História Orgulho e Vergonha - Aula

Eu estava no meu primeiro dia do terceiro ano na UA e não via a hora de me tornar uma heroína profissional. Nesses anos de ensino todos nós crescemos muito, não apenas como heróis, mas também como pessoas. Claro, há exceções (certo, Mineta?), mas eu tinha muito orgulho da minha turma, todos éramos bastantes próximos e dispostos a se ajudar quando necessário.

Todos em seus lugares aguardando o professor e eu podia ver a ansiedade de cada um deles, até mesmo na Tooru que consistia em um par de luvas zanzando para lá e para cá.

— Ochako-san, o que você acha que vai ser o trabalho semestral do Aizawa-sensei? — disse Izuku, que sentava ao meu lado.

— Hum... espero que seja mais simples. Já temos o estágio esse ano.

— Tem razão. Seria péssimo se o trabalho atrapalhasse os estágios.

Durante muito tempo eu tive uma... queda? Bom, mais para um precipício, por Deku. Éramos muito próximos, até nos chamamos pelo primeiro nome, ele era forte, destemido, sempre uma inspiração. Sempre querendo me proteger. Quando eu comecei o segundo ano decidi que era hora de tomar coragem e me declarar.

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Eu havia o convidado para uma cafeteria perto dos dormitórios. Ele falava sobre alguma coisa que eu nem prestei atenção porque estava muito ansiosa, encarando fixamente meu copo de frapuccino.

— Mi-midoriya-kun! — eu o interrompi, sentindo minhas bochechas queimarem — Preciso te dizer uma coisa. Importante!

— Cla-claro, Uraraka-san... — ele estava surpreso e preocupado, seu rosto sempre foi um livro aberto para mim — Aconteceu alguma coisa?

— Eu... — respirei fundo, tomando coragem — Eu gosto de você.

Eu vi sua expressão de surpresa aumentando e sendo substituída por timidez e aflição. Ele começou a usar o canudo para misturar sua bebida com tanta rapidez que parecia um liquidificador.

— Obrigado, Uraraka. — ele engoliu em seco — De verdade. Você é uma pessoa admirável, eu me sinto honrado de ter sido escolhido. Mas... Eu sou gay.

Lembro-me de ter corado tão fortemente que quis me esconder debaixo da mesa. É CLARO! Eu sempre via os olhares - nada discretos - que ele direcionava ao Todoroki com bastante frequência e o modo ele ficava tímido e gaguejando sempre que os dois tinham que trabalhar juntos. Acho que eu nunca quis acreditar nisso, mas sempre soube.

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Me alegra poder dizer que essa declaração horrível não abalou nossa amizade. Na verdade, até serviu para nos aproximar. Ele confiou em mim para contar um grande segredo e a partir daí virei sua confidente, sempre ouvindo cada passo que ele dava em direção a Todoroki. Izuku ainda não se declarou, porém, mas acredito que isso aconteça antes do fim do ano.

Sobre mim, em algum momento reparei que tinha confundido minha admiração com amor. Isso porque em nenhum momento fiquei triste de pensá-lo com outra pessoa e porque apenas nossa amizade já me deixa feliz. E quanto a outros crushs... não, obrigada. Acho que por hora vou focar na minha carreira de heroína.

— Bom dia. — murmurou Aizawa-sensei, saindo de seu saco de dormir — Esse é o último ano de vocês e saibam que não terão descanso. Vamos fazer muitos trabalhos em grupo para aprimorarem o trabalho em equipe, fundamental para qualquer herói. Mas individualmente vocês serão muito cobrados e não espero nada menos que plus ultra de vocês.

— Plus ultra! — gritamos em coro

Eu podia ver o olhar ansioso em alguns, como Izuki, Todoroki e Bakugou. Outros pareciam apreensivos, como Kaminari, Tsuyu e eu mesma. Mas uma verdade era universal: todos queríamos dar o nosso melhor para nos formarmos e virarmos os melhores heróis possíveis!

— Como vocês sabem, temos um trabalho semestral que costuma ser extenso e baseado nas individualidades e habilidades de vocês. Pela primeira vez, decidimos fazer algo em dupla.

Um murmurinho começou pela sala, pessoas se olhando e combinando pares. Izuku me olhou com sua expressão de "vamos juntos" e eu lhe lancei um olhar confirmando.

— Silêncio. — Aizawa disse, em sua voz de tédio, e completou com um tom que eu descreveria como... maníaco? — Quem disse que vocês vão escolher? Diretor Nezu e eu nos reunimos para decidir quais seriam as melhores duplas, então tenham em mente que a pessoa escolhida para vocês pode te ensinar muito, mesmo que alguns de vocês não queiram aceitar isso.

Ele olhou feio para Todoroki e Bakugou, tenho dó de quem fizer trabalho com eles.

— O projeto desse semestre consiste em aprimorar suas habilidades, inclusive psicológicas, com seu colega de dupla. Vocês vão ter treinar juntos, sempre tentando levar um ao outro além dos limites, e criarem um movimento combinado com poder das individualidades dos dois. Eu sei que vocês vão ter os estágios esse ano, por isso o prazo será de seis meses. Ou seja, dia 3 de março.

Realmente, esse ano vai ser tudo menos fácil. Eu queria pegar uma dupla boa, talvez Tsuyu, minha melhor amiga, ou Mina, embora ela provavelmente queira cair com o namorado, Kirishima. Com certeza não vai ser fácil. Mesmo considerando que eu trabalho bem em equipe, criar uma combinação de individualidades que realmente seja orgânica é uma dificuldade para a maioria dos heróis, é difícil depender de outra pessoa. Aposto que Izuku vai se sair bem com quem for, ninguém conhece as individualidades da classe tão bem como ele.

— Devo lembrar vocês que o departamento de apoio sempre estará disposto a ajudar, eles inclusive foram informados dos projetos e cada um deles vai ajudar uma dupla. Vamos às duplas. Yuuga Aoyama e Tooru Hagakure.

Aoyama olhou para as luvas de Tooru e sorriu de seu modo característico. Confesso que tenho dúvidas no que essa parceria pode trazer.

— Izuku Midoriya e Shoto Todoroki.

Meu amigo olhou ansioso para Todoroki, que o encarou de volta de deu um sorriso de canto. Eu apertei o ombro de Izuku e sussurrei: "sua chance".

— Ochako Uraraka — uma onda de excitação me percorreu — e Katsuki Bakugou.

E então eu gelei. Olhei para Bakugou quando ele me encarou brevemente antes de se virar de volta para o sensei. De todos as pessoas tinha que ser justamente ele? O mais estressado? O mais difícil? O cara que no Festival soltou milhares de explosões contra mim sem hesitar?

Izuku se virou com seu melhor olhar de preocupação e empatia, mas eu sorri para ele ignorando o frio que se instalava dentro de mim.

Esse vai ser um ano no mínimo peculiar.