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História Orgulho e Preconceito SasuSaku - Capítulo 22


Escrita por: Anya321

Notas do Autor


Oi pessoal, cap novo pra vcs!
Espero q gostem!!

Capítulo 22 - Capítulo 22


Sasuke POV

– Nossa, eu vi esse filme! – Naruto exclama diante da fala de Sai. – Cara, você lembra daquela parte...

Eu mal prestava atenção na conversa. Sakura amanheceu estranha hoje na escola, parecia até que mais uma vez não tinha dormido. Diferente dos outros dias, ela não tem contribuído para as conversas do intervalo e parece tão avoada quanto uma criança com imaginação fértil.

Estou prestando atenção nela desde que chegou hoje na sala e não me escutou lhe desejar “bom dia”, fazendo com que eu tivesse que repetir o cumprimento. Não tive coragem para perguntar nada, pois poderia ser alguma coisa que tenha lhe aborrecido e eu temia que minha conversa com o pai dela tenha sido o motivo.

– Credo, vocês dois estão estranhos hoje. – a amiga de Sakura, Temari, comentou com uma careta de tédio.

– O que? – Sakura disse, parecendo voltar para a realidade.

– O Sasuke tudo bem, ele é assim o tempo todo. – Naruto acrescenta, de boca cheia. – Mas a Sakura realmente está esquisita. O tédio do Sasuke é contagioso?

– Cala a boca, idiota. – respondi.

Com isso, o assunto se encerrou, visto que Sakura não respondeu nada além de bufar. No fundo, fiquei grato que os amigos dela perceberam, pois isso significava que não era só coisa da minha cabeça. Além disso, ficou claro que, se havia algo de errado, a rosada não queria falar sobre, portanto a decisão de não comentar nada a respeito foi correta.

Quando a aula acabou, resolvi acompanhá-la até em casa, na esperança de dar a ela uma oportunidade para me falar o que a incomodava. 

Caminhamos lentamente, sob o barulho de nossos sapatos tocando o chão e o canto dos pássaros nas árvores. Estava fazendo um dia ensolarado e razoavelmente quente, o que tornava o tempo perfeito para tomar um sorvete com Naruto e Hinata – que haviam nos convidado antes de sairmos da escola, porém eu falei a Naruto que deixasse para outro dia – , no entanto, o clima não fosse muito próspero para isso. 

Tentando dar ao menos um toque de romance na situação, e quem sabe algum conforto para o que a estava aborrecendo, toco timidamente a mão de Sakura. Fico surpresa quando ela a puxa subitamente ao sentir meu toque. Olho para ela, confuso, e vejo seus olhos nervosos.

– Desculpe... – ela disse, percebendo que havia se sobressaltado. – Hã... eu...

– Está tudo bem.

O silêncio que se segue é constrangedor. Admito que fiquei decepcionado com aquele ato da rosada, me fez lembrar dos tempos em que eu tinha certeza de que ela me odiava e me sentia impotente. Fico desencorajado e não faço mais nenhuma tentativa de proximidade, mas Sakura parece ter ficado realmente arrependida de ter me repelido daquele jeito.

– Sasuke, eu sinto—

– Está tudo bem, Sakura. – me viro para ela, tentando mostrar-lhe a expressão mais compreensiva que consigo. Eu não estava chateado com ela, mesmo que aquilo tenha deixado uma certa mágoa. – Não estou chateado.

– Foi um reflexo, não fiz por querer.

– Eu sei que não.

Sakura se encolhe um pouco, parecendo irritada consigo mesma por ter cometido um ato involuntário. Não demora muito até chegarmos na casa dela, ainda em silêncio. Eu me mantive firme na decisão de não questionar o que se passava em sua mente, pois já havia concluído que se tratava de algo sério o suficiente para desligá-la do mundo por uma manhã inteira.

Ela me beijou antes de entrar em casa e eu esqueço, por um instante, que o pai dela poderia estar nos observando de alguma janela. Beijar Sakura ainda era uma coisa inexplicavelmente maravilhosa, que podia me tirar do chão e me fazer voar por alguns segundos sem que eu ao menos percebesse.

Nos despedimos e eu voltei para casa – a casa de Naruto, na verdade – o mais lentamente que pude. Ficar perto de Itachi estava sendo estressante pois, mesmo que ele não me importunasse o tempo inteiro para que eu fosse para Tóquio nas férias, eu sabia que era isso que ele queria dizer a cada cumprimento que me direcionava. Era uma pressão que estava se tornando irritante.

Chego na casa e atravesso a sala furtivamente, indo direto para meu quarto e trancando a porta atrás de mim. Tia Kushina devia ter saído com alguma vizinha ou amiga que tenha feito na cidade e tio Minato, certamente, devia estar tratando de negócios em seu escritório – quem sabe Itachi esteja o ajudando já que está hospedado aqui.

Me sento na cama e retiro a camisa do uniforme, ainda pensativo sobre o comportamento estranho de Sakura. Me pergunto se devo chamá-la para sair hoje, mas talvez não seja uma boa ideia. Provavelmente seria melhor lhe dar espaço até ela se sentir confortável ou até que sua angústia passe. Afinal, funcionou há alguns dias quando ela passou a noite em claro fazendo lição de casa.

Ouço meu telefone tocar e atendo, sem olhar de quem era a ligação.

– Alô?

– Oi, filho... – a voz doce e gentil de minha mãe passa pelo celular e chega a meus ouvidos.

Preciso de alguns segundos para formular alguma fala. Fazia um bom tempo que eu não ligava para minha mãe e ouvir sua voz, mesmo que um pouco modificada pela ligação, trazia de volta um mix de sentimentos.

– Oi, mãe. Hã... está tudo bem? 

– Poderia estar melhor. – ela responde, sem disfarçar a tristeza em sua voz. – Você poderia estar aqui.

Suspiro.

– Por favor, mãe, não começa...

– Seu irmão me disse que você não sabe quando vai vir nos visitar! Eu não acredito nisso, Sasuke!

– Eu nunca mencionei nada sobre visitar—

– Bom, visitas são meio que eventos óbvios quando a criança que eu carreguei por nove meses e criei por toda a vida dele fosse embora de casa!

Decido retirar o celular do ouvido e colocar a ligação no viva-voz. Minha mãe passou tempo demais na companhia de tia Kushina e acabou adotando os métodos dela para dar sermões. De alguma forma, Mikoto Uchiha, cuja voz é baixa e serena por natureza, aprendeu a deixá-la tão alta e estridente que faria Beethoven pensar que sua audição estava intacta.

– Eu não disse que não vou...

– Mas também não disse que virá! – escuto minha mãe suspirar do outro lado da linha. – Por favor, meu filho. Sentimos sua falta. Eu sinto sua falta.

A voz dela sai um pouco embargada, o que confirmava que ela estava chorando. Mamãe sempre foi uma mulher forte, ela nunca deixou nenhum de seus filhos verem-na chorar, nem mesmo quando papai morreu. Podíamos vê-la abatida, mas ela sempre segurava o choro até estar segura no conforto de sua solidão.

– Tudo bem, mãe. – me rendi aos choramingos de Mikoto. – Pode esperar até as férias?

Há uma pequena pausa do outro lado da linha e por um instante penso que a ligação tenha caído ou que mamãe não tenha escutado direito o que eu disse. Mas então escuto sua voz emocionada:

– Sim, querido. – ela funga, o que indicava que estava mesmo chorando. – Sim, nós podemos esperar. Eu espero que todos possamos nos reestruturar.

– Eu também...

Um barulho estranho passa pelo telefone e minha mãe muda o tom de voz, passando a ter o bom humor e a simpatia usuais.

– E como estão as coisas? O Itachi mencionou que você teve um encontro!

Itachi sempre foi o favorito de mamãe, e tinha um motivo para isso. Ele era o responsável por deixá-la a par de qualquer novidade na minha vida que eu ainda não a tenha contado. Fico irritado comigo mesmo por não ter previsto que ela já deveria saber que eu estava saindo com alguém, mas me sinto um pouco triste devido ao fato de ela saber tão pouco que só tinha conhecimento sobre meu primeiro encontro com Sakura e nada mais.

– Sim... eu estou saindo com alguém. – revelo, coçando o topo da minha cabeça.

– Mesmo?! Quem é ela? Como ela é?

– Ela é... ótima.

Mikoto suspira, irritada.

– Ora, vamos! Me fale sobre ela!

– Não tem muito o que falar, estamos apenas nos conhecendo. – explico, começando a sentir o típico desconforto que me bate toda vez que sou pressionado a me comunicar. – Nós costumávamos não nos dar bem, mas fizemos as pazes e agora estamos saindo, não é nada demais.

– É claro que é! Nossa, meu filho, você é o rapaz mais seco que eu já conheci. – ela comenta, com falsa decepção. – Só podia ser filho do seu pai mesmo... bom, eu confio no seu gosto para garotas, então imagino que ela seja bonita.

– Ela é. – não consigo conter um sorriso ao visualizar a imagem de Sakura, com seus olhos esmeralda brilhando junto com seu sorriso tímido e seu cabelo rosa reluzindo contra o sol. – É muito bonita.

– Mas você tem certeza sobre a índole dela, certo? Oh, só de me lembrar daquela asquerosa da Konan—

– Não vamos falar da Konan, por favor. – interrompo-a, me negando a estragar a felicidade que me trazia ao lembrar de Sakura com a figura repugnante da traidora da Konan. 

Subitamente, decido fazer como os filhos normais fazem com seus pais e pedir um conselho a minha mãe, já que estávamos falando sobre Sakura e, coincidentemente, eu estava de frente a um problema que não sabia como responder.

– Na verdade, mãe... hoje aconteceu uma coisa estranha, hã... com essa garota com quem estou saindo...

Explico a ela todo o ocorrido de hoje, desde a quietude da rosada durante a manhã e seu estranho reflexo na volta para casa. Mikoto ouviu-me silenciosamente e, após eu terminar, demora alguns segundos antes de responder, com certa sabedoria em sua voz:

– Bom, Sasuke, não acho que o que a está incomodando tenha a ver com você. – ela murmura, pensativa. – Acredito que deve ser algum conflito interno que esteja mexendo com ela e, já que vocês ainda não são namorados, ela não se vê na obrigação de te contar.

– Acha que devo perguntar a respeito?

– Não, você não deve se meter. – Mikoto responde, automaticamente. – A menos, é claro, que ela te peça isso. Mas tente distraí-la.

– Distraí-la?

– Por que você acha que ela esteve quieta o dia todo? Não consegue parar de pensar no assunto. – mamãe fala como se aquilo fosse conhecimento popular básico. – Uma boa distração pode convir e talvez ela possa até se sentir à vontade o bastante para te contar o problema, embora eu não aconselhe que espere por isso.

– Entendi. – digo e decido que está na hora de encerrar aquela conversa. – Obrigado, mãe. Te ligo depois.

– De nada, querido. – ela responde, sua voz doce voltando a ter o toque maternal com o qual estou acostumado. – E depois me conte como foram as coisas.

Desligo o telefone e o deposito em cima da cabeceira ao lado da cama. É nesses momentos que sinto falta da minha verdadeira casa e a ideia de voltar se torna ainda mais convidativa. Não conseguia pensar direito naquele quarto, simplesmente por saber que não era ali que eu pertencia, não era o meu lar.

Respirando fundo, tento ignorar esses detalhes e focar em algum programa que pudesse distrair Sakura, como minha mãe sugeriu. Até que tive uma ideia.

 

Sakura POV

Desde que cheguei em casa não consigo parar de me sentir culpada por ter reagido ao toque de Sasuke. Na verdade, me sinto culpada até mesmo por não ter conseguido disfarçar o meu incômodo o dia todo, visto que até Temari e Naruto perceberam que havia algo de errado.

Mas é claro que havia algo de errado: Sasori está vindo. Não sei como reagir a respeito disso e minha cabeça não para de processar tudo aquilo. O que o ruivo vai pensar quando souber que estou saindo com o Uchiha? Como eu devo agir perto dele? Devo agir como amiga normal ou ignorá-lo devido ao caso que tivemos há algum tempo? O que devo dizer ao Sasuke?

 Eu não tinha resposta para nenhuma daquelas perguntas e quanto mais eu pensava, mais questionamentos surgiam. Sasuke com certeza não vai gostar que eu me aproxime de Sasori e Sasori ficará decepcionado quando souber que eu estou com o Uchiha. Depois de tudo que o moreno fez ao ruivo...

– Sakura! 

Pisco algumas vezes devido ao susto da voz alta de Tenten, irrompendo no quarto. Olho para ela, finalmente percebendo que a morena estava aqui.

– Sim?

– Credo, eu te chamei três vezes e você parecia que estava surda. – reclamou. – Só vim dizer que o Sasuke está lá embaixo.

Me levando da cama automaticamente e a fitei, com os olhos arregalados e assustados.

– O que? – pergunto, sem entender. Sasuke só poderia estar maluco de ter vindo aqui, sozinho ainda mais, depois de sua “conversa” com meu pai no outro dia. – O que ele está fazendo aqui?!

Tenten dá de ombros.

– E como eu vou saber? – ela me olha, entediada. – A propósito, a Hinata fez o jantar sozinha e o seu está guardado dentro do microondas.

– Jantar?

Me levanto da cama e abro as cortinas da janela de meu quarto, contemplando o céu escurecido. Me viro e vejo, ao longe, o despertador eletrônico de Hinata indicando 7:48 da noite. Santo Deus, passei cinco horas deitada sem sequer ter noção do tempo.

Suspiro, vendo que não tinha mais nada a fazer sobre isso.

– Avisa ao Sasuke que eu já vou descer. – peço, caminhando até meu guarda-roupa para vestir algo mais apropriado do que um pijama. – E, pelo amor de Deus, não deixe o papai sozinho com ele.

 

                                (...)
 

Sasuke estava sentado no sofá e era nítido que se sentia desconfortável sob o olhar desconfiado de papai, que repousava em sua poltrona enquanto tomava um chá. Mamãe estava sentada ao lado do Uchiha e parecia estar tagarelando futilidades, como costuma fazer com qualquer pobre alma que desperta seu interesse.

Tenten, como eu havia pedido, se encontrava sentada no último degrau da escada, apenas observando a situação enquanto jogava, tediosamente, um jogo de celular. Passo por ela, que reclama por eu não ter pedido licença, e adentro a sala, chamando a atenção de todos ali.

– Boa noite... – anunciei. 

Olho para Sasuke sugestiva, indagando-o mentalmente a razão pela qual ele estava sentado entre minha mãe e meu pai, na sala de estar da minha casa. Recordando, infelizmente, que o Uchiha não é um telepata, resolvo me pronunciar novamente:

– Hã... queria me ver, Sasuke?

Sasuke, num gesto brusco, fica de pé. Parecia nervoso, mas eu não poderia culpá-lo. A cada movimento que ele faz, alterno meu olhar entre o Uchiha e meu pai, com medo de que o mais velho, magicamente, retire uma espingarda de trás de sua poltrona e atire na testa do pobre rapaz que se mantinha firme naquela sala.

– Eu... vim te levar a um lugar. – disse ele, com as mãos atrás das costas.

– Para onde? – meu pai indaga, antes que eu pudesse sequer abrir minha boca.

Sasuke se vira para ele, respeitosamente, e vejo-o engolir em seco. Eu não consigo disfarçar a minha raiva de papai por estar constrangendo-o, embora ele estivesse sendo devidamente polido e não lhe dava razões para desconfiança.

– Ao shopping de Suna, senhor.

– Shopping de Suna? – mamãe e eu indagamos em uníssono.

– Ah filha, você tem a minha permissão. – minha mãe afirma, com um sorriso de orelha a orelha. – Pode ir.

Meu pai continua com o olhar estreito em direção ao Uchiha e eu decido que não vou tolerar aquilo. Vou até ele e fico ao seu lado, de frente para Kizashi e o olho com determinação. 

– Nós estaremos de volta às 22:00, papai.

Dito isso, seguro a mão do moreno e o arrasto comigo até a porta da saída. Sabia que papai confiava em mim o suficiente para não reclamar conosco e, se ficasse irritado com meu ato de rebeldia, mamãe certamente o acalmaria pois não havia ninguém mais a favor de mim e Sasuke do que ela.

Seguros, do lado de fora da minha casa, arqueio minhas sobrancelhas para Sasuke, que parecia surpreso por eu ter nos trago para cá a contragosto de Kizashi. Inclino a cabeça e respiro fundo.

– Você ficou maluco? Meu pai não gosta de você, e você resolvi vir aqui logo depois de ele ter te flagrado no outro dia?!

– Eu queria te convidar para sair.

– Deveria ter me ligado! 

– Você não atendeu o celular.

Sem compreender, tateio no bolso do meu jeans até retirar meu celular e abrir o visor. Tinham três avisos de chamada perdida de Sasuke e cinco mensagens não lidas. Olho para ele, sem fala e constrangida, e guardo meu aparelho novamente.

– Desculpe. – falo, resignada. Esfrego minha testa com a mão e jogo algumas mechas de meu cabelo para trás. – Eu... dormi a tarde toda e—

– Sem problemas. – ele me interrompe. – Mas vamos logo, ou não vai dar tempo fazer quase nada.

Sasuke me puxa pelo braço até o carro de Naruto que estava estacionado bem em frente ao portão. Ele abre a porta para que eu entrasse e atravessa o veículo para entrar no banco do motorista. Deu partida no carro e acelerou. 

– Ei, espera! – protestei, olhando para mim mesma e percebendo que minhas roupas eram um jeans surrado, uma blusa de cashmere verde e uma simples jaqueta azul por cima. Além disso, meu cabelo estava uma bagunça e eu não estava maquiada. – Sasuke, eu estou desarrumada! Nem perfume eu passei, nós temos que voltar!

Sasuke para num sinal vermelho e, de surpresa, avança sobre mim, me beijando avidamente e descendo por meu pescoço, onde respirou profundamente e suspirou em seguida – de uma maneira sensualmente delicada. Ele subiu seus lábios até o meu ouvido e sussurrou:

– Você nunca esteve mais cheirosa.

 

                              (...)
 

– Fliperama? – questiono, ao me encontrar de frente a porta de vidro que separava o ambiente de jogos do restante do shopping. – Você fez aquele alarde todo para irmos ao fliperama?

Podia escutar o barulho dos brinquedos, dos jogos e das risadas das crianças vindas de dentro daquele lugar, cujas luzes eram tantas que ofuscavam um poucos meus olhos. Consigo ver gente de todas as idades, principalmente moleques ao lado dos pais chorando por não quererem ir embora ou berrando sobre o próximo brinquedo que queriam jogar.

Sasuke e eu estamos parados bem em frente a porta, onde a alguns metros um senhor estava plantado, recolhendo o dinheiro da entrada e colocando as pulseiras para aqueles que fossem ter acesso aos jogos.

– Eu não fiz nenhum alarde. – Sasuke retruca, dando de ombros.

– Você me ligou três vezes e, vendo que eu não atendi, foi até minha casa encarar o meu pai para poder me trazer para cá.

Sasuke suspirou. Ele se vira para mim, com as sobrancelhas arqueadas e as mãos nos bolsos, e dá de ombros despreocupadamente.

– Eu pensei que talvez você quisesse se divertir um pouco.

Ele me mostra um sorriso solidário e eu percebo que não adianta lutar contra isso, eu simplesmente derretia com aqueles tipos de gestos vindos de Sasuke Uchiha. Com isso, resignei-me e deixei-me ser acompanhada por ele até o fliperama.

Quando já estávamos com nossas pulseiras, fomos permitidos a entrar e meus sentidos deram um salto assim que nos encontramos lá dentro. Lá era muito barulhento e cheio de luzes, além de ser amontoado. Mas definitivamente não era pequeno.

Aquele fliperama estava mais para um playgraund muito grande. Tratava-se de um salão enorme contendo máquinas de vídeo-game, camas elásticas, e bem no centro uma enorme piscina de bolinhas, junto com os túneis e escorregas das crianças. Mais ao longe ficavam jogos mais adultos como os de tiro, uma pista de boliche e... por Deus, aquilo era um touro mecânico?

Antes que eu pudesse fazer algum comentário, Sasuke agarra minha mão e me guia pelo ambiente até a pista de boliche mais afastada. O moreno vai até o balcão e solicita ao atendente dois pares de tênis, me deixando sozinha em um dos bancos disponíveis em frente à pista. Alguns minutos depois, ele volta com os calçados e também duas garrafas de água.

– Espero que sirvam. – ele disse, me estendendo o par menor.

 Eu os pego e tento procurar a numeração, mais estavam tão desgastados que não consigo enxergar. Suspiro e os provo mesmo assim, percebendo que apesar de estarem um pouco folgados, até que davam para o gasto. Olho de relance para Sasuke, que também estava calçando os seus tênis, não parecendo nenhum pouco desconfortável ou incomodado por estarmos ali.

– Posso calçar os tênis mais adaptados possíveis, mas nenhum deles vai disfarçar a minha total falta de habilidade para boliche. – comento irônica, me pondo de pé e caminhando com aqueles sapatos para tentar me acostumar.

– Não sabe jogar?

– Oi, prazer, meu nome é Sakura. – estendo minha mão, sarcasticamente. – Eu sou a pessoa menos esportiva que você vai conhecer em toda a sua vida.

Surpreendentemente, Sasuke solta uma risada que realmente havia mostrado seus dentes. Ele se pôs de pé e, ainda com um sorriso no rosto, caminhou até ficar bem próximo de mim. 

– Isso não é verdade. Você até que correu bem naquele dia, na chuva...

– Eu disse que sou ruim em esportes, não que não sou competitiva. – rebati, sorrindo ao ver o sorriso dele.

Sasuke apenas mexeu a cabeça em negativa e fomos juntos até a prateleira de bolas para escolhermos as nossas. Eu escolhi uma de 12kg e ele, 14kg. Em seguida, voltamos até a pista que escolhemos e decidimos quem seria o primeiro a jogar – tivemos que usar o pedra-papel-tesoura para que não houvesse briga.

Acabei vencendo e, confiante, peguei minha bola e caminhei lentamente até o approach. Via os pinos ao longe, me desafiando a derrubá-los e podia sentir o olhar de Sasuke sobre minhas costas, o que me deixava nervosa. Respiro fundo e inspiro, me posicionando para fazer meu arremesso.

– Eu consigo.

 

                              (...)
 

– Você trapaceou, Uchiha! 

– É boliche, Sakura. – Sasuke rebate, com seu sorriso vencedor estampado em seu rosto. – É tudo questão de técnica.

– Que se dane a técnica. – murmurei, cruzando os braços.

Basicamente, eu fui com muita sede ao pote e acabei sendo derrotada – derrotada feio – pelo Uchiha. Mesmo tendo vindo ao Shopping de Suna tantas vezes, o fliperama nunca foi bem o meu alvo de preferência. Eu só vinha para poder arrastar Tenten de volta quando ela se recusava a obedecer mamãe. Isso, somado ao meu sedentarismo e falta de habilidade, fazia com que eu fosse nada mais do que uma completa inexperiente em tudo e todas as coisas daquele lugar.

Saímos do boliche e continuamos passeando pelo playground até encontrarmos uma máquina de brinquedos, onde você precisa retirar o urso de dentro através do gancho enorme controlado por você mesmo. Paro diante dele e olho sugestiva para o moreno.

– Vai realmente cair nisso? – ele pergunta, entendendo imediatamente o meu olhar. – Essa máquina só serve para roubar seu dinheiro e você acaba pagando muito mais do que esses ursos valem.

– É o que veremos. 

Coloco algumas moedas na máquina e seguro os controles, pressionando os botões e girando as manivelas. Pelo vidro, avisto uma pelúcia vermelha no meio da grande pilha e decido que ela será o meu prêmio.

Engulo em seco e me concentro, tentando mover o gancho para ficar na posição logo acima da pelúcia. Aquilo realmente era mais difícil do que eu pensava e começo a me arrepender quando minha primeira tentativa falha e a máquina desliga quando percebe que não consegui pegar o urso.

Giro meu corpo e Sasuke estava bem atrás de mim, com um olhar de “eu te avisei”, que seria até fofo se eu não estivesse irritada com ele e com aquela máquina idiota.

– Brinquedo estúpido. – resmungo, derrotada.

– Deixa eu tentar. 

O Uchiha me afasta delicadamente e assume o comando dos controles, após colocar o dinheiro dentro dentro da máquina. Não disfarço meu olhar carrancudo para aquele brinquedo que me traiu depois de eu confiar nele para esfregar na cara de Sasuke que ele estava errado.

O moreno se concentra e começa a mexer nos comandos. O gancho se move de maneira automática, embora estivesse na cara que Sasuke não tinha jeito com aquela máquina.

– Eu estou vendo o seu sorriso pelo vidro, Haruno. – ele resmunga, revirando os olhos.

– Ora, não se incomode, Uchiha. – respondo, meu sorriso vitorioso só aumentava ao ver as tentativas falhas dele. – É um singelo sorriso de encorajamento.

A máquina logo deixa de se mover e Sasuke é derrotado. Ele se vira para mim, com uma das sobrancelhas arqueadas e os braços cruzados. Seguro minha vontade de rir e apenas espero o moreno dizer que desistia. Mas, ao contrário do que eu esperava, ele põe a mão no bolso e coloca mais dinheiro dentro do brinquedo.

– Eu também posso ser competitivo. – disse ele, com um sorriso de canto.

 Eu estava convicta de que, assim como eu, ele também não conseguiria pegar o prêmio e ia apenas perder dinheiro ali. Me recosto não máquina, serena como nunca, e apenas espero o momento em que o Uchiha admitiria que caíra na armadilha a qual ele próprio havia me alertado.

Não sei quanto tempo passou até que, subitamente, a máquina fez um barulho que havia me assustado e saí de perto dela. As luzes que a adornavam começaram a piscar e um urso vermelho de pelúcia passa pela saída do vidro. Sasuke o segura e o estende para mim, com um olhar vitorioso.

– Parece que eu venci de novo.

 

                              (...)
 

– Não fique emburrada, era só um brinquedo. – Sasuke ri.

– Aquele brinquedo estava quebrado, com certeza.

Novamente, dentro do carro de Naruto, uma música animada saía pelas caixas de som. Através do vidro da janela, a luz da lua refletia e iluminava as margens da rodovia que nos levaria de volta para Konoha. Eu e Sasuke estávamos discutindo a possibilidade de injustiça perante aqueles jogos de fliperama. No meu colo, repousava o ursinho vermelho que o moreno ganhou e me dera como “recordação de que ele era sim bom em tudo”.

Meu celular vibra com uma mensagem e eu o tiro de meu bolso, temerosa de que fosse meu pai, furioso por termos ultrapassado o horário – que eu mesma estabeleci – em quarenta minutos. Mas me decepciono quando ligo a tela e vejo de quem era o recado.

Tenho uma surpresa pra você quando eu chegar em Konoha. Estou com saudades!

– Sasori.

 

Um calafrio percorre minha espinha ao ler a mensagem pela barra de notificações. Decido que iria responder logo agora, enquanto Sasuke está dirigindo, pois não quero ter que fazer isso antes de dormir e me sentir aflita depois.

Pego o urso que estava no meu colo e tento colocá-lo no banco de trás, mas acabo deixando meu celular cair no processo. Sasuke tenta se inclinar para pegá-lo, pois havia caído bem perto do banco dele.

– Sasuke, deixa que eu pego, preste atenção na estrada. – protestei, mas o moreno não me deu ouvidos.

Repouso minha mão no volante e fico de olho na estrada, enquanto o Uchiha consegue pegar o aparelho. Ele se ajeita no banco e me estende o celular, que estava com o visor ligado. Meu coração dá um salto e eu o pego rapidamente, rezando para que Sasuke não tenha visto nada.

– Obrigada. – agradeci. Ele sorriu em resposta.

Olho para ele, desconfiada. O moreno se manteve focado na estrada o resto do caminho, mas não deixou de conversar fluidamente. Sua expressão estava calma e apática como sempre, e ele ria normalmente das minhas piadas.

Me acalmo. Ele não deve ter lido nada, ou não estaria calmo daquele jeito. O Uchiha odiava Sasori certamente ficaria irritado se visse aquela mensagem, sem mencionar que o conteúdo dela não seria agradável mesmo que os dois não se conhecessem. Afinal, ninguém gostaria que outra pessoa estivesse com saudades de seu parceiro.

Sasuke estaciona na frente da minha casa às exatas 23:07, e eu fico surpreendida que meu pai não estivesse me esperando do lado de fora, furioso. Me viro para ele e o vejo sorrir para mim.

– Até amanhã.

– Até amanhã. – ele diz e me beija.

Sua língua invade a minha boca, que o recebe prontamente, num beijo selvagem. Sasuke aperta minha cintura e eu puxo seus cabelos, contendo a vontade de avançar para seu colo e aprofundar ainda mais nosso contato.

Ao final do beijo, ele me olha profundamente e deposita um selinho em meus lábios. Eu recupero o fôlego e pego o urso no banco de trás, sem nunca conseguir quebrar o nosso contato visual. Saio de dentro do carro e passo pelo portão, ouvindo o carro dar partida assim que o fecho atrás de mim.

 

Sasuke POV

Entro no meu quarto e bato a porta atrás de mim, soltando um grande suspiro. Não sabia exatamente o que pensar e precisava de um momento de calma para organizar todos os motivos que minha mente criava para o fato de Sasori enviar uma mensagem daquele teor para Sakura.

Abro os olhos e sou surpreendido com a imagem de Naruto congelado, bem de frente a minha cômoda, cujas primeiras gavetas estavam abertas e remexidas. 

– O que, inferno, você está fazendo aqui, Naruto?

O loiro solta uma risada nervosa e se afasta de minha cômoda, obsequiosamente fechando todas as gavetas e mostrando um sorriso amarelo no rosto. Ele para bem a minha frente, com as mãos juntas atrás das costas e responde:

– Eu... bem, eu só estava... procurando o seu livro de química. 

– E para quê?

– Copiar sua lição de casa. – admitiu, olhando para os próprios pés, envergonhado.

Não estou com paciência para aquilo e simplesmente abro a penúltima gaveta da cômoda e retiro meu livro de química. Me levante e o entrego a Naruto, tendo o cuidado de não olhar em seus olhos pois ele, desde criança, insiste em dizer que quando estou chateado com alguma coisa, meu olhar me dedura.

– Agora cai fora. 

– Ei, que amargura toda é essa? – Naruto reclama, fazendo uma carranca. – Brigou com a Sakura?

– Não, eu entrei no meu quarto e vi você bisbilhotando. – rebati, com um sorriso sarcástico. – Isso serve de motivo para você ou quer que eu liste mais três?

Naruto ergue as sobrancelhas e levanta as duas mãos em um gesto de rendição. Ele se encolhe e passa por mim, calado como um rato, e sai porta afora. No fundo, me sinto mal por ter sido rude com o loiro, mas ele era o último de minhas preocupações naquele momento.

Me jogo na cama, sem nem mesmo trocar de roupa, e fito o teto. Por que Sasori teria mandado aquilo? De que surpresa ele falava? E por que Sakura continuava mantendo contato com ele, depois de todas as complicações que tivemos? Mesmo que sejam só amigos, ela saberia que eu não ficaria a vontade com aquilo e estava insistindo em me contrariar. A menos que eles não sejam amigos e eu fosse apenas um brinquedo esse tempo todo. 

As lembranças de Konan, recolhendo suas roupas pelo chão e repetindo diversas vezes a frase “não é o que você está pensando” vêm a minha mente. Sacudo a cabeça e espanto aquelas memórias. Não, Sakura não seria desse jeito. Ela é diferente, eu sei que é. Com certeza tudo aquilo era um mal entendido e eu eventualmente descobrirei que não era nada demais.

Ou, ao menos, foi nisso que tentei acreditar até pegar no sono.

 

 

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


E aí, gostaram??


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