ser uma característica boa na visão de muitos — um alfa que se mete em brigas sem motivos por aí para demonstrar superioridade, patético.
Ele era, em especial, um pé no saco.
— Tira meu pau da boca, Hyungsik, vai arrumar o que fazer — revirou os olhos, amargo. — Cadê os seus minions? Não tem mais ninguém para encher o saco não?
— Devem estar fodendo ômegas por aí, coisa que eu logo logo também estarei fazendo — Hyungsik sorriu presunçoso. — Bogum mesmo já desapareceu tem um tempo, deve ter achado alguém interessante e não duvido nada que já esteja tentando chegar no destino final, e os outros já foram à caça.
Jeongguk achava nojento o modo como Hyungsik falava. Não devia, ou devia? Mas era ridículo que ele se referisse a ômegas como um pedaço de carne. Certo, a base dos relacionamentos era sexo, não era? Mas não via Minjae como um objeto!
De qualquer forma, não tinha nem tempo e nem vontade de lidar com Hyungsik, então se limitou a bufar e tentar se afastar, enfiando as mãos nos bolsos da calça e tentando passar por ele.
— Eu não dou a mínima para o que a sua matilha está fazendo, Hyungsik, honestamente — falou, batendo o ombro no do outro alfa enquanto passava.
— Ah, eu acho que dá sim — Hyungsik segurou seu braço, e Jeongguk quase, quase rosnou para ele, se virando rapidamente e com um olhar ameaçador.
— Me solte — falou, baixo e lento, num tom sério. E até Hyungsik, que era um imbecil prepotente, era incapaz de não engolir em seco com aquilo, mesmo que tentasse disfarçar.
Ele soltou um pfft, tentando fazer pouco caso da situação, e soltou seu braço como se aquilo não valesse o tempo dele, tentando fingir que o tom não havia sido intimidador — apesar de não lhe enganar.
— Você pode não se importar com o que eles estão fazendo agora, mas você definitivamente se importa que eles sejam da minha matilha, que tenham se juntado a mim — ele sorriu de canto, cruzando os braços e estufando mais o peito. — Não está com medo, Jeon? Os alfas da minha matilha foram os primeiros a reconhecer que eu sou um líder melhor e se submeteram a mim, é apenas uma questão de tempo até os outros perceberem quem é o alfa de verdade aqui, não?
Jeongguk apertou com força as mãos em punhos, sentindo cada letra da tatuagem queimar nos nós dos dedos.
Era verdade que alguns alfas seguiam Hyungsik. Matilhas eram assim, cada uma era liderada por um alfa líder — ou o fundador da matilha ou um escolhido pelos integrantes —, independente do líder geral. Jeongguk liderava, além da sua, todas as outras matilhas, mas o que os líderes dessas matilhas faziam não lhe interessava a não ser que eles estivessem interferindo ou causando algum mal para o território — como se esses líderes fossem os prefeitos das suas cidades e Jeongguk fosse o presidente do geral.
A maioria das matilhas reconhecia Jeongguk como o alfa líder, mas havia a de Hyungsik, que não se mostrava nem um pouco satisfeita, especialmente porque era constituída pelos alfas amigos do Kim — a única matilha no campus composta só de alfas, porque ele dizia que aquilo dava forças — que, a pedido dele, se juntaram e se submeteram a ele.
— Ah, estou muito intimidado pelos seus amiguinhos que se juntaram por pena a você numa matilha que você mesmo criou e se auto-denominou líder — sorriu de canto desafiador, soltando uma risada debochada, tentando esconder o quanto aquele cara lhe deixava com raiva. — Me poupe, Hyungsik, eu já lhe derrotei antes e posso derrotar de novo. Não fui eu que me impus líder, me escolheram, caso não se lembre, e não você.
Aquilo tirou o sorriso imbecil de Hyungsik do rosto dele. O olhar dele escureceu, as sobrancelhas franziram, a mandíbula tencionou e um vislumbre vermelho passou pelos olhos castanhos dele.
— Você não perde por esperar, Jeon — ele falou baixo, a voz com um tom soando ameaçador.
Jeongguk não se sentia nem um pingo ameaçado. Diferente de quando estava perto de Kim Taehyung.
— Você acha mesmo que é uma boa ideia me desafiar, Hyungsik? — sorriu de canto, a voz baixa e lenta, os olhos ameaçadores fixos no outro alfa, que apesar de mais alto, se encolheu minimamente. — Porque eu posso tomar essas suas ameaças estúpidas como um desafio formal, e você conhece as regras.
Dessa vez Hyungsik engoliu visivelmente em seco. Ele definitivamente queria evitar um desafio formal, especialmente com Jeongguk. Então tratou de pigarrear, cruzando os braços e desviando o olhar, tentando manter a pose.
— Eu não vou nem gastar meu tempo com isso — ele cuspiu, lhe arrancando um sorriso de canto. Covarde.
— Você é a merda de uma piada, Hyungsik — riu, vendo o outro rosnar baixo, mas ainda sem ousar lhe encarar. — Agora vai arranjar o que fazer, eu não tô com o mínimo de paciência para ficar escutando seus latidos.
Hyungsik lhe olhou uma última vez, ameaçador, pessoalmente ofendido, talvez pensando em retrucar. Mas Jeongguk o observava com os braços cruzados e os músculos flexionados, além da cabeça levemente inclinada para o lado e um olhar que quase dizia "vá, fale se tiver coragem". Por isso, mesmo a contragosto, ele resolveu ficar calado.
Por fim, ele deu meia volta e se afastou em passos pesados, marchando pela sala e empurrando algumas pessoas que estavam em seu caminho. Jeongguk revirou os olhos, porque aquele alfa era ridículo
Respirou fundo, pensando em quando aquela rivalidade estúpida havia começado. Bem, desde que entrou na faculdade, se lembrava bem, mas apenas foi concretizada quando lhe escolheram como líder, e não Hyungsik — que se autoproclamou um dos candidatos.
Ele era patético. Claro, ele tinha certa popularidade sim, mas era um completo idiota, se achava superior por músculos e pela quantidade de ômegas que pegava, só queria a liderança por popularidade e prestígio, não para realmente proteger o território. Realmente não o considerava uma ameaça séria, no máximo um inconveniente (e um pé no saco), diferente de Kim Taehyung.
Kim Taehyung...
Arregalou os olhos ao se lembrar do que estava fazendo ali antes de ser distraído por Hyungsik.
Droga, era para estar observando o Kim, não perdendo seu tempo com aquele imbecil! Então se virou em supetão, procurando com as orbes escuras arregaladas o local que antes Taehyung estava encostado. Mas arfou, indignado, ao ver que ele não estava mais lá.
— Merda! — exclamou, fechando os olhos em uma careta irritada e apertando os pulsos, sentindo a súbita vontade de bater em alguma coisa.
Não sabia por que tinha tanta raiva. Mas bem, o que mais chegava perto de uma ameaça para si antes de Kim Taehyung era o imbecil do Hyungsik, uma piada, então nunca havia se sentido daquele jeito antes, ameaçado daquela forma. E podia dizer que não gostava nem mesmo um pouco, e agora estava ali, pagando papel de imbecil no meio de uma festa que deveria estar aproveitando.
Não precisava se sentir ameaçado, pensou consigo mesmo. Era o alfa líder. E acabaria com Kim Taehyung num piscar de olhos caso ele realmente tentasse algo.
Respirou fundo e ergueu a cabeça, abrindo os olhos com uma expressão intensa, séria como nunca.
É, não precisava se sentir ameaçado.
Não se importava de onde ele viera e nem de como era antes dele ir para aquele tal de intercâmbio, mas as coisas haviam mudado.
E ia fazer questão de mostrá-lo.
Determinado, andou em passos pesados para longe dali, decidido a procurar o Kim e confrontá-lo, sem gracinhas, sem ironia, e se ele fosse um alfa de verdade, largaria as provocações e lhe desafiaria de uma vez, para que pudesse logo ganhar dele e acabar com aquilo.
Procurou na cozinha, na sala, na área da piscina, no jardim e nada, só alfas, betas e ômegas bêbados, rindo alto, dançando ou se pegando, mas nenhum sinal do alfa em específico. Conversou com algumas pessoas ocasionalmente, bebeu uma ou duas cervejas, encontrou Jimin no meio de uma rodinha virando inúmeros shots e sorrindo como se nada tivesse acontecido, sóbrio até demais — e arrancando gritos animados das pessoas ao redor —, mas ainda se encontrava inquieto.
Suspirou, irritado e já com dor de cabeça daquela música alta, então resolveu subir para o segundo andar ao menos para se afastar um pouco daquilo tudo. Se esgueirou pelo meio das pessoas, esbarrando ocasionalmente em alguém bêbado — o que só servia para tirar mais sua paciência já no fim — e alcançou as escadas, subindo degrau por degrau até a música pop que tocava já estar um pouco abafada e as vozes falando juntas, uma por cima da outra, agora difíceis de ouvir.
Suspirou, frustrado, cruzando os braços e encostando na parede. Era melhor estar ali longe da bagunça, mesmo que o cheiro de sexo que viesse dos quartos fosse forte. Mas ainda assim estava irritado.
— Merda... — xingou baixinho, insatisfeito.
Onde diabos Kim Taehyung tinha se enfiado?!
Porém, ao pensar aquilo, ergueu a cabeça ao captar algo familiar.
De longe, em meio a todos os outros cheiros misturados, conseguia sentir vagamente o aroma de café.
Arregalou os olhos.
Ele estava por ali.
Desencostou da parede em supetão, de repente em alerta, então inspirou fundo. Apesar dos diversos cheiros, o dele era o que mais notava, o mais marcante — talvez por ser um rival em potencial —, então não foi muito complicado segui-lo. Olhou ao redor de forma determinada, sentindo o aroma de café ficando cada vez mais forte enquanto procurava a fonte.
O aroma estava forte, notou. Mais forte que o normal. E a intensidade apenas aumentava a cada passo que dava, se aproximando de onde ele estava vindo. Então finalmente parou quando o cheiro pareceu estar em seu ápice, vindo de trás de uma porta, provavelmente o banheiro, de onde barulhos abafados podiam ser ouvidos.
Estava muito forte. Completamente intenso. Não era incômodo ao seu nariz — e, inconscientemente, sequer se importou em prestar atenção no outro cheiro que também vinha de trás da porta, sentindo apenas o do Kim —, mas, pela intensidade e pelo teor característico, era cheiro de sexo.
Arregalou os olhos e logo sorriu, incrédulo. Era aquilo, era a oportunidade perfeita! Ele estava ali dentro com um ômega!
Sem sequer pensar a respeito, levou a mão até a maçaneta, desejando simplesmente pegar o Kim no flagra, na mentira. Porque aquele era o momento, era o que estivera esperando a noite toda, finalmente o pegaria na mentira, e só aquilo já provaria que ele não era um alfa digno do território!
Então, sem nem hesitar, a virou e abriu a porta com tudo, sorrindo orgulhoso.
Porém na mesma hora seu sorriso, antes tão convencido, morreu.
No lugar, todavia, uma expressão de puro choque surgiu.
Os sons, agora invadindo seus ouvidos sem interrupção, eram altos. Altos demais. O homem que o Kim pressionava o torso contra o balcão da pia praticamente gritava, manhoso e escandaloso, com os olhos fechados com força, deixando com que os gemidos saíssem sem restrições dos lábios escancarados — na verdade, ele sequer parecia controle sobre aquilo. A bochecha dele era pressionada contra o balcão pela mão longa do Kim, que segurava os fios negros dele com força, e o corpo nu pressionado no mármore movia para frente e para trás à medida que Taehyung...
Que Taehyung o fodia.
Observou, estático, enquanto o alfa ia e vinha, investindo com força contra a bunda do outro homem e fazendo o barulho ecoar alto pelo cômodo. Seus olhos estavam redondos de tão arregalados, encarando sem conseguir desviar o torso nu e moreno, coberto por uma fina camada de suor, os braços com veias marcadas e as mãos grandes, uma pressionando o rosto do homem abaixo dele contra o balcão e a outra segurando com possessão a cintura dele, a apertando entre os dedos. As pernas ainda estavam cobertas pelo tecido da calça, mas o botão e o zíper estavam abertos para que ele pudesse se enterrar na entrada alheia forte e fundo, arrancando gritos histéricos do de baixo.
Sentiu a respiração falhar com a cena toda, não sabendo para o que olhar, se focava no homem tão imerso no prazer que sequer notou sua entrada, de olhos revirados e gritando escandaloso debaixo do outro, ou se focava na mandíbula travada do Kim, no modo que ele mordia o lábio inferior com força, no jeito que os fios castanhos colavam contra a testa suada enquanto ele continuava estocando com força. Nos rosnados de prazer que vinham do fundo da garganta dele, ou como ele praticamente devorava de todos os jeitos o outro, com o olhar, com os dígitos possessivos e com o pênis que o fodia até o limite, dando tanto prazer para o outro homem que ele sequer conseguia reagir de outra forma a não ser gritar.
Não sabia o que fazer. Estava completamente estático. Só conseguia encarar aquela cena, estupefato, sentindo o coração bater nos ouvidos e o rosto inteiro esquentar, quase vendo tudo em câmera lenta, como se sua vida passasse diante de seus olhos.
E, no meio da bagunça de pensamentos que era sua cabeça naquele momento, uma constatação coerente (ou talvez não tanto) conseguiu fazer: conhecia o homem sendo fodido por Taehyung. Era Park Bogum. Não alguém que fosse próximo, mas que conhecia o suficiente para ter certeza de um fato:
Ele era um alfa.
Naquele momento quase engasgou, sentindo um arfar deixar seus lábios escancarados, arregalando seus olhos ainda mais, se é que aquilo era possível. O turbilhão de pensamentos que invadiu sua mente ali, parado na porta do banheiro, era demais para que aguentasse; a fragrância de café lhe entorpecia, confundindo seus sentidos, os rosnados roucos que tocavam em algum lugar fundo dentro de si não paravam de ecoar em seus ouvidos, tirando sua concentração, lhe fazendo pensar apenas naquele som, e o alfa embaixo de Taehyung gritando de prazer, parecendo amar ser penetrado, amar ser fodido.
Eram informações demais, demais! Sua cabeça vibrava, não sabia onde parar os olhos e sequer sabia o que estava pensando naquele momento, porque não conseguia parar o turbilhão de pensamentos que lhe assolavam, lhe perturbavam e lhe consumiam!
Até que todo o eco em sua mente parou.
Porque ele estava olhando para si.
Ele havia subido os olhos, lhe pego no flagra, e agora lhe encarava sem qualquer hesitação com os olhos intensos, sérios, escurecidos de prazer, sabendo que Jeongguk observava.
Sua respiração fraquejou, quase ofegante, e teve certeza deixa um som baixinho e soprado escapar do fundo da garganta.
E seu coração apenas bateu mais forte e ainda mais rápido quando, sem parar por um momento de foder o alfa embaixo dele, Taehyung sorriu de canto para si, umedecendo os lábios com a língua avermelhada.
— P-Porra, ah, e-eu vou... eu vou gozar, eu vou gozar! — Bogum gritou embaixo do Kim, se contorcendo, se contraindo, parecendo ter feito muito esforço apenas para conseguir pronunciar palavras coerentes, voltando a escancarar os lábios e deixando os sons mais eróticos que conseguia escaparem enquanto tinha a próstata surrada incansavelmente. — Ah! Eu vou, e-eu... ah!
Taehyung, ainda com os olhos escuros presos em si — aquela expressão plenamente erótica com o peito suado subindo e descendo, ofegante, os fios negros bagunçados e os lábios inchados entreabertos —, agarrou com mais força os cabelos do outro e aumentou a velocidade, fazendo o outro alfa ficar ainda mais histérico, completamente fora de si, deixando até um filete de saliva involuntário escorrer dos lábios escancarados, sendo tão bem fodido que sequer conseguia ser coerente.
Então, sem mover as orbes das suas por um segundo, com aquele olhar intenso lhe penetrando e vendo até sua alma, Kim Taehyung disse com aquela voz uma oitava mais grossa e erótica, quase como se falasse consigo:
— Goza pra mim.
E Jeongguk no mesmo segundo sentiu algo dentro de si desmoronar.
Ofegante e levemente trêmulo, incapaz de pronunciar uma palavra ou se mexer um centímetro que fosse, ouviu aquelas palavras como se fossem diretamente direcionadas a si.
Aquilo pareceu ser o suficiente para o alfa embaixo de Kim Taehyung, que, com um grito escandaloso, gozou. Ele parecia estar imerso pelo mais pleno prazer, revirando os olhos, contorcendo o corpo por inteiro e tremendo, quase convulsionando de prazer. Ele soltava todos os tipos de som enquanto se derramava, gozando de um modo tão intenso que parecia estar perdendo a cabeça, num prazer que provavelmente nunca havia experimentado antes, ele gozava para Taehyung. E Taehyung ainda olhava para si, umedecendo os lábios, as mãos fortes agarrando o corpo abaixo de si, o pênis entrando e saindo, ainda estocando fundo e forte, tão fundo...
Jeongguk não sabia o que fazer. Todos seus instintos estavam embaralhados naquele momento. Não conseguia nem pensar.
Movido pela adrenalina, sem reação, tentou forçar o próprio corpo inerte a se mover. Não soube como foi capaz, como suas pernas trêmulas pareciam ter virado gelatina no momento, mas, movido pelo desespero, obedeceu ao primeiro instinto que surgiu em sua cabeça:
Saiu correndo. Deixando para trás a cena de Kim Taehyung, um alfa, fodendo outro alfa.
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