História Orgulho e Preconceito - Abatido? Sim. Pobre? Nunca - Parte 1

• Capítulo II •

O Sr. Nara foi descrito por todos como simpático e cortês. De aparência fina e elegante, sem perder sua personalidade ora divertida, ora moderada. Quanto suas várias irmãs, distintas umas das outras, vestiam-se, como diziam ultimamente, na “moda”.

A grande entrada fora mais do que suficiente para os burburinhos começarem.

Mas foi o amigo do, antes disputado, Shikamaru Nara que atraiu desde logo a atenção da sala lotada. Sua estatura e airosidade só não foram tão faladas quanto a um certo boato que circulou, segundos depois de abrirem a porta, de que tinha o rendimento de dez mil libras anuais.

- Qual dos pavões é o Sr. Nara mesmo? – Naruto questionou ao observar discretamente os personagens principais da noite.

- Ele está à direita – Ino recordou-se da bela tarde em que o vira – Com um casaco verde escuro.

Só aquela peça de roupa deveria valer todo o terreno de sua casa.

- E aquela pessoa com cabelo estranho?

- É o amigo dele, o Sr. Uchiha – Tsunade, uma vizinha, intrometeu-se na conversa.

- O pobre coitado parece estar tão abatido – O loiro quase ficou com pena quando se atentou ao semblante triste do indivíduo.

A vizinha apenas riu.

- Abatido pode estar, mas pobre... certamente não.

E é claro que os murmúrios apenas aumentaram. Os olhares admirados só cessaram quando descobriram que o tal do Sr. Uchiha era um homem um tanto... sisudo e alheio a qualquer tipo de diversão. Provocando uma onda de descontentamento naqueles que pensavam em manter uma agradável conversa ou até mesmo, convidá-lo para dançar.

Então quem travou a missão de relacionar-se com os convidados fora o encantador Shikamaru Nara.  Era um homem animado, cheio de surpresas e se pôs rapidamente para uma dança com a Sra. Akimichi.

Nara e Uchiha eram uma completa antítese.

 - Querido, você deve apresentar nossas meninas para eles – Kushina, que não deixava nenhum detalhe passar despercebido, falou ao marido.

O homem concordou.

- Vamos procurá-las.

Encontraram, primeiramente, Naruto, que gargalhava escandalosamente com as tentativas falhas de Ino de chamar atenção do Sr. Nara, que bebia alguma coisa ao longe e nem percebia os olhares e sorrisos da garota.

- Naruto para de rir e vá chamar suas irmãs. Precisamos de toda a família Namikaze no momento – Ordenou.

E foi o que fez.

Ino, que já sabia das intenções da mãe, se apressou em arrumar os fios que caíam em seu rosto e começou a pensar em qual sorriso faria quando conhecesse, oficialmente, Shikamaru.

Podia estar sendo hipócrita quando disse às irmãs que elas só ligavam para casamento e nada mais, quando ela própria sonhava em conhecer o homem perfeito e formar uma linda – e enorme – família. Decidiu não pensar naquilo por enquanto e sim, se sua aparência estava perfeita para um amor à primeira vista.

Esperava que a resposta fosse positiva.

Em um piscar de olhos, Naruto estava de volta com Sakura, Tenten e Hinata.

- Tenten, solta essa taça.

- Hinata, presta atenção em mim.

- Sakura, amarra direito esse laço.

- Naruto, tente não falar demais. Não quero que você os irrite com sua estranheza.

- E Ino... você está perfeita.

Não entendeu o porquê do seu estômago embrulhar-se com o elogio.

(...)

- Sr. Nara. Sr. Uchiha. Essa é a minha filha mais velha – O Namikaze apontou para a menina, que fez uma simples e delicada reverência – Ino Namikaze.

- Minha esposa, Kushina Namikaze – A ruiva sorriu e abaixou a cabeça, cumprimentando-os.

- Sakura Namikaze – A citada apenas seguiu a mesma reverência da irmã mais velha – Tenten Namikaze – Fez o gesto e, logo em seguida, piscou para ambos, que não viram ou fingiram não ver.

- E finalmente meu menino... Naruto Namikaze.

Naruto, que sempre fora inquieto e agitado, não sorriu. Não fez o cumprimento. Nem direcionou seu olhar aos tão famosos convidados. Caso que foi estranhado por toda sua família. Como era de conhecimento popular, o loiro falava pelos cotovelos.

- Naruto, seja educado – Kushina grunhiu, entredentes. Ora, quem ele pensava que era para ser tão incivilizado daquela forma? Seu filho que não era. Já anotava mentalmente a repreensão que o daria quando o baile terminasse.   

Mas ele não a obedeceu. Em vez disso, resolveu abrir a boca e falar...

- Não quis ser indelicado de modo algum, apenas quero saber por qual motivo eu deveria gastar minhas palavras com pessoas que eu mal conheço? Afinal, prefiro não os irritar sendo estranho como a senhora diz que sou – Abriu um pequeno e ácido sorriso para sua mãe – Com licença.

E se retirou.

Por fora, aparentava estar calmo com a decisão. Por dentro, seu coração batia a mil por hora após desrespeitar, grotescamente, sua mãe na frente das pessoas que provavelmente decidiriam o rumo do futuro status dos Namikaze.

Todos seguravam o riso com o espetáculo que o loiro fizera, com exceção de Kushina, que estava mais vermelha que seus longos cabelos, e do Sr. Uchiha, que piscava incrédulo com tal comportamento anormal vindo de um garotinho. Por que raios ele agira assim? Será que era comum esse tipo de tratamento entre ambos? Ou fora apenas um ato de rebeldia contra sua genitora?

Não entendeu também o motivo de ainda estar observando, calculosamente, a figura que partia em um rumo que Sasuke desconhecia e desaparecia entre a imensidão de corpos suados.

Era uma cena que guardaria. Sem sombra de dúvidas.

(...)

Mesmo com o sumiço temporário de Naruto, a noite seguiu agradavelmente para o restante da família que se deliciava com uma produtiva conversa com os dois solteiros mais cobiçados da festa.

Ino e Shikamaru tiveram o prazer de trocar algumas palavras. O suficiente para o Sr. Nara se fascinar com a inteligência da moça e claro, sua incontestável beleza.

Sua mãe comemorava tudo em silêncio.

Hinata perdeu-se em um diálogo com uma das irmãs de Shikamaru, Konan, sobre música. Eram muito parecidas.

Mas não estava sendo tão divertido para Minato, que levantou-se em busca do filho.

Precisavam urgentemente da estranheza de Naruto.