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História Orgulho e Preconceito - Don't fall for the weirdo


Escrita por: Xokiihs

Notas do Autor


VOLTEI!
Rapidinho, né?
Espero que gostem! <3
Boa leitura :)

Capítulo 13 - Don't fall for the weirdo


Fanfic / Fanfiction Orgulho e Preconceito - Don't fall for the weirdo

O caminho até o bar, que ficava a uma distancia boa do campus, foi uma tortura infinita. Primeiro porque nós éramos um grupo muito distinto, e com isso quero dizer esquisito. Enquanto passávamos na rua, as pessoas nos olhavam com o canto de olho, provavelmente imaginando o que aquele mutirão de gente nada a ver fazia junta; não que eu me importasse tanto, afinal, de todo mundo ali, a menina de cabelo cor-de-rosa e cara de poucos amigos (ainda estava puta com Temari por ter espalhado meu segredo de Estado. Aquela vaca alemã ainda me paga) devia ser a pior.

Segundo, porque o bonito do Sasuke – sim, bonito porque ele estava especialmente gato aquela noite (O que? Nunca neguei que o the monio era bonitão) - tinha resolvido encher ainda mais meu saco. A Tenten, que é uma pessoa muito fofa, tinha me deixado para ficar com o namorado dela, um cara cabeludão e alto, muito bonito e cheiroso. A Temari, minha outra amiga, estava com Shikamaru, discutindo alguma coisa, que provavelmente faria o aprendiz de Snoop Dogg apanhar mais tarde – e não da forma boa.

Enfim, o Lee estava de papo com Chouji, sobre uma parada que eu não entendia, algo sobre um desenho japonês, Karuto, o nome. Naruto estava com a peguete, cujo o nome era Hinata e os dois conversavam aos cochichos, não me pergunte o porquê. Com isso, sobrou eu, Sasuke e a lombriga ambulante, o tal do Su-não- sei- que-lá. No entanto, ele resolveu ficar na dele, mexendo no celular como o bom excluído que era.

Fez as contas?

Sim, Sasuke resolveu grudar do meu lado como amoeba e não saiu mais. Não que eu me importasse, porque pelo menos ele me distraia do nervosismo crescente em ir ao meu primeiro encontro depois de tanto tempo.

— O que você acha melhor, e só pode escolher um: Jane Eyre ou Morro dos Ventos Uivantes? – ele perguntou, logo após eu pergunta-lo se ele achava melhor 1984 ou Admirável Mundo Novo.  

Revirei os olhos.

— Depende da situação.

— Como assim?

— Bem, onde eu estou? Por que só posso escolher um? E, se escolher um, não poderei escolher o outro jamais?

Dessa vez, quem revirou os olhos foi ele, dando uma bufada logo em seguida.

— Não precisa complicar as coisas. É bem simples. Escolhe um.

— Você tem que especificar. – dei de ombros, resoluta a não escolher entre os dois, mesmo que já estivesse com a resposta na ponta da língua. Eu gostava de irritá-lo.

— Tsc, ok, chatice. – mordi o lábio para não rir da cara de tédio dele. — Você vai para uma ilha deserta-

— Ilha deserta? Não tem algo menos clichê não?

— A porra de outro planeta então. – ele resmungou entre dentes. Dessa vez, tive que soltar uma risada. — Para de zueira, é uma pergunta séria.

— Ok, ok. Continue.

— Você foi enviada a Marte...

— Mas por quê?

— Porque sim, caralho! – ele falou tão alto que todo mundo parou de conversar e nos olhos, fazendo com que ele ficasse rubro de vergonha; ele ficava uma gracinha vermelhinho, tenho que admitir.

— ‘Tá. Fui mandada para Marte, sem motivos. Continue.

— Acho que vou te mandar para um planeta ainda mais distante.

Ouch, Sasuke. Que malvado. – revirei os olhos.

— Você vai para Netuno.

— Não pode ser Vênus? Ela é mais legal.

— Desisto! – ele diz, passando a mão nos cabelos. E eu não resisti, morri de rir da cara de frustração dele. — Tsc, idiota.

— Ah, Sasuke. Você me mata de rir. – falei, limpando as lágrimas dos cantos dos olhos. Ele revirou os olhos novamente, me dando um peteleco na testa. — Aí! Se bater um vento quando você estiver revirando os olhos, você vai ficar assim para sempre.

— Quantos anos você tem? Dez?

— Dez e meio. Tsc. – cruzei os braços, fazendo bico. Ele, por sua vez, sorriu de lado. Já disse que quando ele sorria ficava bem mais bonito? Pois é.

— Enfim, você ainda não disse qual você escolheria.

— Jane Eyre, óbvio. Já sabia da resposta desde o inicio, bobão. - ele me deu outro peteleco, e eu tinha certeza que ficaria com um ponto rosado no meio da testa.

— Você é uma esquisita.

— Obrigada, senhor Darcy. – fiz uma reverencia.

— De nada, Elizabeth. – ele sorriu novamente, piscando um dos olhos. Meu coração deu um pulo esquisito, e eu engoli em seco. Ser chamada de Elizabeth daquela forma pode deixar uma mulher insana.

— Ei, ei, o que os pombinhos estão falando? – Temari brotou do chão, ficando entre mim e Sasuke e colocando os braços nos nossos ombros. Franzi o cenho.

— Pombo é você, loira do banheiro. – resmunguei, tirando não tão delicadamente o braço dela de mim. Ainda estava com raiva. — Se eu fosse algum pássaro, seria uma águia, para sua informação.

— Águia, pombo, tanto faz. – ela revirou os olhos esverdeados. — Do que vocês estão falando?

— Qual livro eu levaria para outro planeta, Jane Eyre ou Morro dos Ventos Uivantes.

— Uau, que tédio! – ela balançou a cabeça, como se desaprovasse do nosso assunto. Dei um soco no seu braço. — Aí!

— Você é uma chata! – bufei, cruzando os braços e fazendo bico.

— Por quê? – ela perguntou, genuinamente curiosa.

— Ora, por que. Por quê? Por quê? Porque sim! – pisei no pé dela e sai de perto, antes que ela perdesse a paciência.

— Nossa Sakura, que casco de cavalo você tem! – ela falou, levantando o pé e passando a mão onde eu tinha pisado.

— Pombo, cavalo, vai me chamar de mais o que?

Ela parou e ficou me encarando por alguns segundos, e eu quase taquei uma pedra na cabeça dela ao vê-la ponderando o que responder.

— Unicórnio?

— Unicórnio?! Se fosse para ser um animal mítico, eu seria um Dragão, não a porra de um unicórnio.

Bufei, mais indignada e ofendida do que nunca. E ela ainda se dizia minha amiga!

— Mas unicórnios são fofinhos.

— O que tem de fofo em um cavalo colorido com um chifre na testa e que peida arco-íris? Nunca entendi. – Sasuke entrou na conversa, e, pela primeira vez, concordei com ele.

— Exato! Não tem nada de legal.

— Vocês são malucos. – Temari ficou olhando para nós dois, antes de balançar a cabeça, dar um sorriso enigmático, e voltar para a fumaça ambulante que era Shikamaru.

— Tsc, ela que não sabe de nada. – bufei. Sasuke anuiu e nós ficamos em silêncio por um tempo.

— Qual o nome da banda em que o carinha vai tocar? – ele perguntou, do nada, sem parecer realmente interessado.

— Para falar a verdade, não sei. – ele arqueou uma sobrancelha negra, me olhando. — Ele não me disse, oras.

— E você não perguntou? – pisquei, balançando a cabeça. — Por que não?

— Acho que fiquei tão nervosa na hora que esqueci.

— Hm. – ele ficou em silêncio novamente, parecendo pensativo.

— Por que a pergunta? – ele deu de ombros, me encarando novamente.

— Eu gosto de bandas alternativas.

— Entendi.

— Onde você conheceu esse cara? – ok, dessa vez eu realmente o olhei com as sobrancelhas arqueadas. Ele, por sua vez, apenas limpou a garganta e olhou para o lado, fugindo de meu olhar.

Fiquei em silêncio, observando-o; não conhecia o Sasuke muito bem, então não sabia o porquê dele estar fazendo aquelas perguntas. Estaria ele tramando algo? Ou ele realmente estava interessado? Difícil, muito difícil. Por fim, suspirei e dei de ombros. Se ele estava tramando algo, era melhor que eu soubesse.

— Numa cafeteria perto da livraria.

— Hm, a Café com Aroma de Mulher?

— Que? – franzi o cenho. — Existe uma cafeteria com esse nome?

Ele riu, e eu fiquei sem entender nada.

— Sasuke, para de zoar com a minha cara! – ele riu mais ainda, tanto que o rosto dele ficou todo vermelho.

— Foi mal. – ele falou, entre as risadas.

Eu revirei os olhos. Pelo visto, ele só queria me zoar mesmo.

Depois de quinze minutos caminhando, finalmente vimos o letreiro brilhante e esverdeado do Leprechaun. Na placa, além do nome piscando em verde e laranja, tinha a imagem de um homenzinho pequeno e vestindo roupas verdes; típico bar Irlandês. Ao contrário do que eu pensei, não estava tão cheio. Sequer tinha uma fila ao lado de fora.

Todo mundo pagou sua entrada e, juntos, entramos no bar. Uma musica alta tocava, um tipo de rock melódico que, ao mesmo tempo em que dava para bater cabelo, dava para dançar. Realmente não estava cheio, mas tinha uma quantidade considerável de pessoas.

— Vamos arrumar uma mesa! – Temari falou alto, e todos concordamos.

Por dentro, o bar tinha paredes de madeira escura, com alguns quadros decorativos pendurados; a iluminação era baixa, o que dava um clima acolhedor e confortável. Em algumas áreas, uma luz esverdeada brilhava. Encontramos uma mesinha em um canto, mas, infelizmente, não tinha cadeiras suficientes para todos.

— Quem vai pegar as bebidas? – Naruto perguntou, já sentado em uma das cadeiras, folgado como sempre. A menina com quem ele tinha vindo foi puxada para seu colo, e ela não pareceu se importar, apesar de ficar vermelha como um pimentão.

— Eu posso ir. – ofereci, já que já estava em pé mesmo. Além disso, queria procurar o Utakata.

— Vou com você. – Sasuke disse, e eu assenti. Todos disseram o que queriam, e eu nem prestei atenção; tomara que o Sasuke tenha.

Há essas horas, meu estômago já estava tão embrulhado que eu estava com medo de vomitar. Meu coração também tinha resolvido bater sem parar, não sei o porque. Será que eu estava tendo um infarto? Seria muito injusto isso acontecer logo agora, em que eu estava prestes a encontrar o príncipe do Utakata.

— Ei, você tá legal? – Sasuke perguntou no pé do meu ouvido, me assustando tanto que dei um pulo. — Foi mal.

O bafo quente que saia da boca dele me deu arrepios, e eu senti o ligeiro cheiro de menta; me virei para ele, encontrando-o sorrindo de lado.

— Estou sim. Vamos pegar essas bebidas logo.

O bar estava bem cheio, já que algumas pessoas estacionavam lá e não saiam mais. Tivemos que nos espremer entre algumas, e gritar nossos pedidos ao barman. Enquanto esperávamos, fiquei olhando ao redor do bar a procura de Utakata, mas nada de encontra-lo; talvez ele estivesse no camarim, se é que aquele bar tinha um. Após dez minutos, o barman entregou nossas bebidas, e eu e Sasuke tivemos que equilibrar os copos/ long necks/ latinhas em nossas mãos.

— Até que enfim! Que demora! – Temari exclamou, pegando sua cerveja preta com avidez.

— Mal educada. – resmunguei, colocando as outras bebidas sobre a mesa. Todos pegaram as suas, e começaram a bebericar.

Não demorou muito para todo mundo estar conversando ou se beijando (para quem tinha alguém). Novamente, fiquei com Sasuke.

— Que horas que o show ia começar? – ele perguntou, tomando um longo gole de sua cerveja.

— 19h15.

Ele olhou o relógio no celular.

— Bem, faltam poucos minutos. Está animada?

Eu sorri, apesar de por dentro estar dando cambalhotas de nervosismo.

— Sim. Acho que vai ser legal.

Ele assentiu, desviando os olhos. Se eu não estivesse tão nervosa naquele momento, teria estranhado aquele comportamento do Sasuke. Afinal, apesar de termos uma amizade estranha, ele nunca tinha se mostrado tão interessado em mim. No entanto, continuei minha caçada por Utakata e ignorei o Uchiha completamente. Talvez aquele tenha sido meu erro número 1.

O show começou dez minutos atrasado, quando eu já achava que ele tinha me enrolado bonito. Contudo, as 19h25, a iluminação do bar diminuiu um pouco, e o foco foi para o pequeno palco que ficava nos fundos do estabelecimento. Assim que o vi, meu coração quase saiu pela minha boca.

— Boa noite, galera. Somos “Badass Irish” e vamos tocar para vocês hoje. Espero que gostem! – o vocalista, um ruivo de cabelos compridos e esguio, falou, e todo mundo bateu palmas.

Eles começaram a tocar uma música melódica e tranquila, que eu reconheci na hora como “Someone New” de Hozier. Meu coração acelerou ainda mais, já que eu adorava o cantor. O vocalista tinha uma voz deliciosa de ouvir, que envolvia a todos. Contudo, logico que eu não fiquei o olhando. Meus olhos seguiam o guitarrista, que estava especialmente lindo naquela noite. Os cabelos castanhos estavam presos em um coque (já mencionei que caras com cabelos compridos me deixavam louca?), e ele estava super estiloso. Parecia tão submerso na musica, tocando como se estivesse sozinho. De vez em quando, olhava para a audiência, e tudo que eu queria era que ele me visse.

— Eles são bons. – Sasuke, que tinha ficado ao meu lado o tempo inteiro, disse, balançando a cabeça ao som da musica. Não poderia concordar mais com ele. Sorri.

— Muito.

As musicas foram bem escolhidas e variadas; além de Hozier, eles também fizeram cover de outras bandas e cantores irlandeses, e cantaram duas musicas próprias. Eu não reconheci todos, mas adorei tudo o que eles cantaram e procuraria quando chegasse em casa.

Depois de uma hora, o show acabou, e eu estava tão extasiada que esqueci que uma hora Utakata apareceria.

— Isso foi incrível! – eu disse, animada, e meus amigos concordaram.

— Foi legal, mas queria umas musicas mais agitadas. – Naruto comentou, e eu revirei os olhos.

— Foi perfeito.

— E quem era o carinha que você vai pegar? – Su-sei-lá-quem perguntou, abrindo um enorme sorriso naquela cara branca e deixando amostra todos os dentes.

— O guitarrista. – Temari respondeu por mim.

— Ele é muito bonito, Sakura. – Tenten sorriu, fazendo dois “jóias” com os dedões. Fiquei vermelha, mas sorri.

— Sim, ele é.

— E você não vai atrás dele não? – Chouji, que tinha tirado um saco de batatas de não sei aonde, perguntou. Engoli em seco, coçando a cabeça.

— Ér...

— ‘Tá com vergonha? – Naruto perguntou, rindo. Eu balancei a cabeça firmemente, apesar de estar sim morrendo de vergonha.

— Então vai lá logo, boba. Esse bar ‘tá cheio de mulher bonita. – minha delicada amiga Temari disse. Apesar do nervosismo, sabia que ela estava certa. Então, tomando um longo gole de meu drink docinho, resolvi ir atrás dele.

Assim que me virei, dei de cara com Sasuke, que me encarou com uma sobrancelha arqueada.

— Boa sorte. – ele murmurou, e fez algo que eu jamais esperaria dele: bagunçou meus cabelos, como se eu fosse um cachorrinho.

Eu brigaria com ele por ter feito aquilo, mas resolvi deixar passar. Sorri e me passei por debaixo do braço dele, ouvindo meus queridos amigos gritarem “Uhul”, “Vai Sakura”, atrás de mim.

[...]

 

Andei o bar quase todo, e já estava desistindo de procurar Utakata quando alguém segurou meu braço; já ia virar para brigar com quem quer que fosse, quando vi os olhos cor-de-mel mais lindos do mundo. Meu sorriso foi instantâneo.

— Sakura! Você veio! – ele me deu um abraço, e eu pude sentir seu perfume misturado com suor. Alias, ele estava ensopado. Mas vamos ignorar isso.

— Sim, eu disse que viria. – sorri, sentindo meu coração bater forte. Ele sorriu de orelha a orelha.

— Que bom! Fico muito feliz. O que achou?

— Foi incrível! – exclamei, incapaz de guardar minha excitação. — As musicas são tão lindas e vocês tocam tão bem.

Ele riu, passando a mão nos cabelos, que já estavam fora do coque, infelizmente.

— Obrigado. Você quer conhecer o resto da banda?

Apesar de querer ficar sozinha com ele, assenti. Então, pegando em minha mão, ele me guiou. Eu já disse que nunca tinha me apaixonado por alguém; no máximo tinha sentido atração. Contudo, quando a mão dele encostou-se à minha, foi ridículo como eu me senti mole, apenas com o toque. Meu nervosismo passou e eu só conseguia sentir a vontade de pular no pescoço dele e agarrá-lo. Como sou uma lady, porém, não o fiz.

Ele me levou até um canto mais reservado do bar, onde os demais caras da banda estavam; e entre eles, tinha uma menina loira de olhos verdes, que me lembrava da Temari, apesar de ser uma versão mais meiga dela.

— Pessoal, essa é a Sakura. A menina de quem eu falei. – fiquei vermelha de vergonha, enquanto todos me olhavam.

— Então você é a famosa Sakura! – o vocalista ruivo falou, sorrindo. Ele era bem bonito de perto.

— Oi. – acenei, ainda envergonhada.

— Esse é o Sasori, o vocalista da nossa banda. Ali do lado dele – ele apontou para um cara moreno, de cabelos espetados, - é o Obito. Aquele é o Deidara – ele apontou para um loiro cabeludo, que era o baixista, acho. – e, aquela diva ali é a Hotaru.

Todos fizeram algum gesto para mim, e a Hotaru levantou e veio em minha direção.

— Utakata falou muito de você, Sakura. – ela tinha um sorriso estranho no rosto, que não parecia chegar a seus olhos. — Você é realmente uma gracinha.

— Obrigada? – fiquei sem jeito, sem saber o que responder. Ela riu, me abraçando apertado demais.

— De nada, fofa.

— Sakura, quer tomar alguma coisa com a gente? – Utakata, sempre o gentleman, ofereceu,  e eu assenti.  — Deidara, vai lá buscar alguma coisa.

— Por que eu? – Deidara resmungou, franzindo o cenho. – Manda a groupie ir lá.

Utakata revirou os olhos, enquanto Hotaru bufava e cruzava os braços.

— Custa ir lá? – ele perguntou, e, quando o loiro não respondeu, ele se levantou. — Vou te dizer, viu. Já volto, Sakura.

Ele saiu e me deixou no meio daquele monte de gente que eu não conhecia.

— E ai, Sakura. O que você faz da vida? – o vocalista perguntou, sem parecer realmente interessado.

— Faço faculdade de literatura na UL.

— Hm, legal. – ele resmungou, bebericando uma cerveja.

Um silêncio constrangedor caiu entre nós, e eu só queria que Utakata voltasse logo. Fiquei observando o bar, em uma forma de disfarçar o desconforto, quando a loira Hotaru chamou minha atenção.

— O que acha de Utakata, Sakura? – quando me virei para ela, surpresa com a pergunta, ela me olhava sem nem piscar.

— Como assim?

— O que acha dele? É uma pergunta simples, oras. – ela sorriu, apoiando a cabeça numa mão e me encarando. Engoli em seco, não gostando nada daquele tom.

— Ér, bem, ele é legal.

— Só isso? Não o acha bonito?

— Sim. – franzi o cenho. Os olhos verdes dela brilharam com algo que não consegui identificar.

— Gostaria de ficar com ele?

Dessa vez, fiquei olhando-a como se ela tivesse duas cabeças. Que mulher estranha! Deidara soltou uma risada estrondosa, e eu desviei a atenção para ele.

— Não ligue para a loira maluca, Sara. Ela só está com ciúmes.

— Ciúmes de que? – perguntei, mais perdida do que cego em tiroteio. Quem respondeu, no entanto, foi a própria Hotaru.

— Utakata é meu namorado, bobinha.

Bem, eu nem preciso explicar o que aquelas palavras me fizeram sentir, não é? Mas, para caso de você não conseguir se identificar, eu vou dizer. Foi como se um balde cheio de gelo tivesse sido jogado na minha cabeça. Num dia de inverno. De manhã. Enquanto eu estava dormindo.

Fiquei tão atônita que sequer percebi quando Utakata voltou, sorrindo e alheio a tudo.

— Aqui, Sakura. Trouxe uma cerveja, tem problema? – eu o olhei, extremamente sem graça, pegando a cerveja.

— Não. Sem problemas. – a garrafa já estava aberta, então engoli quase tudo em um só gole.

— Eita, eita. Calma, menina. – ele disse, rindo. Contudo, eu não ri. Terminei de beber tudo e me levantei.

— Foi ótimo te ver, Utakata. Vocês fizeram um ótimo show. Agora tenho que voltar para os meus amigos. Com licença.

Sai como se o próprio capiroto estivesse com um chicote atrás de mim, querendo me açoitar. Utakata se levantou, todavia, e me seguiu.

— Espera, Sakura. O que houve? – ele perguntou, com o cenho franzido e sinceramente confuso. Eu engoli em seco, sem saber onde enfiar a minha cara. Que situação!

— Ah, não aconteceu nada, haha. – passei a mão pelos cabelos e olhei para o lado. Alguém podia me salvar! — É que... é que...ér, hm...

— Sakura! Finalmente te encontrei. – dei um pulo ao ouvir a voz de meu salvador. Ninguém menos, ninguém mais do que Sasuke Uchiha. Ele pareceu ter brotado do chão, como sempre (acho que Sasuke já foi um ninja na vida passada). Contudo, dessa vez não me importei.

— Sasuke! Oi! – gritei, quase pulando nos braços dele e lhe tascando um beijo de agradecimento.

— Estava te procurando. – ele, de forma estranha, passou o braço pelos meus ombros e encarou Utakata.

— Ah, esse é o Utakata, Sasuke. – Utakata, que estava mais confuso do que o Naruto fazendo uma conta matemática, estendeu a mão.

— Prazer. – Sasuke apertou, e eu percebi que foi mais forte do que o necessário.

— Eu estava conversando com Utakata e os amigos dele, Sasuke. E, ah, a namorada.

Os olhos negros me fitaram, e eu juro que vi algo parecido com compaixão naquele olhar; mas fingi que não vi, afinal, tenho meu orgulho.

— Entendi. Estamos indo embora, você vem? – ele perguntou, sem sequer voltar a olhar para Utakata. Eu assenti, mordendo o lábio.

— Seu show foi ótimo, Utakata. Parabéns. – sorri sinceramente. — Nos vemos por aí.

— Claro. Até mais, Sakura. E obrigado por ter vindo. – ele também sorriu, provavelmente pressentindo que algo errado não estava certo.

Com um ultimo aceno, me virei e sai o mais rápido possível dali. Sequer me dei o trabalho de voltar para a mesa; há essas horas, só queria me enfiar em um buraco e ficar lá por toda a eternidade, ou até todos esquecerem que eu supostamente viria a um encontro.

Sai tão apressada que nem percebi que uma figura vinha atrás de mim. Se você pensou: Ah! Um estuprador! Ou Ah! O Utakata que tinha mudado de ideia! errou feio. Sim, quem tinha vindo atrás de mim foi ele, meu nemesis, Sasuke Uchiha.

— Ei, Sakura. Espera. – ele puxou meu braço, me fazendo olhá-lo quando tudo o que eu não queria era fazer isso. Minha visão estava embaçada, e eu vi a cara dele toda borrocada.

— E-eu quero ir embora, Sasuke. – falei, engolindo aquele maldito nó na garganta. Sasuke ficou me olhando, antes de assentir e pegar em minha mão.

— Vamos, eu sei um lugar.

As ruas estavam movimentadas, como se era de esperar; nós passamos por várias pessoas, e todas elas encaravam a menina chorona que vinha de mãos dadas com um menino alto como uma vara de cutucar estrelas e de cabelos escuros; nós éramos um casal bem bizarro.

Não demorou muito para minhas lágrimas descerem, apesar de eu ter tentado segurá-las; entendam, eu não chorava com facilidade. Minha mãe sempre me ensinou que lágrimas não ajudavam a nada, além de borrar nossa maquiagem e nos dar dor de cabeça. Para vocês terem noção, a última vez que chorei foi quando deixei minha mãezinha para trás, em Stamford. Aquele dia, até minha véia tinha chorado, mesmo que não fosse mudar absolutamente nada. Eu nunca tinha chorado por homem nenhum, nem mesmo pelo meu progenitor, a quem eu nunca conheci. Alias, para ser sincera, eu chorei quando o Jack morreu, mas, fora isso, nunca tinha chorado por macho. Era algo que feria meu orgulho.

Entretanto, lá estava eu, chorando como a boba que eu era, por causa de um cara que eu sequer conhecia. E o pior, ao lado do meu arqui-inimigo, que eu nem considerava mais inimigo. A vida só podia gostar de fazer esse unicórnio cor-de-rosa sofrer mesmo.

Nós caminhamos por um bom tempo, até que chegamos ao enorme parque da cidade, o Nelson Mandela. Eu tinha ido lá uma vez, logo que cheguei à cidade, para turistar. À noite, o parque era relativamente vazio, mas tudo o que eu queria era ir para um lugar vazio. Já era vergonhoso o suficiente chorar, fazer isso em frente a um monte de gente era pior ainda. Sasuke arrumou um banco para nos sentarmos, embaixo a um enorme carvalho. Estava frio.

Ficamos em silêncio por um tempo, eu chorando como uma criança que descobriu que o cachorro não foi para a fazenda, e sim para outro plano; realmente, eu não sabia porque estava chorando, não fazia sentido. Contudo, eu não conseguia parar.

— Toma. – Sasuke estendeu um lenço para mim, sim, um maldito lenço azul marinho. Eu fiquei observando o pedaço de pano, que tinha as iniciais dele bordadas. S.U.

Fala sério! Quem carregava um maldito lenço no bolso? Em que século Sasuke vivia? Tive que rir.

— Cara, você tem um lenço. – eu murmurei, ainda rindo, fungando e chorando ao mesmo tempo.

— Que que tem? – ele perguntou, genuinamente confuso. Encarei-o, vendo o cenho dele franzido. Ri mais.

— Quem tem a porra de um lenço nesse século, Sasuke?

— Todo ser humano que não gosta de estar desprevenido, talvez? – ele respondeu, como se fosse óbvio. Eu voltei a rir, sem acreditar.

— Desprevenido? E em que um lenço ajuda? Se aparecer um ladrão, você vai bater na cara dele com um lenço? Se chover, você vai se proteger contra a chuva com ele?

Ele revirou os olhos com tanta força que eu achei que eles não voltariam mais ao lugar.

— Ele serve para situações como essa. Tsc. – eu mordi o lábio, percebendo que ele estava constrangido.

— Mas é estranho, admita.

— Cala a boca. – ele resmungou, cruzando os braços.

Ficamos em silêncio, e eu percebi que minhas lágrimas tinham secado; meu rosto ainda estava molhado, então resolvi usar o lenço do bonitão. Aproveitei e assoei o nariz – ele não gostou nada disso.

— Toma. Obrigada.- eu fiz que ia devolver o lenço, mas ele fez uma cara de nojo indescritível, que só me fez rir mais ainda. Ele era realmente um bonequinho de luxo.

— Pode ficar para você.

— Ah, Sasuke. E te deixar sem sua proteção? Não posso fazer isso. Toma. – tentei dá-lo novamente, mas ele se afastou do pano melecado como se tivesse envenenado.

— Eu não quero esse troço nojento mais. Pode ficar.

Eu sorri, e assenti, dobrando o lenço com todo o cuidado do mundo. Estava realmente nojento. Novamente o silêncio caiu entre nós, mas não era desconfortável. Ali, no parque, dava para ver as estrelas que enfeitavam o céu, assim como a lua nova, e aquilo me deu uma sensação de paz. Virei-me para Sasuke, vendo que ele também observava o céu, e sorri. Ele ficava bonito sob a luz da lua.

— Obrigada. – disse, por fim. Ele me olhou de soslaio, e eu sorri. — Sério.

— Hm, não tem de que. – ele deu de ombros, como se não fosse nada, e voltou a olhar para o céu.

— Eu não sei por que eu fiquei tão chateada. – as palavras me deixaram sem que eu tivesse vontade de segura-las. Por algum motivo, eu queria conversar com ele. Queria que ele me ouvisse.

— Eu também não.

— Afinal, não é como se ele fosse tão bonito assim.

— Concordo.

— Apesar do cabelo dele ser bem cheiroso, mesmo suado.

— Prefiro o meu.

— Deixa eu ver. – me levantei e fui na direção da sua cabeça, para a surpresa dele; dei uma fungada naquele emaranhado de fios negros, sentindo um cheiro bem gosto de shampoo. — É cheiroso mesmo. Que shampoo você usa?

— Tsc, Clear .

— Hm, acho que vou comprar um igual. – murmurei, pensativa. Era realmente cheiroso.

— Copiona.

— Sou mesmo. – sorri, triunfante. Ele revirou os olhos, mas também soltou um sorrisinho de lado. — Você fica mais bonito quando sorri.

Parei. Ele me encarou de olhos arregalados.

De. Onde. Diabos. Saiu. Isso.?

— Para um demônio, quero dizer. Hehe. – cocei a cabeça, tentando disfarçar, mas não deu. Ele abriu um sorriso tão enorme que me senti no País das Maravilhas, e ele era o próprio Cheshire.

— Me acha bonito, hm? – ele mexeu as sobrancelhas, sem deixar de rir. Dei um soco no braço dele.

— Não faz isso ser mais estranho do que já é.

— Me diz, Sakura, qual sorriso fica mais bonito em mim? – ele começou a sorrir feito um louco, e eu fui obrigada a rir.

— Tá, agora você está simplesmente ridículo.

— Ridicularmente bonito, você quer dizer?

Dei um chute em sua canela, o que o fez perder o sorriso rapidinho.

— Ridicularmente ridículo.

— Uhum, sei. – ele deu uma piscadela, sorrindo de lado novamente. — Cuidado hein, Sakura. Não vai se apaixonar.

Revirei os olhos, dando-lhe um beliscão.

— Como fosse possível se apaixonar por um filhote de cruz-credo igual você.

— Se você diz. Só não se esqueça, Elizabeth acabou se apaixonando pelo filhote de cruz-credo que era o Mr. Darcy.

Bem, contra isso eu nada podia rebater. Porque, apesar do Mr. Darcy ser um pentelho, a Lizzie acabou se apaixonando por ele, no fim.

Só que ÓBVIO que isso JAMAIS aconteceria comigo.

Afinal, eu não era a Elizabeth.

E ele não era o Mr. Darcy.

 

 

 

 

 



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